Isabel dos Santos assume, cada vez mais, o papel
de faz-tudo.
A empresária angolana Isabel dos Santos estará a
participar na reestruturação da petrolífera Sonangol, frequentando reuniões
entre a administração da empresa estatal e consultores internacionais, noticia
o semanário económico Expansão, na edição de sexta-feira.
LUSA
MAKAANGOLA
De acordo com um excerto da notícia a publicar,
a que a Lusa teve acesso, a empresária, filha do Presidente angolano,
José Eduardo dos Santos - que também lidera a Comissão de Reajustamento da
Organização do Sector dos Petróleos e com isso a reestruturação da Sonangol - e
um "batalhão" de consultores "assentaram arraiais" em dois
andares do edifício sede da petrolífera, em Luanda.
A Sonangol e o Ministério dos Petróleos não
comentam a notícia, mas o semanário, citando fontes da empresa, diz ainda que a
equipa que participa com Isabel dos Santos nestas reuniões com a administração
da petrolífera integra consultores jurídicos e de gestão portugueses e
noruegueses.
"A consultora internacional de gestão
Boston Consulting Group e o escritório de advogados português Vieira de Almeida
e Associados serão duas das firmas que estão a trabalhar com Isabel dos Santos
e a administração da Sonangol na reestruturação", escreve o Expansão.
Em Portugal, a Sonangol tem participações
directas e indirectas no Millennium BCP e na Galp.
A Lusa noticiou a 24 de Outubro,
citando uma informação da Casa Civil do Presidente da República, que o Governo
angolano criou um comité para elaborar um modelo "mais eficiente" para
o sector petrolífero do país e melhorar o desempenho da concessionária estatal
Sonangol.
Criado por despacho presidencial, além deste
comité, que terá a responsabilidade de desenvolver modelos organizativos,
identificar oportunidades operacionais, quantificar "o potencial de
melhoria da Sonangol" e estudar o "melhor modelo de organização para
condução da Indústria Nacional de Petróleo e Gás", foi ainda instituída a
comissão de Reajustamento da Organização do Sector dos Petróleos.
Esta comissão, que vai decidir sobre as
propostas do comité, deverá apresentar uma "estratégia integrada" e
"modelos organizativos eficazes" para "aumentar a eficiência do
sector petrolífero nacional".
Angola é o segundo maior produtor de petróleo da
África subsaariana, com cerca de 1,7 milhões de barris por dia, mas as
operadoras internacionais têm-se queixado do aumento dos custos de produção no
país nos últimos anos, associado à forte quebra da cotação do barril de crude
nos mercados.
Além destas medidas, também está em preparação a
reestruturação da empresa pública Sonangol, conforme anunciado anteriormente
pelo executivo.
As receitas com a exportação de crude da
petrolífera angolana Sonangol caíram 44% em Setembro, face ao mesmo mês de
2015.
De acordo com um relatório do Ministério das
Finanças, ao qual a Lusa teve acesso, a receita da Sonangol com a
venda de petróleo ao exterior ascendeu a 82,2 mil milhões de kwanzas (489
milhões de euros) no mês de setembro.
Angola vive uma crise financeira e económica,
com reflexos também ao nível cambial, devido à queda para metade com as
receitas da exportação de petróleo.
A 15 de Outubro, no discurso anual do chefe de
Estado, na Assembleia Nacional, sobre o Estado da Nação - lido pelo
vice-Presidente Manuel Vicente devido a uma "indisposição" de José
Eduardo dos Santos - foi anunciada uma reestruturação da Sonangol.
Em conferência de imprensa realizada a 13 de
Julho em Luanda, o presidente do Conselho de Administração da Sonangol,
Francisco de Lemos José Maria, negou notícias de então, que apontavam para a
falência da petrolífera estatal.
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