Mesmo assim, Mahmoud Ahmadinejad não dá tréguas. Voltou a mandar farpas
ao ocidente e diz que a ganância de certos países vai destruir o mundo
Rio
de Janeiro (Canalmoz) – O controverso presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad
foi recebido de forma pouco simpática à sua chegada ao Brasil, para participar
da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, Rio+20.
Num anúncio de meia página que reproduzimos a ilustrar este artigo, publicado
em vários jornais editados no Brasil, questiona-se a presença do líder iraniano
num “país democrático, sendo ele um ditador”.
Antes
de embarcar para o Brasil, Ahmadinejad esteve na Bolívia, onde assinou acordos
de cooperação com o seu homólogo boliviano Evo Morales. Depois da breve estadia
na capital boliviana, La Paz, Ahmadinejad e Morales viajaram juntos ao Rio de
Janeiro.
O
anúncio criado pelo publicitário Eduardo Fischer traz uma foto de Ahmadinejad e
uma série de perguntas onde se pode ler o seguinte: “Escolha um motivo para se
preocupar com os actos deste homem”. Entre as potenciais alternativas para os
leitores escolherem, estão as seguintes frases: “Sou cristão, evangélico ou
baha’í e não gostaria de me sentir ameaçado por exercer minha crença”; “Sou
judeu e não quero ser perseguido e nem ver o Holocausto apagado da história”;
“Sou advogado e não gostaria de ser preso por defender meus clientes”; “Sou
jornalista e não gostaria de ser perseguido por divulgar o que acontece em meu
país”.
O
anúncio é da responsabilidade da organização não governamental que luta pelos
Direitos Humanos, Conib. De acordo com Mario Fleck, presidente de uma das
organizações da Conid, o anúncio “expressa o pensamento de uma larga parcela da
população brasileira que não pactua com as práticas do governo autoritário
iraniano”. Para aquele activista, o actual regime não deve ser confundindo com
o povo iraniano, que também é vítima da opressão. “O Irão não deveria ter sido
convidado pela ONU. O governo iraniano defende e pratica acções contrárias aos
princípios do mundo civilizado e não tem nada para falar na Rio+20” disse Mario
Fleck, presidente de uma das organizações da Conid.
O
regime de Mahmoud Ahmadinejad governa o Irão com mão de ferro, mantêm
centenas de opositores na prisão e sufoca todas as manifestações contrárias ao
regime.
O
governo autoritário iraniano também censura a internet, reprime o trabalho da
imprensa (inclusive dificultando o trabalho de jornalistas internacionais),
reprime as universidades do país, além de perseguir o livre-pensamento e as
manifestações culturais por as julgar “impróprias para a República Islâmica”. A
esta situação alia-se o facto de o regime iraniano mostrar-se irredutível em
relação ao seu programa nuclear que tanto medo semeia no ocidente, sendo
Washington quem mais dá a cara aos protestos.
Mesmo
isolado Ahmadinejad continua a mandar recados ao ocidente.
Se
em Setembro último durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, o presidente
do Irão mandou farpas até os diplomatas americanos e israelitas abandonarem a
sala, em sinal de protesto, nesta cimeira, teve pouca plateia inimiga em termos
de personalidades. Obama não esteve. Mas mesmo assim, o líder Iraniano mandou
recados.
Mahmoud
Ahmadinejad defende um “compromisso com a moralidade” na relação entre povos e
nações para construir “um mundo melhor e mais igualitário”. Isso porque,
segundo disse, a busca incessante pelo lucro e realização material tem elevado
o nível de animosidade no mundo. “Não devemos buscar hegemonia à custa de
outros povos e seres humanos que habitam o planeta”, afirmou o presidente
iraniano no seu discurso.
“A
ordem internacional precisa ser redesenhada para servir tanto as necessidades
materiais quanto espirituais da raça humana”, disse o líder iraniano,
acrescentando que “ninguém tem o direito de arruinar o ambiente que pertence a
todos” e que “os seres humanos não são rivais, mas amigos e companheiros que se
completam”.
“A
felicidade de um não pode ser às custas do outro”.
Era
na verdade uma preparação para começar a alfinetar os seus detractores (Israel
e EUA) pois adiante acrescentaria que “a Guerra da Coreia, a Guerra do
Vietname, a guerra que os sionistas declararam contra os árabes, a guerra que
Saddam Hussein declarou contra o Irão e tantas outras guerras injustas” foram
“causadoras de destruição”.
Ahmadinejad
criticou também o que considera ser um sistema “imperialista” que domina o
mundo.
“Um
grupo minoritário de países, os chamados países desenvolvidos, estão impondo
padrões de desenvolvimento, e os outros países são forçados a seguir os seus
passos”, afirmou. Mais adiante mandou o que parecia um recado a críticos de seu
governo: “As questões de direitos humanos foram concebidas para servir àqueles
que dominam o mundo”. (Matias Guente, nosso enviado ao Rio de
Janeiro)
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