O economista Manuel Alves da Rocha
disse hoje que o Governo esconde informação ao Fundo Monetário Internacional
(FMI) sobre a percentagem da exportação de petróleo que está reservada ao
pagamento dos empréstimos da China.
LUSA
NOVO JORNAL
"Há quem diga que 50% da produção de petróleo está
reservada para a China, mas não sabemos. Quando perguntei ao Ricardo Velloso
(chefe das últimas missões do FMI ao país) o que se passa com os empréstimos da
China, ele respondeu 'nós não sabemos porque o Governo não nos dá
informação'", disse o economista angolano, durante uma apresentação sobre
a economia angolana, que decorre hoje em Lisboa.
A intervenção do director do CEIC - Centro de Estudos e
Investigação Científica da Universidade Católica de Angola passou em revista os
principais problemas de Angola, um país que está "numa situação muito
complicada", disse, nomeadamente no que diz respeito à economia e
finanças.
Relatando parte das reuniões anuais que o FMI faz em Luanda ao
abrigo do Artigo IV das regras de funcionamento do FMI, que analisam a economia
dos seus membros, Alves da Rocha disse que Ricardo Velloso contou que
"quando vão nessas missões, a primeira semana em Luanda serve para tentar
sensibilizar as autoridades para as informações de que necessitam".
Alves da Rocha disse que Ricardo Velloso, na reunião que manteve
no CEIC, exemplificou com a Nigéria, país onde "o site fornece a
informação necessária, e por isso as missões são muito mais rápidas",
segundo o relato feito pelo líder de missão do FMI em Angola.
A China é o maior cliente de Angola no que diz respeito à
exportação de petróleo, e os contratos estipulam que o pagamento pelos
empréstimos é feito não em dinheiro, mas sim em petróleo, mas não há informação
disponível sobre a percentagem ou o valor absoluto que fica especificado nos
contratos.
"O FMI não sabe, e nós muito menos", concluiu Alves da
Rocha, especificando que "o ponto é que quando se diz que Angola recebe
100 dólares do petróleo, não sabemos quanto desse valor vai para a China e
quanto entra realmente nos cofres do Estado".
A China consolidou-se como um dos principais investidores do
mercado angolano depois do fim da guerra civil no país, em 2002, impondo-se a
investidores tradicionais como Portugal, o Brasil, a França e os Estados
Unidos.
O valor dos empréstimos e das linhas de crédito concedidos pela
China a Angola desde 2004 ascendem a 15 mil milhões de dólares, tal como
revelou o Governo angolano em Novembro, no fórum de investimento Angola -
China, que juntou 450 empresários chineses em Luanda.
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