segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

O desaparecimento de Kamulingui e Cassule foi dos maiores atentados, à nossa liberdade


e aos nossos direitos de cidadãos, cometidos neste ano. O Regime diz que não sabe onde estão, os seus cidadãos, tão pouco saberão, quem lhes levou.
Alguém quer mostrar, a todos nós, que pode fazer das nossas vidas, o que quer, a qualquer hora e em qualquer sítio, com toda impunidade.
O nosso medo lhes DARÁ mais razão para agirem assim. O nosso silêncio lhes DARÁ mais força.
O que eles querem é o nosso MEDO ou nosso SILÊNCIO.
Mas Os JOVENS, saíram pra rua, corajosamente, pra dizer: Basta. Foram reprimidos e alguns detidos. Mas foram libertados.
É preciso mais solidariedade com as causas nobres, porque são de todos nós.
Bem-haja esta JUVENTUDE. Viva a Liberdade Viva a Justiça.
In Bloco Democrático Angola

domingo, 30 de dezembro de 2012

(Plágio, o exemplo da criminosa mediocridade humana.) Plágio no Club-K


O texto "Cabinda (re)afirma direito à independência", hoje publicado no Club-K, é um plágio integral do que foi publicado no meu livro "Cabinda - ontem protectorado, hoje colónia, amanhã Nação", editado em 2011.

Apesar de ter chamado a atenção do Club-K, nada foi feito para alterar o crime cometido. É lamentável. Quer os leitores do portal quer os Cabindas mereciam mais respeito.



        Orlando Castro
     Jornalista (CP 925)
A força da razão acima da razão da força
http://www.altohama.blogspot.com
http://www.artoliterama.blogspot.com

Compreenda por que a Índia trata tão mal suas mulheres


Muitos a chamaram de "coração valente" ou "filha da Índia". Mais do que motivar uma onda de orações e protestos em todo o país, a estudante de 23 anos morta no sábado após ser estuprada por seis homens em um ônibus em Nova Déli fez o país se perguntar: "Por que a Índia trata tão mal as suas mulheres?".
 
TERRA.COM.BR
 
No país, não são raros os casos de aborto de fetos femininos, assim como os de assassinato de meninas recém-nascidas. A prática levou a um assombroso desequilíbrio númerico entre gêneros no país.
As que sobrevivem enfrentam discriminação, preconceito, violência e negligência ao longo da vida, sejam solteiras ou casadas. TrustLaw, uma organização vinculada à fundação Thomson Reuters, qualificou a Índia como o pior lugar para se nascer mulher em todo o mundo. E isso se dá em um país no qual a líder do partido do governo, a presidente da Câmara de Deputados, três importantes ministras e muitos ícones dos esportes e dos negócios são mulheres.
Crimes em alta
Apesar do papel mais importante desempenhado pelas mulheres no país, crimes de gênero estão em alta na Índia. Em 2011 foram registrados 24 mil casos de estrupo - 17% só na capital, Nova Déli. O número é 9,2% maior do que no ano anterior.
Segundo os registros policiais, em 94% dos casos os agressores conheciam as vítimas. Um terço desses eram vizinhos. Parte considerável era de familiares.
E não se tratam apenas de estupros. Segundo a policía, o número de sequestros de mulheres aumentou 19,4% em 2011 (em relação ao ano anterior). O aumento dos casos assassinato foi de 2,7%, nos de torturas, 5,4%, nos de assédio sexual, 5,8%, e nos de violência física, 122%.
Discriminação mortal
Segundo Amartya Sen, prêmio Nobel de Economia de 1998, mais de 100 milhões de mulheres desapareceram ou foram mortas em todo o mundo vítimas da discriminação. De acordo com os cálculos dos economistas Siwan Anderson e Debraj Ray, mais de dois milhões de indianas morrem a cada ano: cerca de 12% ao nascer, 25% na infancia, 18% em idade reprodutiva e 45% já adultas.
O estudo mostrou que mais mulheres morrem na Índia por ferimentos do que por complicações no parto. E esses ferimentos seriam um indicador da violência de gênero.
Outro dado estarrecedor é o de 100 mil mulheres mortas por queimaduras. Segundo os dois economistas, boa parte delas são vítimas de violência relacionada ao pagamento de dotes matrimoniais. Não raro, os agressores queimam as mulheres.
Sociedade patriarcal
Para os analistas, é preciso uma mudança estrutural nas atitudes da sociedade para que as mulheres sejam mais aceitas e tenham mais segurança na Índia. O preconceito de gênero é reflexo de uma sociedade de tradição patriarcal, ainda mais forte no norte do país.
Para os manifestantes que saíram às ruas após o estupro da jovem estudante de medicina, os políticos, inclusive o primeiro-ministro Manmohan Singh, não são sinceros quando prometem leis mais duras contra a violência de gênero.
Eles ainda questionam o fato de que 27 candidatos nas últimas eleições regionais eram acusados de estupro. Além disso, seis deputados respondem pelas mesmas acusações.
Imagem: Milhares saíram às ruas em protesto pacífico em memória à vítima de um estupro coletivo em Nova Délhi
Foto: Reuters

Islamitas degolam 15 cristãos na Nigéria


Um grupo de islamitas degolou 15 cristãos na região nordeste da Nigéria, informou uma fonte dos serviços de emergência locais.
 
http://noticias.terra.com.br
 
"Segundo as informações que recebemos, os criminosos entraram em algumas residências e mataram 15 pessoas que estavam dormindo", disse a fonte, que pediu anonimato. As autoridades haviam informado no sábado o ataque, executado na sexta-feira em Musari, mas com um balanço de cinco mortos e sem revelar outros detalhes.
Musari se encontra nos arredores de Maiduguri, reduto do grupo islâmico Boko Haram. O tenente-coronel Sagir Musa, porta-voz militar na região, disse neste domingo que manteve o saldo de cinco mortos e disse que alguns foram mortos com tiros e outros foram atacados com facões.
Referindo-se às vítimas, uma fonte que pediu anonimato disse que "incluem um guarda de trânsito e 14 civis. As vítimas foram escolhidas porque eram todos cristãos, alguns dos quais haviam se mudado para outras partes da cidade devido aos ataques do Boko Haram".
Os moradores suspeitam que os agressores são membros de Boko Haram. "Os agressores entraram silenciosamente em casas cujos moradores eram cristãos", disse um vizinho. Estima-se que os ataques do Boko Haram já deixaram mais de 3.000 mortos na Nigéria desde 2009.
A Nigéria, o país mais populoso da África e um grande produtor de petróleo, está dividida entre o norte predominantemente muçulmano e o sul predominantemente cristão.
Imagem: ultradownloads.com.br

Raquel Varela. “Um dos grandes objectivos da troika é aproximar-nos da China”



A investigadora defende que os portugueses pagam os direitos sociais nos impostos e que parte desse dinheiro é desviado
O livro sobre quem paga o Estado social coordenado pela historiadora Raquel Varela tem tido uma recepção desigual: bem aceite pelo público, é normalmente ignorado pelos economistas que dominam o debate em Portugal. A obra contraria a tese muito em voga de que o nosso problema é que os pobrezinhos comeram muitos bifes. Nas suas páginas fazem-se contas e chega-se à conclusão de que alguém ficou com o dinheiro dos nossos impostos.

Por Nuno Ramos de Almeida

http://www.ionline.pt/portugal/raquel-varela-dos-grandes-objectivos-da-troika-aproximarmo-nos-da-china

Estamos perante uma obra política ou um livro científico?
É um estudo académico que calcula da forma mais exacta possível, com os dados que existem, a relação entre gastos sociais do Estado e os impostos pagos pelos assalariados. O livro é fruto de um trabalho que não inclui só economistas; colaboram nele historiadores, um filósofo, um físico e um médico. Creio poder dizer com o apoio de todos que é um livro que assume uma posição clara de desmontar a chantagem política feita sobre os trabalhadores ao propagar a ideia de que andaram a viver acima das suas possibilidades. É um livro académico com consequências políticas.
O discurso dominante afirma que há um esgotamento deste modelo da segurança social e que a alteração da pirâmide etária faz com que o actual nível de reformas seja insustentável.
Isso não é de maneira nenhuma verdade. Nós provamos que de acordo com os números existentes os trabalhadores pagam com os seus impostos os gastos sociais do Estado. A outra questão é a razão por que chegámos aqui. Aquilo que aconteceu foi uma permanente transferência de recursos, desde o início do advento das políticas neoliberais em Portugal. O neoliberalismo caracteriza-se pelo modelo just in time: não há stocks de mercadorias nem de força de trabalho. A força de trabalho tem de ser precária e estar permanentemente móvel. O neoliberalismo surge como reacção à crise de 1981-84, que foi uma das maiores crises cíclicas do capital, que teve efeitos explosivos. Em Portugal assiste- -se ao esforço para diminuir os stocks da força de trabalho. Desenrolam-se um conjunto de processos negociais em que parte crescente da força de trabalho mais velha é enviada para a reforma antecipada, o que vai ter um peso enorme sobre a Segurança Social. Estas reformas antecipadas são na realidade despedimentos encapotados em que as empresas não pagam a indemnização e endossam esse custo à Segurança Social. A utilização da Segurança Social como uma espécie de fundo de despedimento das empresas privadas representa um grande rombo para esta. Parte significativa da força de trabalho mais velha e com mais direitos é empurrada para a reforma, sendo substituída por um contingente de trabalhadores subcontratados e sem direitos.
Esse processo não merece a contestação dos sindicatos?
Durante muito tempo as organizações dos trabalhadores, nomeadamente as da CGTP, reagiram a esse processo. O primeiro acordo de empresa que é feito nesse sentido é na Lisnave. Só após três anos com salários em atraso é que os sindicatos aceitam assinar esse compromisso que vai consagrar uma divisão da força de trabalho em que os novos trabalhadores entram subcontratados e sem direitos. Durante 30 anos assistimos ao desenrolar deste processo, aquilo que muda em 2008, a maior crise desde 1981-84, é que a solução que os governos escolheram para sair desta crise passa pela transformação de todos assalariados em força de trabalho precária. Uma política que defende que as exportações só podem tornar-se competitivas com a queda abrupta dos salários, o que tem como consequência a quebra da procura interna. Esta política aumenta a conflitualidade entre os próprios capitalistas e nos partidos no poder: quando se aumentam as exportações, a Portucel ganha, mas o Belmiro de Azevedo e o Continente perdem.
Se os trabalhadores pagam a sua reforma e gastos sociais com os seus impostos, como é que se acumula e cresce o défice e a dívida do Estado?
O défice e o crescimento da dívida devem--se a outros factores que não estão incluídos nos gastos sociais. Nestes gastos estão os gastos que consideramos sociais e outros gastos do Estado. Aquilo que se tem de ver é que dos gastos totais do Estado há muita coisa que não tem a ver directamente com gastos sociais. Por exemplo, o serviço da dívida não pode ser em grande parte imputado a gastos com os trabalhadores e a sua manutenção.
E quais são os gasto que para vocês são considerados sociais?
Nós retiramos dos gastos sociais, por exemplo, o serviço defesa, que consideramos um gasto do Estado mas não um gasto social. Saúde, educação, desporto, cultura, transportes públicos e Segurança Social foram as grande parcelas que incluímos. Também incluímos a mão-de-obra da Segurança Social. Chegamos à conclusão de que somados os gastos e as contribuições sociais e impostos arrecadados há muitos anos que há superavit, há alguns anos que há um défice ligeiro, mas isso é independente da acumulação da dívida do Estado, que na nossa opinião se deve a transferências em massa, a partir de 2008, para salvar o sector financeiro, nomeadamente o caso mais óbvio do BPN. Têm de se acrescentar a isso os gastos crescentes nas parceiras público--privadas. Este tipo de negócios e decisões não é inocente. Nós mostramos, por exemplo, que desde que existem os hospitais empresas, que são hospitais públicos com gestão privada, se verifica que a diminuição dos salários de médicos e enfermeiros é idêntica àquilo que é gasto na subcontratação externa de serviços a privados. Outra coisa que pomos em dúvida são determinados programas que estão contabilizados como gastos sociais mas que são subsídios directos às empresas privadas, como por exemplo o Estado pagar parte do ordenado de trabalhadores que estavam desempregados que são contratados por empresas privadas. Outra coisa que analisamos, em relação à sustentabilidade da Segurança Social, é a transferência de fundos de pensões privados para o Estado. Aparentemente quando são transferidos esses fundos de pensões da banca da PT parecem capitalizados, mas ninguém garante a sustentabilidade desses fundos nos próximos dez ou 20 anos.
Mas vocês fazem estas contas agora. Com a evolução da pirâmide demográfica e com a subida previsível do desemprego não tornam crescentemente deficitária a Segurança Social?
Neste momento ela não é deficitária, mas se me perguntar se uma sociedade aguenta ter mais de um milhão e quatrocentos mil desempregados por muito tempo, tenho muitas dúvidas. E não se trata só do equilíbrio financeiro da Segurança Social. Portugal com este nível de desemprego não é sustentável do ponto vista económico, social e político. Chegamos a um nível de desenvolvimento da humanidade em que o problema do emprego tem de ser equacionado de outra forma: andamos na auto-estrada e pagamos as portagens numa máquina, o mesmo fazemos em relação às compras no supermercado, o metro de Turim anda sem condutor... Chegamos a um nível de desenvolvimento tecnológico que naturalmente acarreta um patamar de desemprego estrutural se nós não mudarmos a nossa forma de viver. Temos de criar uma sociedade em que toda a gente trabalhe menos horas, mas que trabalhe. Se a única coisa que fazemos é formar engenheiros para construírem máquinas que vão substituir o trabalho de milhares de pessoas estamos a cair num buraco negro em que temos máquinas de um lado e desempregados do outro. Em nenhum sítio é possível aguentar a Segurança Social e a sociedade nestas condições.
Com a privatização dos serviços públicos, o aumento dos transportes e dos custos de educação e saúde, quanto diminui na prática o salário real das pessoas?
Não sei. Não fizemos estes cálculos. Já vi números muito variados em relação a isso. Na diminuição da massa salarial há os cortes de salários, há os cortes por via dos aumentos de impostos e há o aumento das despesas das pessoas devido ao recorte das políticas sociais do Estado. Obviamente que isto implica um valor elevado, mas ainda não está avaliado.
A vossa tese opõe-se à ideia de que as pessoas viveram acima das possibilidades e afirma que o dinheiro colectado aos trabalhadores foi desviado para outros gastos?
Temos um superavit na maior parte dos anos e o governo nunca explicou o que fez com esse dinheiro. Se temos um défice brutal do Estado, conclui-se que alguém andou a viver acima das suas possibilidades. Agora parece evidente é que não foram os trabalhadores que pagaram impostos. Na nossa opinião uma das explicações da existência desses défices é a dívida pública como mecanismo de renda fixa de capital.
Mas essa dívida não pode resultar da suborçamentação do Estado? Se nas empresas de transportes as indemnizações compensatórias não pagam a diferença entre o custo do serviço e o que paga o utente, não há aqui uma transferência dos custos sociais do Estado para a acumulação da dívida?
Nós não fazemos as contas da dívida pública portuguesa neste livro. Temos alguns artigos em que se aborda o mecanismo que permitiu a criação desta dívida em geral, como é que a dívida se transforma em renda privada. Não contabilizamos isso no livro. Aí só contabilizamos gastos sociais em relação às contribuições e impostos pagos pelos trabalhadores. Acerca da dívida, aquilo que concluímos é que, se os trabalhadores pagam tendencialmente mais do que recebem em serviços sociais, temos de ir procurar outras razões para explicar a acumulação do défice. Para isso damos um conjunto de pistas: as parcerias público- -privadas, o crescimento dos encargos financeiros da própria dívida pública...
Mas questões como a compra de habitação própria não podem ser vistas como motivo de endividamento?
Se nós tivemos de nos endividar nos últimos 20 anos para compra de habitação isso não significa que tenhamos vivido acima das nossas possibilidades, mas abaixo delas. Os salários portugueses mantiveram-se tão baixos nos últimos 20 anos que as pessoas para resolverem este direito básico que é a habitação tiveram de se endividar. O neoliberalismo nem o direito básico da habitação conseguiu resolver. Das duas uma: ou nós insistimos que as pessoas são umas perdulárias que quiseram ter casa própria – mais de 70% dos portugueses são proprietários de casa própria para a qual a grande maioria teve de se endividar aos bancos – ou podemos dizer que os portugueses têm salários tão baixos que tiveram de se endividar para conseguir comprar casa.
Mas isso não teve consequências no próprio endividamento dos bancos, que para emprestarem esse dinheiro se endividaram na banca estrangeira?
Penso que o mais importante está no endividamento dos particulares para garantir os lucros do sistema financeiro e das grandes construtoras nacionais, cujo processo de acumulação de capital resultou desse endividamento forçado das famílias para resolver o direito básico de ter uma habitação. Esse processo não resolveu o problema das famílias portuguesas, que todos os dias, com o aumento do desemprego, arriscam ser despejadas. Temos de assumir que não andamos a viver acima das nossas possibilidades, mas pelo contrário vivemos num sistema económico que nem o problema da habitação consegue resolver.
E neste sistema económico era possível resolver o problema da habitação de outra maneira?
Não acredito, mas isso está no domínio da futurologia, posso estar absolutamente errada. Os historiadores marxistas estão sempre a anunciar crises terminais que nunca o são. Aquilo que eu tenho lido é que se não tivesse havido um socorro enorme ao sistema financeiro estaríamos numa crise muito semelhante à Grande Depressão de 1929, embora nós vivamos um processo substancialmente diferente devido à globalização da economia. A interdependência dos mercados é hoje infinitamente superior. Se a crise teve as consequências que teve, revoluções e contra-revoluções durante dez anos, eu não sei que consequências teria tido esta sem as medidas que foram adoptadas. Agora salvar o sistema financeiro teve um preço que é a situação de barbárie social que vivemos.
Umas das observações que se fazem nesta crise é que se dá uma alteração no eixo da economia, que os países desenvolvidos estão a descer a sua importância enquanto os emergentes estão a crescer. Diz-se também que o modelo de desenvolvimento dos países desenvolvidos não é sustentável do ponto de vista ecológico. Se todos os habitantes do planeta tivessem um nível de vida de um português a Terra entraria em colapso. Não é possível dizer que vivemos desse ponto de vista acima das nossas possibilidades?
É preciso ter cuidado com todas essas chamadas teorias do decrescimento. Dizer que um país vive acima das suas possibilidades não é correcto do ponto de vista histórico. Num país há pessoas que vivem acima das suas possibilidades e outras que não. A mim parece-me que é claramente o caso europeu. Por exemplo, culpabilizar todos os alemães é uma deriva nacionalista. Os trabalhadores alemães têm os seus salários congelados nos últimos dez, 15 anos por causa deste processo. Do meu ponto de vista, não devemos fazer esta afirmação em relação aos países no seu todo, mas em relação às classes sociais. Portugal é o segundo país mais desigual da Europa, depois do Reino Unido, e esta crise é acompanhada pelo um aumento exponencial do consumo de bens de luxo, mas não se pode daí concluir que todos os portugueses estejam implicados nisso. Nós não temos um consumo excessivo, temos é um consumo exagerado de hidratos de carbono, temos um consumo deficitário de legumes frescos com nutrientes, temos um consumo exagerado de transportes individuais e um consumo deficitário de transportes colectivos. Ou seja, o problema do consumo não é abstracto, concretiza-se numa sociedade que é desigual. Há sectores que consomem muito e outros muito pouco e há coisas que se consome muito e outras muito pouco. Tem de haver uma elação saudável do homem, da economia e da natureza, mas não pode haver a ideia de um regresso a um passado mítico em que estaríamos em harmonia com a natureza.
Aquilo que eu lhe pergunto é diferente, se os padrões de consumo da sociedade industrial não têm de pressupor desigualdade: porque se todos tivéssemos no planeta acesso a estes consumos normais nos países desenvolvidos a Terra não o suportaria.
A sustentabilidade deve ter por base uma análise criteriosa daquilo que consumimos a mais e daquilo que consumimos a menos. Nós consumimos muitas coisas a menos. Consumimos a menos alimentos biológicos, cultura de qualidade, transportes públicos, bicicletas não poluentes. Podia estar a tarde toda a dar exemplos. Mais que uma crítica do consumismo em abstracto temos de nos centrar numa análise daquilo que devemos e podemos consumir em concreto.
Fala de um processo de globalização. No seu entender ele é positivo ou negativo?
O processo de globalização que vivemos é um processo de globalização imperialista. Era bom que recuperássemos a esse respeito este conceito que os cientistas sociais têm tido medo de usar. Embora recentemente nas discussões de instituições internacionais como a OIT (Organização Internacional do Trabalho) haja alguns autores que recuperam estes conceitos. É óbvio que esta globalização nos trouxe coisa de que nós gostamos: conhecer os outros povos, a sua cultura, a sua comida, consumir os seus produtos, etc. Isto tem sido feito através de um processo muito desigual e que vai produzindo desigualdades. Ao mesmo tempo que aos trabalhadores chineses é entregue uma guia para trabalhar 16 horas por dia por dois dólares, sem que se lhes permita levar a família e sem assistência social – estou a citar números oficiais usados por um historiador chinês –, temos um dos maiores processos de acumulação de capital nos Estados Unidos devido a esta divisão de trabalho que torna a China a fábrica do mundo. Esta desigualdade não é aceitável. Estou convencida que um dos grande objectivos do programa da troika é aproximar-nos da China. O capitalismo chinês tem um problema imenso que deriva de viver da exploração da mais-valia absoluta, o que significa que um trabalhador chinês dá mais--valia devido ao aumento da exploração do trabalho. Para isso é necessário manter o elevado número de horas da jornada de trabalho. Enquanto um trabalhador americano rende pela mais-valia relativa. Ele trabalha meia hora para si e as outras sete horas e meia são para o capital, enquanto um trabalhador chinês é muito menos produtivo. Para acumular o mesmo capital na China é preciso muito mais trabalhadores. A jornada de trabalho é maior por causa disso. Com um aumento de salário na China de 10% deixa de compensar as empresas estrangeiras estarem lá. Esse aumento de salário tem um efeito muito maior na diminuição da acumulação de capital que um mesmo aumento num país com uma grande produtividade. Nos últimos anos tem havido aumentos salariais na China fruto das greves. É possível que a burguesia europeia pense que a forma de resolver esta crise é tentar fazer uma China aqui perto, contornando os problemas que têm tido no processo de acumulação chinês.
Isso significa o quê?
Diminuir o nível salarial dos trabalhadores europeus e reindustrializar a Europa. Quando a chanceler Angela Merkel falou na hipótese de reindustrializar Portugal era isso que estava a propor. Por um lado, a utilização dos países do Sul da Europa como uma espécie de nova China, por outro o roubo de cérebros e licenciados para os países do centro da Europa e a Alemanha.
Mas essa deslocação não enfrenta alguns constrangimentos, nomeadamente os linguísticos, que impedem essa flexibilidade do mercado de trabalho em termos europeus?
Nós temos hoje um milhão e trezentos mil licenciados em Portugal, e a mão- -de-obra na Europa é altamente qualificada. É tão proletarizada como era nas fábricas. Neste momento um investigador em Portugal ganha muito menos que um operário alemão. É um novo proletariado qualificado. É mais produtivo que o tradicional. O que eu faço hoje com um computador exigia há poucos anos dezenas de pessoas. Todo o processo de Bolonha visou criar as condições para a deslocação na Europa desta nova mão- -de-obra extraordinariamente produtiva. Cada vez mais a língua é o inglês, há cada vez mais empresas que não trabalham na sua língua nacional. Estão-se a criar condições para ter um mercado de trabalho à escala continental. É por isso que a nossa precarização vai ser o enterro dos direitos sociais dos trabalhadores alemães. O que se prepara é que de hoje para amanhã os trabalhadores qualificados do Sul ocupem por um salário muito mais baixo o lugar de um trabalhador alemão. É este o objectivo da política da troika.

Luanda: Preços elevados ensombram quadra festiva


Os preços dos bens de primeira necessidade e outros estão cada vez mais altos com a chegada da época festiva
Agostinho Gayeta VOA
Um Natal feliz e uma óptima passagem de ano é o desejo superior de muitas famílias angolanas que ao seu jeito e com recursos que possuem prepararam e procuram viver de forma intensa os últimos dias do ano de 2012, mas nem todos podem materializar este desejo por falta de recursos financeiros.

Luanda vive dias de alguma agitação nas principais zonas comerciais e supermercados. Em causa está a necessidade de adquirir bens de primeira necessidade e não só, para passagem de uma óptima quadra festiva em companhia de familiares e amigos.
Os preços dos bens de primeira necessidade e outros no mercado, tanto formal como paralelo estão cada vez mais altos com a chegada da época festiva e alguns cidadãos com pouco recursos financeiros vêm-se cada vez mais incapazes de adquirirem bens essenciais para passar uma quadra festiva em condições minimamente aceitáveis. As razões são várias e vão desde a falta do subsídio de Natal, o baixo rendimento mensal e principalmente a subida de alguns produtos elementares.

Bens elementares como os do géneros alimentício, bebidas, roupas, calçados, brinquedos para crianças, entre outros, constam entre os que preços mais dispararam, segundo opinião de consumidores entrevistados em zonas como os mercados dos Congolenses, São Paulo e locais adjacentes caracterizados como pontos fortes da urbe no que toca o comércio.

O apelo dos nossos entrevistados que se mostraram preocupados com a situação vai para baixa de preços por um lado, por outro, para um consumo e gastos controlados tendo em conta o mês de Janeiro que se avizinha, mes este considerado por muitos como sendo de fome.

O sociólogo João Paulo Ganga fala da necessidade do estado preparar antecipadamente a época natalícia. Para o também docente universitário a especulação de preços deve-se ao empobrecimento da família. Neste sentido o academico apela ao executivo a repensar a convivência familiar aumentando a capacidade aquisitiva dos cidadãos.

Celso Malavoloneke, docente universitário, diz que o aumento da capacidade aquisitiva da família não se compadece com a quantidade de dinheiro à sua disposição. O também jornalista defende que o estado devia criar condições para que a oferta estivesse à altura da procura no mercado.

Mas em Luanda não são apenas os bens de primeira necessidade cujos preços subiram nesta quadra festiva. Há cerca de duas semanas houve escassez de gás butano. A Sonangol estava como problemas na distribuição do produto devido às más condições de acesso à sua central de gás na capital. A situação originou a subida do preço do produto, devido à incapacidade de satisfação da procura.

Nos últimos dias registou-se uma subida vertiginosa no preço pela corrida de taxi, de cem para trezentos kwanzas.
A subida dos preços da corrida de taxi, segundo os taxistas, deve-se aos congestionamentos, à manutenção das viaturas e ao mau estado das vias rodoviárias.
A polícia económica está a desenvolver desde o passado dia 26 de Novembro um plano operativo de combate à especulação de preços. Dezenas de infractores já foram detidos, julgados e condenados.

O Ministério da Administração Pública Emprego e Segurança Social já chamou atenção à todos empregadores em relação as multas altas pelo incumprimento da lei e promete mão pesada para quem transgredir.
Venceslau de Matos o director provincial de Luanda da administração pública emprego e segurança social.

O João Paulo Ganga entende que a época festiva em Angola deva ser aproveitada como oportunidade de trabalho e de coesão nacional.
Na sua análise mais profunda da situação, o Sociólogo afirma que se regista no país cada vez mais um empobrecimento da família angolana. Nesta medida o docente universitário critica os baixos subsídios de Natal proporcionado por algumas empresas, mas alerta para o mau exemplo que tem sido o estado angolano no que concerne o pagamento de dívidas com as empresas privadas.

Diferente dos outros anos, na capital do país, do ponto de vista do embelezamento das ruas e avenidas, este ano, registam-se poucas iniciativas, mas há uma enorme procura de produtos elementares nos mercados.

sábado, 29 de dezembro de 2012

PRS apela executivo a tomar medidas adequadas para esclarecer o desaparecimento de kassule e Kamolingue


Senhor Secretário Geral,
Senhores Membros do Conselho Político e do Comité Nacional,
Senhores Membros do Secretariado Executivo Nacional,
Estimados Militantes,
Estimados Convidados e Membros dos Órgãos de Comunicação Social,
Minhas senhoras e meus senhores;

Queremos agradecer a vossa presença nesta cerimónia e dizer que encontramo-nos aqui não para fazermos um discurso político, mas para felicitarmos a todos os presentes que se dignaram em responder positivamente ao nosso convite.

Por norma as cerimónias do fim de ano são momentos de reencontro de pessoas com os mesmos interesses, familiares ou institucionais, para o balanço do trabalho realizado ao longo do ano que termina.
Como Partido devemos fazer o balanço do trabalho realizado:

• O Partido empenhou-se na mobilização e sensibilização dos cidadãos que resultou no ingresso de centenas de pessoas nas fileiras do Partido como militantes;
• O Partido engajou-se afincadamente na preparação e realização das conferências municipais e provinciais que culminou com a realização do III Congresso do Partido;
• O PRS contribuiu na elaboração do Projecto da Lei Orgânica sobre as eleições gerais em Angola;
• O Partido deu o seu contributo nas questões de interesse Nacional no quadro da Assembleia;
• Estivemos fortemente empenhados na recolha das assinaturas com vista à inscrição do Partido no Tribunal Constitucional e consequente participação nas eleições de 2012;

Sobre a nossa participação nas eleições de 2012, em que o Partido não conseguiu superar ou manter o 3º lugar que ostentava desde 1992, somos apologistas de que é incorrecto procurarmos um bode expiatório para ser sacrificado pelo fracasso, muito menos devemos perder completamente o ânimo de continuarmos o combate porquanto perdemos apenas uma batalha. Ficar parado chorando pelo leite derramado não é apanágio de um político profundamente comprometido com a causa a que se propôs defender.

Entendo que devemos todos nós, militantes, dirigentes e toda a família PRS, mais do que nunca, levantar a cabeça e, de braços dados, marcharmos para frente a busca da nossa dimensão política que tende a perder-se e consequentemente a reconquista da nossa posição no xadrez político angolano.

Reconhecemos que o resultado do balanço que fazemos neste momento, não é o que esperámos; Contudo, se todos nos empenharmos nas tarefas do Partido, a análise será positiva nos próximos tempos.

Não gostaria de terminar sem dizer que não nos cansaremos a apelar ao governo no que diz respeito às questões sociais vitais para o homem e essas dizem respeito à questões ligadas à saúde, educação, habitação, água e energia. Nestes sectores existem lacunas que, com urgência, precisam ser ultrapassadas, sob pena do nosso povo continuar condenado ao sofrimento perpétuo.

Relativamente à segurança dos cidadãos, continuamos a receber informações sobre sequestros de pessoas para lugares incertos, sobretudo em Luanda, nomeadamente o caso dos jovens kassule e Kamolingue, que a polícia alega não ter recebido nenhuma queixa da família, o que não deixaria de ser uma preocupação adicional.

Neste sentido, chamamos à atenção do executivo para tomar medidas que se mostrem eficazes para inverter a actual situação.

O registo de altas taxas de sinistralidade rodoviária nas ruas das cidades e estradas do País, deve-se à ingestão de bebidas alcoólicas, para se evitar a perda de vidas humanas e diminuir o seu índice.

Como perspectivas para 2013, iremos:

• Continuar com a tarefa com a tarefa de reorganizar as estruturas de base do Partido em todo o território nacional;
• Preparar e capacitar os militantes e quadros visando uma participação exitosa nas eleições autárquicas previstas para 2015; esse trabalho deverá ser levado a cabo pelo Partido no decurso dos anos subsequentes;
• Paralelamente a esse trabalho, o Partido deverá começar, já em 2013, a preparação das próximas eleições gerais de 2017;
• O Conselho Político e o Comité Nacional deverá criar as condições materiais, financeiras e técnicas para a reunião a reunião dos secretários provinciais;
• O Partido deverá trabalhar numa proposta de institucionalização do Tribunal Eleitoral que se encarregaria da resolução dos diferendos resultantes dos pleitos eleitorais.

Termino desejando festas felizes, prospero ano novo, pedindo que controlem as emoções e evitem os excessos.

Convido aos presentes para um brinde à nossa saúde, paz e harmonia na acção.

Muito obrigado.

LUANDA, 28 DE DEZEMBRO DE 2012

Satélite angolano vai custar mais de 400 milhões de dólares


Rússia vai ter controlo enquanto Angola treina quadros

Arão Ndipa VOA

Um satélite angolano a ser lançado para o espaço dentro de três anos vai custar pouco mais de 400 milhões de dólares .
As autoridades consideram o investimento como algo que vai mais do que compensar o país mas alguns especialistas questionam como vai ser garantida a manutenção do referido satélite, por causa da escassez de mão-de-obra nacional.

O coordenador do projecto Alcides Safeca disse contudo que quadros estão já a ser formados na Rússa e o docente universitário Carlos Baptista considerou que as universidades angolanas vão ter que se concentrar na formação de especialistas do ramo.

Quando se entra neste campo não se pode desistir, disse o docente.

A construção do satélite está a cargo de um consórcio russo liderado por uma multinacional de larga experiência na produção de satélites e foguetões em diversos programas internacionais.

O satélite tem um período de vida de 15 anos e vai fornecer serviços de suporte às telecomunicações electrónicas incluindo a prestação de serviços em banda larga e de televisão.

O projecto, “de iniciativa presidencial”, prevê a construção de duas estações uma na Rússia e outra em Angola. Isto via permitir uma intervenção russa no controlo e comando do satélite sempre que se mostre necessário enquanto angola cria autonomia neste domínio.

Carlos Baptista fez notar os benefícios que vão ser adquiridos pelo aumento da capacidade de acesso por todos a serviços que fazem uso da tecnologia de informação.


Ouça a reportagem com entrevista com o engenheiro Alcides Safeca, coordenador do projecto e o docente universitário, Carlos Baptista.

ANGOLA FALA SÓ - Bonga: "É triste ver artistas bajuladores e lambe-botas"


VOA
O cantor angolano Bonga lamentou que alguns artistas angolanos sejam bajuladores do poder. "É muito triste ver os lambedores de botas... os bajuladores", disse o popular cantor, respondendo aos ouvintes do programa Angola Fala Só, da Voz da América.

Autor de 450 canções em dezenas de albuns publicados ao longo de 40 anos de carreira, Bonga disse que os bajuladores "existem em todas as profissões e existem na nossa também".

Afirma que "eu não sou bajulador" e manifesta-se disponível para trabalhar com todos em Angola, desde que o convidem e lhe paguem pelo seu trabalho.

Bonga defende que "devemos reivindicar aquilo a que temos direito" e que "Temos que ter democracia à nossa maneira, sem atropelos. Exigimos às autoridades que estejam em sintonia com o seu povo".

Bonga exortou os angolanos a defenderem activamente sua cultura, dizendo: "Não queremos combater outras culturas; queremos afirmar a nossa... Quando as misses estão a desfilar, ponham música de Angola; nos casamentos, toquem música de Angola. Há um esforço a fazer, a nível nacional, para promover a cultura angolana".

"Temos que nos re-encontrar em volta daquilo que faz parte da nossa expressão cultural", adiantou, insurgindo-se contra a pirataria a qual prejudica os músicos que vivem do seu trabalho.  "Há muita gente que cauciona a pirataria", disse, notando, todavia, que foi iniciado um combate à mesma. "Temos que a combater", frisou.
Imagem: africasounds.com

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

China estabelece regras mais rigorosas para controle da internet


China aumentou nesta sexta-feira as restrições ao acesso à internet, exigindo que usuários se identifiquem perante os provedores e legalizando a eliminação de posts ou páginas com "informação ilegal".

http://noticias.terra.com.br

As medidas são parte de um pacote que, segundo a agência estatal Xinhua, têm como objetivo "aumentar a proteção de informações pessoais e resguardar interesses públicos e a segurança nacional".
Mas críticos dizem que o objetivo do governo é limitar a liberdade de expressão, num país em que comumente sites são bloqueados e conteúdos monitorados. O anúncio desta sexta é visto como indicativo de que a recém-escolhida nova liderança chinesa vê a internet como uma ameaça.
Em meses recentes, a web e mídias sociais foram usadas para organizar protestos, e casos de corrupção dentro do Partido Comunista foram expostos por indivíduos em páginas da internet.
'Identificação genuína'
As novas medidas formalizam uma regra que exige que usuários que se cadastrem para acessar a internet forneçam a seus provedores "informações genuínas de identificação", informa a Xinhua.
Esse registro de "nome verdadeiro" vigora desde 2011, mas até agora não vinha sendo completamente implementado.
E provedores também serão forçados a "imediatamente interromper a transmissão de informações ilegais assim que estas sejam identificadas", apagando posts, mas arquivando-os para "reportá-los às autoridades supervisoras".
Imagem: anovaordemmundial.com