De acordo com o embaixador brasileiro, que
avançou o facto em conferência de imprensa realizada no passado dia 1 de
Setembro, os empresários têm até Dezembro para saldarem as dívidas com os
fornecedores.
Sita Sebastião
EXPANSÃO
A crise cambial que se verifica em Angola pode
levar ao encerramento de várias empresas brasileiras em actividade no País, que
estão incapacitadas de saldarem as dívidas com os fornecedores devido a escassez
de divisas.
A informação foi avançada em conferência de
imprensa, nesta terça-feira, pelo embaixador do Brasil em Angola, Norton de
Andrade Rapesta.
"Os empresários brasileiros têm até
Dezembro para pagarem aos seus fornecedores; caso não o façam, têm de fechar as
suas empresas em Angola", afirmou o diplomata no evento realizado por
ocasião da abertura da semana do Brasil em Angola, que decorre até ao dia 15.
Na visão de Norton Rapesta, que não avançou o
nome de nenhuma empresa nesta situação, caso isso aconteça, não vai ser só o
Brasil a perder, mas também os angolanos, na medida em que, como justificou,
tais empresas geram postos de trabalho para muitos cidadãos angolanos e que
correm o risco de ir para o desemprego.
Acrescentou que as dificuldades que muitos
empresários enfrentam estão a reflectir-se negativamente nos contratos de
trabalho locais.
"As coisas não estão nada boas e têm de
melhorar em vários aspectos", sublinhou. Entretanto, disse, apesar da
crise que Angola vive, existem muitos investidores brasileiros que vêem no País
oportunidades e que estão dispostos a arriscar.
"É nas crises que se encontram as
oportunidades. Neste momento em que Angola está empenhada em diversificar a sua
economia, temos estimulado alguns brasileiros a investirem em diferentes áreas
no território angolano", notou. Por outro lado, o embaixador brasileiro
defendeu que Angola se podia tornar numa potência de fornecimento de vários
produtos do campo para o Brasil se existissem mais navios a se encarregar do transporte
de carga, lembrando que, neste momento, existe apenas um, o que considerou
"insuficiente" para atender a oferta.
"Angola pode ser uma nova fronteira
agrícola do Brasil. Nós temos empresários preparados e com capacitação e
tecnologia para plantar aqui, até porque aqui podemos plantar tudo, desde a
soja, o algodão e até produzir vinhos, que, aliás, já se começa a notar",
considerou.
Referiu que, em parceria com o empresariado
angolano, os brasileiros podem cultivar em Angola produtos como o algodão,
trigo, soja e outros, que podem ser exportados para outros países, com destaque
para China, que afirmou ser um dos maiores compradores do trigo do Brasil. Já
no sector industrial, sublinhou, podem ser produzidas em Angola máquinas de
origem brasileira, e no Brasil, produtos brasileiros de origem angolana para
serem exportados noutras regiões da África, em particular, e do mundo no geral.
Trocas comerciais avaliadas em 2,2 mil milhões
USD Sem precisar o período, o embaixador brasileiro fez saber que as trocas
comerciais entre os dois países atingiram os 2,2 mil milhões USD (276,4 mil
milhões Kz). Precisou que o Brasil exporta bens alimentares, camiões e outros
produtos não especificados, enquanto de Angola importa essencialmente petróleo.
Reconheceu, no entanto, que as relações
comerciais entre os dois países não têm sido boas, "não só pela crise, mas
também pelo facto de o Brasil não conseguir, até ao momento, mais números de
navios para atracarem nos portos angolanos".
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