terça-feira, 17 de maio de 2011

Os Salteadores do Golfo da Guiné


E a rainha Isabel da Inglaterra, 1558-1603, ordenou a Francis Drake, 1540-1596, que pirateasse à vontade por onde passasse, navegasse. E nos oceanos os navios capturados eram saqueados, e os tesouros entregues à sua rainha. Tal e qual como hoje, apenas com uma diferença, o tesouro, o saque, é o nosso petróleo.
O dinheiro do petróleo não resolve os nossos problemas, complica-os.
Mais uma situação bizarra em Luanda. Tantos provedores de serviços de Internet para tão poucos utilizadores. Perante tal assombro, só podemos comentar que isto é África?
E tudo o poder nos levou.
Eis o peso sagrado das palavras ocas dos que nos governam: E as mais-valias a montante e a jusante do sistema, aliadas às centralidades, são mais um ganho, um valor acrescentado da nossa jovem democracia. O plano director do nosso Produto Interno Bruto estará em pleno quando estabilizarmos as estruturas secundárias e terciárias. Então, com os nossos rácios muito bons, e a nossa taxa de liquidez, este binómio reforça-nos. E apesar dos constrangimentos permanentemente verificados, e também, apesar do forte crescimento, a actual conjuntura indica-o, Angola está no lançamento da sua economia. Tudo isto se deve também à influência de factores endógenos e exógenos. As infra-estruturas estão abaladas. As parcerias político/privadas e a gestão dos nossos projectos, eis a nossa futura aposta: o nosso futuro está no turismo. Os módulos das vias secundárias e terciárias tornam incipientes os influxos de capitais na nossa agricultura. Há questões na macro-planificação que inviabilizam as plataformas transversais do sistema. As teorias não interagem na ordem estrutural. No fundo trata-se de uma mera questão de sinergia epistemológica de ordem superior. É necessário um trabalho de campo mais aturado.
O mais importante veículo do desenvolvimento da nação angolana é o álcool.
Deturpar a informação, fazendo crer que está tudo bem, ocultar que nada acontece, também é um crime muito grave não contemplado na Lei das TIC. Tecnologias de Informação e Comunicação. E a quem se destina esta lei? Mas nós não temos Internet, funcionamos mais ou menos com um pombal de pombos-correios. Coitados dos pombos, será que vão liquidá-los? E nos imporão outra vez o censor que despachará: «Visado por … … Presidente do Comité de Censura da Revolução das TIC.» E são tantos os intervenientes de controlo nesta matéria a saber: Ministério da Comunicação Social, Ministério dos Correios e Telecomunicações, SINFO, a secreta militar, “Diário do Povo”, TPA e demais órgãos de censura. Podemos dizer adeus à democracia. Nos seus fundamentos essenciais, esta lei destina-se a proteger bens pessoais e interesses privados. O mais notável é o incentivo à pedofilia, porquê?
Está tudo em poder de uma só princesa. No aspecto político será impossível a convivência. Tudo o que é opositor é para prender, desaparecer. E com essas leis do qualquer um sem mandato, que pode apreender o que bem entender, estão as portas abertas para um qualquer gatuno nos entrar casa adentro, pois que não é necessária identificação, e nos espoliar o que bem lhe apetecer... um regresso vertiginoso ao ano de 1975 e seguintes. Estas leis têm que ser entendidas, legisladas com muita cautela. Até porque normalmente vira-se o feitiço contra o feiticeiro. De qualquer modo estas aplicações fazem-nos lembrar estranhamente o regresso aos anteriores métodos repressivos das polícias políticas de sombria memória. Estamos muito confusos, entre a democracia ou a mais feroz perseguição aos opositores políticos? Então, onde está a liberdade de expressão? Vamos viver com uma democracia, que mais se parece com as obras de fachada? Do modo que a imprensa actualmente se apresenta, toda partidarizada, comprada com os ilegais milhões de dólares do erário público, exceptuando os três mosqueteiros, Folha 8, o Agora, a Rádio Ecclesia, e a Rádio Despertar, fazendo-nos lembrar Astérix o Gaulês, encurralado na fortaleza de Babaorum resistindo heroicamente contra a invasão dos ferozes ataques dos romanos, incrivelmente superiores em número. Estes quatro órgãos de informação são o nosso Astérix o Angolês.
Quantos mais projectos megalómanos, mais a miséria das populações se expande. Quando se prendem cidadãos sem culpa formada, significa que a justiça é um bocado de papel escrito a lápis que se rasgou. Quando ligamos para alguém e o telemóvel responde: «O telemóvel está desligado ou fora da área de cobertura.» A primeira coisa que nos vem à mente é que o proprietário está preso.
A utilidade pública dos nossos órgãos de desinformação… mas quem é que disse que o nosso “Diário do Povo” não tem nenhuma informação de interesse? Pode não ter, mas isso pouco me importa. O nosso “Diário do Povo” é de notabilíssima utilidade pública. É sempre com ele que embrulho o lixo. É também super óptimo para limpar os vidros de janelas e os ecrãs das TVs da programação estrangeira, porque a nacional dá uma soneira desgraçada. Pelo menos poupam-se kwanzas em calmantes, porque dólares são só para os senhores da guerra do petróleo. Então já sabe: se tiver insónias ligue a TV nas TPAs que é tiro e queda no sono.
Pura loucura? Corruptos exigirem aos seus concidadãos o respeito pela lei? É a mesma coisa que nos dizerem que somos todos parvos?
Angola não tem lei, ela é exercida por chineses, brasileiros, portugueses e outros estrangeiros. Clarifica-se que Angola está privatizada, numa prisão agigantada. Alguém me falou que o nosso governo se inovou. Que ministros e outros governantes vão abandonar os seus gabinetes e tendas de campanha vão montar. Vão ficar junto do povo para resolverem os seus problemas no terreno. É que nos termómetros a temperatura sobe.
Que fim inglório. Levantar às quatro horas da manhã, quase não dormir, e depois ficar especado no engarrafamento do trânsito, para percorrer escassos quilómetros. E sempre na expectativa de ser acometido por um ataque cardíaco. Quem não dorme o suficiente a sua vida encurta. Porque não conseguem o salutar hábito do circular de bicicleta? Duvida amigo leitor? Então leia o texto que recebi no meu Email da LiveScience, Hypescience. «Trânsito afecta até o cérebro. Como se já não bastasse o estresse e as doenças respiratórias resultados do trânsito, pesquisadores da University of Southern California, dos EUA, verificaram que o ar em torno das rodovias movimentadas, cheio de partículas vindas da queima de combustíveis fósseis, causou estragos e inflamação no cérebro de ratos. Segundo os cientistas, a concentração de ar usada no estudo é igual aquela a qual as pessoas ficam expostas diariamente no trânsito. Contudo, o professor Todd Morgan, que participou do estudo, acredita que “mais estudos são necessários para determinar como e em que grau o cérebro humano é susceptível a toxicidade.
Morgan e seus colegas expuseram ratos de laboratório ao ar contaminado destas partículas colhido por eles em rodovias. Nele, estavam contidas partículas com largura mil vezes menor que o de um fio de cabelo humano (tamanho muito pequeno para os sistemas de filtração dos carros conseguirem capturar). Os bichos ficaram expostos ao ar três vezes por semana, durante cinco horas, por 10 semanas. Os pesquisadores verificaram que os ratos tiveram sérios danos nos neurônios associados ao aprendizado e a memória, e os neurônios nos ratos em desenvolvimento não cresceram tão bem. Eles também perceberam que o cérebro das cobaias tinha sinais de inflamação, que é associada ao envelhecimento precoce e a doença de Alzheimer. Em 2000, um estudo publicado no periódico Archives of Medical Research comparava a saúde de pessoas que viviam na Cidade do México, bastante poluída, a outras que viviam em Veracruz, menos poluída. As pessoas da capital tinham, em sua corrente sanguínea, o dobro das proteínas que indicam dano epitelial. Este tipo de estrago acontece quando as células que preenchem órgãos ocos, como os pulmões, estão prejudicadas, isto é considerado um sinal de asma. Outra pesquisa publicada no periódico PLoS One, mostrou que as partículas liberadas pelos carros contribuíam para aterosclerose, que deixa a parede das artérias mais grossas, o que pode levar a ataques cardíacos, derrames e doenças no coração.» Imagine então amigo leitor os estragos que os geradores eléctricos nos fazem, mesmo juntos aos nossos narizes. A quem culpar? Quem?
E como se não bastasse, as garras neocolonialistas do consórcio angolano-português Teixeira Duarte Angola, invadem-nos, espoliam-nos, destroem-nos barbaramente. Estamos em presença da rapinagem mais elementar, a que se juntam o imperialismo chinês, e o sub imperialismo brasileiro. O nosso paciente está na fase terminal da paranóia. Estão a destruir Luanda… Angola, e ninguém se lhes opõe. A não ser de vez em quando algum exibicionista de ocasião. E os escombros avançam inexoráveis. A única mão-de-obra disponível em Angola é a chinesa e os parentes estrangeiros que se disseminam como moscas. Já nada nos pertence. É tudo deles e do bando da meia dúzia. A vida que resta ao mwangolé é: cortar chapas, ferros, furar e partir paredes. Que vivam para sempre os ensinamentos dos arquitectos da destruição de Angola, que há um ror de tempo instituíram a democracia da corrupção. A opressão e a escravidão coloniais retornaram mais fortes que nunca. E os dias e as noites silenciaram, de sombrios. E outro homem e outra resistência se afirmaram, e outra luta pela independência renovaram. E nas florestas os bichos choraram.
A instabilidade cresce desmesuradamente, e inevitavelmente descamba no descontrolo total. Os assaltos sucedem-se a jacto e em todos os lugares. Ninguém está a salvo. Que fazer com os protagonistas, milhares e milhares de jovens desempregados, espoliados, cujo único futuro é o roubo, o crime, para não morrerem à fome? Decididamente o nosso vulcão já expele lava, e não há polícias ou exércitos que o contenham. É ridículo insistir no elitismo de mais uma ineficiente comissão nacional de luta contra a pobreza. Mas que esperteza... a propósito, quando é que o poder indemniza as vítimas da espoliação do mercado Roque Santeiro? E também para quando a distribuição dos lucros do petróleo pela população? Tudo que é do Estado é como empresas privadas, e os lucros apenas para os seus administradores? Este petróleo necessita de um vulcanólogo. Peço desculpa pela redundância. Mas, a obra-prima do humor, é mesmo a criação de uma comissão nacional contra a pobreza. O petróleo realmente inspira imensa insanidade. Agora até a pobreza se decide por comissões. Em Angola as quatro coisas que funcionam em pleno são: a corrupção, a incompetência, a miséria e a fome.

Sem comentários: