Previsões estão afetadas por
uma "incerteza particularmente elevada, associada aos recentes
desenvolvimentos internos", avisou ontem o BdP.
O período do programa de ajustamento da troika apagou
do mercado de trabalho cerca de 500 mil empregos, sendo que já este ano
Portugal terá menos pessoas empregadas do que em 1960. E em 2014 a situação
deve piorar novamente. A destruição de emprego atingirá este ano proporções
históricas: deverá cair 4,8% em 2013, o maior recuo anual desde 1960, pelo
menos.
De acordo com o boletim económico de verão do Banco
de Portugal, ontem divulgado, a transformação estrutural em curso, feita,
sobretudo, com base na destruição do tecido produtivo mais virado para o mercado
doméstico, irá colocar o número de empregos nos 4.432.000 este ano e 4.375.000
no próximo, abaixo dos valores do início da década de 60 do século passado
(4.465.000 em 1960, por exemplo), estava o ditador António Oliveira Salazar no
poder.
O mínimo histórico neste mais de meio século em
análise aconteceu em 1986, ano da entrada do país na então CEE (hoje União
Europeia) e depois de dois ajustamentos estruturais do Fundo Monetário
Internacional (FMI).
Portugal “precisa de mais investimento e
exportações para sair da crise”, disse ainda ontem o ministro da Economia,
Álvaro Santos Pereira, mas à luz do que se perfila no investimento privado, a
situação está cada vez mais sombria.
A recessão prevista para este ano pelo Banco de
Portugal é ligeiramente mais leve do que a projetada pelo Governo, com o
investimento a tombar quase 9% (depois de ter afundado 14,5% em 2012).
Relativamente a 2014 o banco central admite que a reforma do Estado a começa a
fazer estragos na retoma frágil, embora a instituição sublinha que só pode ser
este o caminho para a confiança e para reduzir a incerteza, que bloqueia o
financiamento da economia.
Imagem: Carlos Costa, governador do BdP
D.R.
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