segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Angola. O cinismo da solidariedade mercantilista. Canal de Opinião por Carbono Casimiro, Movimento7311


   

É intrigante como estas mesmas pessoas tão solidárias, amáveis e respeitadoras da vida humana, são as mesmas que fazem uma omissão tumular a factos “também preocupantes” que envolvem cidadãos nacionais e autóctones, factos estes, com algum destaque nuns poucos órgãos relevantes da opinião pública nacional e internacional.

Quero entender porquê que o Bento Kangamba, a TPA, o Ministro do Interior ou Presidente da República até hoje não se pronunciam sobre o caso dos irmãos, filhos de Angola, Alves Kamulingue e Ísaias Kassule, desaparecidos até hoje ou sobre as agressões e perseguições que somos alvos todos os dias?

Pretória (Canalmoz) – Vê-se uma grande movimentação por parte dos órgãos de comunicação social estatal e não só, de algumas figuras com destaque na sociedade civil, mas também das mais altas estruturas do governo, em solidariedade aos familiares das vítimas do acidente ocorrido no passado sábado, quando um autocarro que transportava os adeptos do kabuscorp regressava da vila de Calulo, após a mais uma partida de futebol referente a 20ª jornada do campeonato nacional da Iª divisão.
Este ter-se-a despistado, provocando a morte imediata de cerca de 25 ocupantes do mesmo veículo e ferimentos graves aos restantes passageiros.
Isso mostra que vivemos numa sociedade solidária, em que as pessoas estão preocupadas com os problemas dos outros e estão prontas a prestar o seu apoio moral e material sempre que for chamada. Até aí muito bem.
O que me faz escrever estas linhas não é propriamente o factor solidariedade, pois eu tenho certeza que esta, é uma falsa solidariedade.
Para muitos, no jogo político tudo vale e nada melhor que usar a desgraça dos outros, prestar uma interesseira ajuda passando a impressão que: “nós somos os bons”, com ajuda dos órgãos de informação que reforçam a imagem de generosos e altruístas super heróis àqueles que mostram “grande coração”, com espaço para a mais alta valorização da vida humana, estrangeira ou não, a vida é sempre vida, não tem nacionalidade.
É intrigante como estas mesmas pessoas tão solidárias, amáveis e respeitadoras da vida humana, são as mesmas que fazem uma omissão tumular a factos “também preocupantes” que envolvem cidadãos nacionais e autóctones, factos estes, com algum destaque nuns poucos órgãos relevantes da opinião pública nacional e internacional.
Para situar melhor eu indico alguns casos gritantes:

1 - Caso de dois membros do Movimento Patriótico Unido, desaparecidos já há mais de 2 meses, supostamente raptados por elementos afectos aos serviços de inteligência do estado por serem pessoas declaradamente contra o regime do MPLA.
2 - Ataque a Jovens indefesos (mais de 3 casos), em suas próprias residências que acabou em todos os casos com pessoas gravemente feridas, escapando da morte por muito pouco, nalgumas situações, como mostra a foto.
3 - Raptos, espancamentos, detenções, julgamentos, intimidações (ameaças de morte), etc., a cidadãos que participam nas manifestações organizadas por jovens apartidários.
E muitas outras situações, umas mais graves que as outras, que passam despercebidas a esta classe de super solidários da elite política angolana.
Eu pessoalmente, já teci a minha opinião com relação a esta solidariedade: é uma farsa! Porquê que esta solidariedade/preocupação só está presente com este caso? Sabemos que boa parte das vítimas nem sequer eram angolanas, sem xenofobia, quero entender porquê que o Bento Kangamba, a TPA, o Ministro do Interior ou Presidente da República até hoje não se pronunciam sobre o caso dos irmãos, filhos de Angola, Alves Kamulingue e Ísaias Kassule, desaparecidos até hoje ou sobre as agressões e perseguições que somos alvos todos os dias?
Devemos ter consciência, agora nesta fase de eleições mais do que nunca, que não devemos dar nosso voto para os assassinos que nos governam.
Vou terminar parafraseando o mano Projota, que pensa diferente dos que pensam que pensam: “Justiça só contra nós, não é justiça é ditadura”.  (Carbono Casimiro)

Sem comentários: