quinta-feira, 5 de maio de 2011

Soberania Nacional é responsabilidade para com os cidadãos


Todo o resto é pacotilha intoxicante…. As figuras de hoje não são as de amanhã, mas o Estado permanece…

Se não avança o combate contra a pobreza é porque ao nível de determinados departamentos governamentais o foco da actuação governamental não é o diagnóstico e busca de soluções para os problemas que apoquentam os cidadãos mas sim o estabelecimento de esquemas para o enriquecimento ilícito.

Canal de Opinião, por Noé Nhantumbo. Beira (Canalmoz) - Será que é algo assim tão importante correr em defesa de algumas figuras nacionais sempre que surja a mais banal acusação a partir de fora ou de dentro do país?
Não haverá alguma confusão ou oportunismo por parte de alguns defensores ao correrem em defesa de quem muito bem se pode defender por si? Ou não será que julgam que estão prestando um serviço ao país agindo de tal modo? Essa de servir de porta-voz não contratado ou assalariado tem muito que se lhe diga. Ou serão de facto porta-vozes pagos debaixo da mesa?
Quem de direito se deve levantar e defender o direito ao bom nome que as figuras nacionais possuem é ministro dos Negócios Estrangeiros quando os ataques vêm de fora. O “sprint” de alguns escribas é despropositado e indicativo de uma tendência não salutar ao promover muitas vezes a defesa do indefensável.
Queremos ver os nossos governantes respeitados dentro e fora do país. O respeito não é mercadoria à venda nos mercados. É algo que se conquista através da maneira como as pessoas actuam e se portam na sociedade em que estão inseridas.
De nada vale tentar “cobrir o sol com uma peneira” ou colorir sem gosto obras pretensamente de arte.
Não se pretende promover campanhas que resultem em difamação ou colocar o bom nome de figuras públicas na rua ou na lama.
Mas existe uma distância entre protecção de figuras públicas e a obrigação de informar os cidadãos.
É preciso que os cargos públicos e a dimensão de figura pública não sejam utilizados para esconder factos aos cidadãos. É muito importante que os titulares dos cargos públicos estejam constantemente sob o escrutínio popular. Afinal é do comportamento deles, da sua actuação na esfera governativa que os cidadãos verão os seus problemas resolvidos.
Em democracia “quem não deve não teme”.
As revelações do “Wikileaks” ou de outra fonte qualquer interna ou externa tem sempre um valor relativo. A melhor defesa de qualquer figura pública ou de pessoa comum é o seu comportamento.
Tanto AEG (Armando Emílio Guebuza) como JAC (Joaquim Alberto Chissano) tem estofo suficiente para se defenderem sem recorrer a mão de gente que já demonstrou uma especialidade em lançar-se de pára-quedas em defesa de quem até nem precisa.
Elogios baratos e lambebotismo por parte de certa comunicação social só servem para esconder aquilo que o povo deste país tem o direito de saber.
Se não avança o combate contra a pobreza é porque ao nível de determinados departamentos governamentais o foco da actuação governamental não é o diagnóstico e busca de soluções para os problemas que apoquentam os cidadãos mas sim o estabelecimento de esquemas para o enriquecimento ilícito.

Em nome de uma pretensa soberania os dirigentes do Estado esgrimem os mais diversos argumentos sempre que alguém os acuse disto ou daquilo. Roubam abertamente os fundos do estado bem como o seu património e depois quando alguém os denuncia dizem que é tudo fruto de uma maquinação externa.

Em nome de uma pretensa soberania os dirigentes do Estado esgrimem os mais diversos argumentos sempre que alguém os acuse disto ou daquilo. Roubam abertamente os fundos do estado bem como o seu património e depois quando alguém os denuncia dizem que é tudo fruto de uma maquinação externa.
É do jogo da auto-protecção institucionalizada que resulta a inércia, falta de criatividade e a corrupção no país. Os mesmos escribas de pacotilha que se prestam a fazer trabalhos de propaganda em favor de certas figuras hoje são alguns daqueles que durante os tempos do partido único mais defendiam o regime vigente na altura. Está claro que a democracia e a participação dos cidadãos lhes incomodam imenso. Tem uma aversão enorme a misturarem-se com o cidadão comum. Julgam-se gente escolhida que perpetuamente tem de estar acima dos outros como se por direito natural fosse.
Vindos dos mais diversos quadrantes, de Lisboa, de Maputo ou de Londres apresentam-se como jornalistas de gabarito mas na essência só conseguem enxergar o que os manuais políticos derrotados pela história lhes ensinaram.
Não querem acreditar que aquele sistema que os colocava acima dos outros em Moscovo caiu de morte lenta mas sempre anunciada. Hoje festejam e dançam a música do capital e querem ser os únicos a fazê-lo.
Há que ter muito cuidado com este tipo de pessoas pois deixados ao “sabor dos ventos” intoxicam o povo com mentiras e falsificações.
A falsa democracia vivida hoje em Moçambique é em parte fruto do seu trabalho na comunicação social.
Instilaram nas pessoas ou assim procuram convencer que existe uma necessidade de defender a soberania nacional e que supostas potências inimigas apoiavam os combatentes anti-comunismo no país. Catalogaram os que queriam um país compartilhado de bandidos armados e desenvolveram uma tese ainda não abandonada de guerra de desestabilização. Jamais aceitam que a guerra dos 16 anos teve componentes de desestabilização mas também um carácter civil. Os ataques sul-africanos contra alvos do ANC em Moçambique não são a mesma coisa que ataques da Renamo contra um quartel governamental em Moçambique. E de uma maneira aparentemente simples mas pérfida pelos seus objectivos, continuam a semear tais teorias de “desestabilização”. Jamais reconhecem que seus excessos programados segundo os preceitos stalinistas, “campos de reeducação, operação produção, repressão de “Testemunhas de Jeová” por recusa de submeter-se a um partido ultrapassam o âmbito da soberania nacional e colocam-se em choque directo com os direitos humanos dos cidadãos. Mas está claro que os conhecidos porta-vozes jamais nos falarão destes factos. Afinal eles até nunca sentiram na pele e na carne os excessos do regime instalado em Moçambique logo após a proclamação da independência. Os relatos dantescos que algumas vítimas da repressão de inspiração stalinista e maoista sofreram nas mãos de algozes moçambicanos é uma realidade que os paladinos do regime no poder se negam a tratar ou a abordar.
Com o objectivo de ludibriar os cidadãos e cegá-los face às evidências históricas e actuais avançam num sentido de se proclamarem os únicos defensores de uma soberania nacional que de facto os tem tornado em “soberanos” exclusivos do país. E nessa ofensiva ideológica e propagandista recusam-se a admitir que os heróis deste Moçambique não são só eles.
Uma soberania que não se traduza em responsabilidade e em cumprimento escrupuloso de agendas que empoderem os cidadãos de modo a que estes tenham uma vida digna, segura e longe da repressão de seus direitos, é uma pacotilha intoxicante.
O único imperativo válido é a defesa da moçambicanidade numa perspectiva de inclusão de todos e de valorização das diferenças que temos e do que nos une.
Defender a Unidade Nacional no discurso e não no compartilhar o país é aldrabice total e nesse sentido inaceitável… (Noé Nhantumbo)

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