Rebeldes islâmicos no Norte do Mali mataram um
homem em um fuzilamento público diante de mais de cem pessoas na segunda maior
cidade do país, Timbuktu, trazendo à tona a onda de violência que vem
atingindo o país do leste da África.
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O assassinato ocorreu na região em que os grupos
rebeldes islâmicos e Tuaregs se fortaleceram após um golpe na capital, Bamako.
Desde o golpe, que depôs o presidente eleito democraticamente, rebeldes vêm lutando
pelo controle do Mali e já se estabeleceram na região norte do país.
O extermínio publico é visto como uma das mais
recentes demonstrações desses grupos islâmicos em seu objetivo de implementar a
lei do islã, a Sharia, de acordo com uma interpretação rígida.
Como parte da investida, os militantes vêm lutando
pelo domínio do país e promovendo torturas, assassinatos e mutilações, fazendo
com que boa parte da própria população muçulmana se oponha à implementação
desse viés violento da lei islâmica.
Uma testemunha disse a jornalistas que o morto no
fuzilamento recente era um membro do grupo rebelde dos Tuaregs, o MNLA.
O MNLA é um ex-aliado de grupos islâmicos que
tomaram o controle do norte do país, mas esses militantes agora se
voltaram contra o grupo que não se associa à religião.
Pena de morte
- Ele se entregou, foi julgado, condenado à morte e
executado nesta noite. Ele foi morto do mesmo jeito que matou sua vítima. Isso
é o que diz a Sharia – disse Sanda Ould Boumana, um porta-voz do grupo rebelde
Ansar Dine, que controla Timbuktu, à agência inglesa de notícias Reuters.
Nos últimos meses, os militantes islâmicos
apedrejaram até a morte um casal acusado de adultério, e promoveram uma série
de amputações. O Conselho de Segurança das Nações Unidas deve ter
reuniões “preliminares” nesta quinta-feira sobre o pedido do Mali por uma
intervenção militar da ONU no norte do país.
- Parece haver uma razoável compreensão de que a
situação no Mali não pode continuar dessa forma, algo precisa ser feito –
acrescenta. Para o embaixador da Guatemala na ONU, Gert Rosenthal, a situação
ainda permanece confusa.
- O que ainda não foi esclarecido é quem faz o que,
qual é a escala dessa operação, como vai ser, e quais são as implicações para o
orçamento – disse. Os Estados Unidos sinalizaram que apoiariam uma força
liderada por um africano, desde que conte com a aprovação de Argélia, Níger,
Burkina Fasso, Costa do Marfim, Guiné-Bissau, Senegal e Mauritânia, países que
fazem fronteira com o Mali.
Crianças
Segundo uma denúncia recente do Unicef (Fundo das
Nações Unidas para a Infância), esses mesmos grupos armados, que atuam
principalmente no norte do Mali, estão intensificando o recrutamento de
crianças para lutar em suas fileiras.
No mês passado, o Unicef afirmou que cerca de 200
meninos com idades entre 12 e 18 anos estão participando de atividades das
milícias, mas que o número estaria aumentando.
Um porta-voz do grupo islâmico Ansar Eddine disse à
agência britânica de notícias BBC que os meninos são recrutados para a
organização a partir de 15 anos de idade.
Segundo o Unicef, crianças com menos de 15 anos são
usadas como faxineiras ou porteiras, mas podem usar armas quando a tensão
aumenta. O recrutamento de crianças para atuação em organizações militares é
considerado crime de guerra.
Em agosto, o Mali anunciou a formação de um governo
de união cinco meses após o presidente eleito democraticamente ter sido deposto
em um golpe militar. O novo governo tem 31 ministros, cinco deles considerados
próximos ao líder do golpe de março, capitão Amadou Sanogo.
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