Lisboa - Instalou-se entre pastores das
Igreja Evangélica Sinodal de Angola (IESA), no sul do país, um colectivo
sentimento de instabilidade e ruptura por efeito de uma
notada aproximação do seu líder Diniz Marcolino Eurico
ao MPLA, traduzida no apoio político a José Eduardo dos Santos
(JES).
Fonte:
Club-k.net
Numa
correspondência, que circula, no seio dos pastores opostos
as alianças partidárias do líder religioso alegam que
“as coisas por esta altura têm tendência a complicar-se”, numa alusão ao
período eleitoral que se aproxima mas também antecedida com o episodio de
cartões eleitorais dos crentes da IESA que teria sido desviados
para subscrição da candidatura de JES.
As contestações
avolumaram-se pela forma como o presidente da IESA,
Diniz Eurico passou a relacionar-se com o poder político de forma
subserviente razão pela qual os seus opositores alegam que o “ambiente está
pesado”
De acordo com
registro, a aproximação do líder religioso ao regime começou
a ganhar novo formato desde Março de 2011, por altura em que
o MPLA realizou uma “marcha da paz” para contrapor uma outra
manifestação convocada por anônimos. A marcha do partido no poder
coincidiu com uma actividade da Igreja mas
entretanto o reverendo Diniz Eurico suspendeu, a acto
religioso para de seguida dispensar os jovens da sua
congregação para irem a actividade do MPLA. O sucedido criou
mal estar na Igreja dando lugar a outros episódios menos bom que terão
contribuído para reputação “partidária” desta
congregação religiosa.
O pendor
partidário que se atribui ao Pastor Dinis Marcolino alastrou ainda mais
por ter feito uma palestra no Comité Provincial do MPLA
da Huila em que estiveram como convidados elementos da Casa Militar
da Presidência da República.
A principal
opositora da “alianças política” da IESA é a
ICESA - Igreja Cristã Evangélica Solidária em Angola que é uma
congregação de dissidentes . Há algumas semanas atrás,
a ICESA, marcou uma actividade de vulto regional no
Lubango para o dia 23 de Junho, porem depois de tudo
mobilizado com salas alugadas e alojamentos dos crentes feito, no dia da
realização da actividade, a liderança da igreja recebeu uma
comunicação do Administrador Municipal do Lubango Silvano Levi dizendo
que aquela igreja não tinha sido autorizada a utilizar o
pavilhão desportivo Multiuso da Senhora do Monte. No
seguimento de um diálogo entre as chefias da ICESA e o
administrador ficou-se a saber que as autoridades receberam instruções
do Presidente da IESA, Deniz Marcolino Eurico para impedir a
realização da actividade religiosa da congregação rival.
O poder que a
IESA, de Deniz Marcolino Eurico passou a ter na região sul do país é
agora notado na facilidade que o mesmo teve no lançamento de uma instituição de
ensino superior, a Universidade Evangélica Sinodal de Angola.
Fundada em
1897, na área de Kaluquembe-Huila, por um missionário de
nacionalidade suíça Heli Chateilain, a IESA afirma-se com um dos braços
dos evangélicos mais importantes e influentes no sul de angola.
A sua dissidente, a ICESA tem como base social Benguela concretamente o
eixo da Ganda e Cubal.
Caso IECA
A crise que se
verifica IESA quanto as ligações ao regime é verificada noutras congregações
religiosa com certa influencia no sul do país. A IECA – Igreja Evangélica
Congregacional de Angola é citada como estando a viver uma
“crise” idêntica que terá precipitado a saída de uma corrente
de pastores “oposicionista” a subtiliza ao regime do MPLA.
Há um
de Julho, por ocasião da celebração do jubileu da missão da Chissamba no
Bié, o secretário-geral da IECA, reverendo Augusto Chipesse,
chegou a dizer que “era preciso recuperar o espírito de Agostinho
Neto”. As palavras do líder religioso reativaram antigas suspeitas
de que estaria em colagem com o regime, não obstante a sua condição de
membro do Conselho da República.
As referidas
suspeitas quanto aos pastores da IECA é apoiada no
protagonismo que os seus líderes locais tem se revelado junto
as comunidades. Na província do Namibe, um pastor identificado como
irmão Kanguenha tem sido criticado por ter adoptado um
discurso com excesso de carga política, num acto em que esteve presente a
Vice-Governadora provincial, Maria dos Anjos Mahove. Um outro
pastor , Elias Chicanhamale foi igualmente criticado
por usar camisola e chapéus de propaganda do MPLA.
A proximidade
destes dois pastores da IECA ficaram também clara na
acomodação laboral que beneficiaram das autoridades. O primeiro foi
colocado como enfermeiro no Hospital Ngola Kimbanda e o segundo na
direcção provincial das águas do Namibe.
Informações
nunca desmentidas dão conta que nas eleições de 2008,
os lideres províncias da IECA receberam viaturas por parte das
autoridades e os seus secretários províncias passaram a ter a acesso a sala
protocolar dos aeroportos em Angola. Dentro da Igreja, estes
detalhes foram visto como iniciativas das autoridades em
valorizar os seus lideres religiosos. Porem, a nível
da sociedade civil o assunto foi referenciado com condição de
subserviente dos pastores.
A IECA já teve a
rotulo de “Igreja dos Ovimbundos” por ter nascido no sul do país e por
ter instado instalada nas áreas controladas pela UNITA no tempo do
conflito armado. Em Março de 2010, o responsável da IECA em Benguela,
Herculano Tchinganguela, declinou fazer parte de um
grupo de entidades religiosas que iriam, receber cumprimentos
do Presidente da UNITA, Isaías Samakuva que se deslocou a cidade
das “acácias rubras.” A acção do pastor foi vista como uma
iniciativa destinada a evitar problemas com o regime.
Uma das figuras
religiosas em Angola conotada com histórico de conotação ao regime
é o secretario-geral do Conselho de Igrejas Cristãs em Angola
(CICA), reverendo Luís Nguimbi. Em Setembro 2008 concorreu a Deputado pela
lista do MPLA. Porem, no seguimento de fortes criticas, alegou em
privado, que o partido do poder fez-lhe “esta partida” sem o ter
consultado. O mesmo não explicou como foi que o MPLA conseguiu o seu registro
criminal para submeter ao Tribunal constitucional para a sua candidatura ter
sido aprovada.
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