Por Maka Angola http://makaangola.org
Por Ezequiel Fragoso:
A realidade e os militantes do MPLA contrariaram
ontem, 11 de Agosto, na província de Malanje, o discurso do seu candidato a
vice-presidente da República, Manuel Vicente, no decurso da campanha para as
eleições de 31 de Agosto.
Durante vários dias, a emissora provincial da Rádio
Nacional de Angola anunciou a mobilização de uma multidão de mais de 100,000
militantes e amigos do MPLA para assistirem ao comício de Manuel Vicente,
realizado este Sábado, na ex-feira do partido, no Bairro Catepa, na cidade de
Malanje.
Para acomodar a grande multidão, a administração
municipal de Malanje demoliu, na semana passada, 10 salas de aulas anexas à
Escola Primária da Feira. Sobre o acto, o director provincial de Educação,
Gabriel Alexandre Boaventura, justificou à imprensa que a destruição das salas
de aula é um projecto antigo que “vem responder à nossa programação desde o
início do ano ”. Os alunos encontram-se em pausa pedagógica devido ao período
eleitoral.
O responsável de educação garantiu reabilitação e
ampliação de uma outra escola, a Patrice Lumumba, para acomodar também os
alunos das salas destruídas. “Nós pensamos que, dadas as condições em que se
encontravam as salas de aulas, havia a necessidade de transferir as crianças
que estudavam nessas salas para a Patrice Lumumba”, disse Gabriel Alexandre
Boaventura.
A Patrice Lumumba encontra-se a uma distância de
cerca de quinhentos metros da Escola da Feira e, segundo apurou o Maka
Angola, no local, as obras estão em curso e não terminarão em Setembro,
quando as aulas reiniciarem.
No entanto, apenas cerca de 4,000 pessoas
participaram do comício e muitos abandonaram o local quando uma falha de
energia eléctrica interrompeu, por mais de meia hora, a animação musical que
antecedeu o discurso de Manuel Vicente. A ocasião serviu também para os
espectadores manifestarem publicamente aos líderes do MPLA, com apupos, o seu
descontentamento pelas constantes falhas de luz e por inúmeras promessas não
realizadas.
A província de Malanje alberga a barragem
hidroeléctrica de Kapanda, um investimento de US $2.6 biliões, que começou a
produzir energia eléctrica em 2004. Mas a província, com mais de um milhão de
habitantes, tem apenas 22 mil consumidores de energia eléctrica, incluindo
instituições públicas, privadas e residentes. Dos 14 municípios da província,
apenas dois, a capital Malanje e Cacuso, recebem energia.
No seu discurso, o actual ministro de Estado e da
Coordenação Económica, Manuel Vicente, realçou os progressos alcançados pelo
seu governo, em 10 anos de paz, acusou a oposição de estar cega às realizações
em prol da reconstrução nacional e bem-estar dos angolanos. O ministro e
candidato a vice-presidente prometeu electricidade, água e educação para
todos os malanjinos. A audiência reagiu sem entusiasmo e, durante o evento, o
mestre de cerimónias teve de pedir várias vezes aos participantes para que
batessem palmas e manifestassem o seu apoio ao MPLA.
Na bancada central, o slogan que melhor
identificava os anos de ditadura e de Marxismo-Leninismo em Angola – “o MPLA é
o povo e o povo é o MPLA” – dominava, em letras gigantes, o ambiente do
comício.
Apesar da lembrança ao passado e os constantes
apelos do mestre de cerimónias, a população praticamente reservou os seus
aplausos para o grupo musical Génesis e para os outros cantores. Os dirigentes,
na bancada central, tiveram de usar as “palmas artificiais”, de plástico, para
animar o discurso de Manuel Vicente.
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