quinta-feira, 30 de agosto de 2012

JOVENS PROTESTAM CONTRA A CNE ... E SOLTURA DOS COMPANHEIROS DETIDOS


A situação continuava tensa pelo fim da tarde nas imediações da 4ª Esquadra nas Ingombotas, onde se supõe que permanecem os jovens detidos pela polícia.
A polícia entretanto procedia ao ajuntamento de mais efectivos no local.

http://casanoticias.blogspot.com

Debaixo da sede dum conhecido banco comercial permaneciam concentrados mais duma centena de jovens, muitos deles sentados no passeio, determinados a permanecer, ficarem até que sejam soltos os seus companheiros de jornada.
Caminhavam de pulsos atados em fitas amarelas, como sinal de que partiam para o protesto sem violência.
A polícia interrompeu a marcha a bastonada. Há relatos de ter havido disparos de arma de fogo.
Os jovens foram detidos nas imediações da CNE, para onde se dirigiam para uma vigília pacífica.
Entre os detidos feridos está Rafael Aguiar que é o responsável máximo da juventude da CASA-CE.
A juventude protesta o modo como a CNE está a proceder ao credenciamento dos delegados de lista, considerado de atabalhoado...


Samakuva propõe adiamento das eleições e pede reunião urgente com Dos Santos


Comandante da PNA adverte contra "perturbações" das eleições e diz que a "polícia vai defender este Governo até às últimas consequências".
Redacção VOA, António Capalandanda
O presidente da UNITA, Isaías Samkuva, pretende reunir-se, com carácter urgente, com o presidente José Eduardo dos Santos, para lhe propor o adiamento das eleições.
Ao chegar a Luanda, regressado de uma digressão de campanha pelas províncias do planalto, o líder da UNITA disse que o pedido, relacionado com o desempenho da CNE na preparação das eleições, seria formalizado o mais rapidamente possível.
A UNITA disse à Voz da América ainda não ter resposta, mas a Polícia nacional, através do seu comandante, Ambrósio de Lemos, disse estar preparado para responder à "ameaça" da UNITA sublinhando que não permitiria perturbações do processo eleitoral.
"Somos uma instituição do Governo e a polícia vai defender este Governo até às últimas consequências e muito especialmente o seu líder, porque é um Presidente que está aqui, e não podemos permitir que qualquer pessoa de forma leviana desafie e insulte a mais alta entidade deste país", disse Lemos
Ontem, na cidade do Huambo, Samakuva dissera que se até quarta-feira à noite a CNE não divulgasse os cadernos eleitorais "não haverá eleições" a 31 de Agosto.
O politico, que falava durante um comício eleitoral que marcou o encerramento da  campanha da UNITA, disse que o prazo para a divulgação terminou e grande maioria dos eleitores não sabe ao certo se o seu nome consta mesmo do caderno eleitoral da mesa onde supostamente deverá votar.
“Estamos aqui com um problema. Se esses cadernos não aparecem não pode haver eleições. A lei é que diz isso,” sublinhou Samakuva.
O líder do maior partido na oposição não avançou a medida que seu partido irá tomar, caso a CNE não aceite as suas exigências, mas não descarta a hipótese de vir a impugnar as eleições.
“Se não andar bem, esta noite (quarta-feira) ou amanhã eu vou dizer aos membros da UNITA, aos militantes da UNITA e ao povo angolano aquilo que vamos fazer,” advertiu Isaías Samakuva, acrescentando que “a nossa exigência é o cumprimento da lei.”
Refira-se que prazo para a divulgação dos cadernos eleitorais, terminou em 31 de Julho. A CNE diz ter os cadernos eleitorais, mas não os divulga, contrariando o disposto no número 5 do artigo 86º da Lei Orgânica Sobre as Eleições Gerais.
Samakuva acusa ainda CNE de impedir que o seu partido que faça uma fiscalização célere da integridade das eleições.
“A lei diz que os delegados de listas devem ser credenciados 10 dias antes das eleições. Mas os delegados não foram credenciados e muitos estão a ser informados que os seus nomes não constam nos cadernos eleitorais e não podem ser delegados de listas.”

MIREX encerra embaixadas e consulados para garantir mais votos ao MPLA




Lisboa - Há mais de um mês que as embaixadas e consulados angolanos não funcionam"integralmente". Diplomatas, alguns funcionários locais e familiares utentes de cartão de eleitor foram pagos as passagens e receberam algum dinheiro para gastos correntes.

Fonte: Club-k.net
Uma fonte credível do MIREX adiantou ao Club-k.net que "foram disponibilizados acima de 5 milhões de dólares em nome do governo sem ter em consideração o número de embaixadas e consultados angolanos existentes".

Críticos sobre o processo eleitoral, contactados pelo Club-k, salientaram que a "posição do MIREX é outra evidência da fraude e debilidades existentes no processo eleitoral que o MPLA não quer admitir.

"É obvio, que os diplomatas, funcionários locais e familiares residentes no exterior foram pagos as passagens porque o MIREX suportado pelo MPLA têm garantias que todos eles depositarão o voto ao MPLA garantindo as posições que ocupam com o receio da mudança ou foram forçados a votar no MPLA".

Com esta acção, estamos perante uma grosseira debilidade da CNE, adiantou a mesma fonte em anonimato para logo a seguir questionar: "Como foi possível estes funcionários públicos e seus parentes que residem no exterior do país conseguiram obter os cartões de eleitor? Portanto, a justificação da CNE e do governo de que não existiam condições para a diáspora participar não passa de um pretexto maligno e fraudulento  com a intenção de excluir a voz daqueles que uma visão diferente ao do MPLA.

As nossas fontes não conseguiram apurar se a CNE esta ocorrente desta situação.

Igrejas e Estado em Moçambique após a independência. Canal de Opinião Por Eric Morier-Genoud



Genebra (Canalmoz) - O Prof. Dr. Luís Benjamin Serapião e João Cabrita debruçaram-se nas páginas centrais do Canal de Moçambique de 15 de Agosto de 2012 sobre o assunto das igrejas e do Estado em Moçambique.
Isto veio porque eles queriam contestar alguns elementos contidos na entrevista que eu dei ao mesmo jornal no mês anterior.
Agradeço o contributo destes dois intelectuais e aprecio o debate que emerge assim nas páginas da vossa publicação. Queria, no entanto, esclarecer, nas linhas a seguir, algumas minhas posições que me parece terem sido mal representadas assim como trazer algumas contribuições adicionais.
Para começar, o Prof. Dr. Serapião avança o argumento de que teria havido na história de Moçambique duas igrejas católicas, uma colonial e outra nacional/moçambicana. Concordo com esta análise no geral e acho que é  um ponto importante para bem entender a história da igreja no país e a força que ela teve antes e, ainda mais, depois da independência. Pois, se tivesse havido só uma igreja colonial, como teria a igreja conseguido continuar a existir depois de 1975?
Isto dito, discordo do Professor Serapião em relação a ideia que a ruptura entre a igreja colonial e a igreja nacional teria sido absoluta e perfeita com o advento da independência em 1975. Pode ser um bom argumento didáctico e talvez político, mas a verdade é muito mais subtil e complexa. Houve muitas rupturas com a independência, em particular nas relações de poder dentro da instituição católica, mas houve também muitas continuidades, sejam elas de pessoal, na maneira de operar, ou nas ideias e na teologia.
Por isso não me parece adequado afirmar que a igreja colonial desapareceu em Moçambique em 1975 e que só ficou uma igreja nacional que não gozou “de privilégios de qualquer sistema político no país”. Tal declaração dá a impressão de que a igreja nacional era uma igreja nova sem ligação nenhuma ao passado. Ora a igreja nacional desenvolveu-se dentro, e sob impulso, da igreja colonial; ela guardou elementos desta igreja após a independência (incluindo algum pessoal colonial e colonialista); e ela quis guardar todas as propriedades que a igreja colonial tinha recebido do poder português.
No seu texto, João Cabrita vai mais longe ainda ao argumentar que a igreja católica não tinha posição dominante antes da independência e ao recusar a ideia de que havia competição entre instituições religiosas antes de 1975 – ele diz que isto foi “algo inexistente”. Ignora, assim, a Concordata e o Acordo Missionário, vigentes até 1975, que faziam com que o Estado colonial pagasse salários a todos missionários católicos, entregasse terras gratuitamente às missões católicas, e pagasse viagens à Metrópole ao pessoal católico, entre outros benefícios. Ignora também a política concomitante e inversa, de oposição a todas outras instituições religiosas no país – protestantes, muçulmana, ziones, etc. – a quem o governo recusava personalidade jurídica e fazia tudo para impedir o seu progresso.
Para argumentar que não havia monopólio católico nem competição entre religiões, Cabrita dá o exemplo da comunidade muçulmana que o Estado português tentou atrair para a sua esfera de influência antes da independência, e o exemplo das Testemunhas de Jeová do Malawi que foram acolhidas pelo governo português no fins dos anos 1960, quando perseguidas pelo Presidente Banda.
Estes dois exemplos são bastante selectivos e apresentados de maneira muito parcial. Pois, se alguns muçulmanos foram efectivamente cooptados pelo poder colonial nos fins dos anos 1960 (após anos de discriminação), a verdade é que outros foram ao mesmo tempo presos, e alguns assassinados pela polícia política colonial, inclusive alguns Sheiks.[1] No que toca às Testemunhas de Jeová, o refúgio dado pelo poder colonial não pode ser usado como argumento de igualdade das religiões em Moçambique. Primeiro porque o refúgio dado a eles foi nas zonas fronteiriças a fim de criar uma zona tampão contra à entrada da Frelimo na Zambézia, uma vez que as Testemunhas de Jeová recusam-se (como sempre) a entrar em política. Segundo, este desenvolvimento aconteceu ao mesmo tempo que o poder colonial continuava a reprimir as Testemunhas de Jeová moçambicanas que eram vistas como subversivas por recusarem a dar apoio aos portugueses, fazer o serviço militar, e saudar a bandeira nacional, pois não queria entrar em política nenhuma.[2]
Se o período colonial não foi todo bonito, sem desigualdade e competição entre religiões, o período pós-independência também não foi todo feio. Não foi como o afirma Cabrita, anos onde a Frelimo tinha somente um “projecto de índole totalitária”. Quer se queira, quer não, a Frelimo só desencadeou uma luta aberta e total contra as igrejas a partir de 1978. É verdade que houve alguma luta contra instituições religiosas antes disso, mas não foi total e foi muita especifica e limitada – a Igreja Nazareno por causa de ligações à PIDE e ao imperialismo, às Testemunhas de Jeová por terem sido utilizadas pelos militares portugueses, etc. Não houve proibição de usar roupa religiosa em lugar público, não houve igrejas fechadas em massa, e não houve campanhas em prol do ateísmo como foi o caso entre 1978 e 1982. A viragem de 1978 tem a ver com o III Congresso onde o Partido e o Estado fundiram-se e com o afastamento dos elementos religiosos praticantes dentro da liderança da Frelimo, afastamento sem o qual a viragem não teria sido possível. [3]
Finalmente, João Cabrita afirma-se escandalizado pelo facto de eu ter afirmado que a situação religiosa no país é positiva hoje. Aliás, ele entende que dizendo isso, eu teria afirmado que o combate às religiões teria sido positivo. Há aí uma má interpretação, pois o que foi dito e escrito, e que confirmo uma vez mais, é que a situação religiosa actual no país é positiva e que as nacionalizações contribuíram para isto (não a repressão!). Temos que ver pois que, se não houvesse nacionalizações, a igreja católica teria continuado a controlar 90% das escolas no país como no tempo colonial (controlava 89.3% das escolas no país em 1964), e isto teria criado problemas num país independente onde aproximadamente 20% da população é católica, 20% é muçulmana, 30% é cristão não-católica, e a maioria adepta, parcial ou total, da religião tradicional. (Eric Morier-Genoud, Queen’s University Belfast)
[1] Edward Alpers, “Islam in the Service of Colonialism? Portuguese Strategy During the Armed Liberation Struggle in Mozambique”, Lusotopie 1999(Paris, Karthala, 1999), pp. 165–184; Michel Cahen, ‘Le colonialisme tardif et la diversication religieuse au Mozambique (1959–1974)’, Lusotopie 1998(Paris, Karthala, 1998), pp. 377–395; e Fernando A. Monteiro, O Islão, o Poder e a Guerra (Moçambique 1964–1974), Porto, Universidade Portucalense, 1993.
[2] Pedro Pinto, “Jehovah’s Witnesses in colonial Mozambique”, Le Fait Missionnaire. Social Sciences & Missions, No. 17, Dezembro de 2005, pp.61-123
[3] Eric Morier-Genoud, “Of God and Caesar. The Relation between Christian Churches & the State in post-colonial Mozambique, 1974-81”, Le Fait Missionnaire. Social Sciences & Missions, No. 3, 1996, Setembro de 1996; Eric Morier-Genoud, “L’Islam au Mozambique après l’indépendance. Histoire d’une montée en puissance”, L’Afrique Politique (Paris: Karthala, 2002), pp.123-146.

Porquê Guebuza odeia Facebook?



“O Facebook e o Twitter têm o potencial de se transformar em espaços geradores de representações, fábricas de sonhos inalcançáveis e de infinitas miragens e expectativas que podem levar à secundarização da cultura de trabalho, promovendo o espírito de mão estendida”, Armando Guebuza, Presidente da República, Chefe do Governo de Moçambique e presidente do Partido Frelimo

Maputo (Canalmoz) - O chefe de Estado moçambicano, Armando Emílio Guebuza, tem uma aversão assumida às redes sociais, nomeadamente o Facebook, que é a maior rede social usada em Moçambique.
Há poucos meses, Guebuza discursando na sessão do Comité Central da OJM, lançou fortes ataques contra os utilizadores da rede social Facebook, apesar dele também possuir uma página naquela rede que em todo o mundo se estima que tem mais de 800 milhões de utilizadores.
“O Facebook e o Twitter têm o potencial de se transformar em espaços geradores de representações, fábricas de sonhos inalcançáveis e de infinitas miragens e expectativas que podem levar à secundarização da cultura de trabalho, promovendo o espírito de mão estendida”, disse na ocasião o chefe de Estado moçambicano que é simultaneamente chefe do Governo e presidente do partido Frelimo.
O chefe de Estado tem motivos de sobra para ter aversão por esta rede social, porque efectivamente são jovens os seus principais utilizadores, que por sinal são adversos a seguir políticas impostas à força.

Quem usa Facebook em Moçambique

O Facebook é usado em Moçambique um pouco por todas as pessoas. Mas os utilizadores mais activos são jovens de classe média e com visão intelectual. São pessoas com formação superior, na sua maioria, que discutem de uma forma profunda assuntos relevantes do país, desde económicos, sociais e políticos.
No Facebook fazem-se revelações de factos históricos comprovados por documentos.
No Facebook, jovens moçambicanos encontram-se com jovens de diferentes países onde discutem ideias sem censura, sem restrições, sem custos elevados.
No Facebook, moçambicanos com experiência e conhecimento comprovado, vivendo no exterior por diversas razões, discutem ideias de forma aberta com os moçambicanos que estão no país.
Alguns documentos e imagens que mostramos neste artigo foram extraídos do Facebook e o seu conteúdo e valor são de preocupar qualquer líder de um regime que adoptou a mentira e falsidade como modelo para manter o povo a que pertence, desinformado.
Aliás, a lição já foi aprendida a partir da chamada Primavera Árabe, onde o Facebook foi um dos principais motores usado pelos jovens para se rebelar contra os regimes ditatoriais. Foi assim na Tunísia, Egipto, Líbia… Em todos eles, os regimes colapsaram.
Importa referir que o próprio cidadão Armando Guebuza é utilizador do Facebook, como o são muitos estadistas um pouco por todo o mundo. Apesar de não gostar desta rede social, Guebuza possui uma conta no Facebook, com 5.073 seguidores até o dia 21 Agosto de 2012. A página do estadista moçambicano geralmente anda desactualizada. Só escreve assuntos previamente apresentados à sociedade seja em discursos ou em despachos presidenciais. Por exemplo, até à terça-feira desta semana, a página do chefe de Estado não tinha nenhuma actualização por ele escrita, nos seis meses deste ano. Só estavam lá mensagens de cidadãos diversos que escreveram para o chefe de Estado apresentando diversas questões, mas sem resposta.

  Desmontada mais uma grande mentira da Frelimo  
Declaração da fundação da Frelimo em Acra publicada no Facebook

O documento revela o verdadeiro local, a verdadeira data e os verdadeiros fundadores da FRELIMO e está devidamente assinado
Um jovem moçambicano a viver nos Estados Unidos, de nome Miller Matine, publicou há semanas no Facebook, um documento autêntico que se não deita abaixo toda a versão do regime sobre a fundação da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), pelo menos cimenta as dúvidas que existem sobre a história oficial desta organização que está no poder desde a Independência Nacional.
O documento é a declaração da fundação da FRELIMO em Acra, capital de Ghana, no dia 02 de Fevereiro de 1962. De três parágrafos, o documento é assinado pelos representantes da MANU e UDENAMO, nomeadamente: Mateus Michangi Mole (presidente da MANU); Lourenço Milinga (secretário Administrativo da MANU); Hlomulo Chitofo Guambe (Presidente da UDENAMO) e; Calvino Zaqueu Maxayeye (Secretário Nacional da UDENAMO).
Nos três parágrafos deste documento escrito lê-se o seguinte:
“No final da conferência dos combatentes pela libertação em Acra, os delegados das organizações nacionais de libertação moçambicana, nomeadamente União Nacional Democrática de Moçambique UDENAMO, União Nacional Africana de Moçambique, (MANU), encontraram-se para discutir o objectivo da união das duas organizações políticas, numa frente comum com o objectivo de combater o colonialismo português e o imperialismo em Moçambique.
A 02 de Fevereiro de 1962, o povo moçambicano, o povo africano e o mundo testemunharam o desejo do povo moçambicano de formar uma frente unida conhecida como Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO).
Os membros da UDENAMO e MANU presentes são automaticamente membros da Frelimo. Em adição a estes, Frelimo aceitaria indivíduos, grupos, associações, sociedades de cariz político e não político organizadas por moçambicanos a serem membros, contanto que tais indivíduos e organizações aceitassem o objectivo da Frelimo que era a libertação total de Moçambique via luta armada”
Este documento gerou debates acérrimos sobre a veracidade da história de Moçambique. São debates participados por gente séria e formada, participado de forma alargada que nenhum meio de comunicação social moçambicano, seja rádio, jornal ou televisão, seria capaz de organizar. Surgiram centenas de comentários a criticar a mentira da história de Moçambique e claro, houve alguns que tentavam justificar porquê os moçambicanos foram ensinados desde sempre que a FRELIMO fora fundada a 25 de Junho de 1962, em Dar-Es-Salam, na Tanzania, por Eduardo Mondlane.
Jovens com formação superior admiravam-se do conteúdo daquele documento. Em todos os anos de formação nunca tinham ouvido falar dele. Pessoas como o vice-ministro das Pescas, Gabriel Muthisse, e o historiador moçambicano, Egídio Vaz, participam nesses debates, conferindo seriedade do assunto.

Samora Machel foi membro n.º 66.186 da FRELIMO
Igualmente no Facebook foi publicado o cartão de membro da FRELIMO, de Samora Machel. Como pode ser visto aqui, leva o número 66186, emitido em Dar-Es-Salam, a 22 de Fevereiro de 1965. Foi assinado por Silvério Nungo, então Secretário Administrativo da FRELIMO.
O cartão publicado na rede social gerou longo debate com centenas de comentários. Muitos jovens questionaram como Samora se tornaria no Presidente do Movimento e primeiro Presidente de Moçambique, se afinal se tornara membro efectivo da FRELIMO em 1965. Muitas hipóteses foram levantadas. Entre elas houve quem disse que Samora teria promovido matança dos seus superiores hierárquicos para chegar ao cargo. Um dos nomes citados como tendo sido vítima dele foi Filipe Samuel Magaia, natural de Mocuba, que então era Chefe da Defesa, cargo que Samora viria a ocupar após a morte de Samuel Magaia, acumulando também com o de Segurança. Assim passou a ser chefe de Defesa e Segurança.

Carta de Uria Simango sobre a situação sombria da Frelimo
Ainda no Facebook foi publicado um documento escrito pelo Reverendo Uria Simango, descrevendo a situação sombria em que a Frelimo vivia no momento, em 1969, após o assassinato de Eduardo Mondlane. Eis um extracto documento:

“A morte de Silvério Nungu”

“De que eram frequentes mortes a sangue frio e deliberados assassinatos no nosso exército, era assunto de aquecidas discussões dentro e fora da FRELIMO. Os desertores sempre disseram que isto estava sendo feito e os chairmen de Cabo Delgado levantaram o assunto como a maior razão da sua exigência de secessão. Os nossos oficiais militares sempre recusaram as alegações e isto criou duas linhas diferentes de opiniões. Toda a gente procurou pelas evidências. A morte do camarada Nungu deu uma luz para toda a questão, e ficou provado que todas as alegações eram verdadeiras.
Ninguém é contra a aplicação da pena capital para aqueles que o merecem, aqueles que colaboram ou são nossos inimigos. Mesmo assim, cada caso deve ser examinado cuidadosamente e ver-se se a necessidade de dar tamanha punição é justa ou não, pois doutra forma torna-se vandalismo. Em relação aos assassinos dos camaradas Filipe Magaia, Mateus Muthemba, Paulo Samuel Kamkhomba e Silvério Rafael Nungo, os seus assassinos deviam ser punidos de modo devido, nenhuma piedade deve ser mostrada aos envolvidos, por serem realmente inimigos da revolução e do povo moçambicano.
Em fins de Fevereiro e começos de Março deste ano, depois da morte do Dr. Mondlane, anterior presidente da FRELIMO, algumas pessoas oriundos do sul do país, entre os quais Samora Moisés Machel, Joaquim Chissano, Marcelino dos Santos, Armando Guebuza, Aurélio Manave, Josina Abiatar Muthemba, Eugénio Mondlane e Francisco Sumbane, tiveram várias encontros em casa de Janet Rae Mondlane, na Baía das Ostras. Esta última também tomou parte nas reuniões. Estudaram as circunstâncias que envolveram a morte do Dr. Mondlane como membro da sua tribo, e a questão de quem o teria morto. Janet informou os presentes que Filipe Magaia, Sansão Muthemba e o Dr. Mondlane tinham sido mortos por gente do norte (da Beira ao rio Rovuma) porque estavam contra nós, os do Sul. Corrigiram-na, sendo-lhe dito que a morte de Magaia tinha sido perpetrada por uma pessoa do Sul e não do norte. Discutiram também a forma de defenderem e salvaguardarem os interesses da gente do sul.
Ficou assente nas reuniões que Uria Simango, Silveiro Nungu, Mariano Matsinhe e Samuel Dhlakama eram seus inimigos e deviam, portanto, ser eliminados. Esta decisão foi criticada por dois homens idosos, Francisco Sumbane e Eugénio Mondlane, primo do falecido presidente. Insistiram que todos deviam cooperar e trabalhar com Simango e que o contrário era tribalismo. O seu conselho não foi seguido. Foi decidido que durante a reunião seguinte do Comité Central, devia-se tomar algumas acções. Se for impossível persuadir Simango e Nungu a deslocarem-se ao interior, devia-se usar a força (rapto). Marcelino alertou os presentes de que matar Simango neste momento, poderia produzir maus efeitos porque ele era conhecido internacionalmente, contudo, concordou em matar Nungu, e eliminar politicamente Simango no campo internacional, numa primeira fase
Depois de em Julho receberem a informação da morte de Nungu, discutiram como proceder para a liquidação dos restantes, sendo a vítima seguinte Simango. Foi decidido que os membros do Concelho Presidencial deviam ir ao interior do país separadamente para inspeccionarem o trabalho em três províncias onde estamos empreendendo a luta armada, Cabo Delgado, Niassa e Tete. -”Se Simango for não voltará, será o seu fim” -declararam Samora e Marcelino dos Santos”.
Esta é apenas uma parte do documento de 18 páginas escrito por Uria Simango e publicado no Facebook. Depois seguiu-se um longo e continuo debate sem restrições, onde as pessoas dizem o que lhes vai na alma.
Muitos dos utilizadores do Facebook fazem-no via telemóveis com acesso à Internet, o que permite estender a rede dos utilizadores a milhares de jovens que não tendo computador com acesso à Internet, têm um celular com pelo menos 10 meticais de crédito para entrar na Internet.

Artigos de jornais replicados no Facebook

Textos publicados em jornais independentes com pouca tiragem são replicados no Facebook através de scanners e debatidos por milhares de pessoas. Moçambicanos no exterior sem acesso aos tais artigos que são publicados em jornais impressos, pessoas que vivem em zonas onde os jornais não chegam, pessoas sem posse para comprar jornais, passam a ter acesso aos artigos via Facebook.
Por exemplo, a recente entrevista concedida pelo Professor António Francisco ao Semanário Canal de Moçambique foi replicada em diversas páginas de Facebook e comentada por milhares de pessoas.
Assim, o Facebook se torna num espaço de debate de assuntos relevantes, que moldam jovens através de revelações que seriam quase impossíveis em jornais ou outros meios de comunicação social.
O Facebook não tem limite de tiragem nem tempo limitado de noticiário. Não é censurável. A pessoa basta entrar, lê tudo o que quiser e expõe as suas ideias livremente. Assim se explica como um líder com tendências ditatoriais tem aversão a esta rede social. (Borges Nhamirre in Canal de Moçambique)