Crise cambial, queda das vendas, aumento dos
custos, pedidos de pagamento aos fornecedores cancelados pelos bancos desde o
princípio deste ano e concorrência desleal estão a prejudicar a actividade da
Sistec, alerta ao Expansão o administrador financeiro da empresa, António
Candeias.
Osvaldo Manuel
http://expansao.co.ao/Artigo/Geral/59242
As vendas da Sistec caíram 15% no primeiro
semestre desde ano, período em que os custos subiram 17%, revelou ao Expansão o
administrador da área financeira do grupo, sem indicar valores. A
desvalorização do Kz face ao dólar norte-americano, aliada ao facto de muitos
pagamentos a fornecedores estarem há meses a aguardar luz verde dos bancos, são
outras preocupações da empresa, diz António Candeias, que critica a
concorrência desleal do comércio informal na área da informática e tecnologia.
Segundo António Candeias, que falava à margem da
apresentação do Relatório e Contas da empresa relativo a 2014, o ano passado
trouxe "muitas surpresas para as empresas angolanas. A partir do terceiro
trimestre de 2014 as firmas começaram a verificar quebras nas vendas. No ano
passado, ainda assim, as vendas da Sistec registaram um aumento de 8,72%, face
a 2013, para 10,337 mil milhões Kz, enquanto os custos com pessoal subiram 12%,
para 1,767 mil milhões Kz. Os resultado líquidos aumentaram de 10%, para cerca
de 321,7 milhões Kz Apesar de apresentarmos um acréscimo no volume das vendas ,
ele não é real, ou seja, o aumento que se verificou, em termos nominais e
reais, pode ter leituras diferente", disse.
Para o administrador financeiro, tendo em conta
que a desvalorização do kwanza em relação ao dólar em 2014 foi de 5, 3%, e que
a taxa taxa de inflação foi de 6,89% "os números não podem ser lidos rigorosamente".
A empresa, afirma, está a assistir a uma "estagnação quer nas vendas quer
nos resultados". "Tivemos um crescimento sustentável até ao terceiro
trimestre, mas, a partir do quarto, as vendas caíram drasticamente", afirmou.
"As expectativas que a Sistec augurava em
2013 foram concretizadas", segundo o administrador, mas, no terceiro
trimestre de 2014, a empresa teve e repensar a sua política, principalmente ao
nível do investimento, cancelando novos projectos que tencionava realizar
noutras áreas da companhia, incluindo alguns que deveriam ocorrer em 2015.
Entretanto, a banca comercial não está a pagar
aos fornecedores em tempo útil, causando um aumento artificial nos preços pagos
pelas empresas, uma vez que há diferenças cambiais que chegam a 30% entre o
momento em que a encomenda foi feita, e o momento em que foi paga.
"Estamos a falar de uma desvalorização real
que começa a chegar perto dos 30%, ou seja, quando formos pagar aos
fornecedores, os bens poderão custar cerca de 30% mais". O gestor lembra
que as pessoas têm menos dinheiro, o que está a causar quebras no consumo, mas
garante que a empresa tem vindo a desenvolver políticas no sentido de
introduzir alguns factores de correcção de forma a manter o equilíbrio
estrutural, não inflacionando em excesso os preços. Não podemos, linearmente,
actualizar os preços em função da desvalorização da nossa moeda, porque senão
as pessoas não comprariam, sublinha.
O administrador financeiro receia que existam
empresas que possam caminhar para o abismo. "Embora os volumes de vendas
possam, aparentemente ,estar estáveis, ou com algum crescimento, o facto é que.
Com a desvalorização do kwanza, as vendas estão a cair e os custos estão a
subir", o que pode levar "a curto prazo" algumas empresas a
"caminharem para a falência", alerta. A Sistec sofreu uma quebra nas
prestações de serviços, porque alguns contratos com o Estado foram cancelados,
enquanto outros estão a ser renegociados "de forma dura".
O gestor alerta ainda que a venda ambulante tem
vindo a prejudicar o negócio e lamenta que não se tomem medidas para pôr termo
à situação. "A venda ambulante em frente às lojas é uma situação que
existe há muito tempo e nós não vemos acções correctivas", afirma o
gestor.
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