Os protestos dos veteranos de guerra têm vindo a
ganhar força desde Junho
Por António Capalandanda | Benguela VOA
O ex-primeiro-ministro de Angola e
secretário-executivo da CPLP, Marcolino Moco, considera ter havido negligência
por parte do presidente da república, José Eduardo dos Santos, em relação ao
processo de desmobilização e reintegração de ex-militares.
Moco que reagia ao surgimento do movimento de
protestos de milhares de ex-militares e veteranos de guerra em vésperas de
eleições em Angola, disse à Voz da América que, actualmente o país vive um
clima de tensão e instou a presidente a pronunciar-se sobre a situação.
“O Presidente da República por este problema
tão grave devia se pronunciar e acalmar as pessoas, não só com palavras, mas
com actos concretos”, disse Moco.
Os protestos públicos dos veteranos de guerra
têm vindo a ganhar força desde Junho. Veteranos de guerra em Luanda, Benguela e
Huíla anunciaram mais manifestações antes das eleições, a não ser que o governo
considere as suas exigências de pagamentos regulares de pensões.
Marcolino Moco condenou a posição das
autoridades angolanas, alegando que o governo deve reconhecer o problema tão
delicado: “ As manifestações são previstas pela nossa constituição e pelo
direito internacional,” disse Moco acrescentando que “ não deveria haver
dramatizações, que o governo angolano não deveria enveredar pela tendência de
encontrar culpados, devia ser realista, ouvir as pessoas e negociar com
elas.”
Na sequência das manifestações de 20 de Junho
em Luanda activistas denunciaram a detenção de 51 veteranos de guerra.
A organização de defesa dos direitos humanos
Human Rights Watch diz que, 17 veteranos foram alegadamente libertados sem
qualquer acusação a 22 de Junho, mas as autoridades policiais, militares e
judiciais não deram resposta aos repetidos pedidos daquela organização para que
confirmassem os números totais de indivíduos detidos, libertados ou que
continuam detidos a aguardar julgamento.
Dois veteranos de guerra que estiveram
detidos durante dois dias contaram à Human Rights Watch que foram forçados a
declarar na televisão que os partidos da oposição política estavam por detrás
dos protestos e que, posteriormente foram libertados sem qualquer acusação.
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