Prenúncio de uma outra espécie de guerra civil?!
Outra vez no colonialismo e na escravidão.... só que agora é negro, da cor do demónio.
«Semanário A Capital queimado na gráfica por criticar discurso de JES
Destaques
Segunda, 09 Agosto 2010 18:16
Luanda - Uma semana inteira de produção, duas edições completas em pouco menos de 48 horas para ver vetada à circulação. Ardinas e leitores por nós interpelados nesta segunda-feira ainda mantinham uma certa expectativa de ver a Capital nas ruas.
Jornal criticou preços das casas anunciadas pelo PR
O pomo de discórdia foi a censura do editorial do jornal que se atinha aos preços das casas sociais avaliadas em 60 mil dólares americanos, preços anunciados no discurso do presidente Eduardo dos Santos isto na passada semana.
Perante a exiguidade do salário em Angola, o articulista segundo fontes por nós contactadas questionava não só a capacidade financeira do cidadão comum de pagar tais quantias, como fazia contas ao tempo requerido e os necessários desembolsos.
O semanário chegou a ir a gráfica onde foram impressas três mil e quinhentas cópias, de seguida embebidas em diluente e queimadas na mesma fabril.Mesmo com sacrifício dos jornalistas uma edição alterada chegou a ser produzida e enviada para a rotativa. No sábado à madrugada desapareceu. Testemunhas que presenciaram o episódio depararam-se com viaturas VX não identificadas que transportaram os atados. Os jornais desapareceram sem que tivessem vindo a rua.
Nos últimos tempos o argumento dos novos patrões que ainda não deram a cara publicamente mas que fazem valer os seus argumentos por pessoas entrepostas, apontam para a necessidade de se substituir temas políticos pelo social. Por outro lado a imagem de Eduardo dos Santos passou a ser alvo de resguardo sobretudo se usada para ilustrações de matérias críticas. Este foi outro dos pontos de discórdia neste último número. A foto do presidente foi retirada dos textos
Marcela Costa Administradora do órgão disse-nos desconhecer as razões que estariam por detrás da situação mas prometeu um pronunciamento nas horas seguintes, o que não chegou a acontecer.
Perguntei a Justino Pinto de Andrade conhecida figura de intervenção pública mediática se este era um forte sinal do retorno a novos métodos de censura (?) o político ironizou dizendo que “estes eram efectivamente velhos métodos” recordando o tempo colonial. “Nos dias que correm a censura estava de certo modo localizada ao nível dos órgãos de comunicação social. A deslocação desta prática para os órgãos privados é realmente uma preocupação...”rematou.
“O objectivo é condicionar a opinião pública com vista as próximas eleições. O regime, disse o nosso interlocutor, fará tudo por tudo para ter o controlo da media à data das eleições. Para alguns dos órgãos a opção foi a compra. Para outros a asfixia será feita até o desfalecer.Este é o projecto que há para a comunicação social privada que se apresentava como o único canal de respiração que restava da sociedade. Com a media pública partidarizada e a privada tomada mais ou menos pelas mesmas pessoas o futuro é muito sombrio...”concluiu.
Vinte mil dólares americanos podem ter sido gastos no pagamento com uma tiragem gráfica. É um prejuízo do qual pouco importará aos novos proprietários, enquanto os fins continuarem a justificar os meios ou seja dinheiros cujas origens nunca são esclarecidas.
Com tiragem acima dos cinco mil exemplares, a Capital figurava ser um dos mais lidos da praça.A brutalidade desta intervenção marca o ressurgimento duma era de intimidação directa, depois que a sofisticação dos métodos usados encobriu ao longo dos últimos anos o ambiente de repressão sobre a liberdade de imprensa e de expressão em Angola. Os críticos, porque já não se morria à tiro por exemplo, começavam a enfrentar dificuldades para provar tal repressão.»
*Alexandre Neto p/ a
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