segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Exploração petrolífera e de gás divide Malawi e Tanzânia


Pretória (Canalmoz) – A descoberta de petróleo e gás na África Oriental está a pôr em causa as fronteiras herdadas do colonialismo, aumentando assim as probabilidades de conflitos territoriais entre a Tânzania e o Malawi, depois do Uganda e da República democrática do Congo (RDC) se terem comprometido a encontrar uma solução em torno da fronteira comum no Lago Alberto e do Sudão e do Sudão do Sul permanecerem num impasse, dificultando, desta forma, a produção de pelo menos 350 mil barris de crude por dia.
Porém, o reacender de uma tensão territorial entre a Tanzânia e o Malawi de quase há meio século, está a ser visto como uma ameaça acrescida à paz e estabilidade na região, até porque ambos os países são membros da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).
No último fim-de-semana, o ministro tanzaniano dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação Internacional, Bernard Membe, e o seu homólogo malawi, Mganda Chiume, estiveram reunidos em Dar es Salaam para encontrar uma solução amigável da disputa que opõe as duas nações sobre a exploração petrolífera e de gás no Lago Malawi, cujas águas servem de fronteira entre estes dois países e Moçambique.
A Tanzânia, colonizada inicialmente pela Alemanha e depois pelo Reino Unido, reclama uma parte dos 29.600 km2 do lago e o Malawi apoia-se num acordo concluído em 1890, que estipula que a fronteira entre os dois países é limitada ao longo da margem tanzaniana, atribuindo-se assim todas as águas do lago com a excepção das que se encontram em território moçambicano.
Em Setembro de 2011, o governo do antigo presidente do Malawi, Bingu wa Mutharika, atribuiu a uma empresa britânica, Surestream Petroleum, uma licença de prospecção de petróleo e de gás nos blocos 2 e 3 do disputado lago, com uma área total de 20.000 km2. A companhia petrolífera já começou a elaborar um estudo de impacto ambiental deste projecto. As autoridades de segurança tanzanianas dizem ter detectado a presença de aeronaves ao serviço da Surestream Petroleum a sobrevoarem o espaço aéreo nacional sem uma autorização da Autoridade de Aviação da Tanzânia, algo que o Malawi alega não ter conhecimento.
A reunião do fim-de-semana serviu para analisar a disputa territorial e reavivar as negociações sobre a delimitação, demarcação e reafirmação das fronteiras entre a Tanzânia e o Malawi e acordar um roteiro e de programa de execução de uma solução sobre esta questão. Falando aos jornalistas, Bernard Membe afirmou categoricamente que a Tanzânia pretendia que todas as actividades de exploração  petrolífera na parte nordeste do lago fossem suspensas para facilitar as discussões em curso para se resolver a crise.
“Dissemos aos nossos colegas da República do Malawi que qualquer exploração ou actividades de pesquisa para prospecção de petróleo e gás devem parar imediatamente uma vez que a sua presença era susceptível de comprometer as negociações em curso e representar uma ameaça à segurança”, referiu.
Entretanto, as autoridades de Lilongue afirmaram na terça-feira que não pretendiam parar com a prospecção até à resolução das disputa fronteiriça que opõem os dois países embora afirmassem que continuariam a “colaborar com a Tanzânia como um bom vizinho”. Uma nova reunião bilateral sobre a questão está agendada para 20 de Agosto próximo, em Mzuzu, uma cidade a norte do Malawi. (Redacção com agências)
Imagem:  qgdopetroleo.com

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