segunda-feira, 21 de abril de 2008

DESENVOLVIMENTO SOCIAL


Trata-se, no sentido técnico do termo, de um sistema mafioso, onde a solidariedade e a co-responsabilidade entre corruptos e corruptores geram redes de poder que se articulam por entre as hierarquias do legislativo, executivo e judiciário, desarticulando qualquer capacidade formal de governo. Cidades, Estados e amplos segmentos da União são geridos através de sólidas articulações de empreiteiras, políticos corruptos, especuladores imobiliários e meios de comunicação de apoio, além de um judiciário escandalosamente conivente.
In Capitalismo: novas dinâmicas, outros conceitos. Ladislau Dowbor
http://www.dowbor.org

A minha caminhada prossegue. Vejo que a macroeconomia se desenvolveu, o que permite a muitos jovens lavarem carros. Destas escolas de lavagens sociais nascerá o novo homem, adaptado à nova vida. Com os panos enxugam a chaparia, mais um produto acabado está pronto para entrega. De cigarros nas bocas trocam impressões.
- Sabes onde está o rei?
- De férias no estrangeiro.
- Deixou-nos sem luz.
- A minha mãe quando paga a conta, reclama que ficamos muitos dias às escuras, e que o valor a pagar devia diminuir, mas é o contrário. Sobe muito.
- Quando o rei voltar, seremos mais iluminados.

O crescimento económico é factual, medieval. Um bando de lobinhas demonstra-o quando sirigaitam o desenvolvimento da economia. Na precoce rendição infantil de crianças da prostituição, ratinham a perseguição dos lobões
Na entrada de um prédio, ouve-se barulho metálico. Um jorro de água vertical equilibra-se. Uma jovem aborrecida, quer saber o que se passa.
- Mingo, porque é que você fez isto?
- Parti a torneira com uma pedra, porque não me querem dar a chave do cadeado. Tenho carros para lavar.
- E quem vai limpar a inundação?
- Não sei.
Duas motos rápidas passam em grande velocidade. Sem escape, o barulho provoca dores de cabeça. Os alarmes dos carros estacionados disparam. Tapo os ouvidos com os dedos.
Na janela de um prédio, o ar condicionado arde. Os basbaques à distância acotovelam-se. Alguns afirmam com desmesurado orgulho.
- É bem feito! É bem feito! Gostam de morar nos prédios!
- Instalam aparelhos de ar condicionado potentes, os cabos queimam, incendeiam, ficam sem luz. Insistem, os cabos eléctricos da rua, os fusíveis, as casas ardem, e ainda insistem
- Dizem que a culpa é do governo.
Moradores em pânico ganham asas, voam, aterram na segurança da rua. Lamentam-se:
- A minha ventoinha está a arder!
- A minha aparelhagem foi-se!
- A minha geleira ardeu!
- O meu Dvd, acabado de comprar…
- Mentira, você roubou-o!
- E você, faz o quê?
- Ó raça, é fugir, o prédio parece que vai explodir!!!
Esperam que os bombeiros cheguem, que consigam desengarrafarem-se do trânsito, pouco ou nada restará. Quando chegarem, e a água que trazem acabar, não poderão fazer mais nada, porque não há bocas-de-incêndio. Se existissem, delas não sairia água.
Apesar de duas bocas-de-incêndio institucionalizadas: Dum lado o inferno do governo, do outro o inferno da oposição. Há muitos incêndios devido a curto-circuitos. Os Abderitas pós-parto são excelentes electricistas.

Gil Gonçalves

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