sábado, 4 de outubro de 2014

“neste nosso inferno chamado Angola.”







A intenção deste post não é falar mal da Polícia Nacional de Angola, mas tão somente a de lamentar que se chegue a este ponto onde a falta de confiança nela por parte da população é tão aguda, tão profunda, que quando estes se apresentam para "resolver" um problema bicudo, são rechaçados com pedras por parte da ODP-Renovada, os vigilantes, justiceiros por mãos próprias que residem nos bairros.

CENTRAL ANGOLA

Eis, grosso modo, o que se passou:
1 - Um rixa entre dois cidadãos no bairro da Boa Esperança, em Cacuaco, termina em luta. Um parte uma garrafa e mata o outro.
2 - A população identifica o assassino e mobiliza-se para ir capturá-lo, com a intenção de o queimar vivo.
3 - Entretanto chega a polícia, num patrulheiro de cinco, que vai capturar o alegado assassino com intenção de dar início às normas processuais "normais".
4 - Chegando ao local, tem início uma chuva de pedradas por parte da ODP-Renovada em direção aos agentes da ordem, uma espécie de reivindicação do tipo "o assassino é nosso!".
5 - Em reação (legítima defesa?), um dos agentes dispara vários tiros.
6 - Duas dessas balas atingiram mortalmente o cidadão de seu nome Armindo (na imagem, tapado com um lençol), jovem com cerca de 20 cacimbos. Dizem as testemunhas que ele estava ali apenas a apreciar "o espetáculo", que não tomou parte na guerra de pedrada, tornando-se assim no que se chama em inglês num "innocent bystander", apesar da pedra ao lado da sua mão sugerir o contrário (o corpo foi arrastado para aí, onde já havia as pedras).
7 - O facto do Armindo ser atingido duas vezes indicia intenção e não acidente (suposição nossa).
8 - A fúria dos cidadãos multiplicou-se, assim como a chuvada de calhaus contra os agentes que não tiveram outra solução que não a de abandonar o corpo da vítima que tinham acabado de causar e assim um problema (o que iam resolver), rapidamente se tornou noutro maior.
9 - O assassino da garrafa foi extraído do local do seu linchamento com sucesso (a população ficou ainda mais raivosa).
10 - Repetimos, isto não é (apenas) uma crítica ao trabalho da Policia Nacional, mas um profundo lamento da situação a que chegamos neste nosso inferno chamado Angola.

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