A intenção deste post não é falar mal da
Polícia Nacional de
Angola, mas tão somente a de lamentar que se chegue a este ponto onde a
falta de confiança nela por parte da população é tão aguda, tão profunda, que
quando estes se apresentam para "resolver" um problema bicudo, são
rechaçados com pedras por parte da ODP-Renovada, os vigilantes, justiceiros por
mãos próprias que residem nos bairros.
CENTRAL ANGOLA
Eis, grosso modo, o que se passou:
1 - Um rixa entre dois cidadãos no
bairro da Boa Esperança, em Cacuaco, termina em
luta. Um parte uma garrafa e mata o outro.
2 - A população identifica o assassino e
mobiliza-se para ir capturá-lo, com a intenção de o queimar vivo.
3 - Entretanto chega a polícia, num
patrulheiro de cinco, que vai capturar o alegado assassino com intenção de dar
início às normas processuais "normais".
4 - Chegando ao local, tem início uma
chuva de pedradas por parte da ODP-Renovada em direção aos agentes da ordem,
uma espécie de reivindicação do tipo "o assassino é nosso!".
5 - Em reação (legítima defesa?), um dos
agentes dispara vários tiros.
6 - Duas dessas balas atingiram
mortalmente o cidadão de seu nome Armindo (na imagem, tapado com um lençol),
jovem com cerca de 20 cacimbos. Dizem as testemunhas que ele estava ali apenas
a apreciar "o espetáculo", que não tomou parte na guerra de pedrada,
tornando-se assim no que se chama em inglês num "innocent bystander",
apesar da pedra ao lado da sua mão sugerir o contrário (o corpo foi arrastado
para aí, onde já havia as pedras).
7 - O facto do Armindo ser atingido duas
vezes indicia intenção e não acidente (suposição nossa).
8 - A fúria dos cidadãos multiplicou-se,
assim como a chuvada de calhaus contra os agentes que não tiveram outra solução
que não a de abandonar o corpo da vítima que tinham acabado de causar e assim
um problema (o que iam resolver), rapidamente se tornou noutro maior.
9 - O assassino da garrafa foi extraído
do local do seu linchamento com sucesso (a população ficou ainda mais raivosa).
10 - Repetimos, isto não é (apenas) uma
crítica ao trabalho da Policia Nacional, mas um profundo lamento da situação a
que chegamos neste nosso inferno chamado Angola.
Sem comentários:
Enviar um comentário