Por Redacção VOA | Washington VOA
Uma série de novas descobertas de petróleo em
África, desde o Quénia à Costa do Marfim, fizeram cidadãos e governos sonhar em
ficarem rapidamente ricos. Mas o petróleo tem historicamente causado mais mal
do que bem aos cidadãos dos países produtores de petróleo.
Quando a Guiné-Equatorial descobriu petróleo
nos anos 90, o país transformou-se para sempre de uma adormecida antiga colónia
espanhola num estado petrolífero.
O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB)
do país foi de 71 por cento em 1997, de acordo com o Fundo Monetário
Internacional (FMI), quase inteiramente por conta das receitas petrolíferas. Em
2009, o país beneficiava de mais de oito mil milhões de dólares por ano graças
ao petróleo.
Mas a riqueza tem apenas enriquecido e
entrincheirado os líderes autoritário do país, enquanto pouco contribuiu para
melhorar as vidas dos seus 685 mil habitantes.
A Guiné-Equatorial estava no ano passado no
centésimo-trigésimo-sexto lugar em 187 países no Índice de Desenvolvimento
Humano das Nações Unidas. Outros países produtores de petróleo, incluindo
Angola, Sudão e a República Democrática do Congo encontravam-se ainda mais
abaixo.
Alex Vines, chefe do Programa para África da
Chatham House em Londres, disse que a maioria dos governos africanos tem de
modo egrégio usado mal as receitas petrolíferas para consumo, em vez de
desenvolvimento.
“Edifícios de prestígio, bens de luxo, isso
tem sido realmente a espécie de caricatura de como os países têm usado as
receitas petrolíferas. O Gabão, por exemplo, teve durante algum tempo o mais
elevado consumo de champanhe do mundo, tudo com base no petróleo.”
Um fosso crescente entre ricos e pobres, uma
corrupção galopante e o endurecimento da liderança autoritária são tudo
sintomas da chamada “maldição do petróleo”, quando uma descoberta que pode
beneficiar a população acaba por fazer mais mal do que bem.
Brendan O’Donnell, do grupo Global Witness,
disse que a causa principal do problema é a gestão errada:
“O problema sobre o petróleo e os minerais é
que muito rapidamente enormes quantidades de dinheiro vêm desses recursos
naturais e a capacidade para geri-las de uma forma que beneficie os cidadãos
não é sempre posta em prática.”
A sucessão de novas descobertas em África,
incluindo campos petrolíferos no Quénia e na Costa do Marfim e gás natural ao
largo da costa da Tanzânia e de Moçambique, esta a aumentar o espectro da
“maldição” uma vez mais.
O Uganda descobriu petróleo em 2006 e deverá
começar a produzi-lo dentro de três a cinco anos.
Descobrir petróleo não é como ganhar uma
lotaria económica. A indústria é sensível aos caprichos dos mercados
internacionais e à procura da Europa, Ásia e América do Norte.
O’Donnell, da Global Witness, defende que os
países que descobrem petróleo devem colocar salvaguardas para garantir que
deitem fora uma janela económica de oportunidade:
“Esses recursos têm uma duração de vida,
ficaram esgotados a certo ponto. E se se perde a oportunidade de beneficiar –
se o país perde a oportunidade de beneficiar desses recursos, não se pode
voltar para trás. Perde-se esse momento.”
Companhias petrolíferas estão a expandir as
suas operações através do continente africano, com projectos na Etiópia,
Madagáscar e Libéria, para citar alguns.
É apenas uma questão de tempo antes de outro
país africano se juntar à alta-roda das nações produtoras de petróleo.
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