domingo, 19 de junho de 2011

A um deus marxista-leninista


A podridão é tamanha que nem as mangas se aproveitam.
O nosso deus marxista-leninista MPLA-JES o chinês, de 19 de Junho de 2011 das 04.51 às 16.17 horas, enviou-nos mais um apagão. O deus marxista-leninista, é como um daqueles deuses que obrigam a sacrifícios humanos diários para que se contente e não nos aborreça.
Para que tenhamos electricidade e água, é importante o sacrifício dos apagões, para que ele se acalme e nos garanta uma réstia de luz, e uns pingos de água, como uma luz no fundo de um túnel milenar.
Outra coisa que a nossa amada divindade aprecia, é a miséria e a fome imparáveis, inesgotáveis, com que nos brinda a cada momento e que deseja eternas.
O nosso deus, como os outros, aspira à eternidade, e nisso revela-se lutador incansável. É por isso que há trinta e dois anos teima em não abandonar o cargo terreno que o deus dos deuses marxista-leninista lhe designou: ficar para sempre na terra angolana a reinar.
O deus marxista-leninista detesta manifestações, fica muito nervoso com elas. E tem tribunais castrenses usados e abusados por generais para os desavindos que lhe acometem. Um deus destes é soberano maior, eleito pelos céus marxistas-leninistas.
Adora violência e perseguições aos ímpios. Quem não acredita nele é contra ele.
Rodeado de grande infausto bajulador, o nosso querido e eterno deus serve-se de um líquido escuro que os outros povos veneram. E em troca, aquando das peregrinações aos santuários petrolíferos, deixam bastas oferendas, rios de dólares, que os seus sacerdotes acumulam desmesuradamente, e com os quais sustentam haréns de amantes.
O nosso deus usa luxuosos palácios que na verdade são templos, onde a todo o momento delegações de todas as partes do mundo vêm para o saudar, e louvar.
O nosso deus ordenou ao seu séquito sacerdotal que nos abençoe com fartas chicotadas e toda a sorte de sevícias. E com a sua privada força policial, outra Inquisição, as nossas vidas valem menos que uma manga podre.
Ele pretende aniquilar-nos porque não quer dividir a sua imensa riqueza, que já transborda dos cofres, e por isso mesmo por todo o lado vê-se o saldo divino da sua redenção: milhares de cadáveres.
O nosso deus marxista-leninista exige-nos sangue, morte, em suma: outro holocausto.
Veneremos, nunca manifestemos o nosso grandioso deus, senão vamos apanhar.
Ele é muito vingativo e muito aldrabão.
Este nosso deus em breve soçobrará, e o povo libertado e democratizado o acorrentará, e lhe devolverá ao céu corrupto que finalmente também libertará.





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