terça-feira, 31 de março de 2009

O Cavaleiro do Rei (14). Novela


A rua da Maianga, esburacada, suja e sempre enlameada, está cheia de mulheres que foram escorraçadas de outras ruas, pelos homens do vice-rei. Estão sentadas atrás das banheiras com frutas, hortaliças, pão com chouriço, chinelos, roupas, etc. As crianças brincam junto às mamãs, que não permitem que se afastem. Os homens do vice-rei podem surgir a qualquer momento e tirarem-lhes as coisas. As mamãs assustam-se devido ao galope de um cavalo. Param e ficam alerta. Uma voz aproxima-se.
- Rua limpa! Vai cavalgar o cavaleiro Epok!

As mamãs não se preocupam nem um cochito. O arauto insiste.
- São surdas? Ponham-se a andar, o cavaleiro Epok vai passar.
As mamãs permanecem-lhes infiéis, mas fiéis nas suas posições das confrarias da secular sobrevivência. Nenhuma se dispõe a arredar pé. Uma delas com olhar de peixe morto no chão, marimba-se:
- Não temos mais para onde ir. Precisamos de vender alguma coisa para comermos. Vocês têm o líquido negro, e nós nem ruas temos, não temos nada.
-Não ouvem o barulho?! O cavaleiro está a chegar!

Com efeito Epok aproxima-se. Manda fazer alto. Chama o arauto.
- Mas que porra de merda é esta?
- Sim chefe, não querem sair.
- Já vão ver como é!.. Ó suas teimosas, esta rua é para o rei e sua nobreza passarem! Vão vender para outro lado! Suas parvas, só sabem é andar com filhos às costas e banheiras nas cabeças.

Só o som do silêncio se ouviu. Uma mais ousada agita a mão, como se estivesse a enxotar mosquitos. Epok impacienta-se.
- Suas ratas dos esgotos, vou passá-las à espada! Mosqueteiros, prendam-nas e atirem-nas para as piranhas. Não… para as masmorras dos republicanos. Senão, esse das mãos sempre livres, vai queixar-se na rádio dos republicanos.

Uma jovem nhaneca-humbe, (são todas muito bonitas) quase despida, observa à distância. E contrapõe, canta, descarta em voz alta.

Já estou despida
Bem despedida estou
O rei me desnudou.

Epok não suporta tamanho atrevimento, deslealdade, antipatriotismo. Um insulto ao rei é imperdoável. Corre para ela e dá-lhe uma violenta chapada na cara. A jovem cai quase desmaiada. A chorar ameaça:
- Vou-te queixar no cavaleiro La Padep.
- Podes queixar-te onde quiseres. Ao marquês do Santo Oficio, à Rádio dos Republicanos, às Mãos Livres, à Despertar... guardas… masmorra com estas republicanas.

As desgraçadas não ficaram muito tempo presas. O paladino Divad, sempre com as mãos livres, assediou tanto e tanto o marquês do Santo Oficio, que para se ver livre dele, ordenou a exumação das masmorras. As mamãs saíram, os seus miseráveis haveres não. Foram confiscados em nome do rei.

Foto: Angola em fotos

A Origem da Grande Depressão de 2008 (39). Novela


Luanda. - O presidente da Assembleia Nacional de Angola, Fernando Piedade Dias dos Santos “Nandó”, expropria terreno de um cidadão particular no município de Viana. In Rádio Despertar.
No bairro da Cuca, o engenheiro (?) que reparou a estrada, alteou-a de tal modo que a chuva invadiu as casas. In Justino Pinto de Andrade na Rádio Ecclesia


Deitei-me com pensamentos terríveis. Veio-me à memória um grande invento: Considero que o automóvel foi o invento mais estúpido que o ser humano inventou. Um pneu fura, ou a bateria deixa de funcionar, fica imobilizado. O mais grave é que na realidade as pessoas quando entram e se sentam, sem se darem conta estão num túmulo ambulante. A qualquer momento ficam sem a vida. O veículo não tem sequer um dispositivo anti-colisão. As velocidades aumentam. Na verdade trata-se de um meio legal de suicídio colectivo. Ganhar fortunas com as mortes dos seus ocupantes. A morte é paga antecipadamente.

Fui para o que restava da empresa de segurança. Oiço a voz do Heitor:
- Espere aí, espere aí.
Paro e aguardo que se aproxime:
- Olhe, o electricista já não incomoda mais o Elder.
- Porquê?
- Foi-se… espatifou o carro, não se aproveita nada.
- Como é que foi isso?
- Deixou o outro conduzir, e ele esqueceu-se de fazer a curva.

Uma semana depois Heitor relata-me uma grande desgraça:
- O Elder e a Ava, tiveram um acidente na Namíbia. Chocaram de frente com outro automóvel. Parece que ele tem algumas costelas partidas. A Ava é que ficou pior. A cabeça suportou o choque, não tinha cinto de segurança. Tem que fazer operação ao cérebro, não se sabe como vai ficar. Agora, é que estamos fodidos.


CAPÍTULO VI
ANITA

Malcolm X leva-me a casa da irmã, a Anita. Sai rapidamente e deixa-nos sós. Ela vem com uma cerveja.
- Senta-te, bebe e fica à vontade como se estivesses na tua casa.
Eu queria dizer qualquer coisa, mas ela não deixa:
- O meu irmão assaltou um banco e comprou-me este apartamento…
- Mas Anita…
- Quero lá saber. Para sobreviver neste país temos que roubar. Aliás toda a gente rouba, em todo o mundo todo o mundo rouba. O mundo transformou-se numa grande sociedade de gatunos de comissões. Eles só trabalham assim, quero dizer, o trabalho deles é uma comissão, só que nós exageramos. Não sabemos fazer mais nada. Vivemos disso, compreendes? É por isso que os organismos internacionais nos abandonam. Eles chegam aqui, estabelecem um plano de desenvolvimento, depois desistem porque nós queremos a comissão. Não resta outra hipótese, a África Negra estará para sempre entregue à sua sorte.
- Anita, receio que essa filosofia levará a humanidade à destruição, ao caos político, económico e social.
- Oh, nasci e cresci no caos social. O meu pai fez filhos com dez mulheres. Sou filha da segunda esposa. Até aos quinze anos vivi no Lubango a ouvir tiros, explosões e bombardeamentos aéreos. O meu pai quando a minha mãe lhe servia a comida muito quente, ou com pouco ou muito sal, atirava-lhe com o prato na cara. Batia-lhe constantemente por qualquer motivo fútil.

Emudeceu a mostrar a tristeza do rosto, a lembrar-se do passado. Magra e alta com o cabelo desfrisado que acariciava o ligeiro top transparente que mostrava os pequenos seios. Um pequeno calção justo realçava a beleza das coxas morenas. A elegância do corpo cativava o olhar. Ela notou a minha introspecção sobre o seu corpo. Veio-lhe um sorriso e acrescentou:
- O meu pai fazia os filhos e depois corria com as mulheres, e nós que nos desenrascássemos. Gostava muito de mudar de mulher. Agora esta com quem está a viver não conseguiu, porque os irmãos dela lhe ameaçaram. Não quero vê-lo nem a essa mulher. Por causa dela tive que sair de casa. Ela tem planos para ficar com tudo, mas o meu pai por causa disso, pôs duas sobrinhas lá em casa. Ela ficou muito aborrecida e despreza-as porque as considera um obstáculo. O meu pai está sempre a criar problemas ao vizinho porque, como não paga o consumo de electricidade os funcionários desligam o quadro eléctrico dele. Ele deu a morada do vizinho. Questões judiciais e outras, dá a morada do vizinho. O vizinho já escapou de ser preso e de levar um tiro.

Foto: Angola em fotos

segunda-feira, 30 de março de 2009

MARIO VARGAS LLOSA visita o Congo. Viajem ao coração das trevas (2)


É um homem todavia jovem, de família humilde, que custeou os seus estudos de medicina trabalhando como ajudante de um pesqueiro e numa oficina comercial em Kitangani. Já passaram dois anos sem ver a sua família, que está a milhares de quilómetros, em Kinshasa. O hospital, de 50 camas e 8 enfermeiras, moderno e bem equipado, recebe médicos dos Médicos Sem Fronteiras, da Cruz Vermelha e de outras organizações humanitárias, mas é insuficiente para a subjugante demanda que tem o doutor Tharcisse e as suas ajudantes trabalhando 12 e até 14 horas diárias, 7 dias por semana.

Foi construído pela Cáritas. A Igreja católica e o Governo chegaram a um acordo para que formasse parte da Saúde Pública. Não se aceitam polígamos, nem homossexuais, nem se praticam abortos. O salário do doutor Tharcisse é de 400 dólares por mês, o que ganha um médico adstrito à Saúde Pública. Mas como o Governo carece de meios para pagar aos seus médicos, a medicina pública discretamente privatizou-se no Congo, e os hospitais, consultórios e centros de saúde públicos na verdade não o são, e os seus médicos, enfermeiros e administradores cobram aos pacientes.

Deste modo violam a lei, mas se não o fizessem, morreriam de fome. O mesmo ocorre com os professores, os funcionários, os polícias, os soldados, e, em geral, com todos aqueles que dependem do Orçamento Nacional, uma enteléquia que existe na teoria, não no mundo real.

Quando o doutor Tharcisse se recompõe explica-me que, depois das violações, a malária é a causa principal da mortandade. Muitos deslocados vêm das alturas, onde não há mosquitos. Quando baixam a estas terras, os seus organismos, que não geraram anticorpos, são vítimas das picaduras, e as febres palúdicas dizimam-nos.

Também a cólera, a febre-amarela, as infecções. "São organismos débeis, desnutridos, sem defesas". Viver dia e noite no coração do horror não ressecou o coração deste congolês. É sensível, generoso e sofre com o mar de desespero que o rodeia. Desde a pequena esplanada dos arredores do hospital divisamos o horizonte de cabanas onde se apinham dezenas de milhares de refugiados condenados a uma morte lenta. "A medicina que todo o Congo necessita tomar é a tolerância", murmura. Estende-me a mão. Não pode perder mais tempo. A luta contra a barbárie não lhe dá trégua.

II – OS PIGMEUS. Devo aos pigmeus do Kivu Norte o terem-me livrado de cair nas mãos das milícias rebeldes tutsis do general Laurent Nkunda na noite de 25 de Outubro de 2008. Tinha chegado no dia anterior a Goma, a capital do Kivu Norte, e os meus amigos dos Médicos Sem Fronteiras, graças aos quais consegui fazer esta viagem, organizaram-me uma viagem a Rutshuru (a três ou quatro horas desta cidade) para visitar um hospital construído e administrado pelos MSF, que prestam serviços a uma grande concentração de deslocados e vítimas de toda a zona.

Na véspera da partida, o meu filho Gonzalo, que trabalha no ACNUR, telefonou-me desde Nova Iorque para me dizer que os seus colegas no Congo tinham-me prevista, para a manhã seguinte, uma visita a um campo de pigmeus deslocados nas redondezas de Goma. Adiei por um dia a viagem a Rutshuru e, por culpa do general Nkunda, que ocupou naquela noite esse lugar, já não o consegui fazer.

Os pigmeus, pese em serem a mais antiga etnia congolesa, são os parentes pobres de todas as demais, discriminados e maltratados por umas e por outras. Fiéis ao prejuízo tradicional contra o outro, o que é distinto, lendas e fofocas malevolentes atribuem-lhes vícios, crueldades, perversões, como aos ciganos em muitos países da Europa. Por isso, numa sociedade sem lei, corroída pela violência, as lutas, as invasões, a corrupção e as matanças, os pigmeus são as vítimas das vítimas, os que mais sofrem. Basta lançar-lhes uma olhada para sabê-lo.

EL PAÍS

Presidente gambiano lidera cruzada contra feiticeiros


«Epístolas do ocidente
Sousa Jamba. sousajamba@gmail.com

O «Professor Doutor» Alhaji Yahya Abdul Aziz Jemus Junkung Jammeh, presidente da República da Gâmbia, desencadeou uma vigorosa campanha contra os feiticeiros. Depois de num passado recente ter atribuído todos os males que afectam o seu país aos homossexuais, agora ordenou que os feiticeiros abandonem imediatamente a Gâmbia sob de pena de verem as suas cabeças decepadas pelas mãos do próprio presidente. Recentemente, o presidente Jammeh, que diz ter poderes para curar a SIDA e a asma, atribuiu a morte de uma tia aos feiticeiros.

Em consequência, ordenou que a Agência Nacional de Inteligência desencadeasse uma caça sem precedentes a todos os feiticeiros – verdadeiros e imaginários. O Dr. Jammeh, como o presidente gambiano gosta de ser tratado, tem uma irrestrita confiança nos serviços de inteligência do seu país. Depois de os ter depurado de quadros que ele reputou de fracos demais, Jammeh colocou nos principais postos da ANI indivíduos licenciados em grandes universidades ocidentais. São esses indivíduos que executam a cruzada contra os feiticeiros.

O facto de a cruzada contra os feiticeiros ser executada por pessoas licenciadas em prestigiadas universidades ocidentais abriu uma grande discussão no país e nos seus vizinhos. Na verdade, não se percebe como indivíduos com sólida formação académica se submetem a uma pessoa que passou de raspão pela escola. Não obstante os títulos de que se gaba, nomeadamente o de Professor Doutor, Yahya Jammeh não foi além do ensino secundário. Até à sua ascensão ao poder, em 1994, ele era um simples segurança do antigo presidente Sir Dawada Jawara.

O inglês de Jammeh é tão horrível que sempre que fala para entidades estrangeiras o seu discurso é legendado na língua de Shakespeare para ser entendido. Segundo a Amnistia Internacional, que condenou prontamente a caça às bruxas, mais de 1000 gambianos já foram detidos e submetidos a processos para verificar se eram feiticeiros. Segundo os aldeões, além de figuras da Polícia e dos Serviços Secretos, a cruzada contra os feiticeiros tem também o apoio de pessoas idas expressamente da Guiné Conackry. Esses curandeiros sem fronteiras estão a horrorizar o povo da Gâmbia.

Os suspeitos são obrigados a beber misturas de líquidos feitos de várias ervas, o que origina ataques violentíssimos de diarreia, vómitos e soluços. Na Gâmbia, ninguém pode criticar publicamente a obsessão do presidente Jammeh pelas ervas e feitiçarias. Halifa Sallah, uma proeminente figura da oposição, foi detido por ter tentado falar com as vítimas dos curandeiros guineenses e outros caça bruxas. A polícia acusou-o de espionagem. Para arregimentar apoios africanos à sua cruzada contra o feitiço, Jammeh adoptou, nos últimos dias, um discurso virulento contra o Ocidente, ao mesmo tempo que se diz muito solidário com o governo de Robert Mugabe, no Zimbabwe.

Jammeh diz que o Ocidente não leva a sério os seus poderes de curar a SIDA e a asma por não ser branco. O presidente gambiano diz que herdou dos seus antepassados a capacidade de curar doenças para as quais a medicina moderna ainda não encontrou antídotos. Por causa da cruzada de Jammeh contra a feitiçaria, a capital gambiana, Banjul, transformou-se numa verdadeira Meca de curandeiros. Para garantir a fidelidade de todos os membros do seu governo, Jammeh Jammeh tem organizado assiduamente sessões presididas por super-curandeiros idos de vários países da África Ocidental. Nessas sessões, ministros e altos funcionários do governo vêem os pés salpicados com sangue de galinha preta e com uma cópia do Corão na mão lhe juram fidelidade eterna.

Depois dessas sessões, os governantes gambianos ficam entalados entre os serviços secretos e os curandeiros, que agora assumem um papel muito forte na estrutura governamental do país. A Gâmbia é um país com pouquíssimos recursos naturais. Sobrevive principalmente de receitas do turismo, agricultura e pesca. Nos últimos tempos, porém, o peixe tem escasseado, o que desespera os pescadores. Quando o assunto chegou aos ouvidos do presidente Jammeh, de imediato ele mobilizou uma equipa de curandeiros para identificarem os feiticeiros que estariam por detrás da escassez de peixe.

Num ápice, velhotes de ambos os sexos, viúvos e outros desgraçados foram apresentados como os responsáveis pela escassez do peixe. Os pobres homens reconheceram a sua culpa depois de terem serem forçados a ingerir doses industriais de uma bebida feita com ervas e outras mixórdias. Há quem diga que a escassez de peixe decorre das acções de pescadores estrangeiros cujas empresas tinham ligações com o presidente Jammeh ou gente muito próxima a ele. Claro que denúncias dessa natureza não podem ser feitas publicamente. O presidente Jammeh tem cada vez menos tolerância para a crítica.

Actualmente com 42 anos, ele já prometeu ficar no poder por pelo menos mais 50 anos. Mas os infelizes dos gambianos, ao que tudo indica, terão de suportar a marca Jammeh por mais tempo. É que o sucessor de Yahya Jammeh já está na forja. Trata-se de Muhammad Yahya Jammeh, um pirralho de dois anos, mas que já tem o nome associado ao maior torneio de futebol do país. Ele foi baptizado o ano passado, no palácio presidencial. Ao acto assistiram, além de vários imãs, um vastíssimo séquito de marabutos e curandeiros tradicionais.

Pelos vistos, o rapaz seguirá as pisadas do pai. Para garantir a fidelidade de todos os membros do seu governo, Jammeh tem organizado assiduamente sessões presididas por super-curandeiros idos de vários países da África Ocidental. Nessas sessões, os pés de ministros e altos funcionários do governo são salpicados com sangue de galinha preta a com as duas mãos erguem uma cópia do Corão e juram fidelidade eterna ao presidente.»

In Semanário Angolense
Foto: BBC

sábado, 28 de março de 2009

A Origem da Grande Depressão de 2008 (38). Novela


- O que é que vieste aqui fazer? Como conseguiste a chave da casa?
- Vi a luz acesa e vim investigar. O Elder disse-me que não estaria aqui ninguém. Deixou-me a chave para tomar conta da casa na sua ausência.
- Com essa não contava!

Não tive tempo para responder. Estávamos de costas para o quarto. Ouvi o barulho dos passos que se aproximavam. Preparei-me para dar boa noite ao Elder. Os passos continuaram até à porta de saída.
Este Elder é muito imprevisto. – Pensei a sorrir.
Olhei e vi que não era ele. Entretanto, Ava mudava constantemente de posição. Cruzava e descruzava as pernas. Cansada da posição ficou com elas abertas. O cinto do roupão estava desapertado. A beleza das áreas íntimas soltou-se. Ela pouco se importou com isso. Disse-lhe:
- Ava, vou-me embora, até amanhã.

Levantou-se, foi até à cozinha, depois ao quarto e terminou a olhar pelo vidro da janela. Voltou-se para mim e deixou sair um choro abundante. Correu e estendeu os braços no meu corpo. Conseguiu dizer:
- Não, não vás, preciso da tua ajuda.
- Não sei em que…
- Sim, aquele que saiu é meu amante. Por favor não digas a ninguém.
-Ava, nada tenho a ver com a vida privada das pessoas.
- Não é isso.
- Então o que é?

Sentou-se, tentou arranjar os cabelos desalinhados, olhava para todas as direcções. Fez um grande esforço para se concentrar. Enfim confessou:
- Vou-te explicar. O Elder não me presta a mínima atenção. Sou mulher…todos os dias tenho desejos. Tal como os animais, sou uma fêmea, e sinto o natural desejo biológico que me conforta.
Confesso que não estava preparado para mais esta surpresa. Não sabia o que dizer, por isso deixei-a à vontade. Era preferível escutá-la:
- Sinto nojo de fazer amor com ele. Sinto medo de apanhar a Sida. Além disso ele vigariza-me. Vigariza toda a gente. Vou-lhe pedir o divórcio. Sabes, ele queria que eu vendesse estes apartamentos, onde estamos, mas não aceito, porque quando a minha vida correr mal, e isso a qualquer momento acontece a qualquer de nós, virei para o meu país. Pelo menos não ficarei na rua, e se necessário para sobreviver, venderei estes apartamentos. Entretanto, consegui uma loja de modas em Portugal. Estou a esforçar-me para fazer passagens de modelos. Pretendo entrar no comércio internacional, contratar manequins. Fica atento, não confies no Elder. Quando o conheci ele não era assim. Mudou muito, já não é a mesma pessoa.

Achei que devia dizer qualquer coisa:
- As pessoas nadam na incerteza.
Ela não prestou atenção:
- Amanhã parto para a Namíbia.
- Já devias ter ido.
- Posso contar com o teu sigilo?
- Sim… fica tranquila.
- Vou-te dar um beijo. Terás sempre a minha amizade.
- Apenas desejo que deixes as amarguras da vida de lado.
- Sábios conselhos, nunca os esquecerei.
- Em qualquer lado, procura sempre lutar para seres feliz.

Subi, entrei, sentei-me, acendi um cigarro e comecei a escrever:

Ah! Esta civilização da maldade
Onde viver é uma grande mágoa
Caminhar nos dá tonturas
Esperando que uma bomba rebente
E acabe com os honestos
Que ainda restam

Não faz sentido impor sociedades
Que dependem de outras
Isto é apenas para manter a escravidão
Milenar, agora moderna, legalizada

Depois vamos para a guerra das estrelas
Sempre a guerra
Pouco mais sabemos fazer
Iremos, viajaremos
Em grandes naves espaciais
Que transportarão milhares de pessoas
Para depois serem abatidas
Diminuindo o inimigo
Tal como na Terra
Depois não viveremos em paz
No espaço
Teremos por companhia flores plásticas
Oh! Meu Deus!
Fazei com que eles acabem com as fomes.

O nosso petróleo beberemos



Mas, uma democracia com generais no poder, não é a Idade das Trevas?!
Um exemplo: informação recebida via email. Na rua rei Katyavala, em Luanda, nas traseiras da Pomobel, junto ao Zé Pirão, um tal general Led constrói um prédio desordenado, anárquico, clandestino. Bom, antes da última forte chuvada acabaram de encher três pilares com betão. A água veio arrastou-lhes o cimento, só ficou areia e brita. A engenharia (?) não nota, não vê ou está-se marimbando. Mas, nota-se na cor, na textura. Sem três pilares o prédio vai cair. E as obras continuam atabalhoadas, desgovernadas, engravatadas, somalizadas.

Os nossos diamantes comeremos.

Entretanto nota-se claramente que existe um plano para acabar com os jornais semanários privados angolanos. Ao colocarem na praça novos semanários com jornalistas portugueses desempregados… tá na cara né!
Lentamente a metrópole transfere-se novamente para Angola. Noutra aventura desagradável. Vamos ficar todos desempregados. Oferecemos os nossos empregos aos portugueses, chineses, brasileiros, etc.

Nas torres, prédios e condomínios, cagaremos.

Também povo que passa o tempo em festas é óptimo para neocolonizar. E a nossa propensão para destruir anima-nos, inspira-nos. Por isso continuaremos orgulhosamente nos trilhos dessa senda. E iremos longe, sempre mais além, até ao mais profundo abismo.

Nos bancos e nos banqueiros mijaremos.

Tanta gente a mandar, a desordenar, tantos ministros, tantos vice-ministros, tantos governadores, tantos generais… tanta palhaçada. Vivem principescamente com o dinheiro que resta, os Petrofamintos que comam diamantes e bebam petróleo. O dinheiro escasseia mas, uma fortuna incomensurável será gasta nos estádios de futebol. Dá umas boas comissões. Povo?! São eles, os do Politburo.

E também cagaremos e mijaremos nos estádios de futebol.

Mais uma vez vamos ver o famoso teste da incapacidade governamental, em que governar analfabetos é fácil… e com a concordância da concordata da Santa Sé o povo ficará, será um rebanho muito mansinho, muito estupidificado, será?

Aos nossos saudáveis arcos, flechas e tangas voltaremos.

Foto: http://www.elmundo.es/albumes/2009/02/06/max_ernst_semaine/index.html

sexta-feira, 27 de março de 2009

A Origem da Grande Depressão de 2008 (37). Novela


O general "Diguanza" da Cooperativa o Lar do Patriota, em Luanda, mandou dez homens para assassinarem a jornalista Amélia de Aguiar. In Rádio Despertar


- A questão é essa. Onde é que eles estão? Queres mais cacusso?
- Não.
O jantar terminou. Agradeci. Na porta de saída despedi-me do Elder:
- Elder a Ava é uma ave rara.
- Obrigado. Estou muito preocupado com os Caminhos de Luanda.
- Vou tratar disso.

Era quase meia-noite. Estava na varanda a fumar um cigarro, a pensar como resolveria os problemas do dia seguinte. Na rua vejo uma mulher, que parece a imagem da morte. Vai muito lenta. É baixa e forte de rosto jovem. O cabelo mal se vê porque está coberto de sujidade. Um pequeno xaile ajuda-a a cobrir as costas. Vê-se no peito uma camisola rasgada, e nas pernas o resto de uma saia. Os chinelos afastam-se dos pés, já não servem para andar. Parece ter saído de uma vala comum, porque todo o aspecto exterior está banhado com terra. É a imagem adequada de quem não tem para onde ir. Como se fosse um espelho, onde todas as imagens desta sociedade nela se reflectissem.

Elder parte para a Namíbia:
- Vou lá tratar dos últimos preparativos. Arrumar definitivamente as coisas. Sigo primeiro, a Ava depois. Ela fica uns dias em casa de uma amiga, junto ao aeroporto, a tratarem de assuntos que lhes dizem respeito. Depois juntamo-nos. Ela irá para Portugal definitivamente. Ficas com a chave da nossa casa, para vigiares se algo de anormal acontecer. Não te custa nada…estás em cima.
- Daqui a quanto tempo…
- Quinze dias, um mês.
- Como sempre.
- Não, não me posso demorar muito. Olha, já falei com o Novo Director. Despacha isso de qualquer maneira… fica bem por aqui.
- A questão é o transporte.
- Ah! Sim. Quando chegar terás o teu carro. Dei ordens ao Heitor para te apoiar.
- Elder quando estás é uma coisa, com o Heitor é outra.
- Falei muito bem com ele. Nada te faltará, fica tranquilo.

Tive a ideia de idealizar um programa de contabilidade no Excel. Havia o problema das ligações, com o balancete do razão e analítico. Iniciei os testes. A questão era como ir buscar os totais dos movimentos. Mas sabia que depressa resolveria isso. Falei com a Chefe e propus-lhe a ideia:
- Vou levar algumas pastas para adiantar serviço, enquanto isso, vou instruir o jovem para inserir os documentos no Excel.
- Acho boa ideia. Se você conseguir estaremos safos. Até porque o Ministério diz que não nos dá mais dinheiro, se não apresentarmos números. Agora estão muito exigentes. Querem mapas trimestrais. Conto com a sua colaboração:
- Decerto, toda.

Às vinte e duas horas encostei-me na varanda. Lá em baixo havia barulho junto à porta de entrada. Baixei-me o mais que pude para observar. Notei que a luz estava acesa na casa do Elder. Peguei na chave e desci para investigar. Abri a porta e entrei. Na sala ouvi alguns gemidos. Fiquei indeciso. Achei que vinham da porta da rua. Já estava com o dedo no interruptor para apagar a luz. Ouvi mais gemidos. Não eram da rua vinham do quarto. A porta estava meia aberta. Empurrei-a e vi a Ava nua na cama com um homem. Ela viu-me, puxou o lençol e tapou-se. Empurrou o homem que caiu desamparado no chão, no lado que eu não podia ver quem era.

Retirei-me e sentei-me na sala. Que estranha maneira que a Ava e o Elder têm de se amarem. Acho que ficaram envergonhados. Que casal brincalhão. – Pensei.
Ava saiu do quarto, com um roupão ainda a acabar de amarrar o cinto. Com os cabelos desarrumados senta-se, e encosta a cabeça no extremo do sofá. Cruza as pernas e parece não se dar conta que estão nuas. Os seios nus, aparecem de vez em quando, devido aos movimentos nervosos do corpo. Aborda-me:

O Cavaleiro do Rei (13). Novela


Comandante do navio Angola/Titanic, estamos a afundar-nos! Mando tocar a orquestra?!
Isto não é uma ditadura, é uma dinastia bantu.


O rei remirou o jardim. Sorriu e sentiu o perfume do lírio-vermelho que a rainha lhe oferecera. Meditou:
As flores são excelsas, agradáveis. Atraem-nos, obrigam-nos a olhar para elas. Não entendo porque diferem das pessoas. Se conseguisse encontrar uma pessoa competente, inteligente para me ajudar, que fosse capaz de pôr devidamente o meu reino a funcionar, que acabasse com a miséria das populações, os republicanos seriam vencidos. Mas onde encontrar uma pessoa assim? Vejo que é demasiado tarde. Estão todos do lado dos republicanos. Só os incompetentes e corruptos me procuram. Antes roubavam às escondidas, agora roubam às claras. O meu reino está perdido. Tenho que procurar um hábil jeito para me reformar. Encontrar um país que me dê exílio, e nele acabar tranquilamente o resto dos meus dias. Se ao menos conseguisse um super ministro como Colbert… com os adiantamentos petrolíferos que recebemos, o meu reino ficará hipotecado durante mil anos.

O Cavaleiro Epok despacha-se para sair do Palácio Castelo-Forte. Passa-se algo de anormal, berra:
- Rei-de-armas!!!
- Sim meu chefe!
- Desce-me a merda da ponte levadiça!
- Não dá chefe.
- Desce-me já a merda da ponte levadiça. As piranhas estão esfomeadas no fosso e a única comida são vocês.
- Chefe, não temos óleo. Está tudo enferrujado.
- O que é que fizeram ao óleo?
- As últimas visitas levaram-no.
- Vai nos armazéns reais e trás mais.
- Não é preciso documento?
- Não, diz que fui eu que mandei.
- Chefe, não aceitam sem documento.
- Arranja-me um bocado de papel e qualquer merda que escreva!
- Ah, chefe! Aproveito e trago algum para mim. Digo que são ordens do chefe.

Passou-se muito tempo a olear as dobradiças e as correntes da ponte levadiça. A lentidão lembrava um caracol. Epok aproveita para tirar uma boa soneca. Quando acordou, espreitou para o fosso. Apanhou uma pedra e atirou-a para baixo. Houve pouco movimento na água. Alarmado disse:
- As piranhas que estão no fosso não satisfazem, arranjem mais!
- Chefe, aqui não há, só no reino do Brasil.
- Arranjem um barco e carreguem as que puderem. Ou vão ao mercado do Roque Santeiro. Piranhas são o que há lá demais. Com gente assim, este reino não tem futuro.

A ponte levadiça desce, faltam algumas tábuas. Epok avança, trava o cavalo. Este escorrega e enfia as patas dianteiras num buraco. Os guardas retiram o cavalo. Epok assustado grita.
- Rei-de-armas!!!
- Chefe.
- Quem tirou as tábuas?
- É a população de noite, para fazerem a comida.
- De noite (!) Os guardas dormem?!!
- Não chefe. À noite não fica ninguém aqui. Saímos e vamos ter com as nossas namoradas.
- Manda partir todas as casas próximas ao Castelo. Vão ter com o marquês GOR.
- Marquês quê chefe?
-GOR! Gabinete de Obras Reais. Quando voltar quero ver as piranhas bem gordinhas.
- Chefe, esse GOR não vai conseguir tão cedo.
- Porquê?
- Estão muito ocupados a partir centenas de casas, ao pé de outros castelos.
- Com tantos desempregados, admitam mais gente. Tenho que dizer ao rei, que está difícil sair do Castelo.

Foto: Angola em fotos

Breve História do Terrorismo Bancário (12)


A China prepara-se para dominar o mundo. Colabora com mão-de-obra escrava e clonagem de equipamentos. Os preços saem baixíssimos, rebentam com a economia dos concorrentes. É uma potência mundial, beneficia do mérito de campeã mundial da poluição. Não desejo viver debaixo de tão horrível ditadura.


«* Os três maiores bancos – Bank of America Corp., J.P.Morgan Chase & Co. e Citigroup Inc. – tinham 21,4% de todos os depósitos do país no fim de 2007; com as vendas promovidas pelo governo dos ativos bancários do Washington Mutual Inc. ao J.P.Morgan e do Wachovia Corp. ao Citigroup, os três grandes passaram instantâneamente a ter 31,3% de todos os depósitos.[1] Outros bancos menores também estão sendo abocanhados pelos grandes, agravando a concentração bancária nos EUA.

* Freddie Mac e Fannie Mae, as duas seguradoras autárquicas que há um mês receberam uma boia de salvamento de US$ 85 bilhões do Tesouro estadunidense, detinham juntas US$ 740 bilhões em crédito em 1990; US$ 1,25 trilhão em 1995; US$ 2 trilhões em 1999; US$ 4 trilhões em 2005. Em setembro de 2007, logo antes da estatização, seus ativos chegaram a US$ 5,4 trilhões, ou 45% do total do crédito imobiliário nos EUA, cerca da metade do PIB estadunidense!!! Descomunais sáurios financeiros, as duas sustentavam com garantias 97% dos títulos de empréstimos hipotecários. Eram o fim da cadeia imobiliária, os que vendiam seguros dos papéis de dívida, que se haviam multiplicado de forma descontrolada numa espiral gananciosa e irresponsável. Esta aceleração do valor dos seus ativos resultou da bolha imobiliária de 2001-2006 e da maré especulativa resultante do florescimento da engenharia financeira. (Warde, 2008:15)

Segundo fato, os novos tiranossauros oligopolistas estão chegando justamente quando se avizinha o tempo de sua extinção... Sim, pois a crise financeira vai certamente se agravar ao longo dos próximos dois ou três anos. E não é difícil prognosticar isto, dado que as autoridades da política econômica mundial não querem examinar as causas profundas da crise: um himalaia de dinheiro especulativo, sem base na economia real e, por isso, sem possibilidade de resgate pelos fundos públicos; a liberdade dos Bancos Centrais e dos agentes financeiros de manipular a taxa de usura a seu belprazer; a falta de regulações que garantam que as finanças sejam um instrumento para o investimento produtivo; os refúgios fiscais, as jurisdições secretas e os mil e um canais de evasão fiscal e cambial em todo o mundo para ali refugiar-se; a irresponsabilidade dos grandes bancos e empresas industriais de buscar lucros fáceis e abundantes na especulação financeira; e, envolvendo isto tudo, a compulsão de crescer, de consumir, de crescer mais, de consumir mais, e de inundar a terra com lixos e rejeitos de todo tipo.

Lucrar sem produzir

Esta é, numa palavra, a tônica da fase avançada do capitalismo mundial: lucrar sem produzir. Enquanto 850 milhões de seres humanos padecem e morrem de fome na Terra, outros ganham fortunas sem produzir, apenas especulando. Um sistema econômico que é irracional, ineficiente e imoral, do ponto de vista da maioria dos habitantes e dos ecossistemas do planeta. E que reproduz continuamente uma profunda divisão das sociedades e da espécie em classes sociais, que transcendem os territórios nacionais e se globalizam. A nomenclatura Norte Global e Sul Global, portanto, é adequada e precisa para identificar como a humanidade está dividida em classes sociais pelo sistema do capital, e de forma ainda mais cruel agora que a financeirização levou as carências, as desigualdades, a violência e a insegurança ao paroxismo. Como se expressa em cifras esta financeirização?

In Marcos Arruda. Ladislau Dowbor


quinta-feira, 26 de março de 2009

A Origem da Grande Depressão de 2008 (36). Novela


"As revoluções não fazem o amor triunfar. Em vez disso, matar torna-se uma mania. Nas revoluções russa e chinesa, depois que os comunistas tinham assassinado dezenas de milhões de inocentes, não podiam parar de assassinar, e brutalmente matavam-se uns aos outros... O comunismo é uma forma de possessão demoníaca coletiva." ["Marx and Satan", Richard Wurmbrand, pg 107-108)
http://www.espada.eti.br/n1676.asp


Três meses depois, Elder chega. Todos esperamos pelo essencial, o dinheiro, que Heitor investe nas obras de dois apartamentos e um grande armazém, que depois Elder revenderá. Assim que me vê dá-me uma novidade:
- A minha esposa veio comigo, depois vais conhecê-la.
- Quero ir para Portugal.
- Porquê?!
- Não estou a gostar nada disto, ou me pagas ou…
- Tem calma, já cheguei. Vou tratar disso tudo, fica calmo.
- A minha calma já foi mais que suficiente.
- Mas o que é que tu queres? Na Namíbia vão fazer a mesma coisa que o Zimbabué fez. A lei de terras, a reforma agrária. Vão entregar as fazendas aos negros. Os brancos estão a vender o que podem, estão a fugir. Esta gente gosta muito de morrer à fome. Ao menos que fizessem isso gradualmente. Que preparassem as pessoas para assumirem as suas responsabilidades, mas não. O que pretendem é o voto eleitoral. Ficar com o que era dos brancos, mas ninguém trabalha. Ficam a olhar, não sabem o que fazer. Depois de tudo ficar em ruínas, pedem aos brancos para lhes enviarem comida. É este o futuro da África.
- Acho que já estamos todos cansados dessa música. Se eles assim preferem, que assim seja. Mas apenas exijo que não faltes com os teus compromissos.
- Tudo bem, terás o teu dinheiro. Logo, vamos jantar na minha casa. Já informei a Ava.

CAPÍTULO V
AVA

Ava, é o nosso contabilista. – Disse Elder.
- Boa noite dona Ava.
- Deixa-te disso, trata-me por Ava.

Estava com um vestido de noite, branco, transparente. Notava-se claramente os contornos dos seios e o ventre saliente. O cabelo caía-lhe nas costas. Alta e magra parecia ter trinta e cinco anos. O corpo estava bem conservado. No fim da perna esquerda uma argola de marfim. Pensei que as mulheres gostam de exibir os seus dotes físicos. Estávamos a meio da refeição, Ava pergunta-me:
- Estás a gostar?
Elder interpõe-se:
- Ava pergunta-lhe se ele está a gostar do Dão Meia Encosta.
- Elder não interrompas por favor. Que péssimo hábito que tu tens. Só tu é que falas?
- Pronto, pronto, já não te interrompo mais.
- Como dizia, estás a gostar?
- Sim, este cacusso assado é uma beleza, tal como tu.
- Presumo que já tinhas comido antes.
- Não, agora sei que é um peixe muito saboroso.
- É das coisas que sinto mais saudades do meu país. Mas não gosto nada de aqui estar.
- Porquê Ava?
- Sou angolana, nasci em Luanda. Se vejo lixo à minha porta, vou reclamar. É normal que uma simples criança me diga: sua branca de merda vai para a tua terra. Ainda estão muito atrasados. Infelizmente assim continuarão por muito tempo. Não me dá nenhum prazer viver assim.
- Isso é um facto. Os conselhos abundam. São escassos os que os escutam.
- Na Namíbia e na África do Sul, que conheço muito bem, não é assim. Na Namíbia todos sabem o seu lugar. As pessoas respeitam-se. Os governos dos dois países apoiam os idiomas nacionais. Até dá gosto aprender e falar os seus idiomas. Aqui até isso desprezam. Os nossos intelectuais abandonaram-nos.
- Ava, o verdadeiro intelectual nunca abandona o seu povo.

MARIO VARGAS LLOSA visita o Congo. Viajem ao coração das trevas (1)


11/01/2009

Mario Vargas Llosa visita o Congo, um rico país sumido na miséria da guerra e do terror. Fome, violações, assassinatos e corrupção sacodem esta terra sem lei. Médicos Sem Fronteiras e 'El País Semanal' iniciam uma série de viagens de diferentes escritores para resgatar do esquecimento as vítimas da violência no mundo.

I – O MÉDICO. "O problema número um do Congo são as violações", diz o doutor Tharcisse. "Matam mais mulheres que a cólera, a febre-amarela e a malária. Cada bando, facção, grupo rebelde, incluindo o Exército, onde encontram uma mulher procedente do inimigo, violam-na. Melhor dito violam-na, dois, cinco, dez, os que sejam. Aqui, o sexo não tem nada que ver com o prazer, só com o ódio. É uma maneira de humilhar e desmoralizar o adversário. Ainda há às vezes violações de meninos, 99% das vítimas de abuso sexual são mulheres. Aos meninos preferem raptá-los para lhes ensinar a matar. Há muitos milhares de meninos soldados por todo o Congo".

Mario Vargas Llosa Nascimento: 28-03-1936 Lugar: (Arequipa)

Congo Capital: Brazzaville. Governo: República. População: 3,903,318 (est. 2008)

Estamos no hospital de Minova, uma aldeia na fronteira ocidental do lago Kivu, um canto de grande beleza natural – havia nenúfares de flores malvas na praia em que desembarcámos e de indescritíveis horrores humanos. Segundo o doutor Tharcisse, director do centro, o terror que as violações inocularam nas mulheres explica os deslocamentos frenéticos de populações em todo o Congo oriental. "Apenas ouvem um tiro ou vêem homens armados saem espavoridas, com os seus meninos às costas, abandonando casas, animais, tudo".

O doutor é perito no tema, Minova está cercada por campos que albergam dezenas de milhares de refugiados. "As violações são todavia piores do que a palavra sugere", diz baixando a voz. "A este consultório chegam diariamente mulheres, meninas, violadas com bastões, ramas, facas, baionetas. O terror colectivo é perfeitamente explicável".

Exemplos recentes. O mais notável, uma mulher de 87 anos, violada por 10 homens. Sobreviveu. Outra, de 69, estuprada por três militares, tinha na vagina um pedaço de sabre. Leva dois meses a seus cuidados e as suas feridas ainda não cicatrizaram. Quase que lhe desaparece a voz quando me conta de uma menina de 15 anos a que cinco "interahamwe" (milícia hutu que perpetrou o genocídio de tutsis no Ruanda, em 1994, e logo fugiu para o Congo, onde agora apoia o Exército do Governo do presidente Kabila) raptaram-na e esteve na selva cinco meses, de mulher e escrava.

Quando a viram grávida abandonaram-na. Ela voltou para a sua família que também a abandonou porque não queriam que nascesse na sua casa um "inimigo". Desde então vive num refúgio de mulheres e recusou a proposta de um parente para matar o seu futuro filho para que assim a família possa recebê-la. A ladainha de histórias do doutor Tharcisse produz-me uma vertigem quando me refere o caso de uma mãe e suas duas filhas violadas há poucos dias na mesma aldeia por um punhado de milicianos. A menina de 10 anos, morreu. A outra de 5, sobreviveu, mas tem os quadris planos pelo peso dos seus violadores. O doutor Tharcisse rompe em pranto.

EL PAÍS
Traduzido do espanhol

Frases célebres 26Mar09


21.03.2009 - 00h00 - João Pedro, Carnaxide, Oeiras
Este moço, o Papa, é um rapaz às direitas...Nunca o ouvimos falar sobre as guerras imperialistas levadas a cabo no Iraque e noutros pontos do mundo, na mortandade no Ruanda, nos vigaristas das "off shores", de que o Vaticano parece ser um "exemplar" contribuinte, mas eis que chega a África e, principalmente, à República Democrática de Angola e toca de falar na corrupção, na "maldade" ou "pecado" do uso do preservativo. Um santo homem este e toda aquela comitiva que leva atrás. Uns homens, repito, às direitas...E qualquer dia temo-lo cá para canonizar um novo santo, o Condestável, que curou uma dama de Vila Franca que ficou sem uma das vistas ao fritar uns cachuchos. O mundo visto sob o prisma do sucessor da Santa Inquisição.

20.03.2009 - 23h31 - Luis, Almada
Mas não é verdade que este papa e o anterior deveriam ser levados a julgamento como omissos em defender os oitocentos mil mortos tutsis, pois se negaram a intervir no conflito genocida em Ruanda (A Igreja não pode ser responsabilizada pelos erros de seus membros que agiram contrário à lei evangélica”, alegou. Mas disse também: “Todos os membros da Igreja que pecaram durante o genocídio precisam ter a coragem de aceitar as consequências de seus actos.” Essa foi a primeira vez que o papa se pronunciou em público a respeito da acusação de que sacerdotes no Ruanda participaram e promoveram activamente a matança de umas 800.000 pessoas, e de que a hierarquia católica não fez nada para impedir isso. O comentarista do Vaticano Luigi Accattoli, escrevendo no jornal italiano Corriere della Sera, disse que a declaração do papa para os católicos não tentarem escapar da justiça “é um assunto muito delicado”, porque “entre os acusados de genocídio há também sacerdotes que se refugiaram no exterior”. A maioria das pessoas em Ruanda eram católicas e os media católicos foram os desencadeadores mais vocais do genocídio. E nem desculpa ainda o papa pediu!

11.02.2009 - 10h27 - José Braga, V.N. de Gaia
A Igreja tem, a meu ver, uma responsabilidade social acrescida dado que preconiza e defende um dos mais sublimes monomentos á Razão, o Cristianismo. Contudo, parece-me despropositado que nesta altura, em que a sociedade portuguesa apresenta uma enorme crise a quase todos os níveis, em que o desemprego alastra olhos vistos, em que a pobreza, a fome e a miséria contituem o nosso quotidiano, a Igreja se preocupe com estas futilidades apenas reivindicadas por meia duzía de radicais. Um homem pode casar com quem quiser, uma mulher pode casar com quem quiser, os homossexuais sempre existirão e têm o direito á diferença...mas senhores, não há algo mais importante a tratar nos dias de hoje, que não seja os assuntos mais medíocres da nossa sociedade? A Igreja têm a obrigação, o direito e o dever de intervir nas mais elementares questões sociais como afirmou Jesus Cristo: "Vòs sereis no Mundo Denúncia do Mal"; mas deve ser daqui que o Mal vem ao Mundo!?

11.02.2009 - 10h25 - Anónimo, Lisboa
Acho genial os comentários que aqui se fazem contra a opinião da Igreja nestes ou em quaisquer outros assuntos: fazem-me lembrar a censura dos tempos idos. "Só pode opinar quem estiver por nós: quem estiver contra nós, meta-se na sua vida, porque não tem direito a falar ou a emitir opinião. estamos nos tempos modernos: só tem opinião, que está de acordo conosco: quem não está, cale-se!". Então agora a Igreja /ou qualquer outra instituição) não pode emitir a sua opinião e dizer o que pensa? Vocês são todos fascistas, o QUÊ????? Se a Igreja quer emitir opiniões aos SEUS fiéis, acham que as vai emitir como: por carta individual endereçada a cada fiel??? Não: usa o seu direito de opinião (igual a qualquer outra insituição, e fala abertamente! Será que já não se pode falar abertamente num país como o nosso??? Voltámos ao fascismo???

Público última hora

O Amero


Os Estados Unidos irão declarar a incapacidade de fazer pagamentos em dólares já em Fevereiro ou Março de 2009 - lançarão em alternativa uma nova moeda que não valerá mais que vinte cêntimos. Se tem contas bancárias em dólares, livre-se delas, enquanto é tempo

Logo no princípio quando se começou a desenhar ao conhecimento público o rebentamento da bolha especulativa do imobiliário em Agosto de 2007 (ou ainda antes) começaram igualmente a correr teorias, devido à astronómica dívida externa, sobre a inevitabilidade da implosão do Dólar como moeda de referência no mercado financeiro global.

Outras teorias, como sempre rotuladas de “conspirativas”, começaram a circular no que respeita a uma suposta moeda alternativa cunhada pelo Tesouro dos Estados Unidos. Agora, passado mais de um ano, é o neoconservador Hal Turner, um ex-jornalista detentor de um programa periódico na rádio, que tem sido alvo de represálias pela administração Bush, quem vem divulgar pormenorizadamente a intenção dos EUA governados pelos ultraconservadores de substituirem o dólar por uma nova moeda: trata-se do “Amero” um derivativo da raiz América – a nova moeda única para a União da América do Norte (um pouco como o Euro para a União Europeia) circulará com a cumplicidade dos governos do Canadá e México.

Os EUA pensam, com este remédio, curar a doença progressiva de que foram atacados na década de 70, quando iniciaram o declínio da então maior nação com excedente de créditos com que inundavam o resto do mundo, para a situação de nação com a maior dívida mundial por volta do ano 2000.

O rebentamento da bolha da “nova economia” e a saída via 11 de Setembro para a odisseia da guerra generalizada contra os moinhos de vento do terrorismo têm feito o resto do caminho para a falência (não de todos, como se verá, mas quanto baste de tansos com investimentos e depósitos em papel para limpar o olho do cu) – a ponto de economistas liberais como Peter Schiff reclamarem para a América de hoje o cognome de Segunda República de Weimar (sem dúvida uma história a reler pormenorizadamente) – eis então o Amero como moeda de substituição ao velho émulo do marco alemão da década de 1920 quando, devido ao seu valor desprezível, era queimado nos fogões de cozinha uma vez que comprar lenha com as notas saía muito mais caro.

http://xatoo.blogspot.com/2008/10/o-amero.html

quarta-feira, 25 de março de 2009

A Origem da Grande Depressão de 2008 (35). Novela


Neste momento o mundo continua teimosamente, criminosamente nas mãos da grande conspiração dos especuladores mundiais. Nada há a fazer, a não ser aguardar pela próxima catástrofe Mundial.


Dificilmente conseguia desenvolver as minhas actividades, porque o transporte escasseava. Depois fiquei sem energia eléctrica. A Cidadela enviou uma circular a informar que, para o restabelecimento da energia teriam que ser pagos quatro mil dólares. O gerador passou a funcionar somente para a padaria. Quando esta terminava o trabalho, não havia luz. Quando haviam jogos ou outros acontecimentos desportivos, não se conseguia trabalhar, devido ao barulho que os adeptos faziam.

Quando saía e voltava era impedido de entrar, porque não tinha passe. A estação das chuvas chegou, e com ela as inundações. A corrente de água era tão intensa, que fazia com que o acesso não fosse possível. Como se não bastasse ficámos sem comunicações. Resumi tudo isto a Heitor, que me esclareceu:
- Os carros estão todos avariados. O gerador, o Elder disse para o ligar só para a padaria. Os telefones foram desligados por falta de pagamento.
- Necessito de dinheiro para as despesas correntes. O Elder não falou nada disso?
- Não, não me falou nada.
- Mas, ele disse-me que teria um fundo de maneio. Como é que vou conseguir trabalhar?
- Não sei.

Vi que estava a perder tempo, mesmo assim insisti, repeti:
- Sabe que os telefones foram desligados por falta de pagamento?
- Sim, sei. O Elder disse-me para não gastar nenhum dinheiro. Para aguardar até que ele chegue.
- Heitor, como sabe, até agora não consegui falar com ele. Trabalhar nestas condições não é possível. Diga-lhe que vou sair daqui. Vou voltar para o apartamento.
- Sim, ele também me disse que vai sair daqui.
- Sabe o que é que eu penso disto tudo?
- Não.
- Resume-se apenas a duas palavras vulgares. Sabotagem e irresponsabilidade.

Regressei ao apartamento. A despensa estava vazia. Liguei para Heitor que me tranquiliza:
- Já vou tratar disso.
A comida que me enviou, eram apenas umas latas de salsichas, queijo e presunto. O pão ficou esquecido. Liguei-lhe:
- Heitor, obrigado pelo que me enviou… falta o pão.
- Não temos carro.
- Não se esqueça que estou sem dinheiro.
- Está bem, já lhe vou enviar alguma coisa.
- Olhe, diga ao Elder que quero ir-me embora para Portugal.
- Está bem.

Depois enviou-me carne, mas não me enviou óleo para fritar. De bebidas parece-me que não tinha direito, a não ser água. A luz e o telefone foram-se por falta de pagamento. Também era difícil manter a luz, porque o cabo de alimentação estava muito sobrecarregado, devido a que existiam algumas pequenas empresas que tinham máquinas de fazer gelados, sumos, e o aumento constante de aparelhos de ar condicionado muito potentes, que faziam com que o cabo queimasse constantemente.

A empresa de electricidade já tinha dito, que cada um devia contribuir com a necessária quantia para a sua reparação. Mas ninguém queria pagar. Além disso também não pagavam os consumos. Os cortes eram constantes. Manter os produtos congelados era muito arriscado. Não sabia como conseguiria trabalhar. Heitor entregou-me uma quantia irrisória que mal dava para sobreviver. Iria ficar sem telemóvel. Apenas lhe perguntei:
- Heitor quando é que o Elder chega?
- Deve estar aí a chegar. Lá em baixo também não temos luz, nem telefones. O Elder disse para não pagar nada, até que ele chegue.
- Como é que eu vou fazer? Não tenho dinheiro.
- É como já lhe disse, espere por ele.

Foto: Morro da Maianga

O Cavaleiro do Rei (12). Novela


No caminho de outra guerra civil? de noite mata-se, morre-se, assassina-se naturalmente, impunemente. Ninguém quer saber de ninguém. Porra! Só vejo psicopatas por todo o lado. Para o Terror em Luanda, escolhemos como modelo a Guiné-Bissau. A meio da noite é usual ouvirem-se fortes explosões. Presume-se que seja o general "Diguanza" da cooperativa o Lar do Patriota, do general Led, ou de funcionários da Presidência da República que ordenaram o assassinato de patriotas. Ou das obras da destruição sistemática de Luanda.

- Devemos questionar o marquês FMI. O chato é que ele só se preocupa com o reino do FMI. A nobreza deste reino quer o que sai das Minas Gerais, o resto que se lixe. Epok, consegues explicar-me porque é que toda a força de trabalho existente no reino está ao serviço do Governo… e não avançamos!?

- Não sei, não sei, meu rei.

- Faz-me uma lista dos marqueses e marquesas que estão no Governo.

- Isso é uma tarefa muito difícil.

- Porquê Epok?

- Muitos são trabalhadores fantasmas. Meu rei lembrei-me… temos uma situação muito grave.

- Qual?

- O navio que trazia as velas afundou-se no alto mar. A arraia-miúda vai ficar às escuras.

- Foram os republicanos?

- Não. Os nossos republicanos estão muito pacificados.

- Epok, há o azeite, o óleo.

- Acabou-se tudo. Ninguém quer importar. Dizem que não lhes pagamos.

- Usem banha de porco.

- Ah! O meu rei não sabe que uma epidemia deu cabo deles!?

- Os vice-reinos não têm?

- Meu rei, com esses não vale a pena contar.

- E nós temos velas?

- Claro meu rei. Temos um milhão nos armazéns reais.

- convocastes as Cortes Reais?

- Sim.

- Os vice-reis das províncias chegaram?

- Não. O dinheiro que enviámos para pagamento da reparação dos coches, desapareceu pelo caminho.

- Foram os republicanos?

- Não, foram os nossos.

- Os vice-reinos ainda não têm autonomia?

- Não. A questão é que lhes enviamos fundos suficientes, mas nunca apresentam contas.

- Porquê?

- Estão sempre com desculpas. Ora não tem luz, água, contabilistas, que as máquinas e os equipamentos estão sempre avariados. E que, quando reparadas roubam as peças, ou quando conseguem enviar as contas, dizem que os documentos desapareceram aqui.

- Estamos a ficar como as ruínas do reino do Zimbabué.

- Meu rei, como o reino do Níger e muito próximos da Guiné Equatorial.

- Não teremos muitos problemas. O reino do Ocidente fecha os olhos, apoia-nos enquanto dependerem do líquido negro.

O rei carregou o sobrolho. Epok, tenta mascarar-se puxando com os dedos das mãos a gola do casaco. Epok, adivinha que vai sair o último argumento do rei.

- Mais uma piada como essa, mando o arauto real anunciar que vais para uma embaixada de um reino desconhecido. Epok, basta, ausenta-te!

Foto: Angola em fotos

Robespierre, o incorruptível


Quando vires um miserável

Passar a teu lado

Não o desprezes

Naturalmente ele indica-te

O caminho que te espera

Os caudais de um rio

Não se juntam num só?

«Fortuna de Kundy Paihama

- É sócio principal de um empreendimento turístico (primeira pedra lançada em Mai.2007), que por estar a ser implantado em local dos arredores de Luanda onde no tempo colonial existiu a "Quinta Rosa Linda", recebeu o nome de "Rosa Linda"; compreende um hotel de 5 estrelas e um grande casino.

- É um dos accionistas, eventualmente o mais importante, do BANC, um banco lançado em Jan.2007, com o apoio técnico do BES (solicitado a título de "emergência" a fim de colmatar a lacuna da não concretização de uma prevista participação da Geocapital no projecto).

- É dono e/ou tem quotas societárias dominantes em empresas de ramos diversos: Geogest, mineração (explora granitos negros na Huíla e diamantes nas Lundas); Gestimóvel, construção e imobiliário; Finangest, hotelaria e jogo (gestão dos casinos dos hoteis Tivoli e Marinha); Multiauto, comércio automóvel.

Também se deixou tentar por mordomias pessoais, muito ao gosto da elite angolana, embora sem incorrer em extravagâncias de outros. Tem uma fazenda (de rendimento e lazer), em Chimbolelo, Huíla, a meias com o "amigo de peito", Faustino Muteka e uma vivenda no Minho, Portugal, onde aprecia refugiar-se.»

Xavier de Figueiredo

Fonte: Africa Monitor Club-k

Foto: http://giuridicopolitico.blog.com/3067050/