O Ministério do Interior confirmou hoje a
existência de três mortos em resultado dos confrontos de quarta-feira, em
Benguela, envolvendo elementos da UNITA, incluindo deputados, que dizem ter
sido atacados por apoiantes do MPLA, partido no poder.
LUSA
MAKANGOLA
Em comunicado a que a Lusa teve
acesso, a delegação provincial de Benguela do Ministério do Interior confirma
três mortos entre civis, outros quatro ainda desaparecidos e três feridos, um
dos quais um agente da Polícia Nacional.
Na origem do caso, refere o comunicado, terá
estado a presença da delegação da União Nacional para a Independência Total de
Angola (UNITA) no município do Cubal, que chegaram à comuna de Capupa "sem
comunicação prévia às autoridades locais".
"Terá havido desentendimentos e rixas entre
membros da delegação e a população", lê-se no comunicado, assinado pelo
delegado provincial do Ministério do Interior, comissário Simão Queta.
A nota confirma que a delegação da UNITA estava
naquela província a realizar "actividades partidárias" e que era
encabeçada pelo líder da bancada do partido, Adalberto da Costa Júnior.
"Face à situação, a delegação provincial do
Ministério do Interior em Benguela criou uma comissão para apurar
responsabilidades no local, cujos resultados serão comunicados
oportunamente", refere o documento, que afirma que a situação é agora
"calma" e que está "sob o controlo das forças da ordem".
A UNITA já anunciou que vai pedir uma comissão
de inquérito urgente aos incidentes ocorridos, que envolveram ainda ameaças a
três deputados do maior partido da oposição angolana.
A informação foi avançada hoje à Lusa por
Adalberto
da Costa Júnior, um dos três deputados que, segundo o próprio relatou, terão
sido alvo, juntamente com outros militantes, de "emboscadas" e
"ataques" alegadamente perpetradas por "apoiantes" do
Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), no poder, durante a visita de
trabalho.
"É uma zona ciclicamente de muita
intolerância política e onde nunca houve responsabilização deste tipo de acção.
Mas o que aconteceu connosco não foi intolerância política e sim um ataque para
matar", denunciou o deputado, um dos visados.
Os confrontos, entre ameaças e ataques,
aconteceram, segundo a UNITA, entre as 16:00 e as 22:00 de quarta-feira,
naquela aldeia, numa zona praticamente sem comunicações.
Segundo Adalberto da Costa Júnior, a vítima
mortal confirmada ainda durante a noite de quarta-feira, é um tenente-coronel
na reserva com cerca de 55 anos e quadro superior da UNITA na província de
Benguela, que terá sido alvo de "violentas agressões" na cabeça.
Os ataques à comitiva e militantes da UNITA,
disse ainda, terão envolvido, além de agressões e destruição de casas e
viaturas de apoiantes do partido do "galo negro" durante o dia,
"várias emboscadas num perímetro de oito a dez quilómetros". Inclusive
com "árvores cortadas no meio da estrada para parar as viaturas" e a
utilização de flechas, porretes, catanas e paus.
A UNITA associa "sem dúvidas" o ataque
a apoiantes do MPLA, nomeadamente pela utilização de bandeiras daquele partido
e pelo historial deste tipo de acções.
"Esperamos uma comissão de inquérito ao que
aconteceu, transparente e urgente. É o mínimo quando se vê um servidor do povo
a ser atacado numa visita parlamentar com a presença da polícia, é qualquer
coisa de inacreditável", disse ainda.
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