Passaporte só foi devolvido ao jornalista a bordo
do voo de regresso a Moçambique. A Imprensa brasileira relaciona a deportação
com críticas que o ambientalista ao serviço da Justiça Ambiental vinha fazendo
à Vale Moçambique. Jeremias Vunjane foi impedido de entrar no Brasil, após ter
desembarcado em São Paulo.
Maputo (Canalmoz) – Jeremias Vunjane, jornalista de
profissão ao serviço da Organização Não Governamental, Justiça Ambiental (JA),
foi impedido, no passado dia 12 de Junho corrente, de entrar no território
brasileiro, logo após ter desembarcado no Aeroporto Internacional de Guarulhos,
em São Paulo, onde ia participar na Conferência das Nações Unidas sobre o
Desenvolvimento Sustentável, conhecido por Rio+20, que decorre entre 20 e 22 de
Junho corrente, na cidade de Rio de Janeiro. Entretanto, vários órgãos de
comunicação brasileira relacionam a deportação de Vunjane, com as críticas que
este tem vindo a fazer publicamente à actuação da empresa Vale Moçambique, que
explora carvão em Moatize.
A Vale Moçambique é sucursal da Vale do Rio Doce, a
poderosa multinacional brasileira.
“Polícia Federal impede crítico da Vale em
Moçambique de entrar no Brasil – Vunjane é conhecido em Moçambique por ser
crítico à actuação da companhia Vale no país”, escreveu a “Folha de São Paulo,
na sua versão online do dia 14 de Junho corrente.
Outros vários órgãos brasileiros como a Globo, a
rede “Justiça nos Trilhos” deram ênfase às criticas de Jeremias Vunjane à Vale,
alagando que há alguma relação com a sua interdição de entrar no Brasil, mesmo
sendo portador de visto concedido pela embaixada do Brasil em Maputo.
Recorde-se que a cimeira de Rio de Janeiro vai
juntar líderes de quase todo o mundo, incluindo o presidente Guebuza, que parte
esta semana para Brasil.
Comunicado da Justiça Ambiental
Entretanto, a semana passada, a Justiça Ambiental
divulgou um comunicado que reproduzimos a seguir, mas não descrevia as
circunstâncias em que o moçambicano foi recambiado do Brasil.
“A Justiça Ambiental vem por este meio informar que
o Sr. Jeremias Vunjane, jornalista de profissão e funcionário desta
instituição, foi impedido de entrar no Brasil no dia 12 de Junho de 2012 em
representação desta na reunião do Rio + 20 e para expor o polémico caso da Vale
Moçambique. No processo foi-lhe retirado o passaporte sendo este escoltado para
a sala de embarque de regresso a Moçambique pela Polícia Federal brasileira,
sem qualquer explicação sobre o que se estava a passar, apesar deste ter
solicitado que fossem apresentadas as razões deste acto. O seu passaporte
foi-lhe devolvido horas depois de levantar voo, carimbado com o selo de
Impedido da SINPI (Sistema Nacional de Impedidos e Procurados) do Departamento
da Polícia Federal.
Perante esta situação a Justiça Ambiental informa
que irá utilizar todos os meios disponíveis para desvendar esta questão e
razões por detrás deste vergonhoso acontecimento e que não irá desistir
enquanto não for devidamente clarificado, visto o acto prejudicar não apenas a
imagem e trabalho da Justiça Ambiental como instituição mas acima de tudo
denegrir a imagem e integridade do Sr. Jeremias, sem a apresentação de qualquer
fundamento.
A Embaixada do Brasil em Moçambique emitiu o visto
de entrada seguindo todos os requisitos exigidos e em momento algum o Sr.
Jeremias foi informado da existência de alguma questão que pudesse constituir
impedimento para a sua entrada no Brasil. A Justiça Ambiental exige que o nome
do Sr. Jeremias Vunjane seja urgentemente retirado da SINPI ou de qualquer
outro organismo de informação a este associado.
Assim que a Justiça Ambiental tiver informação
sobre a razão de tal procedimento comunicaremos a todos os parceiros. A
Embaixada do Brasil em Moçambique já foi contactada e está agendada uma
audiência para esta tarde com o Cônsul do Brasil em Maputo”. (Redacção)
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