A Universidade Católica de Angola, mais uma vez,
prestou um serviço de utilidade Pública, merecendo o direito à outorga deste
Estatuto pela pertinência e eficácia do seu trabalho em prol de um país mais
justo, eficiente e sem distorções, ao publicar o Relatório Económico de Angola
2016, elaborado pelo Centro de Estudos e Investigação Científica, CEIC.
CORREIO ANGOLENSE
Este relatório é o resultado de um trabalho de
profunda análise e pesquisa da realidade económica angolana, tendo em conta os
aspectos mais relevantes das dinâmicas do sistema económico e conta com o apoio
do Reino da Noruega.
A apresentação foi feita pelo Dr. Alves da
Rocha, Director do CEIC, tendo provocado uma enorme preocupação face à
confirmação do agravamento da situação financeira do país, que não permite
fazer um prognóstico optimista até 2021, com a certeza reiterada da falta
estrutural de divisas, exíguas receitas fiscais, aumento da dívida pública,
medíocre crescimento do PIB, falência de muitas empresas pela incapacidade de
importar, incremento do desemprego e uma taxa de inflação que se manterá nos
dois dígitos.
A esperança da diversificação da economia
nacional foi derrotada à nascença e por isso foi retirada do Relatório pela
ausência de relevância e por não ter produzido quaisquer factos que permitissem
continuar a avalia-la ou que suscitassem novidade tendo em conta que não se
registou nenhuma evolução, digna de registo, na intenção de diversificar o que
quer que fosse nos últimos três anos.
Em substituição foi criado um capítulo sobre a
Desigualdade que é uma matéria de profunda preocupação pois está directamente
relacionada com o fraco desempenho da nossa economia e foi feita a inclusão do
capítulo sobre Agricultura que é um sector chave para a criação de soluções
referentes à diversificação da economia e à redução da desigualdade.
Foi feito uma balanço do desempenho económico em
Angola referente ao período 2004/2008 onde se registou um crescimento
superior a 11% ao ano mas que não foi capaz de combater a pobreza tendo em
conta que o processo não é automático. A informação institucional tem feito
sucessiva referência a um aumento anual do emprego em Angola, mesmo no actual
período em que o crescimento económico acontece no sentido inverso ao esperado,
o que é uma impossibilidade manifesta em Teoria económica e traduz uma
preocupante inconsistência dos dados estatísticos oficiais.
A economia angolana está em recessão desde 2014
nunca assumida pelo governo que de forma infantil se atreveu a defender, na
Assembleia Nacional, que apenas tinha havido um “abrandamento”. Este ano o INE
publicou a informação de que em 2016 o PIB tinha crescido menos 3,6%, tendo
posteriormente retirado esta informação do seu site, pelo embaraço que esta
informação terá provocado, demonstrando que há falta de seriedade por parte de
quem faz constantemente avaliações isentas de rigor.
Foi prestada a informação de que a possibilidade
de se reverter o actual quadro apenas seria possível no caso de existir vontade
política para implementar as reformas estruturais necessárias nos domínios da
produtividade, competitividade, diversificação, eliminação do excesso
burocracia promotora da corrupção, inovação e melhoria do ambiente de negócios.
De forma categórica foi feita a crítica ao
governo angolano por preferir contratar, reiteradamente, consultorias externas,
em detrimento das Universidades angolanas que deviam assumir um papel
preponderante na elaboração de Estudos sobre assuntos de interesse nacional
enquanto centros de produção científica e de capital académico.
Há que felicitar o Governo angolano pela
periódica publicação das contas públicas nacionais que permitem que
instituições como o CEIC possam aferir conclusões com base em dados oficiais o
que impede os ataques e as interpretações eivadas de prepotência contra todos
aqueles que ousam equacionar os problemas nacionais sem qualquer tipo de
maquiagem.