Demitido do cargo de secretário do Conselho
de Ministros em 2004, na sequência de sérias desinteligências com o seu maior
rival político, Carlos Maria Feijó, António Van-Dúnem deve voltar a ocupar um
cargo governamental após as eleições de 31 de Agosto próximo, soube o Maka
Angola de fonte segura.
Tendo sido sondado pelo presidente José
Eduardo dos Santos para um possível regresso, “Toninho”, como é conhecido pelos
seus, optou pela rejeição das propostas.
Desta vez, o jurista tem sido aconselhado por
familiares. Estes fazem-no ver que “não é de bom tom dizer ‘não’ ao mais
influente membro da família Van-Dúnem, no caso José Eduardo dos Santos. Esta
família também cruza parentesco com os Vieira Dias, onde pontifica o general
Manuel Hélder Vieira Dias “Kopelipa”, ministro de Estado e chefe da Casa
Militar da Presidência, ora ocupada pelo seu primo.
A reentrée de Toninho Van-Dúnem deverá dar-se
em grande estilo, pois, segundo a nossa fonte, ele terá “sugerido” ocupar o
cargo de Carlos Maria Feijó, só que com as competências que foram retiradas ao
actual chefe da Casa Civil da Presidência da República. Como se sabe, Carlos
Feijó é o pai da actual constituição, feita à medida dos desígnios políticos
pessoais de José Eduardo dos Santos. Feijó caiu em desgraça, há uns meses,
quando os serviços secretos urdiram uma trama para o afastar da ambição à
vice-presidência da República e, por consequência, da corrida à sucessão
presidencial. Para facilitar a ascenção política de Manuel Vicente, agentes dos
serviços secretos espalharam rumores de que Carlos Feijó teria vazado
informação classificada para um conhecido site angolano de internet.
Na sequência da suposta constatação de que
Carlos Maria Feijó era o “garganta funda” do séquito presidencial, o seu cargo
passou a ser meramente formal, para uma demonstração de unidade no seio do
círculo presidencial. Feijó foi despromovido para a condição de subordinado do
vice-presidente Fernando da Piedade Dias dos Santos “Nandó”, tendo perdido
todos os poderes que até então detinha. Na realidade, Carlos Feijó passou a ser
praticamente uma figura decorativa da corte de José Eduardo dos Santos.
A efectivar-se o regresso de Toninho
Van-Dúnem às mais altas esferas do poder, José Eduardo dos Santos baralha mais
uma vez as cartas a seu bel-prazer e lança mais uma acha na fogueira de
vaidades em que transformou o relacionamento entre os dois juristas, que se têm
revezado nos cargos de secretário do Conselho de Ministros e chefe da Casa
Civil da Presidência há vários anos.
O retorno do antigo secretário do Conselho de
Ministros à vida pública configura, por outro lado, um sinal de fraqueza de
José Eduardo dos Santos. Depois de ter sido exonerado do cargo, em 2008,
Toninho Van-Dúnem ficou tão agastado que fez vazar, para a media privada, uma
série de informações em desabono de José Eduardo dos Santos, a quem se referia
inclusivamente em termos altamente depreciativos.
Essa informações, contudo, jamais chegaram ao
destinatário (um jornalista free lance) porque foram interceptadas pelos
serviços de Inteligência, à época comandados por Fernando Garcia Miala. Embora
grave, conforme, então, o general José Maria caracterizou as afrontas ao
Presidente da República, o assunto acabou resolvido numa reunião familiar sob a
liderança de Manuel Hélder Vieira Dias Júnior “Kopelipa”.
A concretizar-se, este será, em 2012, o
segundo “regresso triunfal” de alguém que saiu da administração pública de
certa forma chamuscado e de quem se pensava jamais puder retornar. O primeiro
foi Manuel Rabelais, antigo ministro da Comunicação Social e agora secretário
de Estado junto da Presidência. Com as recentes remodelações nos órgãos de
comunicação social do Estado por si orquestradas, Manuel Rabelais assumiu,
efectivamente, o cargo de ministro, cabendo à titular da pasta, Carolina
Cerqueira, um papel meramente decorativo e de vaidade pessoal.
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