Lisboa - A discrepância encontrada em documentos da INDRA,
a empresa espanhola contratada para a preparar a logística das eleições
gerais em Angola, está a deixar o MPLA numa situação embaraçosa por trazer a
público provas de como foram alterados os resultados das eleições legislativas
realizadas em 2008, com ajuda de 16 milhões de boletins de votos que circularam
fora do circuito da Comissão Nacional Eleitoral (CNE).
Fonte: Club-k.net
Regime usou 16 milhões de votos fantasmas
Na Europa, onde o
assunto foi destapado, as autoridades espanholas manifestam ver o assunto
esclarecido, razão pela qual os parlamentares daquele país ibérico se preparam
para investigar os actos da INDRA em Angola, no sentido de se apurar se a mesma
é utilizada pelo regime angolano, ou se é parte do esquema das fraudes
eleitorais que ocorrem em Angola.
O levantamento do assunto em meios políticos em Espanha é apoiado em documentos que revelam dados declarados pela INDRA, no momento em que foi contratada para trabalhar na logística eleitoral em Angola neste periodo, mas que ao mesmo tempo diferem dos dados da Valley Soft, empresa conotada ao circulo presidencial angolano que contratou a firma espanhola.
A 22 de Abril de
2008, a “Valley Soft” declarou ter comprado da INDRA cerca de 10 milhões e 350
mil boletins de votos. Entretanto, o website desta empresa espanhola (www.indracompany.com) revela que produziu e vendeu para
Angola, naquele ano, 26 milhões de boletins de voto e não o número acima
citado. (Ver os anexos).
A revelação dos
dados indica que as autoridades angolanas apesar de terem recebido 26 milhões
de boletins, terão usado os outros 16 milhões boletins que não foram entregues
a CNE para alterar os resultados eleitorais em favor do MPLA, razão pela
qual os deputados espanhóis tencionam saber até que ponto a INDRA terá sido
conivente com as autoridades angolanas.
Entre os países
europeus que tem “boas relações” com Angola, a Espanha é a nação que mais dá
sinais pela defesa de transparência eleitoral no resto do mundo. No ano
passado, um estudo desenvolvido por acadêmicos espanhóis da Universidade
"Castilla La Mancha" revelou que é impossível realizar eleições
presidências ou legislativas em que o vencedor alcance mais de 80% dos votos.
O estudo defende
que a não aquisição desta percentagem de votos deve-se ao facto de não haver
processos eleitores perfeitos. O segundo cenário, segundo o estudo (de haver
eleições com percentagens astronômicas) é verificado apenas em países de
regimes ditatórias e estas não são eleições perfeitas.
Suspeitas levantadas em Espanha dá razão ao “Livro Branco” sobre as Eleições de 2008
As discrepâncias
verificadas nos dados declarados pela Valley Soft e a espanhola INDRA, dão
razão as constatações do conhecido “Livro Branco” sobre as Eleições Legislativas
de 2008, publicado pelo Instituto de Desenvolvimento e Democracia, e também no
Relatório da Auditoria às Eleições Legislativas de 2008, que chegava a
conclusão que “a CNE encomendou, comprou e pagou 10, 350, 000 boletins de
voto”. Porém, as investigações feitas revelaram que foram utilizados mais
boletins do que aqueles comprados pela CNE.
O relatórios publicado na altura dizia que “os boletins de voto foram manipulados antes da votação; houve boletins de voto não controlados pelo sistema da CNE que, apesar de contabilizados como “não utilizados” terão sido, de facto, utilizados; assim como poderá ter havido boletins que foram utilizados, mas não foram contados”, lê- se no relatório.
As analises
indicam que o web site da INDRA e a factura n.º 23/08 da Valeysoft vêm
responder a todas as dúvidas que o Relatório de Auditoria às Eleições de 2008
suscitou, naquela altura, nas páginas 35 a 43, sobre excessos de boletins de
voto e que o Club-k reproduz.
Há indicações que foram estes boletins de voto fantasmas em excesso que sustentaram as actas que foram escrutinadas em 2008. O Relatório que vimos citando refere que “o centro de escrutínio nacional terá recebido actas relativas a 50.195 mesas, enquanto que a votação ocorreu em apenas 37.995 mesas, pelo que o escrutínio foi efectuado com base em actas de mesas de voto fantasmas produzidas por agentes secretos e sem fiscalização, numa operação que terá sido controlada pelos serviços da Casa Militar da Presidência da República”.
O relatório referiu ainda que lá onde houve altos excessos de boletins entregues, registou-se também uma percentagem elevada de votos nas urnas (votantes). Em todos esses casos, a maioria do partido no poder foi igual ou superior a 90%, excepto nas províncias da Lunda Sul, Huambo e Cabinda.
De lembrar que
este ano as autoridades angolanas voltaram a contratar a INDRA para fabricar os
boletins de voto para as eleições de 31 de Agosto. Desta vez, o regime
infiltrou seus especialistas na própria INDRA e já não precisará utilizar a
Valleysoft. Pelo menos dois generais foram “desmobilizados” e passaram à
reserva, por ordens de JES, para integrar a super estrutura da INDRA da
logística eleitoral ao passo que agentes do SINSE serão colocados nas
assembleias de votos, como “supervisores logísticos”, recrutados pela CNE.
Sem comentários:
Enviar um comentário