A vida é difícil
para os albinos em toda a África, mas especialmente na Tanzânia, cuja população
tem uma proporção anormalmente elevada de albinos -15 vezes maior que a média
mundial-. Na melhor das hipóteses, eles são discriminados pela falta de cor; na
pior, são caçados por sua carne, resultado de crenças supersticiosas centenárias.
Os cientistas
ainda não foram capazes de explicar claramente por que nessas áreas o
percentual de albinos é tão alto. Mas parece haver, pelo menos, um par de
razões para este fenômeno. Em primeiro lugar, há o efeito “fundadores”. Os
cientistas acreditam que a Tanzânia e África Oriental pode ser o berço da
mutação genética que cria o albinismo.
Em segundo lugar,
os albinos são tratados como párias da sociedade e por causa da discriminação e
exclusão social, pessoas com albinismo tendem a se casar com outro, o que
aumenta a probabilidade de que os filhos também sejam albinos.
Os assassinatos de
albinos são relatados em uma dúzia de países africanos, desde a África do Sul
até o Quênia, mas eles são piores na Tanzânia do que em qualquer outro lugar.
Mais de 100 albinos foram violentamente atacados no país nos últimos anos, 71
morreram e 31 escaparam, embora a maioria tenha sido de uma forma ou outra
mutilado. Os ataques são tão descarados que o governo abriu escolas para as
crianças albinas para a sua própria proteção.
O elevado número
de “consumidores de albinos” no mercado negro parece regulamentado,
literalmente! Pelo menos há cinco séculos existe uma crença de que o corpo
albino é a cura, e os “caçadores” vendem seus corpos ou partes para feiticeiros
ou charlatães pelo equivalente ao que um tanzaniano médio recebe de salário em
dois anos.
A demanda por
albinos aumentou drasticamente depois da propagação da AIDS na Tanzânia. Há uma
crença local de que a ingestão de órgãos genitais secos elimina a doença.
Até recentemente,
a caça aos albinos era pouco ou nunca punida: muitos desses coitados eram
apenas declarados “desaparecidos” com a conivência da força policial local -há
mesmo uma crença comum que os albinos não morrem, eles desaparecem como
fantasmas-. Mas a opinião pública ocidental, indignada com as práticas brutais
na Tanzânia, forçou as autoridades locais, que ainda relutam em assumir a busca
e punição dos canibais.
A maioria dos
tanzanianos não entende, por exemplo, que albinos devem proteger sua pele
pálida, com mangas compridas, chapéus e protetor solar para evitar o câncer de
pele, que mata 98% dos albinos da Tanzânia antes de chegarem ao seu 40º
aniversário.
E se já não
bastasse serem caçados como bichos, sua pele e olhos são particularmente sensíveis
à luz ultravioleta, então é bem comum que quase 60% deles fique sem a visão
entre os 16-18 anos, o mesmo percentual tem chance de desenvolver câncer de
pele até os 30
Nas salas de aula,
os professores muitas vezes desconhecem que albinos têm problemas de visão que
os impede de ler como as outras crianças, os alunos albinos muitas vezes ficam
para trás na escola por ignorância do próprio professor.
Menos mal que o
Ministério da Educação da Tanzânia providenciou uma introdução ao albinismo
para os professores de escolas públicas e professores da faculdade. E no ano
passado, a Liga Internacional das Sociedades Dermatológicas começou a oferecer
roupas, chapéus e protetor solar para albinos na África Oriental.
Em 2009, a
Tanzânia viu o primeiro julgamento dos assassinos de um albino. Três homens
pegaram um garoto albino de 14 anos de idade, e esquartejaram em pequenos
pedaços para vender como medicamento. O tribunal condenou os criminosos à morte
por enforcamento.
A partir disso, os
canibais se tornaram mais inventivos: deixaram de cometer assassinatos de
albinos e agora “apenas” cortam seus membros. Mesmo que o autor seja capturado,
eles serão capazes de evitar a pena de morte e enfrentarão penas de apenas 5-8
anos por lesão corporal grave
Nos últimos três anos,
pelo menos 90 albinos tiveram algum membro amputado e 3 deles morreram em
decorrência disso.
Aumentar a
qualidade e expectativa de vida desta gente sofrida por meios de medidas se
saúde não parece muito difícil: basta um protetor solar e usar óculos de sol.
Entretanto o estigma do albinismo deve demorar mais tempo a dissipar.
Imagem:
http://www.buzz.axz.in/2013/07/a-triste-historia-dos-albinos-da-tanzania.html
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