Luanda - Os eleitores angolanos vão às urnas, a 31 de
agosto, para eleger Presidente, governo e renovar o Parlamento. A UNITA aponta
irregularidades ao processo eleitoral e diz que terminou o tempo da “ditadura”.
Fonte: DW
Club-k.net
Angola vai a
eleições pela terceira vez na história do país. Mas a menos de dois meses do
escrutínio, a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) ainda não publicou as listas
dos cidadãos eleitores, os cadernos eleitorais e o número de mesas de votação.
Por resolver está ainda um outro problema que tem a ver com os cidadãos que se
registaram mas cujos nomes não constam da base de dados.
Essas e outras
alegadas irregularidades levaram o secretário-geral da UNITA (União Nacional
para a Independência Total de Angola), o maior partido da oposição, a acusar o
regime do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, de estar a preparar uma
nova fraude eleitoral.
O secretário-geral
Victorino Nhany esteve, recentemente, na província de Benguela (no centro oeste
de Angola) para assistir as ordenações diaconais e sacerdotais, a convite da
Igreja Católica.
Aproveitando a sua
passagem por Benguela, o político do partido do Galo Negro convidou os
jornalistas para falar sobre o processo eleitoral. Victorino Nhany voltou, mais
uma vez, a considerar que o processo eleitoral está marcado por
irregularidades, apontando o dedo ao processo de registo e atualização
eleitoral.
Segundo o
secretário-geral da UNITA, a empresa que terá trabalhado com o partido do
regime do presidente José Eduardo dos Santos, o MPLA (Movimento Popular de
Libertação de Angola), e ajudado a vencer as eleições de 2008, é mesma que foi
contratada para importar a logística das eleições deste ano.
Victorino Nhany
advoga que essa empresa, denominada Indra, foi “solicitada para fazer, em 2008,
10 milhões e 350 mil boletins de voto. [Mas] o website da mesma empresa veio
declarar 26 milhões de boletins de voto elaborados. Onde foi parar a diferença
de cerca de 16 milhões de boletins de voto?”, pergunta-se indignado o político.
Logo a seguir
responde, afirmando que “naturalmente esses 16 milhões de boletins de voto
sustentaram os três milhões de votos fantasmas em 2008. Mas surge de novo o
nome da [empresa] Indra para repetir a brincadeira de 2008”.
UNITA não
quer que se repita o que aconteceu em 2008
Além dessa
crítica, o sectretário-geral da UNITA denuncia o fato de que “existem nomes que
não constam no FICRE [Ficheiro Informático Central do Registo Eleitoral]”.
Victorino Nhany cita um exemplo: “o engenheiro Ernesto Mulato, que é o número
dois na lista da UNITA não consta no próprio ficheiro”. E por isso, o
responsável político entende que “são todas essas situações que nos levam a
crer que existe uma deliberada atuação no sentido de se adiar as próprias
eleições”.
Recorde-se que o
líder da UNITA, Isaías Samakuva, é o cabeça de lista do partido às eleições
gerais angolanas, que estão marcadas para 31 de agosto. Na corrida eleitoral
vão estar nove formações partidárias.
O secretário-geral
não quer que, nas próximas eleições, se repita o cenário do último pleito.
Vitorino Nhany assegurou que “depois do que aconteceu em 2008, reiteramos que
não vamos aceitar uma nova fraude, venha ela da Espanha, da Rússia, do
Zimbabué, da República Democrática do Congo ou da Casa Militar. O tempo da
ditadura acabou e o tempo das eleições fraudulentas também acabou”, garantiu.
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