Nada como um bom susto para pôr as
pessoas a pensar, a agir e a correr. Finalmente, percebeu-se que as receitas do
petróleo deixarão de ser eternas, ainda que se mantenham, felizmente, por mais
um bom par de anos. Só que não com a mesma dimensão.
E a esperança da diversificação
acelerada estava no seu financiamento através das receitas petrolíferas.
ALVES DA ROCHA
EXPANSÃO
Agora - como de resto afirmei já numa crónica
neste semanário de Janeiro do corrente ano - é que pode ser a grande
oportunidade para uma diversificação séria da economia.
Vai-me dizendo a experiência de tantos
anos na investigação desta matéria que há uma boa e uma má diversificação. A
boa é a que se centra num modelo de competitividade de altos salários e elevada
produtividade.
É o modelo que funciona em contextos de
economias abertas e de globalização crescente das forças produtivas nacionais.
A má diversificação é alicerçada em salários baixos, produtividades
incompetitivas e num mercado doméstico fechado e protector de interesses das
elites económicas e políticas.
A mais-valia retirada é à custa da
exploração da força de trabalho, impreparada para resistir a estratégias
empresariais de obtenção de lucro fácil e rápido. Um ponto essencial para o
sucesso de um processo de diversificação da economia é o mercado.
Não havendo mercado com dimensão
adequada, é impossível chegar a uma situação em que os sectores de enclave
tenham uma representação relativa no Produto Interno Bruto menos demolidora.
São, via de regra, apontados dois modelos de diversificação económica.
Um acentua a substituição das
importações como a melhor forma para reequilibrar a estrutura do PIB. O outro
centra a alteração da estrutura produtiva na abertura da economia e no fomento
das exportações. São duas perspectivas muito diferentes.
A promoção das exportações tem na
concorrência internacional a sua força-motriz, enquanto a substituição das
importações elege a protecção (aduaneira e mesmo não aduaneira) como o factor
essencial para o lançamento de novas actividades produtivas.
A concorrência internacional incentiva o
investimento, a inovação, os ganhos de produtividade, a aprendizagem e a
adopção de novas tecnologias. Mesmo em contextos mais adversos, como o da
economia angolana, saída de um longo conflito militar devastador e arrasador, a
abertura económica tem enormes vantagens, necessitando, obviamente, de certas
medidas de apoio e enquadramento.
A substituição de importações, como
estratégia de crescimento económico, foi utilizada por alguns países - dentre
eles, determinadas economias hoje desenvolvidas - em fases especiais do seu
processo de desenvolvimento. Uma das medidas de combate contra os efeitos da
grande depressão económica de 1929-33 usadas pelas economias mais avançadas da
época foi a do levantamento de barreiras alfandegárias para protecção das
indústrias nacionais da concorrência externa. Já a mitigação dos efeitos
perversos da II Guerra Mundial foi a razão.
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