- acusa o presidente do Conselho Nacional da Juventude, Oswaldo Petersburgo
“Dinheiro beneficia a grupinho de mafiosos” – Oswaldo Petersburgo
“Este ano estamos cansados e vamos revelar algumas coisas que andámos a esconder este tempo todo. Estamos cansados de ser enganados com discursos políticos que não têm nada a ver com a realidade que vivemos. Continuamos a andar de bicicletas quando sabemos que existe dinheiro para também andarmos de carros, mas que este dinheiro está escondido nalgumas masmorras ou gavetas deste país e beneficia a certas pessoas que sabem enganar os outros com discursos políticos emblemáticos. Afinal esses fundos é para beneficiarem a quem?” – Oswaldo Petersburgo, presidente do Conselho Nacional da Juventude (CNJ)
Maputo (Canalmoz) - O presidente do Conselho Nacional da Juventude (CNJ), Oswaldo Petersburgo, quebrou o silêncio cúmplice que marcou o seu mandato desde a sua eleição para o cargo em 2009. Ele que chegou ao cargo vindo da organização juvenil do partido Frelimo, OJM, para dirigir a organização que congrega todas as organizações juvenis nacionais, incluindo as de outros partidos, sempre foi hesitante a criticar as políticas inconsistentes do Governo do seu partido que tem penalizado os milhões de jovens moçambicanos, como estes amplamente se têm vindo a queixar, um pouco por todo o País. Mas desta vez, decidiu abrir a boca e mandar farpas para o Governo da dupla Armando Guebuza-Aires Ali. Na origem do pronunciamento do jovem Petersburgo, está o dinheiro que “o Governo não canaliza ao CNJ”.
Oswaldo Petersburgo diz estar cansado de “esconder mentiras do executivo”.
Foi na manhã desta terça-feira que o dirigente da organização máxima da juventude moçambicana disse que o Governo do dia é “mentiroso” e caracterizado por “letargias”, ameaçando revelar “algumas coisas que andamos a esconder este tempo todo”.
“O Governo não cumpre ciclicamente o que promete, o que vem postulado nos programas, e sempre se refugia nas mentiras e em justificações que achamos serem absurdas”, disse o dirigente juvenil em entrevista exclusiva ao Canal de Moçambique.
“Este ano, eu pessoalmente e quase todos os jovens estamos profundamente cansados com as mentiras desta gente e estamos prontos a revelar algumas coisas que andamos a esconder este tempo todo”, ameaçou o presidente do CNJ.
Segundo disse Petersburgo, nada justifica que os jovens que saem das universidades e que têm seus projectos por realizar, continuem a andar de bicicletas, “adormecidos com discursos políticos de que o país não tem dinheiro”, quando “todos sabemos que dinheiro existe, mas anda nalgumas masmorras ou gavetas ministeriais a beneficiar um grupinho”.
Ministério da Juventude é o mau da fita
O principal visado do presidente Petersburgo é o ministério que tutela os assuntos da juventude, o Ministério da Juventude e Desportos, dirigido por Pedrito Caetano.
“Sabemos que dinheiro existe, e no caso do Ministério da Juventude e Desportos esse dinheiro anda nas masmorras e nas gavetas daquele ministério que está na total letargia e sempre opta por mentiras políticas”, afirmou ao Canal de Moçambique o líder do Conselho Nacional da Juventude. “Estou cansado. Andei a perder tempo a esconder coisas e mentiras”.
Dinheiro na origem do choque
As revelações do presidente do CNJ parece terem como causa algo que o Governo prometeu àquela organização, mas não chegou a cumprir. As suas palavras deixam a entender que o Governo não disponibilizou dinheiro que se comprometeu a desembolsar. É o que deixa a entender as palavras de Petersburgo.
“Temos a lamentar o facto de em 2011, o Ministério da Juventude e Desportos (MJD) só ter canalizado ao Conselho Nacional Juventude (CNJ) um montante de três milhões e 600 mil meticais para o fomento das suas actividades, contra os cinco milhões de meticais previstos no âmbito contrato-programa assinado entre aquela instituição governamental e a nossa agremiação”, disse Petersburgo.
“Este problema de não canalização dos fundos prometidos” – diz Petersburgo – “arrasta-se desde 2010”. “A justificação do Governo é de que faltam fundos para cumprir com o postulado nos contratos-programa”.
O líder da juventude diz que a justificação do Governo “é uma mentira grosseira” e “não pega para nós os jovens”.
Petersburgo afirmou que para ano de 2010 estava previsto um orçamento de 12.000.000, 00 MT (Doze milhões de meticais), mas o mesmo acabou sofrendo corte no Ministério da Juventude até se situar nos 5.000.000,00 MT (Cinco milhões de meticais).
“Não se justifica que depois de terem feito um corte de quase 60 por cento no orçamento e aprovarem os cinco milhões que diziam terem a capacidade de desembolsar, apareçam agora a dizer que têm insuficiência de fundos. Porque aprovaram?”, questiona, indignado, o presidente do CNJ em entrevista exclusiva ao Canal de Moçambique.
CNJ endividado
O Conselho Nacional da Juventude está a acumular dívidas por causa “dessas mentiras políticas”, disse-nos Petersburgo. “Estamos com sérios constrangimentos no funcionamento do Conselho Nacional da Juventude a nível nacional, a ponto de a agremiação transitar para 2012 com dívidas”, acrescentou.
O presidente da organização não adiantou o montante global da divida que a instituição que dirige possui actualmente.
Conselhos Provinciais da Juventude despejados
Segundo o dirigente do CNJ, os Conselhos Provinciais da Juventude em quase todo o país estão a ser despejados das instalações onde funcionam os seus escritórios por falta de pagamento das rendas e outros serviços.
“Apenas na cidade de Maputo e província da Zambézia, onde através de negociações com os governos locais, os CPJ conseguiram ter instalações onde não pagam renda, é onde a situação está um pouco melhor. O resto está mal e é difícil estimar os montantes em dívida. Mesmo aqui na cidade da Matola, nas barbas da capital do país”.
“Andarmos com documentos, secretárias e outros patrimónios nas mãos”, lamentou.
Aborto do Fundo de Desenvolvimento de Iniciativas Juvenis
Num outro desenvolvimento, o nosso entrevistado disse ser mentira o que o Governo anda a dizer quando fala que existe um fundo de desenvolvimento de iniciativas juvenis (o famoso FAIJ). “Se tal existe ainda nenhum jovem beneficiou do mesmo”.
“De 2009 a esta parte, andamos por este país. Nenhum jovem beneficiou desse fundo”, disse Oswaldo Petersburgo, acrescentando que “ o critério de distribuição desse fundo pelo Governo não é transparente”.
“Fala-se muito dos famosos 7 milhões de meticais de que os métodos de distribuição do fundo estão partidarizados, mas no mínimo, partidarizado ou não, algumas pessoas recebem esse dinheiro, mas o fundo de iniciativa juvenil nem partidarizado, nem despartidarizado, ninguém consegue ver o paradeiro do dinheiro”.
“O dinheiro desse fundo, repito mais uma vez, anda nas masmorras e nas gavetas. Do resto do que se tem dito não passa de discursos políticos para enganar os mais incautos”, denunciou o presidente do Conselho Nacional da Juventude e acrescentou “o fundo existe, mas não sabemos a quem beneficia”.
Entretanto, Petersburgo elogiou por outro o recém-criado fundo PROJOVEM, afirmando que “pelo menos aqui nas cidades de Maputo e Matola, existem sinais visíveis de que alguns se beneficiaram do fundo”.
Recorrer a Guebuza
Petersburgo disse que o Conselho Nacional da Juventude (CNJ) irá recorrer, agora, ao chefe de Estado para expor as suas dificuldades.
O CNJ tem agendado para este ano a realização da Assembleia-Geral para eleger os dirigentes da agremiação.
O CNJ congrega várias associações juvenis de estudantes, empreiteiros, empresários, incluído de partidos políticos. (Bernardo Álvaro)
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