terça-feira, 20 de dezembro de 2011

JES: Venceu a guerra ganhou a paz - General José Maria


Luanda - “Arma virumque cano…” Eu canto, pela métrica de Virgílio, As Armas, os 23 anos de guerra e o Homem que os soube enfrentar, conduzir e vencer no meio de tamanho sofrimento e sacrifício do seu Povo, no meio de tamanha destruição do País, no meio de tamanha delapidação das suas Riquezas.

Fonte: JA
As operações subversivas da UNITA
Eu canto os nove anos de paz, premissa essencial e necessária para a Reconstrução Económica e Social de Angola. Eu canto o Homem que enfrentou as agressões militares do maior Exército a sul do Sahara e que venceu a subversão da UNITA, resoluta e obstinada na tomada do poder pela força das armas. Eu canto os 32 anos da guerra e da paz de José Eduardo dos Santos, pela Defesa da Independência Nacional, da Integridade Territorial e da Soberania Nacional.

Eu conto as operações conjuntas do Exército sul-africano e da UNITA. Eu conto a guerra subversiva da UNITA, apoiada por potências ocidentais e por países africanos. Eu canto os riscos que José Eduardo dos Santos correu para defender e proteger os angolanos. Eu conto contra quem o Presidente combateu, que complôs enfrentou.

Eu canto o Heróico Povo Angolano e o seu clarividente timoneiro, imperturbáveis perante a fragrância fatal do jasmim inebriante, possessivo, extasyante, vindo do Norte de África: Egipto, Síria, Líbia, Iémen e Tunísia – a antiga Cartago, hospedeira de Eneias, ouvido por Dido rainha, sobre a Tragédia de Tróia. Entre nós, alguns existem comandados de fora, que nos querem tamanha e semelhante desgraça. Não há espaço em Angola para os “cavalos de Tróia” da nova vaga, nem para qualquer tipo de “Primavera”, mesmo forjada pelas novas mudanças climáticas, já que temos tão somente duas estações do ano.

Primavera ou Inverno

Analistas e politólogos, alarmados com o rumo dos acontecimentos nesta região geopolítica conturbada, consideram que à “Primavera Árabe” começa a suceder-se o “Inverno Islâmico”. A invectiva para a interpretação desta realidade, que se vai desenhando no Mundo Árabe, vem bem escalpelizada na conceituada revista “Afrique Asie” deste mês (págs. 16 a 30), com o título “Primavera Árabe ou Inverno Islamista?”. Qual a sua essência, quem a promove, quem a executa, que objectivos persegue?:

“Após décadas de estabilidade e estagnação políticas, o mundo árabe é, desde o início deste ano, o teatro de agitações geopolíticas recorrentes. A Tunísia abriu esta série de mudanças com a queda inesperada do regime de Ben Ali. Seguiu-se, então, o Egipto, o Bahrein, a Líbia, o Iémen e a Síria. Em todas essas mudanças, ainda que não relacionadas entre sí, ressalta-se uma constante: o ressurgimento em força do islamismo político com a bênção do Ocidente.”

“É prematuro, até aqui, falar de ‘Primaver’", ou seja, de encontros históricos com a democracia. Em resposta, existe, em toda a parte, uma certeza: ninguém sabe o dia de amanhã. Os partidos islâmicos vão substituir os regimes autocráticos pró-ocidentais ou laicos? Quanto tempo levará a transição para a democracia?”

“O islão político que afirma ter a solução para todos os problemas saberá dar uma resposta diferente do ultraliberalismo às questões sociais do mundo árabe, como o analisa magistralmente, neste dossier, o economista Samir Amim? As monarquias do Golfo que se deixaram arrastar pela vaga da ‘primavera árabe’ e que financiaram o surgimento, em força, dos partidos islâmicos, agem por conta própria ou por conta das potências estrangeiras, como sugere o politólogo tunisino Mezri Haddad?”

“Além da Tunísia, onde a transição acontece laboriosamente, todas as outras alterações no Bahrein, no Iémen, no Egipto e na Síria em particular, podem conduzir a guerras civis já em gestação ou a poderes islâmicos sem horizontes democráticos.”

“À excepção das petromonarquias que estão em vassalagem desde o seu surgimento, todos os outros países árabes têm, agora, a sua soberania e integridade territorial ameaçadas. O que é vergonhoso é que a recolonização do mundo árabe está em marcha, sob pretexto da defesa dos direitos humanos e da democracia, enquanto os seus objectivos, ontem como hoje, são essencialmente económicos e vilmente mercantilistas.”

“O que é vergonhoso, é que os jovens, intelectualmente vulneráveis, cujo instinto patriótico foi alterado por causa de muitos anos de ditadura, foram doutrinados e manipulados para servir um propósito geopolítico sobre o qual não tinham a mínima ideia. O que é preocupante é que a Tunísia serviu de plataforma de lançamento deste míssil da ‘liberdade’ que abre a porta aos anos de servidão voluntária".

O iconoclasta Mezri Haddad

“Alguns dedicam-lhe um ódio feroz, enquanto outros têm-no em grande estima. O facto é que os escritos e as declarações de Mezri Haddad nunca nos deixam indiferentes. Apenas com cinquenta anos, ele já ostenta uma vida intelectual e política muito rica, não só pela escrita, como também pela acção. Doutor em filosofia política pela Universidade de Sorbonne, jornalista durante muito tempo e universitário em França, ele tornou-se embaixador da Tunísia na UNESCO, no final de 2009, cargo do qual decidiu demitir-se na noite de 13 de Janeiro de 2011, logo após o último discurso de Ben Ali, tendo sido o único responsável tunisino a ter tal gesto antes da saída de Ben Ali.”

“Em 2002, ele apresentou o seu pensamento político num livro analítico e polémico, publicado em França sob o título ‘Cartago não será destruída’, um livro considerado precursor e visionário (contra “delenda esse Cartago”, de Cícero = Cartago deveria ser destruída). No seu novo livro, Mezri Haddad fez uma autópsia impecável à ‘primavera árabe’, e com argumentos notáveis, ele refuta a espontaneidade da ‘revolução Jasmi’", cujo efeito dominó sobre o Egipto, Líbia, Iémen e Síria levanta algumas interrogações.

“Para o autor, esta é uma revolta social autêntica e legítima, que foi disfarçada de insurreição política. Ele acusa claramente a administração americana e ao que ele chama o ‘Estado-Televisão do Qatar’, de serem os principais instigadores. Sem mergulhar na teoria do complô, Mezri Haddad pensa que essa conspiração contra a Tunísia, em nome da democracia, é parte de um plano estratégico americano, estabelecido pelos neo-conservadores e retomado na íntegra por Obama, desde a sua chegada à Casa Branca, para servir um desiderato geopolítico muito maior. Ele acusa o presidente americano de ser ‘um falcão com asas de pomba’ e alinha no mesmo diapasão do seu prefaciador, o grande pensador egípcio Samir Amin.”

“Graças à brecha aberta por uma revolução, da qual não fizeram parte, os islamistas voltaram em força, numa altura em que a sua influência estava em declínio. Será isso um efeito secundário? Mezri Haddad afirma que a intenção dos estrategas americanos era completamente contrária, pois eles tudo fizeram para ‘subverter’ o processo revolucionário. Como provas, ele argumenta que o Tio Sam decidiu, há muito tempo, jogar a carta do islamismo ‘moderado’ não só na Tunísia mas em todo o mundo árabe e muçulmano.”

“Escrito num estilo vivo e cristalino, a face oculta da revolução tunisina é um livro sem contemplações. Nem para os Estados Unidos, nem para França, cujo humanismo universalista se evaporou a favor de um atlantismo suicidário. Nem para o ‘Qatrael’, esse cavalo de Tróia ao serviço do império para destruir todos os estados nacionalistas…”

Os falsos profetas

No momento que lhe pareceu oportuno, e calculando que o “efeito jasmim” tinha chegado a Angola, sem a mínima satisfação às autoridades Angolanas, surpreendendo todos, a rádio Voz da América, fazendo jus ao modus operandi da grande potência unipolar, fez a rentrée espectacular do antigo programa da Vorgan, arranjado e retocado para Angola, o fantástico “Angola Fala Só”, depois de abandonada, há 19 anos, a plataforma em que as duas operavam sobrepostas na Base Aérea Militar Americana desdobrada no Botswana.

Alguns videntes observaram, pela sua bola de cristal, que o “efeito Jasmim” ia resultar de forma irreversível na “Primavera Bantu”, cujo epicentro de irradiação era Angola para toda a África Central. Que fazer com os falsos profetas?

Entendemos a posição dos responsáveis do INACOM que dizem (debate informativo com o tema “Rádiodifusão - Que Futuro Perante a Actual Proposta de Lei” – Rádio Eclésia, 04.06.2011) que “as emissões que sejam feitas a partir de fora, de outros pontos que não estejam dentro do território angolano, não estão sob jurisdição do Estado Angolano, como tal as entidades angolanas não têm qualquer autoridade sobre elas” – Dr. Lucas Kilundo.
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