domingo, 21 de julho de 2013

Portugal terá menos gente a trabalhar do que no tempo de Salazar


Previsões estão afetadas por uma "incerteza particularmente elevada, associada aos recentes desenvolvimentos internos", avisou ontem o BdP.
O período do programa de ajustamento da troika apagou do mercado de trabalho cerca de 500 mil empregos, sendo que já este ano Portugal terá menos pessoas empregadas do que em 1960. E em 2014 a situação deve piorar novamente. A destruição de emprego atingirá este ano proporções históricas: deverá cair 4,8% em 2013, o maior recuo anual desde 1960, pelo menos.
De acordo com o boletim económico de verão do Banco de Portugal, ontem divulgado, a transformação estrutural em curso, feita, sobretudo, com base na destruição do tecido produtivo mais virado para o mercado doméstico, irá colocar o número de empregos nos 4.432.000 este ano e 4.375.000 no próximo, abaixo dos valores do início da década de 60 do século passado (4.465.000 em 1960, por exemplo), estava o ditador António Oliveira Salazar no poder.
O mínimo histórico neste mais de meio século em análise aconteceu em 1986, ano da entrada do país na então CEE (hoje União Europeia) e depois de dois ajustamentos estruturais do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Portugal “precisa de mais investimento e exportações para sair da crise”, disse ainda ontem o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, mas à luz do que se perfila no investimento privado, a situação está cada vez mais sombria.
A recessão prevista para este ano pelo Banco de Portugal é ligeiramente mais leve do que a projetada pelo Governo, com o investimento a tombar quase 9% (depois de ter afundado 14,5% em 2012). Relativamente a 2014 o banco central admite que a reforma do Estado a começa a fazer estragos na retoma frágil, embora a instituição sublinha que só pode ser este o caminho para a confiança e para reduzir a incerteza, que bloqueia o financiamento da economia.
Imagem: Carlos Costa, governador do BdP
D.R.

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