quinta-feira, 30 de abril de 2009

A vietnamização de Luanda



Que diferença faz aos mortos, aos órfãos, aos sem abrigo que a destruição que lhes afectou foi executada por forças totalitárias ou democráticas?
Ghandi


Temos que lutar com muita força contra os ditadores e as ditaduras. Que são como os vírus mortais. É tempo de isolá-los e aniquilá-los.

E lá teimamos, desandamos sempre para jusante e montante do sistema (?). Neste know-how dos investimentos da nossa irrealidade. Luanda não é um país do presente é do futuro. Luanda é o único país do mundo que mais cresce. Toda esta miséria é invenção da reacção interna.


«Para forçar os comunistas a abandonar a luta, os americanos lançaram 7 milhões de toneladas de bombas, utilizaram a guerra química ao pulverizarem 16 200 km2 com produtos esfoliantes para matar a vegetação. A vida rural ficou devastada e as cidades superpovoadas. O sul tornou-se dependente da ajuda americana para sobreviver, enquanto que os nacionalistas do norte recebiam da China e da URSS armamento e equipamento militar para sustentar a guerra. No norte os bombardeamentos semearam a destruição e uma deterioração profunda na rede de transportes do país. Os americanos perderam 57 000 homens, e contudo, a máquina de guerra americana não conseguiu vencer a guerrilha do Vietname do Norte. Em Agosto de 1969 Washington e Hanói iniciaram em Paris negociações secretas cujos principais protagonistas foram Henry Kissinger e Lê Duc Tho. Os acordos de Paris só foram assinados a 27 de Janeiro de 1973 entre a República Democrática do Vietname do Norte e os Estados Unidos, altura em que oficialmente entrou em vigor o cessar-fogo.»
http://www.voyagesphotosmanu.com/guerra_do_vietname.html


«A força demolidora do género (manchete do Angolense)

As recentes demolições de casas de cidadãos que habitam em zonas problemáticas (ou muito cobiçadas?) da nossa cidade e o seu “realojamento” forçado estão neste momento a ser capitaneadas por dois rostos femininos. As referências desta actuação são os lamentáveis espectáculos que estão a ocorrer na Kinanga e nos últimos dias na Ilha do Cabo. São apenas os mais recentes de uma já longa história de atropelos e violências protagonizados pela administração contra os cidadãos mais pobres desta acolhedora urbe. Na primeira linha do chocante confronto está a Administradora Municipal da Ingombota, Suzana de Melo, estando na sua retaguarda, a Governadora Francisca do Espírito Santo, que para já tem evitado “sujar” as suas mãos, o que de forma alguma lhe retira a responsabilidade política e moral pelo que se está a passar. (...) É caso, de facto, para se falar da força demolidora do género, com alguma propriedade e perplexidade, diante deste aparente paradoxo. (Anair de Pádua)»
Morro da Maianga

Foto Vietname: WIKIPEDIA
Foto das demolidoras: Morro da Maianga

Gripe Aviária : Mutação do vírus da gripe aviária poderia matar 81 milhões


Enviado por Délcio César Cordeiro Rocha em 4/6/2007 10:44:18

Uma possível mutação do vírus da gripe aviária (H5N1) poderia causar a morte de 51 a 81 milhões de pessoas, informa um estudo divulgado na última semana em Paris (França).

Segundo um relatório conduzido pelo professor Christopher Murray, da Universidade de Harvard, 96% das mortes ocorreriam nos países em desenvolvimento e apenas 4% no mundo desenvolvido.

Em declarações publicadas neste domingo (03), pelo jornal Le Parisien, Murray disse que, comparando o número de mortes causadas pela gripe espanhola entre 1918 e 1920 com a população mundial de 2004, ele e sua equipe chegaram "à conclusão de que, se ocorresse uma mutação no vírus da gripe aviária, uma hecatombe com entre 51 e 81 milhões de mortos seria possível".

Os países mais afetados seriam os do Sudeste Asiático (30%), os da África Subsaariana (29%) e os do Leste da Ásia (19%).

No entanto, o especialista de Harvard disse na reunião que há "várias razões para esperar que a situação seja menos dramática do que a prevista pelas estimativas dos cientistas": a existência nos tempos atuais de medicamentos antivirais, vacinas contra a gripe e antibióticos para infecções pulmonares secundárias.

Desde o aparecimento do primeiro caso, no fim dos anos 90, a gripe aviária infectou 306 pessoas e matou 185, a maior parte delas depois de 2003, segundo dados da OMS - Organização Mundial da Saúde.

Mais de 200 especialistas de 23 países participaram da reunião do Instituto Pasteur de Paris para debater os últimos avanços sobre o vírus H5N1.
Fonte: Efe/ Estadão Online
http://www.zootecniabrasil.com.br/sistema/modules/news/article.php?storyid=132

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Alerta sanitário. O fantasma da 'gripe espanhola'


A pandemia acabou em 1918 com quatro vezes mais mortos que a Grande Guerra

EL PAÍS

JAVIER SAMPEDRO – Madride – 28/04/2009

A I Guerra Mundial terminou em 1918 com nove milhões de mortos. A gripe espanhola desse mesmo ano acabou com a vida de 40 milhões de pessoas. Foi a pior das três epidemias mundiais de gripe do século XX (1918, 1957 e 1968), e de facto a pior pandemia de qualquer tipo registada na história. O vírus que a causou não vinha dos porcos, mas das aves, mas era um H1N1, como o actual. O H1N1 era um vírus das aves até 1918, e foi a gripe espanhola quem o converteu numa cepa humana típica.
As autoridades mexicanas observam uma diminuição dos contágios
A OMS insta os países a "prepararem-se para uma pandemia" e crê que será "leve"

Aquele vírus matava todos os ratos do laboratório numa escassa semana

Os países implicados na Grande Guerra não informavam sobre a epidemia para não desmoralizar as tropas, de modo que as únicas notícias vinham na imprensa espanhola. A gripe espanhola deve o seu nome, portanto, à censura dos tempos da guerra, e não à sua origem, já que o primeiro caso se registou em Camp Funston (Kansas) em 4 de Março de 1918. Na altura o vírus só causava uma dolência respiratória leve, ainda que muito contagiosa, como qualquer gripe. Em Abril já se havia propagado por toda a América do Norte e também, saltado à Europa com as tropas americanas.

O primeiro caso da segunda onda mortal registou-se em 22 de Agosto no porto francês de Brest, uma das principais entradas dos soldados norte-americanos. Era o mesmo vírus, porque os afectados pela primeira onda estavam imunizados frente à segunda. Em algum momento do verão, entretanto, converteu-se num agente mortal. Causava pneumonia com rapidez, e amiúde a morte dois dias depois dos primeiros sintomas.

Em Camp Devens, Massachusetts, seis dias depois de comunicar-se o primeiro caso já havia 6.674 contagiados. Os surtos estenderam-se a quase todas as partes habitadas do mundo, começando pelos portos e propagando-se pelas rodovias principais. Só na Índia houve 12 milhões de mortos.

Foi a chegada do vírus aos lugares mais recônditos que permitiu reconstruí-lo depois de quatro anos. Johan Hultin, um médico retirado, e os cientistas militares ao comando do geneticista Jefferey Taubenberger, lograram resgatar os genes do vírus dos pulmões de uma das suas vítimas, uma "mulher gorda" que morreu em 1918 num povoado esquimó do Alasca, onde o frio preservou o material particularmente bem.

Supôs-se assim que o vírus de 1918 não tinha nenhum gene de tipo humano: era um vírus da gripe das aves, sem misturas. Tinha, isso sim, 25 mutações que o distinguiam do vírus da gripe das aves típico, e entre elas deviam estar as que lhe permitiram adaptar-se ao ser humano. Supôs-se assim que o vírus da gripe espanhola se multiplicava 50 vezes mais que a gripe comum depois de um dia de infecção, e 39.000 vezes mais depois de quatro dias. Mata a todos os ratos de laboratório em menos de una semana.

Os grupos de Terrence Tumpey, do CDC de Atlanta (os principais laboratórios norte-americanos para o controlo de epidemias) e Adolfo García-Sastre, do Mount Sinai de Nova Iorque, perguntaram-se logo que mutações do vírus da gripe espanhola podia eliminar a sua capacidade para transmitir-se entre pessoas. E o resultado é que bastavam duas mutações na sua hemaglutinina (a H de H1N1); essas mesmas mutações postas de revés bastariam para conferir a um vírus das aves uma alta capacidade de transmissão entre humanos.

A hemaglutinina é o componente da superfície do vírus que reconhece as células do seu hóspede. É o principal determinante da especificidade do vírus (a espécie o lista de espécies que podem infectar). O importante não é tanto os números embutidos ao H (H5, H1...), senão os detalhes da sua sequência, a ordem exacta dos seus aminoácidos.

As duas mutações chave afectam criticamente a interacção do H com os seus receptores nas células animais, que podem ser de dois tipos: alfa-2,3 ou alfa-2,6. Os vírus da gripe das aves unem-se preferentemente ao receptor alfa-2,3, que se encontra em altas concentrações nas células do intestino das aves aquáticas e costeiras. Entretanto, os vírus humanos unem-se mais eficazmente aos alfa-2,6, que se encontram no sistema respiratório das pessoas.

EL PAÍS

O Cavaleiro do Rei (17). Novela


CAPÍTULO IV
As Piranhas

O alcance da nossa incapacidade de gestão urbana: conseguimos nos paralisar por excesso de meios de transporte. Se calcularmos que um carro vale em média 5 mil dólares, são 20 bilhões de dólares imobilizados.
In Governabilidade e Descentralização. Ladislau Dowbor

Um grande navio encosta-se com milhares de piranhas. Para evitar os roubos, Epok acompanha pessoalmente a descarga e o transporte para o fosso do Palácio Castelo-Forte. Depois do trabalho terminado cria uma mini comissão de inquérito.
- Estão todas? Não falta nenhuma? Contaram-nas?
- Chefe, veio cem a mais.
- Cem a mais ou sem a mais?
- Cem a mais.
- Cem com S ou com C, porra!?
- Não falta nenhuma chefe.
Epok aproxima-se do fosso, olha e admira a peixaria.
- São muito bonitas, só lhes falta a comida.
Vira-se para a guarda e ordena-lhes:
- Guardas, a água do fosso está pronta, podem banhar-se.

Entretanto os guardas preparam uma conspiração. Conjuram com as namoradas, e estas com a população para roubarem as piranhas, ao anoitecer, no decorrer das Cortes Reais.

Conforme planeado, cavam o que parece ser um esgoto para a saída das águas sujas, pretendendo com isto iludir a guarda secreta do rei. Então, a água das piranhas escapa-se rapidamente. Nas ameias uma sentinela dá o sinal combinado. Mangueiras são ligadas aos tonéis dos vinhos reais. O líquido chega ao fosso. O falso esgoto é rapidamente tapado. Tudo é recomposto, gente e braços desempregados não faltam. Das ameias chega o sinal de que os tonéis vazaram. As gentes carregam à pressa as piranhas que adormeceram devido à monumental bebedeira.

Assiste-se a uma mobilização geral. Velhos, mulheres, doentes, grávidas, crianças e cães, carregam o precioso vinho. Enquanto algumas mamãs escamam o peixe, outras assam-no com o carvão roubado do Castelo. Todos bebem sem excepção, incluindo a criançada. As mamãs cedo cambaleiam. Quando os bebés pedem mama, dão-lhes vinho. Povos das redondezas, conforme combinado, chegam para a grande festa. Querem saudar as Cortes Reais e o seu rei. O cheiro a peixe começa a deambular por todo o lado. O do vinho também. As jovens iniciam danças sem fim. Todo o mundo dança. Todos estão muito contentes, porque a festa está muito bonita. Um diz ao outro:
- O Castelo está com muita luz.
- Não é. São os mastros dos navios de abastecimento.
- Nem uma coisa nem outra. São faróis.
- Acho que são os cavalos voadores que já chegaram.
- Cavalos? Temos que fugir!
As mamãs estão quentes, desnudam-se. Os homens excitam-se.
- Abre as pernas querida!
- Nem pensa, só quando a bebida acabar!
As mamãs repelem os filhotes.
- Mamã, mamã, mãezinha!
- Ah! Sai daqui pá, quem te mandou nascer? Hoje não há filhos, safa-te como puderes.

Foto: Angola em fotos

segunda-feira, 27 de abril de 2009

A Epopeia das Trevas (2)


Introdução

Em Luanda recomeçaram os trabalhos para a instalação da energia eléctrica experimental. O americano Edison disponibilizou a patente desta extraordinária invenção. Ainda a 160 e com um pico máximo de170 volts, pelo sim pelo não a população continua refugiada nos candeeiros a petróleo e nas velas.

A energia eléctrica está, sente-se como o poder. Tão esquizofrénica, tão enfraquecida, tão psicopática, tão patogénica, tão epidémica.
Sem energia eléctrica vamos para onde? Para lado nenhum! Não!.. para o Zimbabué!

Não há dinheiro para construir casas mas, não falta para construir estádios de futebol e para mais desperdiçar milhões com treinadores. O fascista, colonialista Salazar mandou construir casas económicas. E ainda estão de pé.

O estalinismo do MPLA continua a deportar populações para o campo de concentração de Luanda. São meros governantes a montante e a jusante do sistema que inventaram, concentraram.

Governantes da maiuia (meia-tijela) que actuam como se todos o fossemos.
De matilhas de nababos e desconjuntados se instalam. E já cantam:
- Brevemente tudo será nosso e nada nos escapará. A negralhada aviltada empurra-se para o mar, e nele vão-se afogar.
Que os negros não prestam, que são boçais. Mas os brancos e outras cores apenas se aproveitam dessa forçada condição, serve-lhes de proveito para continuarem a secular pilhagem da escravidão.

Estes governantes que nos deportam nada têm a ver com o 11 de Novembro, com a independência.

A espoliação da ilha de Luanda prova uma vez mais que: ser banqueiro é fácil, qualquer idiota o é. Afinal, tão tosco roubar não exige intelecto. E são sempre os mesmos a prometerem, a dizerem as mesmas coisas. Governados por generais só vamos para um lado. Não vamos a nenhum.

Cada dia que passa tudo se complica. Estão tudo e todos abandalhados, estamos desprezados. Isto não está nada bom, não. Pressente-se o temor que de um momento para o outro o vulcão vai explodir. Isto está insustentável e polícia e exército serão insuficientes. Estamos tolamente, totalmente desgovernados, encalhados num mar tormentoso.

Mas, os governantes não forçaram, porque também são os paladinos da aventura do analfabetismo.
Qual é o cérebro que funciona com, como tal, tanto barulho dia e noite? Só cérebros que já não o são, apodrecidos. Assim se acabará, nem sequer se iniciará.

Esta fantástica barulheira revela que estamos perante mais um país de brincar, mais um estado-falhado.

Depois não repitam à bolchevique que foi Jonas Savimbi que destruiu Luanda.







A gripe dos eternos suínos portugueses


Não estão sós no universo. A jacquerie vai vir, outra vez bulir, para os engolir. É assim e sempre assim será sucessivamente. Depois seguem as lamentações cardinais: Foram chacinados tão selvaticamente. Pior que na Revolução Francesa.

É inútil confiar em alguém que está enamorado, bêbado ou em campanha eleitoral.
Shirley MacLaine

«Chafurdar na merda é uma questão de vida?
Alto Hama

Parafraseando um editorial de 2002 (a propósito da Casa Pia), assinado pelo António Ribeiro no Notícias Lusófonas, creio que, com ou sem gripe suína, com ou sem peste suína (africana ou de qualquer outra origem), Portugal cimenta todos os dias a sua imagem de um país “feio, porco e mau”.

Nessa altura, o António Ribeiro defendia a peregrina (digo eu) tese de que deverim ser ”exemplarmente punidos todos os que nele participaram e também aqueles que, por negligência ou omissão, permitiram a continuação de tais práticas durante mais de duas décadas.”

Será que os portugueses acreditam que vai haver justiça em casos como a Casa Pia, Free Port, BPN, BPP etc. onde são cada vez mais notórias as certezas de que os protagonistas são todos farinha do mesmo saco?

Não. Não acreditam. E não acreitam porque cada vez mais se comprova que os protagonistas são uma corja de gente feia, suína e má. E isso aplica-se quer aos que em tempo útil se calaram, quer aos que, hoje, se deixaram comprar.

Serem muitos os portugueses feios, porcos e maus parece algo que está no sangue, salvo algumas (muito poucas) excepções. Tão poucas que até os Jornalistas que agora falam do assunto Free Port (entre outros) vão, como o foram os que no início da década de 80 avançaram no caso Casa Pia, ficar calados.

E esse silêncio será recompensado. É só uma questão de tempo. Não tardará muito e estarão como directores ou administradores de um qualquer órgão da comunicação social... Os Jornalistas mais teimosos (que também os há, é verdade) poderão, a todo o momento, entrar para novas listas de dispensáveis...

Deixem-me, também por comodismo mas sobretudo por estar de pleno acordo, continuar a citar o brilhante texto do António Ribeiro: “O que aqui está em causa não se pode compadecer com os proverbiais brandos costumes portugueses nem com o velho hábito de deixar tudo nas meias tintas”.

É exactamente isso. Deveria ser exactamente isso. E por ser isso é que, mais uma vez, ninguém se lembra de ter ouvido falar em indícios, em avisos, em alertas. Governador do Banco de Portugal, Presidentes da República, ministros, secretários de Estado, deputados, procuradores gerais da República, magistrados, polícias etc. ninguém deu fé.

E, se calhar, não ter dado fé, continuar a não dar fé, é tão conveniente que, creio, até poderá um dia destes dar direito a uma comenda pelos altos serviços prestados à Nação...

Convenhamos, contudo, que os silêncios continuam a ser comprados. Tal como foram outros, tal como serão outros. Portugal começa a deixar de ser um país (Nação há muito que o deixou de ser) para passar a ser, apenas e tão só, um lugar muito mal (muito mal, mesmo) frequentado.

Na minha opinião todos os casos mediáticos vão ficar, salvo uma ou outra punição cosmética, em águas de bacalhau. Pelo cheiro, a água já está a ficar putrefacta. Mas, apesar disso, há sempre alguns (ao que parece são muitos) para quem chafurdar na merda é uma questão de vida.»

sábado, 25 de abril de 2009

A Epopeia das Trevas (1)


Introdução
Só haverá paz em Angola quando desmontarmos a estrutura ortodoxa marxista-leninista do MPLA. Porque o colonialismo e a escravidão ainda não acabaram não. É urgente a fundação de outro movimento de libertação.

Ai nosso querido e exemplar Zimbabué
Ainda não lá chegámos?!
Já! Tal e qual, muito mais infernal,
ao Zimbabué aportaremos
abordaremos

As nossas mentes são sementes zimbabueanas
Com elas os nossos campos lavraremos
sulcaremos, pejaremos
de cadáveres

Cumprimos a vontade milenar dos nossos
sagrados, consagrados ancestrais
Miserar, nas trevas concentrar
todos os que já não são, que ainda restam
de esfarrapados famélicos, moribundos povos
enterrados nas cercanias palacianas
dos nababos petrolíferos

Governantes travestidos de ouro negro
Com os excedentes petrolíferos e diamantíferos
Investem em campos de concentração
Para concentrar a população
Exímio nazismo negro
Especializado no mais fácil intemporal
sacedortal Matar! Matar!

Espoliamos às claras, claramente, ostensivamente
Com o beneplácito dos nossos amigos
inimigos do nosso Povo
Como o destruidor, apoiador, lidador
afundador, José Sócrates

Desconseguimos saber que já o zero absoluto
atingimos
não somos nada, ninguém
O que fazemos? Não sabemos!
Então para que governamos?
Para alimentar a ilusão popular
Que vem aí a nova vida
Que tudo vai melhorar
Mas, outro terrifico Zimbabué
Está a chegar
Vamos nele mergulhar

Necessita de um campo de concentração? Contacte em qualquer ponto de Angola, uma agência do MPLA.
MPLA, líder mundial na construção de campos de concentração. Obrigado pela preferência. Garantimos soberba destruição.

Foto: Angola em fotos






sexta-feira, 24 de abril de 2009

O Cavaleiro do Rei (16). Novela


Angola é apenas para negócios da China? Até o povo venderam. Quando um país só serve para negócios… está ultimado.


Ouve-se uma voz.
- As piranhas vão ficar doentes. O nosso corpo não tem nada para comer, a não ser as epidemias…
- Guardas, prendam-nos!

Epok aproxima-se do rei, este diz-lhe:
- O grande cemitério que mandei construir já está pronto?
- Está no fim meu rei.
- Com tantos mortos não há cemitérios que cheguem.
- Será pior que o holocausto.

Vinte anos depois, o Estádio Real dos Cocos acaba de ser reconstruído. Custou vinte milhões de dólares. Epok não esconde o seu orgulho.
- Notabilíssimo, grande obra! É pena ter demorado muito tempo.
- O nosso segredo é a nossa lentidão.
- Não sei onde os moradores vão estacionar os coches. Não pensámos nisso. Ih! Ih!
- Oh! É apenas uma questão de engenho e arte.
- A iluminação das velas parece que ficou fraca… como sempre.
- Importem mais.
- Notável rei, os plebeus queixam-se que as velas importadas têm deficiências de fabrico. Estão sempre a apagar e a acender. Ninguém ainda descobriu porquê.
- Eu avisei para não mandarem vir nada do reino do Dubai.

O chefe da guarda anda a ler um livro, amalucou-se, lamenta-se a Epok.
- Chefe, estou a ler o livro dos três mosquiteiros. Não estou a gostar. O Alexandre Dumas devia escrever sobre os nossos mosquiteiros. Assim ficava bom, como nós fazemos: Um por todos e todos por nenhum.
- Cala-te analfabeto!

Epok queixa-se ao rei.
- Meu rei, os nossos homens andam a ler o livro dos Três Mosqueteiros. Estão todos amalucados, desandados a imitarem as personagens. Alguns querem matar o Cardeal. Atiro-os para o fosso?
- Não atires mais ninguém para as piranhas. Tenho uma ideia melhor. Manda-os apanhá-las com as mãos.

No outro dia o rei pergunta pelos estragos das piranhas. Epok relata:
- Meu rei, o fosso está sem piranhas.
- Quantos são que ficaram sem mãos?
- Nenhum… utilizaram anzóis.
- (?!!!)
- Meu rei, estão a fazer negócio. O povo diz que é um bom petisco.

Epok faz uma dissertação de modernismo a sua majestade.
- Grande líder, vamos estudar quais são os modelos dos cavalos voadores que vamos comprar. No reino do Ocidente inventaram coches com os cavalos lá dentro. Há motores de quatro, oito, doze… com muitos cavalos. Não comem palha, só bebem o nosso líquido negro. Mandamos vir quantos?
- Para já encomenda dez mil dos mais luxuosos. Só para os nobres. Os plebeus terão que andar ainda muito tempo a pé. Precisamos deles saudáveis.

Foto: Angola em fotos

"Não há italianos negros!"


O Juventus, castigado com uma partida à porta fechada por gritos racistas contra o interista Balotelli, internacional 'azzurro'

MIGUEL MORA – Roma – 21/04/2009
EL PAÍS

"Negro de merda, és só um negro de merda!". "Não existem italianos negros!". "Morre, Balotelli!". Desta vez não era um grupito de descerebrados que gritava. Desta vez era todo o estádio. Ou quase todo. E ninguém fez nada para calar os gritos. O árbitro não parou a partida. O Juventus não moveu um dedo para aplacar o disparate. O Inter não defendeu o seu jogador dirigindo-se para o vestuário. Ocorreu no sábado, no Olímpico de Turim.

Itália capital: Roma. Governo: República. População: 58,145,321 (Est. 2008)

Uma família lombarda adoptou o jogador, nascido na Sicília de pais ganenses.

Ontem, o juiz desportivo italiano, Gianpaolo Tosel, fechou o campo da Juve por uma partida. O seu relato do que ocorreu é este: "No curso da partida, em múltiplas ocasiões (e com particular referência nos minutos 4, 26, 35, 41 e 42 do primeiro tempo e 11, 19, 22, 25 e 30 do segundo), aficionados da equipa local, em vários sectores, entoaram coros que constituem expressão de discriminação racial contra um jogador da equipa contrária".

Durante esses "coros de especial gravidade", anota o juiz, "repetidos com pertinaz reiteração", foi manifesta "a ausência de qualquer manifestação dissociativa por parte de outros aficionados" e "não se deu tampouco nenhuma intervenção dissuasora por parte do clube".

Ironicamente, o objecto dos cantos racistas dos adeptos Juventinos era o maior talento jovem do futebol italiano. Chama-se Mario Ballotelli, tem 18 anos, mede 1,88 metros, nasceu em Palermo em 12 de Agosto de 1990 e calça 45. É internacional sub 21 e titular indiscutível para José Mourinho no Inter. Desde a sua etapa juvenil, todos diziam que seria um crack. E o é. Ainda que os tifosi da Juve gritavam que não existem italianos negros, é a excepção que confirma a regra. Negro e italiano de pleno direito. Mas, realmente, trata-se de um caso quase único.

A sua história é conhecida e remonta ao princípio da imigração africana para a Itália. Os seus pais chegaram à Sicília desde o Gana em 1988. Mario nasceu pouco depois. Estava enfermo, tinha uma malformação no intestino, foi operado e passou o seu primeiro ano no hospital. A família trasladou-se então desde Palermo até Bagolo Mella, uma cidade lombarda próxima de Brescia, mas as coisas não melhoraram. Compartilhavam uma habitação húmida com outra família africana e seguiam tão pobres como na África. Aconselhado pelos serviços sociais, o seu pai, Thomas Barwuah, decidiu dar o pequeno Mario para adopção à família Balotelli.

Em 12 de Agosto de 2008, Balotelli cumpriu 18 anos. Nesse mesmo dia, o prefeito da cidade onde vive a família fez a foto com ele e entregou-lhe o certificado de nacionalidade italiana. Realmente, um privilegio, já que outro meio milhão de extra comunitários nascidos em Itália não têm direito à cidadania italiana. Segundo a lei em vigor, só são italianos os que têm sangue italiano, e não sempre, porque também há distinção entre homens e mulheres na hora de aplicar o princípio do ius sanguinis.

Os estrangeiros que nascem na Itália, segundo a Lei de Imigração Bossi-Fini, só podem ficar no país ao cumprirem os 18 anos por razões de reagrupamento familiar ou se têm uma autorização de trabalho ou de estudos. Os demais, em teoria, não podem ficar porque não são italianos. Estão no limbo e são tratados como cidadãos de segunda no país onde nasceram, estudaram e cresceram.

Mas já se sabe que os futebolistas são diferentes e por isso Balotelli, igual que Stefano Okaka, dianteiro centro do Roma, foi nacionalizado de forma automática.

A muitos italianos que não são do Inter deve-lhes parecer mal. Os gritos racistas contra ele são frequentes quando a equipa, que lidera a Liga à vontade, joga fora de casa. Balotelli tem fama de não se enrugar e de responder com golos e um ponto de chulearia às provocações do público e dos jogadores contrários.

No sábado, quando já tinha explorado o fervor racista, marcou o golo do Inter. Ontem, Massimo Moratti, petroleiro e presidente do clube, disse que, se ele tivesse estado em Turim, teria retirado a equipa. O Juventus já pediu desculpas. O árbitro estava desculpado porque o regulamento só obriga a deter as partidas se há pancadarias racistas, não quando há gritos.

A federação disse ontem que cambiará o regulamento e que desde agora as partidas se poderão parar não só por pancadarias, senão também por gritos. O seu presidente, Giancarlo Abete, expressou a sua firme condenação pelo sucedido, deixou cair que Balotelli não respeita suficientemente os contrários e concluiu: "A Itália não é a espuma do mundo".

EL PAÍS

terça-feira, 21 de abril de 2009

Breve História do Terrorismo Bancário (16)


Crise de insolvência
Muitos devedores deixaram de pagar quando o Banco Central dos EUA aumentou os juros, como já tinha acontecido com a dívida externa dos países do Sul nos anos 80 (Arruda, 1988). Falência e salvamento, com fundos públicos, de bancos de investimento, empresas de seguros e outras financeiras que atuavam como croopiers do cassino global! Mas nenhuma compaixão para com os países sobreendividados do hemisfério Sul, quando estes sofreram a consequência dos aumentos unilaterais da taxa de juros básica dos EUA no fim dos anos 70. A maior parte das dívidas eram contraídas em dólar, com cláusula de juros flexíveis.

A Auditoria Cidadã da dívida, que faz parte da Rede Jubileu Brasil, calculou que o Brasil teria terminado de pagar a dívida externa em 1989 e ainda teria a receber US$ 161 bilhões dos credores externos por pagamentos de juros em excesso entre 1973 e 2006, caso a taxa de juros sobre os empréstimos em dólar tivessem permanecido no seu nível histórico médio (em torno de 6%).[1] Lembremos que quase a metade da dívida externa do Brasil havia sido contraída pelos governos ilegítimos da ditadura militar. Enquanto o Equador dá um exemplo ao continente ao realizar a auditoria integral da dívida externa, criando as bases técnicas e jurídicas para uma renegociação soberana com os credores, o governo Lula se recusa a ouvir a sociedade organizada na Rede Jubileu Brasil, que pressiona por uma auditoria integral da dívida pública, e insiste em manter um ciclo masoquista de aumento da dívida pública, manutenção de altas taxas de juros e câmbio não administrado.

Crise de confiança

Até os bancos pararam de emprestar um para o outro. A desconfiança começa a reinar e o Estado é chamado para canalizar recursos para sanear as contas dos agentes da especulação e aumentar o crédito ao consumidor. No plano psicológico, o objetivo é enfrentar a crise de confiança que tende a levar as pessoas e as empresas a não gastar e não emprestar. Sem crédito e sem demanda, os estoques das empresas produtivas se acumulam, elas reduzem a produção e os postos de trabalho, e o sistema inteiro começa a ruir. No Brasil, descobriu-se que bancos privados e públicos e grandes empresas industriais estavam especulando com os derivativos e o câmbio. Sem que seus acionistas e investidores soubessem dos riscos envolvidos![2] Agora estão tendo perdas significativas! Até 18/11/08, o governo já havia anunciado medidas do “pacote anti-crise” equivalentes a R$ 373,5 bilhões, que incluem maciços aportes ao BNDES para créditos facilitados a grandes e médias empresas, facilidades fiscais, e linhas de financiamento às montadoras estrangeiras. Mais rápido e eficaz seria adotar reformas redistributivas da renda e da riqueza do país, há muito prometidas e jamais realizadas.

Tendências
“Aqui reside o limite do capital: o limite da Terra”.
Leonardo Boff

O sistema centrado no capital, no lucro e no crescimento econômico ilimitado das empresas e da economia material não tem condições intrínsecas para gerar sua própria superação. Enquanto o espaço territorial do planeta permitia sua expansão, ele progrediu, multiplicando e globalizando bens, serviços, mercados e apetite de consumir. Sem ter conseguido realizar o que chama de ‘desenvolvimento’ e ‘progresso’ para a totalidade dos povos e dos cidadãos e cidadãs da Terra, e tendo depredado ou colocado em risco de morte grande parte dos seus recursos naturais e ecossistemas, esse sistema, promotor de ambição, ganância, voracidade e competição permanente entre pessoas, empresas e nações começa a chegar ao fim. Vivemos um momento da história humana em que uma civilização, com seu ideário cultural e seu modo de organização socioeconômica e política, caminha para a extinção, enquanto do seu interior brotam e se articulam os elementos que sinalizam para uma nova civilização e uma novo paradigma de ser humano e de vida no Planeta.

In Marcos Arruda. Economista e educador do PACS – Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul (Rio de Janeiro), da Rede Jubileu Sul Brasil, co-animador de ALOE – Aliança por uma Economia Responsável, Plural e Solidária, e sócio do Instituto Transnacional (Amsterdam). Ladislau Dowbor


[1] Auditoria Cidadã da Dívida, Boletim n. 12, 31/5/2005, Brasília, DF. http://www.divida-auditoriacidada.org.br/
[2] Ver casos de mentiras ou conselhos desinformados de funcionários de bancos e financeiras aos seus clientes em Izique, Claudia, Horas iabólicas, na revista EU&, Valor, 17-19/10/08: 4-7.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Para que quis ser Papa?


O teólogo Ratzinger conduz a Igreja pela senda da intransigência e da polémica.

EL PAÍS
JUAN ARIAS 15/04/2009

Conheci em Roma, faz agora 50 anos, o então simples teólogo progressista, Joseph Ratzinger, quando era assessor do também progressista episcopado alemão. Era então como hoje: delgado, de mirada esquiva e misteriosa, o oposto do outro teólogo também assessor dos bispos progressistas, o suíço Hans Küng, todo ele alegria e vitalidade. Eram os tempos do Concilio Vaticano II. João XXIII, que falava por telefone com Kruschev em russo para intentar evitar a guerra dos mísseis de Cuba, lançou um repto ao mundo descrente e pediu que voltasse à Igreja. Abriu as portas aos episcopados mais avançados, gritou contra os "profetas de desventuras", ganhou-se a inteligência da Igreja de então. Vislumbrou-se a esperança.

Bento XVI nascimento: 16-04-1927 Lugar: Marktl

O teólogo Ratzinger conduz a Igreja pela senda da intransigência e da polémica

Durou pouco. Um cardeal espanhol que, como tal, formava parte de um dos episcopados mais obscuros do mundo, deu ao clero, ao voltar à sua diocese: "E agora é esperar que as águas voltem ao seu leito". Voltaram em parte, por obra sobretudo de Ratzinger, que mudou de pele e chegou a escrever um livro contra aquele Concilio, que na sua opinião foi um "erro". Foi premiado: Fizeram-no bispo, depois cardeal e mais tarde guardião da ortodoxia como Prefeito da Sagrada Congregação da Fé, a herdeira da antiga Inquisição.

Ratzinger usou mão de ferro contra a inteligência progressista da Igreja, apoiado em parte pelo Papa polaco Wojtyla. Condenou a todos os teólogos capazes de pensar, sobretudo aos teólogos da libertação, que intentavam devolver aos pobres da América Latina a esperança traída dos Evangelhos. Recordo a manhã do processo em Roma a um teólogo brasileiro o franciscano Leonardo Boff. Esperei-o quatro horas à porta do ex/Santo Oficio. Saiu cansado, mas seguro, digno. "Condenou-me. Não poderei seguir escrevendo", disse com tristeza e dor. Relatou-me algumas cenas do processo com Ratzinger. "Disse-me que estava mais bonito com o hábito de franciscano e eu adverti-o de que quiçá fosse verdade, mas que sim num autocarro, no Brasil, se fosse vestido assim, todos me deixariam o seu assento. Seria um homem de poder e não um servo de Jesus, pobre com os pobres", contou-me.

Silencioso e misterioso, impenetrável e sempre um duro suave mas inabalável, convencido do seu valor, Ratzinger quis mais: aspirou às chaves de Pedro. Usou o Conclave que deveria eleger o sucessor do carismático e quase santificado em vida João Paulo II, para eliminar a todos os possíveis candidatos menos conservadores que ele. Apoderou-se das reuniões dos cardeais reunidos em Roma para a eleição do novo papa. Proibiu-os de falar com os meios de comunicação. Convenceu-os de que a Europa se estava desintegrando, vítima do seu pecado de agnosticismo e rechaçou a Igreja. Faltava um salvador. Apresentou-se como tal num discurso do Conclave. Criou uma rede mundial de apoio à sua candidatura. Secretamente.

Foi eleito. Para quê? Acreditou que era ele quem levava razão ao dizer que o Concilio Vaticano II do profético e ancião João XXIII foi um equívoco. Perdoou aos rebeldes contra as aberturas do Concilio, aos seguidores do excomungado Lefevbre, aos que seguiam dizendo missa contra a parede, de costas aos fiéis, em latim. Esqueceu-se de restituir aos teólogos mais abertos a dignidade que ele mesmo lhes havia tirado. Equivocou-se. Aquele Concilio não morreu. As suas sementes seguem vivas nos cinco continentes e agora começam a brotar, com indignação, contra uma Igreja desorientada, onde, pela primeira vez em muitos séculos, se critica desde dentro ou, pior ainda, já não se escuta a voz do Papa.

Ratzinger ria-se benevolamente do pouco de teologia que, segundo ele, sabia o Papa polaco, que era o seu superior. Numa cena a que assisti em Roma, em casa de um periodista alemão, permitiu-se dizer que ele tinha que ler previamente os discursos do Papa para que não tivessem erros teológicos. Passaram muitos anos desde aquela cena. Hoje, o papa Ratzinger, o subtil e duro teólogo, não necessita que ninguém lhe leia os seus discursos para corrigi-los.

Os cardeais que o elegeram no segredo do Conclave, geralmente mais pastores que teólogos, deixaram-se encantar com a erudição académica do colega alemão. Pensaram que os seus altos estudos teológicos e a sua firmeza doutrinal iriam ajudar a endereçar a Igreja rebelde, herdeira do Concilio. Mas esqueceram-se de que nem sempre caminham a par da teologia e da diplomacia, a dureza dogmática e a capacidade de actuar politicamente e com flexibilidade frente aos problemas novos do mundo e os difíceis equilíbrios internacionais.

A teologia de Bento XVI chocou em África com a evidência da política e da cultura daquelas gentes. Chocou em quase todas as manifestações nas que preferiu antepor o seu saber teológico, de cunho intransigente e tridentino, com as esperanças dos que ainda seguem pensando que a Igreja Católica pode ser árbitro da paz, defensora da diversidade das culturas e esperança de liberdade.

Na verdade, não consegue ser recebido nem amado como o foi o Papa que não sabia teologia, que também era conservador, mas que não se envergonhava de escrever poesias nos seus momentos livres. Quiçá na solidão que o endurece nestes momentos Ratzinger se pergunta: "Para que quis ser Papa?".

Juan Arias é periodista e autor de A Sedução dos Anjos. Um antídoto contra a solidão (Editorial Espasa).
EL PAÍS
Foto: «A ter em conta a sua semelhança com uma gamba grelhada, a senhora da imagem deve ser a Primeira-dama dos Camarões. É só mariscos!» Morro da Maianga

domingo, 19 de abril de 2009

A Origem da Grande Depressão de 2008 (fim). Novela


EPÍLOGO

A minha esposa enviou-me um e-mail a dizer que ela e os filhos me abandonaram para sempre. Terminava na desfeita, que já não gostas do que é claro, e que os caminhos da escuridão das negras não deixam visibilidade, e que ficasse para sempre com a escuridão eterna.

Com o dinheiro que vinha no embrulho que o Malcolm X deixou, comprámos computadores e montámos um escritório em casa, onde efectuamos vários trabalhos. A Anita sente-se feliz porque pretende doutorar-se através da Internet. Não sente escrúpulos da origem do dinheiro, costuma dizer, que se roubam, nós também temos esse direito.
Aproveitou, foi a Portugal visitar uma amiga, e trouxe muita roupa, especialmente lingerie, que no dizer dela, é para renovar a frota da nossa intimidade.

Elder está trancado na sua fortaleza. Todos os novos-ricos estão assim. Costuma dizer que os telemóveis, raramente os atende porque sente medo, que um caiu na água e o outro avariou-se, o que não é verdade e que já vai resolver isso. Está sempre a mudar de alojamento para não ser surpreendido, porque tem muitos inimigos. Ultimamente aparece para pagar os vencimentos do pessoal, fica alguns dias e pisga-se. Continua a inventar documentos para não pagar impostos. Tem uma trading que vende desde agulhas a, no dizer dele, que também está apto a fornecer um porta-aviões a Angola. A electricidade do vez em quando, está sempre com falhas, por isso trabalha-se com gerador. Elder costuma dizer, o que aqui há a mais são geradores.

Heitor prossegue a sua actividade de engenheiro de construção civil. Com um monte de dólares conseguiu a papelada e é mais um engenheiro. As paredes, os muros e o chão da empresa mostram brechas perigosas. Parece a falha de São André.

Nunca mais vi a Ava. O Elder disse-me que ela não quer sair de Portugal. Está muito ocupada com a Butique.

O Kizua disse-me que o Jacinto morreu devido à fome, completamente abandonado à sua sorte.

O Engenheiro Mecânico continua a estragar os carros, os clientes estão a fugir.


E testifico que foi em Luanda, que a grande depressão de 2008 iniciou. Tal e qual como o efeito borboleta.

sábado, 18 de abril de 2009

A Origem da Grande Depressão de 2008 (47). Novela



- Ninguém se queixou à judiciária?
- Nem pensar, e quem tentar não ficará vivo por muito tempo. Como lhe disse são indivíduos muito perigosos. Com o correr do tempo desde a independência, levantaram a bandeira do comunismo deles, implantaram-se lentamente e actualmente constituíram-se em sindicatos internacionais do crime perfeitamente organizado. Garanto-lhe que são máfias que actuam impunemente, porque os seus tentáculos estão colados, protegidos pelo poder.
- Terrificante. – Prenunciei.
Kizua termina num tom convincente:
- Ainda estamos em 1975.

Nas traseiras havia um corredor comprido ladeado por um jardim muito mal conservado. As plantas estavam a secar, alguma relva conseguia resistir. Para lá do arame farpado que encimava o muro que protegia as instalações, divisava-se um campo abandonado com restos de sucata do tempo colonial. Alguns pardais sempre desconfiados, poisavam e levantavam voo, assim que notavam presença humana. Percorria o corredor até ao fim e depois voltava ao início. Já passava da hora do almoço, não estava com vontade de comer a comida intragável do Elder. O barulho do telemóvel desperta-me, é a Anita:
- Vai depressa ver o noticiário da tarde da televisão.

Corri, ainda a tempo de ouvir:
- Comunicado do comando da polícia nacional: a polícia informa a toda a nossa população, e à comunidade internacional que depois de aturadas investigações, conseguiu finalmente após grande resistência, abater com vários tiros no Sambizanga, o famigerado cabecilha conhecido pelo nome de código Malcolm X, chefe de uma poderosa quadrilha que atentava contra o Estado. Concretamente na preparação de um golpe de estado, onde pugnava, imaginem, pelo fim da corrupção no país. Foram capturados alguns elementos que serão acusados de conspiração internacional contra a segurança do Estado. As investigações prosseguem a bom ritmo, e oportunamente serão divulgados mais pormenores.

Foto: Angola em fotos

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Noticias 16Abr09


A energia eléctrica em Luanda está caótica
Luanda. – Quem vem para Angola esperam-lhe três destinos: ficar sem nada, ficar sem a vida, ficar sem nada e sem a vida.

Angola é o único país do mundo onde há desenvolvimento económico e social sem energia eléctrica.
Entretanto, a destruição da cidade de Luanda prossegue a bom ritmo. É uma mais-valia e um valor-acrescantado.
Os nossos sinceros agradecimentos a José Sócrates pelo apoio incondicional na destruição de Luanda.

Em cada esquina de Luanda existe uma empresa de especulação imobiliária e financeira.


Terror no bairro do Kassequel do Buraco, arredores de Luanda. Além dos saques vulgares, os bandidos entram pelos tectos das residências e violam as meninas. As mamãs em pânico arrastam as meninas para outros bairros mais seguros.
Lac-Luanda Antena Comercial

No Kunene, província do Sul de Angola, o Governo abandonou a população à extinção pela fome.
Rádio Despertar

No Uíge, província do Norte de Angola, o efectivo da polícia de guarda-fronteiras ameaça abandonar os seus postos. Estão sem salários há mais de três meses. O ministro do Interior, general Ngongo, disse que não há dinheiro.
Os antigos combatentes estão muito aflitos, sem vencimentos. Presume-se que também por falta de dinheiro.
Rádio Ecclesia

Na província do Namibe a Sul-Sudoeste de Angola, a chuva e o vento arrastaram as moradias recentemente construídas. Garantiram que eram de tijolo mas não… eram de adobe. Obrigaram-se os moradores a guardarem sigilo para que a vigarice continue oculta.
Armando Chicoca in Rádio Ecclesia

Foto: http://www.daylife.com/photo/0bTu3K05NSc4k




A Origem da Grande Depressão de 2008 (46). Novela


- Não é engenheiro mecânico. Ele começou a trabalhar numa empresa que representa uma marca muito conhecida. Num dia um general achou estranho o barulho que o motor do seu carro fazia. Intrigado pediu a um mecânico amigo que lhe vistoriasse o motor. Qual não foi o seu espanto quando o mecânico disse que o motor tinha sido trocado. O general esbaforido exigiu que queria o seu motor. Colocaram-lhe um novo, nunca souberam o que aconteceu ao outro, e ele foi despedido.
- Fantástico. – Comentei.
- Depois foi para outra empresa, os carros que reparava ficavam piores.

Também foi corrido. Arranjou trabalho numa oficina, esteve lá poucos dias porque um cliente ao sair notou que os apoios do motor não estavam apertados, ou não tinham sido montados.
- Que desgraça! – Exclamei.
- É um aventureiro…alojou-se aqui porque a mulher dele, uma angolana, correu com ele de casa porque não lhe dava dinheiro. Estava nitidamente a chulá-la. Já tem fama, porque alguns clientes quando chegam ou sabem que ele está aqui fogem. Os mecânicos que trabalham com ele são unânimes em afirmar que ele não percebe nada de mecânica.
- Como é possível? – Perguntei.
- Não se admire, aqui tudo é possível. Por exemplo, ele reparou o meu carro, mas ficou pior, tem problemas nos amortecedores. Ele disse que levou amortecedores novos, mas não é verdade porque são usados. Cobrou três mil dólares, e justificou-se que o carro levou uma reparação geral. Com o carro do Heitor aconteceu a mesma coisa, também cobrou a mesma quantia.
- O preço de um motor novo. – Calculei.
- Acho que foi vingança, o Elder disse para não pagar. Ladrão que rouba ladrão.

Lembrei-me que também fui penalizado.
- Até agora não sei o que foi feito do meu potente ups, da impressora a laser, e de uma secretária que me custaram muito dinheiro.
- Vendeu.
- Bandido!
Fico apreensivo porque Kizua olha-me fixamente. Parece ganhar coragem para me fazer uma grande confidência:
- Isto que lhe vou contar tem que me prometer que não dirá a ninguém.
- Prometo.
- Olhe que é muito perigoso.

O que seria desta vez que Kizua me ia contar? Seria assim tão importante? Preparou-se para desvendar:
- Ele tinha uma empresa de construção civil, uma sociedade com um português. Este executou um trabalho para o Estado. A dívida demorava a pagar, mas finalmente saiu a autorização de pagamento. Elder, na função de director financeiro recebe o dinheiro e não dá nenhuma quantia ao seu sócio. Ele ia e vinha sem conseguir nada. Acho que o ameaçou de levar o caso a tribunal.
- Quanto era? – Perguntei.
- Um milhão de dólares.
- Oh!?
Era muito dinheiro. Não sei se alguma vez na vida teria tal quantia ou muito menos. Pedi a Kizua para continuar:
- Numa manhã o português caminhava por uma rua próxima de casa, um carro aproximou-se e sempre em movimento dispararam-lhe vários tiros… e acabaram com ele.
- Oh!? Oh!?

Fiquei perplexo, receoso, seria possível? Custava-me a acreditar em tal. Pensei que Kizua não poderia inventar uma coisa destas.
- E depois?!
- Depois nada. O Elder recebeu a dívida e os que aguardavam a comissão convenceram-se que o português recebeu o dinheiro e que não lhes queria pagar. Então por vingança decidiram acabar com ele. Evidentemente que o Elder está por trás disso.

Angola em fotos

A reverência de Barack Obama


A completa reverência que Barack Obama realizou para saudar o rei Abdulá da Arábia Saudita, na reunião do G-20 em Londres, desatou as iras de alguns blogueiros e meios conservadores norte-americanos. Enquanto a cadeia Fox News não cessa de repetir as imagens, que acompanha com as zombarias dos comentaristas, 'The Washington Times' definiu o gesto do presidente como "uma chocante mostra de lealdade ante um líder estrangeiro".

Segundo vários comentaristas conservadores, a reverência de Obama representa toda uma humilhação para o país mais poderoso do mundo, pois a sua acção é própria de um súbdito que mostra submissão ante um monarca, não do líder do mundo livre saudando a um chefe de Estado.

Com efeito, durante muitos anos, no Departamento de Estado debateu-se se o presidente do país deveria realizar algum tipo de reverência ante reis estrangeiros como mostra de respeito. Oficialmente, as normas do protocolo da Casa Branca estipulam que não é necessário que o presidente realize este gesto. Curiosamente, tampouco o protocolo saudita aconselha ou prescreve que os chefes de Estado estrangeiros realizem reverências, pelo que o gesto foi provavelmente espontâneo.

Uma polémica parecida à actual suscitou-se na origem da saudação que dispensou Bill Clinton ao imperador japonés Akihito. Naquela ocasião, a Casa Branca também negou que a inclinação do presidente fora realmente uma reverência. Para mais inri, a reverência de Obama ante o líder saudita, que se reclinou até formar com o seu corpo um ângulo de 90 graus, chegou minutos depois quando saudou a rainha de Inglaterra, Elizabeth II, em Buckingham com uma leve inclinação da sua cabeça.

A Casa Branca pretendeu negar a evidência. "Não foi uma reverência. Deu-lhe a mão com ambas as mãos, mas é mais alto que o rei Abdulá", declarou um ajudante do presidente norte-americano à publicação The Politic. O porta-voz de Obama, Robert Gibbs, também rechaçou que a saudação do presidente se tratava de uma reverência.

As imagens não deixam lugar a dúvidas. A negação da Casa Branca serviu para deitar mais lenha ao fogo da polémica e estimulou as zombarias dos blogueiros conservadores. Com ironia, alguns perguntaram se quiçá estava intentando limpar o solo, ou ver de perto os preciosos sapatos do monarca árabe.

No mundo árabe também se interpretou o gesto como uma reverência, mas no lugar de suscitar críticas, recebeu-se com aprovação. "Obama desejou demonstrar o seu respeito e apreço pela personalidade do rei Abdulá, a quem fez uma das mais importantes chamadas da nossa era: ao diálogo inter religioso, e inter cultural para desactivar ódios, conflitos, e guerras", escreve Muhammad Diyab, comentarista do periódico Al-Sharq Al-Awsat.

No sentimento da controvérsia situam-se as complexas relações entre os EEUU e Arábia Saudita. Depois dos atentados do 11-S e devido ao facto de 17 dos 21 sequestradores serem de nacionalidade saudita, produziu-se no país uma eclosão de críticas ao conservador regime saudita, que o consideravam culpado de ter criado o caldo de cultivo ideológico que alimentou o anti-americanismo de uma parte da juventude árabe e muçulmana.

As relações entre os dois países recuperaram a sua fluidez habitual depois das turbulências do princípio desta década, como demonstrou o passeio que deu George W. Bush quando pegou na mão do mesmo rei Abdulá no seu rancho de Crawford, no Texas, em 2005. Sem dúvida, uma parte da intelligentsia conservadora desaprovou aquela reconciliação e considera que a Arábia Saudita deveria levar a cabo uma política exterior mais conforme com os interesses dos EEUU, rebaixar a sua hostilidade contra Israel e reformar o país a fundo para lutar contra o islamismo.
EL MUNDO

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Breve História do terrorismo Bancário (15)


É urgente a destruição dos banqueiros e especuladores. Enquanto continuarem vivos, as nossas vidas estarão irremediavelmente em perigo.

Outras informações ainda menos abonatórias para a gestão de Nino Maurício, (do BNA em Luanda) a que o Angolense teve acesso nos últimos dias, apontam para uma suposta transferência de recursos para alguns bancos comerciais privados que actuam na nossa praça, cujos nomes se desconhecem.
Morro da Maianga

O regulador do mercado polaco avançou com um processo contra o Bank Millennium, detido em 65,5% pelo BCP, por causa da "falta de clareza" em alguns contratos celebrados. Em comunicado, o regulador polaco avança que o Bank Millennium procede a alterações das regras dos contratos de crédito à habitação em moeda estrangeira baseando-se em "critérios não objectivos".
Diário Económico

Os seis administradores que compõem a Comissão Executiva da Galp Energia ganharam em 2008 mais de quatro milhões de euros (2,9 milhões em remunerações fixas e 1,1 milhões em variáveis).
Bcp Crime

A título de exemplo, como se explica que a KPMG não tenha detectado no caso do Millennium BCP em Portugal, um conjunto de operações no mínimo duvidosas? Como por exemplo, empréstimos de elevados montantes concedidos a accionistas e que depois foram considerados incobráveis?
Miguel Blasco In Angolense

Armando Vara está indigitado – coitados dos meus patrícios – presidente do Millennium Angola. In Eugénio Almeida Pululu

Há políticos e gestores públicos pobres, (principalmente banqueiros) que ao fim de pouco tempo estão "super milionários"...
Seria muito fácil de os detectar, até um cego os conseguiria decifrar...
Bcp Crime

«O Millennium BCP, mesmo com a actual administração, cujo presidente é o Dr. Carlos Santos Ferreira, continua a extorquir, "roubar" e a saquear dinheiros das contas das vítimas (clientes) silenciadas e indefesas, dando seguimento para o Banco de Portugal como sendo dívida de incumprimento, sujando o "bom nome" do cliente... enquanto os principais responsáveis do BCP, continuam intocáveis, sem serem chamados à justiça.»Bcp Crime

"Sendo os mercados africanos relativamente inexplorados, é neles que podem existir as melhores oportunidades e maiores potenciais de retorno"
Jornal de Negócios

Um responsável do BPI realça que África ainda vive uma "realidade embrionária e uma fase inicial",
Jornal de Negócios

Depois da Ásia, África poderá ser o próximo continente que promete superar os retornos das bolsas mundiais. Os elevados ritmos de crescimento, associados à grande riqueza de recursos naturais, nomeadamente o petróleo
Jornal de Negócios

Mas os riscos são grandes e exigem paciência. Trata-se de países caracterizados pela forte instabilidade política, marcados por bolsas com pouca liquidez e falta de transparência. Ainda assim, os especialistas não têm dúvidas: o risco compensa.
Jornal de Negócios

África continua afastada dos problemas de endividamento que estiveram na origem da crise mundial. As economias da região beneficiam ainda de elevados ritmos de crescimento, acima dos países desenvolvidos,
Jornal de Negócios

Para Francis Beddington, "as telecomunicações, os seguros, a banca de retalho e o imobiliário são os sectores que beneficiam com o desenvolvimento de uma classe média africana".
Jornal de Negócios

Foto: http://www.elmundo.es/albumes/2009/02/06/max_ernst_semaine/index.html

segunda-feira, 13 de abril de 2009

A Origem da Grande Depressão de 2008 (45). Novela


Luanda. – No Kuango, província da Lunda-Norte, Norte-nordeste de Angola, os jovens revoltaram-se exigindo a independência. Há quarenta presos. Rádio Ecclesia

Militares fardados e armados da presidência da República de Angola, ao serviço do GRN-Gabinete de Reconstrução Nacional da Presidência da República de Angola, destruíram mais de duzentas casas no município de Viana, arredores de Luanda. As mais de duzentas famílias estão abandonadas. In Rádio Despertar


O telemóvel toca, verifico que é o Engenheiro Mecânico:
- Quero falar consigo.
- Está bem.
Notava-se que estava bastante chateado.
- Sente-se homem.
- Então…
- Então estou a ficar muito fodido com esta merda. Fui vigarizado, você como é o contabilista deve saber o que se passa.

Facilmente senti que vinha aí mais uma falcatrua do Elder. Argumentei:
- Também fui vigarizado, conte-me lá o que é que o Elder lhe fez.
- Aceitei trabalhar com ele na condição de ser sócio, depois isso não aconteceu porque aceitou o Heitor no meu lugar. Refilei e disse-me que receberia trinta por cento do total da facturação, o que acabei por aceitar.
- Não pagou? – Perguntei.
- Vou-lhe já contar… ele disse-me que era melhor vir para aqui viver, porque ficaria muito tranquilo e que tinha todas as condições criadas para isso. Tudo corria bem até ao fecho das contas do ano.
- Deu-lhe a volta. – Insinuei.
- Uma grande volta ao largo. Descontou-me a renda do alojamento, as refeições, a roupa que foi para lavar, água, luz, telefone, utilização do computador, só faltou o ar que respiro.
- Acho que não se lembrou disso. – Zombei.
- O melhor da festa foi quando me disse que a percentagem da facturação era vinte por cento.
- E você?
- Grande filho da puta maldoso…não sobra quase nada. Vou aguentar até aparecer outra empresa para trabalhar.
- O vosso acordo foi oral ou escrito? – Perguntei.
- Oral.
- Lamento meu amigo, foi vítima de má-fé.

CAPÍTULO VIII
O RELAÇÕES PÚBLICAS

Já tinha intimidade suficiente com o Kizua das Relações Públicas que me faz revelações espantosas:
- Ah! não sabe?! O doutor Elder tem uma amante mestiça, já tem um filho de cinco anos com ela…coitada da dona Ava.
- E ela não sabe?
- Acho que não.
Kizua faz-me uma advertência:
- Tenha muito cuidado com ele, é muito perigoso. Conheceu o programador?
- Não.
- Ele tinha um programador que trabalhava dia e noite a desenvolver software. Há mais de seis meses que não recebia um tostão. O coitado metia dó, passava fome, apanhou paludismo, deitou-se no sofá deu-lhe um ataque cardíaco e morreu. Ele não contribuiu com nada para o funeral. Portou-se como se nunca o tivesse conhecido. Ah… ele chegou-me a dizer que esse gajo não tem amigos.

Kizua ia-me espantando cada vez mais com as suas denúncias:
- O chefe do pessoal ficou entalado quando um carro fazia marcha-atrás. Partiu-lhe uma perna, ficou três meses em casa. Ele pagou-lhe um mês de salário, não contribuiu em nada para as despesas do hospital e medicamentos. O homem está aí a trabalhar de muletas.
- E o Engenheiro Mecânico? – Perguntei.

Foto: Angola em fotos


domingo, 12 de abril de 2009

Trágica recordação: 15 anos do genocídio do Ruanda


Milhares de mortos numa reedição da guerra civil entre tutsis e hutus no Ruanda
Estados Unidos e Canadá decidem evacuar os seus compatriotas no país africano

LL. BASSETS / AGÊNCIAS – Bruxelas / Kigali – 09/04/1994

As Nações Unidas acabam de colher um novo e terrível fracasso no Ruanda, onde os 2.500 capacetes azuis desdobrados para impedir a reedição da guerra civil não conseguem evitar que se desate uma espiral enlouquecida de crimes e pilhagens. Dez soldados belgas, 22 religiosos, numerosos nativos que trabalhavam como cooperantes, toda a classe política ruandesa e quase todas as personalidades da oposição democrática foram assassinados. O país sumiu-se no caos mais absoluto. Segundo a Cruz Vermelha e os Médicos sem Fronteiras, os mortos são já vários milhares. Sem dúvida, o Conselho de Segurança anunciou ontem que conseguiu um cessar-fogo entre as facções em luta e o estabelecimento de um Governo interino.

Um acordo de paz de apenas oito meses

O Conselho de Segurança estudou ontem as propostas do secretário-geral da ONU, Butros Butros-Gali, de reforçar os capacetes azuis na zona e evacuar os estrangeiros. A força das Nações Unidas é composta por soldados do Gana, Bangladesh e Bélgica, estes últimos em número de 450, e desdobrou-se desde Março de 1993. Os Estados Unidos ordenaram ontem aos seus cidadãos que abandonem o Ruanda e pôs em prática planos para proceder à sua evacuação. Canadá adoptou a mesma medida. Bélgica, o país que conta com maior número de residentes estrangeiros no Ruanda, e França, preparavam-se também ontem para evacuar os civis, incluso mediante uma acção militar de urgência. Um Boeing 737 da Sabena, as linhas aéreas belgas, saiu ao meio-dia de Entebbe, no vizinho Uganda, com o objectivo de estabelecer uma ponte aérea para recolher a população civil. Oitocentos pára-quedistas estavam preparados para partirem, à espera de ordens do Governo belga, que manteve ontem uma sessão de urgência. Uns 1.500 belgas, na sua maioria cooperantes, vivem no pequeno país centro africano.

Um sub-oficial francês e a sua esposa foram assassinados ontem na sua casa em Kigali, segundo a Radio France Internacional. As suas mortes somam-se às de dez capacetes azuis belgas, que acompanhavam a também assassinada primeira-ministra Agathe Uwilingiyimana, eliminados na quinta-feira nos primeiros enfrentamentos. Outro capacete azul encontra-se desaparecido.

Os combates, que começaram na capital depois do assassinato dos presidentes do Burundi e do Ruanda, na passada quarta-feira, estenderam-se a outras cidades. Ainda que os combates tenham como protagonistas as forças da Frente Patriótica do Ruanda (FPR), pertencentes à etnia tutsi, por um lado, e da guarda presidencial, da etnia hutu, por outro, acompanham-se de numerosos ajustes de contas e matanças de civis. Ambas as forças se encontram fortemente armadas e contam com artilharia pesada, que ontem esteve em acção na capital, Kigali. Um delegado local da Cruz Vermelha falou ontem de que os mortos "não são várias centenas, são vários milhares".

Desaparece a elite política

As forças rebeldes tutsis, 600 soldados muito bem apetrechados e treinados estavam acantonadas próximo do Parlamento, separadas do Exército governamental pelos capacetes azuis. Depois da morte do presidente, a sua guarda presidencial lançou-se à caça dos partidários da transição democrática, enquanto as forças tutsis se punham de novo em acção.

Toda a elite política do Ruanda desapareceu em poucas horas, vítima das execuções sumarias. Os assassinatos perpetraram-se sistematicamente, a partir de listas previamente preparadas pelos militares, que buscavam as vítimas nos seus domicílios. Numerosos cidadãos ruandeses que trabalhavam como colaboradores de organismos internacionais foram assassinados. A violência dirigiu-se também contra os religiosos locais, onde se contam já 22 vítimas.

Rádio Mil Colinas, inspirada nos sectores hutu mais autoritários, faz campanha contra a Bélgica desde há meses, respondendo aos pontos de vista da guarda presidencial, contrária à presença de capacetes azuis. Não é portanto estranho que o comandante do contingente belga, tenha dito ontem que não considera necessária a presença de mais tropas para assegurar a evacuação de civis.

Há calma total no Burundi, onde a população está aterrorizada pelos acontecimentos no Ruanda e pela desaparição do seu presidente, a segunda em meio ano. O anterior, Melchior Ndadaye, foi assassinado em 21 de Outubro passado e sucedeu-lhe o falecido Cyprien Ntaryamira.

EL PAÍS

A Origem da Grande Depressão de 2008 (44). Novela


Armando Vara está indigitado – coitados dos meus patrícios – presidente do Millennium Angola. In Eugénio Almeida Pululu


Depois de chegar, a Anita encostou-se-me e beijou-me. Senti o corpo dela tremer.
- Tremes porquê?
- Preciso de um bombeiro.
- Para quê?
- Para apagar um grande incêndio incontrolável no meio do meu corpo.

A campainha da porta interrompe-nos. Ela vai abrir, depois entra uma jovem. Anita põe a mão na boca com espanto:
- Oh!.. És tu?
É Malcolm X que vem disfarçado de mulher. Anita enerva-se:
- Que merda é essa? Mudaste de sexo?
- Não é nada disso. É por causa da polícia que anda atrás de mim. Vou demorar pouco tempo. Já está tudo preparado. Quando chegar a confusão, o tiroteio, não se assustem, somos nós que estamos a efectuar o golpe de estado.

Decidi intervir:
- Já leste o Tiradentes?
- Não, não li. Isso agora não interessa, o importante é passar à acção. Não posso perder tempo. Anita, se me acontecer alguma coisa... deixo-te isto.
Entregou-lhe um embrulho e antes de sair disse-me:
- Ó branco cuida bem da minha irmã.

Anita exaspera-se:
- Grande maluco, grande idiota com a mania que é o Malcolm X. Acho que é dos filmes de gangs que abundam por aí.
Não sabia o que dizer. Achei que tinha que falar qualquer coisa:
- Creio que ele não vai muito longe.
- Pois não. Aqui sabe-se tudo rapidamente, isto é quase como uma aldeia. Ele devia estudar e depois ir para outro país, como os outros fazem. Estou cansada e farta de tudo isto. Querido, vamos para a mesa jantar.
- Já comi, não sinto fome, mas faço-te companhia.

À mesa ela retoma a conversa:
- Apesar de termos estudos e não conseguirmos emprego, é melhor saber sempre alguma coisa, porque mais tarde nos será útil.
- Sem sabedoria as sociedades entram em permanentes convulsões sociais.
- O meu pai gastava o dinheiro nas mulheres, nunca se preocupou com os nossos estudos. Ainda andei uns anos a estudar, depois acabei por desistir.

Ela acabou de arrumar a mesa. Eu estava sentado no sofá muito pensativo, arrependido por me meter numa aventura que não sabia como terminaria. Estava irremediavelmente condenado por acreditar na conversa de aventureiros e candongueiros. Lembrei-me que estava na África Negra onde mês após mês, a vida se degrada sem solução. Anita senta-se em cima de mim:
- Estás pensativo porquê?
- Não sei como sair desta selva.
- Eu sei.
Levantou-se, despiu as bermudas e a camisola leve. Abriu as pernas e exclamou:
- Olha para a selva humana!
Apertei-lhe os mamilos com força:
- Ai! seu selvagem deixa-os desabrochar.
Arrastou-me até à cama e prometeu:
- Vamos fazer mamada toda a noite.

Elder ausenta-se à socapa para Portugal sem pagar os vencimentos a ninguém. Pagará quando voltar não se sabe quando. Pergunta-se ao irmão como serão as coisas. A resposta nunca varia:
- O dinheiro é com ele e não sei quando virá.

Foto: Angola em fotos

sábado, 11 de abril de 2009

MARIO VARGAS LLOSA visita o Congo. Viajem ao coração das trevas (fim)



Ademais do francês, a colonização belga deixou assim mesmo aos congoleses a religião católica. No pais há também protestantes – vi igrejas evangélicas de todas as denominações –, muçulmanas – na região oriental – e várias religiões autóctones, a maior das quais é o kimbanguismo, assim chamada pelo seu fundador, Simão Kimbangu, enraizada sobretudo no Baixo Congo. Mas, pese a hostilidade que desencadeou contra ela o ditador Mobutu, a quem fez oposição, a católica parece, de longe, a mais estendida e influente. Igrejas e centros católicos são os focos principais da vida cultural do país.

Os Poétes du Renouveau reúnem-se na igreja de San Agustín, onde têm uma pequena biblioteca, uma impressora e uma ampla sala para recitais e debates. Publicam desde há alguns anos umas edições populares de poesia que vendem a preço de custo e às vezes oferecem. Empenhados em que a poesia chegue a todo o mundo, deslocam-se a miúdo a darem recitais e conferências literárias por toda a região.

Assisto a um interessante encontro, de várias horas, em que nele se discutem temas literários e políticos. O francês que escrevem e falam os congoleses é cálido, cadencioso, demorado e, por vezes, tropical. Fazendo de diabo pastor, provoco uma discussão sobre a colonização belga: que de bom e de mau deixou?

Para minha surpresa, em lugar da cerrada (e merecida) condenação que esperava ouvir, todos os que falam, menos um, ainda sem esquecerem as terríveis crueldades, a exploração e o saque das riquezas, a discriminação e os prejuízos de que foram vítimas os nativos, fazem análises moderadas, situando todo o negativo num contexto de época que, se não excluem os crimes e excessos, explicam-nos.

Um deles afirma: "O colonialismo é uma etapa histórica porque passaram quase todos os países do mundo". Outro refuta-o, lança-lhe uma duríssima requisitória contra o ocorrido no Congo durante quase século e meio de domínio belga. Responde-lhe um jovem que se apresenta como "teólogo e poeta" com uma única pergunta: "E que fizemos nós, os congoleses, com o nosso país desde que em 1960 nos tornámos independentes dos belgas?".

EL PAÍS

A Origem da Grande Depressão de 2008 (43). Novela


«O Millennium BCP, mesmo com a actual administração, cujo presidente é o Dr. Carlos Santos Ferreira, continua a extorquir, "roubar" e a saquear dinheiros das contas das vítimas (clientes) silenciadas e indefesas, dando seguimento para o Banco de Portugal como sendo dívida de incumprimento, sujando o "bom nome" do cliente... enquanto os principais responsáveis do BCP, continuam intocáveis, sem serem chamados à justiça.»bcpcrime.blogspot.com


Contrariamente ao anunciado, Elder no bar-restaurante improvisado só serve a refeição do almoço. Toda a gente protesta, porque a comida é cozinhada com tal desprezo que mete dó: arroz mal confeccionado com pedaços de gordura e alguma carne para disfarçar. Ele finge que também come, mas depois vai nos seus aposentos, abre o frigorífico e serve-se à vontade. À noite antes de sairmos faz-nos um convite:
- Arranjei umas sandes de queijo e cerveja, vamos petiscando e conversando.

Éramos apenas quatro, ele, eu, o irmão, e o Engenheiro Mecânico. A única estação de televisão que existia no país apresentava o seu telejornal. Sugeri que se mudasse de canal:
- Elder põe na CNN.
- Não querias mais nada, isso custa dinheiro.
O noticiário apresenta alguns governantes. Elder comenta:
- Esse governante, fui eu que lhe dei aulas de economia, quando era professor, aquele também… o outro também.
- É por isso que o país está assim. – Criticou o Engenheiro Mecânico.
- Assim como?!
- Bem organizado. – Ironizou o Engenheiro Mecânico.
- Mas o que é que vocês querem? Se não aprenderam mais é porque não quiseram.
- Aprenderam demais, nessas coisas és um mestre. – Garantiu o Heitor.
- E não fui ministro das finanças porque não aceitei.
- Ainda bem. – Disse a rir o Heitor.
- Não entendi essa.
- O país ficaria demasiado organizado. – Continuou com risada o irmão.
- Ainda bem que sabes disso.
- Nunca ouviram falar da Cornélia? – Perguntou o Engenheiro Mecânico.
Elder finge não dar importância à pergunta. Comenta:
- Não será mais alguma prostituta da noite que anda aí a espalhar sida por vingança?
- Não é nada disso, posso contar? – Insistiu o Engenheiro.
- Conta lá. – Pediu o Elder.
- Cornélia, filha de Cipião, o Africano, e mãe dos Gracos. Tendo ficado viúva com doze filhos, só conservou uma filha que casou com Cipião Emiliano, e dois filhos, Tibério e Caio, famosos pelo seu talento e coragem e pelo seu trágico destino. Mulher de carácter viril e de espírito cultivado, Cornélia educou os seus filhos com o maior esmero, inspirando-lhes o amor do bem público e do povo, e a paixão da glória e dos grandes feitos, perguntando-lhes às vezes se sempre lhe chamariam a filha de Cipião e nunca a mãe dos Gracos. Um dia uma rica patrícia da Campânia, mostrando-lhe as suas jóias, pediu-lhe para ver também as dela. Cornélia apresentou-lhe os seus filhos: Eis, disse ela, as minhas jóias e adornos preciosos.[1]

Elder pareceu não dar nenhuma importância à Cornélia. Toca-me na mão e diz-me:
- Amanhã vai chegar o nosso Relações Públicas, o Kizua, que esteve pouco tempo em Benguela. Vai-te apoiar no que for necessário.
Elder faz um contraponto para defender os seus pontos de vista:
- Sabes o que é que anda a circular na Internet?
- Não.
- Um arquivo com o nome de Emela. Contém a conta-corrente de um director de uma empresa estatal com o saldo de um milhão de dólares das comissões. Já conseguiu comprar duas casas em Portugal e financiar uma empresa, uma trading, que vende tudo o que é necessário para Angola. Se os revolucionários enriquecem a roubar, eu não posso fazer o mesmo?! Seguirei os seus passos e roubarei cada vez mais.

O meu telemóvel toca. É a Anita que me suplica:
- Ainda demoras muito amor?
- Não.
- Vem depressa, sinto-me muito só.
- Vou já.

[1] In Dicionário Prático Ilustrado. Lello.

MARIO VARGAS LLOSA visita o Congo. Viajem ao coração das trevas (6)


As milícias de Laurent Nkunda, depois de capturarem Rutshuru, começaram a avançar até Goma, onde o Exército congolês fugiu em debandada. A população da capital do Kivu Norte, então, enfurecida, apedrejou os acampamentos da Força de Paz da ONU (e, de passagem os locais e veículos das organizações humanitárias), acusando-os de cruzarem os braços e de deixarem a população civil à mercê dos milicianos.

Mas o coronel Barrabino explicou-me que a Força de Paz, criada em 1999, segundo prescrições estritas do Conselho de Segurança, está no Congo para vigiar e para cumprir os acordos firmados em Lusaka que põem fim às hostilidades entre as distintas forças rivais, e com proibição expressa de intervir no que se consideram lutas internas congolesas. Esta disposição condena as forças militares da ONU à impotência, salvo no caso de serem atacadas. Seria muito distinto se o mandato recebido pela Força de Paz consistisse em assegurar o cumprimento daqueles acordos utilizando, em caso extremo, a própria força contra quem não os cumpre.

Mas, por razões não de todo incompreensíveis, o Conselho de Segurança optou por esta bizantina fórmula, uma maneira diplomática de não tomar partido em semelhante conflito, uma geringonça, com efeito, no que é difícil, pelo menos por dizer, estabelecer claramente a quem assiste a justiça e a razão e a quem não. Não tenho a menor simpatia pelo rebelde Laurent Nkunda, e provavelmente é falso que a razão de ser da sua rebeldia seja só a defesa dos tutsis congoleses, para quem os hutus ruandeses, armados e associados com o Governo, constituem uma ameaça potencial.

Mas, representam as Forças Armadas do presidente Kabila, uma alternativa mais respeitável? Para a gente comum e corrente tem-lhes tanto ou mais medo que os bandos de milicianos e rebeldes, porque os soldados do Governo os roubam, violam, sequestram e matam, ao igual que as facções rebeldes e os invasores estrangeiros. Tomar partido por qualquer destes adversários é privilegiar uma injustiça sobre outra. E o mesmo se poderá dizer de quase todas as oposições, rivalidades e bandorias pelas quais se entrematan os congoleses. É difícil, quando alguém visita o Congo, não recordar a tremenda exclamação de Kurz, o personagem de Conrad, em O coração das trevas: "Ah, o horror! O horror!"

IV – OS POETAS. E sem dúvida, pese a esse entorno, conheci muitos congoleses que, sem se deixarem abater por circunstâncias tão adversas, resistem ao horror, como o doutor Tharcisse, em Minova. Placide Clement Mananga, em Boma, que recolhe e guarda todos os papeis e documentos velhos que encontra para que a amnésia histórica não se apodere da sua cidade natal (ele sabe que o esquecimento pode ser una forma de barbárie). O Émile Zola, o director do Museu de Kinshasa, combatendo contra as térmitas para que não devorem o património etnológico ali reunido.

A esta estirpe de congoleses valorosos, que lutam por um Congo civilizado e moderno, pertencem os Poétes du Renouveau (Poetas da Renovação), de Lwemba, um distrito popular de Kinshasa. São cerca de uma trintena, uma mulher entre eles, e embora todos escrevam poesia, alguns são também dramaturgos, contistas e periodistas.

EL PAÍS


Devaneios 10Abr09


O perigo para África reside na crise global. Se for muito mais profunda e longa do que se estima hoje, então nem mesmo o gigante asiático lhes poderá valer. E, nesse caso, as finanças públicas, que dificilmente encontram alternativa ao petróleo para a obtenção de receitas fiscais, poderão minar o progresso económico do continente.
Jornal de Negócios

12.02.2009 - 12h36 - aospapeis.blogspot.com, Lisboa
Outra coisa, se é verdade que os skinheads, para além de cobardes são uns imbecis, também não é menos verdade que os seus contrapontos se portam da mesma maneira. A menos que me queiram convencer de que os bandos de pretos que para aí andam são uns senhores...
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11.02.2009 - 10h23 - RS, Lisboa
O casamento não tem origem na religião! O casamento na Antiga Grécia e na Roma Antiga era uma questão privada/civil, desligada da religião... só na Roma Antiga passou a haver lei a regular o casamento e continuava a ser sem qualquer ligação a nenhuma religião. Já no Império Romano é que a Igreja Católica começou a meter-se ao barulho e manteve-se assim até à Revolução Francesa em que voltámos (friso voltámos) a ter separação do estado e da igreja em tudo, inclusive também na questão do casamento. Portanto na tradição europeia o casamento NÃO VEM DA RELIGIÃO NEM LHE PERTENCE ORIGINALMENTE.
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Industria petrolífera em África com futuro radioso
PSYCO Tão ricos,mas nem uma PORCA SEXTAVADA sabem produzir !!! Angonotícias

12.02.2009 - 14h58 - Zé Português, Portugal
Epá eu qd ando de metro em lisboa parece q estou na rocinha ou outro lugar c nome idiota, é só brasileiros e brasileiras, vou a um restaurante, um brasileiro uma entrevista na rua, um brasileiro, levantas uma pedra, um brasileiro. E já não falo daqueles 'irmãos' q vêem para cá transformar isto na terra deles, c assaltos e raptos e PCP, ou PCC's. É ássim meuz irmãoz nóis não estamo gostano não dessa joça aí, né? E como nóiz há outruiz ná suiça qui não gostam não!!! Dá-me vontade de rir o anónimo brasileiro diz q portugal n tem recursos e n sei quê, até é verdade, mas então desapareçam daui para fora, olha, vão para a Suiça, acho q eles lá vos gramam!!
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11.02.2009 - 10h23 - Antonio, Porto
Que a igreja trate dos seus problemas. Que mais querem? Eles têm o casamento religioso, nao lhes chega? O casamento civil nao tem nada a ver com a igreja. Que tratem dos pedofilos padres que andam espalhados pelo mundo e deixem os homossexuais viverem plenamente. Afinal quem ensina "ama o teu proximo"? Mas pelos vistos, a igreja prefere incentivar o odio do proximo. Que liçao...
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12.02.2009 - 14h56 - Anónimo, Portugal
Empresario brasileiro em Lisboa, a estar farto, so se lhe pede uma coisa, e que volte para de onde veio. Nos portugueses agradeceriamos encarecidamente. Bom seria irem todos. Portugal ficaria mais limpo e mais agradavel para se viver.
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