sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Quem avisa... Carlos Rosado de Carvalho




A agência de rating Moody"s, especializada na atribuição de notas aos países e empresas em função da sua capacidade para reembolsarem os empréstimos, alertou esta semana para riscos de pagamentos e de instabilidade social em Angola. Os riscos são para levar muito a sério.

EXPANSÃO

O relatório de fundamentação do OGE refere que dos 3,225 biliões Kz necessários, 1,564 biliões Kz serão obtidos com recurso a empréstimos no estrangeiro e os restantes 1,660 Kz biliões serão financiados internamente, sem adiantar pormenores. O plano de endividamento do Estado para 2017 ainda não foi divulgado.
Ou seja, a boa execução do OGE 2017 vai depender da capacidade do Governo conseguir encontrar quem esteja disposto a emprestar dinheiro a Angola e que os empréstimos cheguem em tempo oportuno. Caso isso não aconteça, surgirão dificuldades de tesouraria, ou seja, o Governo terá problemas para fazer pagamentos, como alerta a Moody"s.
Com dificuldades de tesouraria, ou se corta na despesa ou se atrasa os pagamentos ou faz-se um pouco das duas coisas.
O governo não é o único responsável por eventuais problemas de pagamentos e instabilidade social. Teve a conivência da Assembleia Nacional que aprovou o OGE praticamente como o recebeu da Cidade Alta.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

A aterradora história do USS Indianapolis



No dia 16 de Julho de 1945, o Cruzador Americano Classe Portland USS Indianapolis deixou o porto de San Francisco na Califórnia, levando uma das menos desejadas cargas de todos os tempos: as peças principais e o Urânio enriquecido para a Bomba Atômica "Little Boy", lançada sobre Hiroshima algumas semanas depois. Com extremo cuidado, este belo navio lançado ao mar em 1930 levou um total de 10 dias para chegar ao seu destino final, em 26 de Julho de 1945, na pequena ilha de Tinian, no Arquipélago das Marianas, de onde o bombardeiro Enola Gay decolaria para uma das mais mortíferas missões já executadas. Após a "entrega", os 1.100 tripulantes do Indianapolis, incluindo seu capitão Charles Butler McVay III pareciam ter tirado um peso enorme de suas costas, e cumprindo ordens, chegaram à Ilha de Guam e fizeram troca de parte da tripulação. O cruzador deixou a ilha em 28 de Julho, seguindo para Leyte, nas Filipinas, onde esperariam pela aguardada ordem de invasão ao Japão.
Este alívio pode ter sido um dos principais motivos da tragédia que se seguiria. Durante seu trajeto de Guam até Leyte, o Capitão McVay manteve uma velocidade de 12 nós sem zigzag, deixando de realizar uma manobra básica para dificultar o lançamento dos torpedos japoneses na região. Mas às 00:14h do dia 30 de Julho de 1945 o submarino japonês I-58 percebeu a "displicência" de seu alvo e lançou 2 torpedos que atingiram o Indianapolis em cheio, afundando-o em 12 minutos. Cerca de 300 tripulantes morreram na hora, e os 800 restantes foram atirados ao mar, em pequenos botes ou apenas com seus coletes salva-vidas.
Mas foi ao cair na água que os marinheiros do USS Indianapolis perceberam que seu sofrimento tinha apenas começado. 30 minutos após o naufrágio foram avistados os primeiros tubarões, atraídos pela grande quantidade de sangue no mar, devido aos mortos e feridos no local. Desesperados, os marinheiros tentavam em vão afugentar os terríveis predadores, mas um a um marinheiros eram dilacerados pelos enormes peixes e arrastados para nunca mais voltar. Naquela primeira madrugada só se ouviam os gritos na escuridão, e ao nascer do Sol estima-se que mais de 100 marinheiros haviam sido devorados pelos tubarões.
Aguardando ansiosamente por um rápido resgate, os marinheiros tentavam resistir aos ataques, e esperavam não serem as próximas vítimas, imaginando que a ajuda chegaria rapidamente. Porém, a missão "atômica" do Indianapolis era tão secreta que poucos sabiam sua rota, e os náufragos do Indianapolis foram encontrados apenas 4 dias depois de forma totalmente acidental, pelo Tenente Wilbor Gwinn, durante um vôo de rotina.
Dos 800 tripulantes que haviam sobrevivido ao naufrágio, apenas 321 foram resgatados com vida. Cerca de 500 homens foram devorados pelos tubarões, ou sucumbiram à fome, sede e desidratação causada pela ingestão de água salgada. O desastre do Indianapolis não foi divulgado imediatamente pelo Exército Americano, que esperou o lançamento das bombas atômicas, e apenas no dia 15 de Agosto de 1945, logo depois do Presidente Truman anunciar ao mundo a rendição japonesa, a Marinha Americana anunciava a perda de um de seus principais navios no Pacífico.
O submarino japonês que afundou o Indianapolis rendeu-se em Setembro de 1945 e foi afundado pelos americanos em 1946, como alvo para exercícios militares.Este episódio é conhecido como o maior ataque de tubarões a seres humanos já documentado. Seria uma "punição divina" pela participação em uma das mais terríveis e covardes operações bélicas de todos os tempos ?
Na cidade de Indianapolis existe um Memorial ao navio batizado com seu nome, onde estão listados todos os mortos na tragédia. Uma lembrança de uma das mais aterrorizantes histórias da Segunda Guerra Mundial.

http://www.oarquivo.com.br/temas-polemicos/historia/326-a-aterradora-historia-do-uss-indianapolis-bomba-atomica-torpedos-e-muitos-tubaroes.html



sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Executivo esconde ao FMI dados sobre pagamentos em petróleo à China, diz economista Alves da Rocha

  


O economista Manuel Alves da Rocha disse hoje que o Governo esconde informação ao Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre a percentagem da exportação de petróleo que está reservada ao pagamento dos empréstimos da China.

LUSA
NOVO JORNAL

"Há quem diga que 50% da produção de petróleo está reservada para a China, mas não sabemos. Quando perguntei ao Ricardo Velloso (chefe das últimas missões do FMI ao país) o que se passa com os empréstimos da China, ele respondeu 'nós não sabemos porque o Governo não nos dá informação'", disse o economista angolano, durante uma apresentação sobre a economia angolana, que decorre hoje em Lisboa.
Relatando parte das reuniões anuais que o FMI faz em Luanda ao abrigo do Artigo IV das regras de funcionamento do FMI, que analisam a economia dos seus membros, Alves da Rocha disse que Ricardo Velloso contou que "quando vão nessas missões, a primeira semana em Luanda serve para tentar sensibilizar as autoridades para as informações de que necessitam".
Alves da Rocha disse que Ricardo Velloso, na reunião que manteve no CEIC, exemplificou com a Nigéria, país onde "o site fornece a informação necessária, e por isso as missões são muito mais rápidas", segundo o relato feito pelo líder de missão do FMI em Angola.
A China é o maior cliente de Angola no que diz respeito à exportação de petróleo, e os contratos estipulam que o pagamento pelos empréstimos é feito não em dinheiro, mas sim em petróleo, mas não há informação disponível sobre a percentagem ou o valor absoluto que fica especificado nos contratos.
"O FMI não sabe, e nós muito menos", concluiu Alves da Rocha, especificando que "o ponto é que quando se diz que Angola recebe 100 dólares do petróleo, não sabemos quanto desse valor vai para a China e quanto entra realmente nos cofres do Estado".
A China consolidou-se como um dos principais investidores do mercado angolano depois do fim da guerra civil no país, em 2002, impondo-se a investidores tradicionais como Portugal, o Brasil, a França e os Estados Unidos.
O valor dos empréstimos e das linhas de crédito concedidos pela China a Angola desde 2004 ascendem a 15 mil milhões de dólares, tal como revelou o Governo angolano em Novembro, no fórum de investimento Angola - China, que juntou 450 empresários chineses em Luanda.
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Sonangol: China recusou empréstimo de 5 mil milhões USD pedido por Isabel dos Santos



O economista Alves da Rocha revelou hoje, em Lisboa, que a China recusou emprestar 5 mil milhões de dólares à Sonangol, apesar das diligências da presidente do Conselho de Administração da petrolífera estatal, que até se deslocou a Pequim para tentar garantir o financiamento.

NOVO JORNAL

Falando na conferência "Angola, desafios e oportunidades face às mudanças em curso", co-organizada pela Associação Industrial Portuguesa e pelo Africa Monitor Intelligence, o director do CEIC - Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica analisou a situação da Sonangol, tendo em conta o seu impacto sobre a dívida pública.
Alertando para o risco de esse valor atingir 80% do PIB ao longo de 2017, Alves da Rocha lembrou que só a dívida pública da petrolífera angolana poderá "ascender a 9 mil milhões de dólares, segundo declarações públicas".
"Houve uma tentativa de solicitar financiamento da China, com Isabel dos Santos a ir à China para isso, mas aparentemente não teve sucesso", avançou o director do CEIC, citado pela agência Lusa.