sexta-feira, 10 de julho de 2015

O silêncio cobarde ante o assassinato do direito e da lei - William Tonet


Luanda – Eu sou covarde! Eles são, partidocratamente, covardes! Nós somos, medrosamente, covardes! E somos por deixar desfilar, em tapete manchado com o sangue dos nossos cidadãos, do nosso sofrimento, a monstruosidade de uma lei subvertida, na visão obtusa da arrogância instalada, com a força do fuzil bélico, que nos vai sufocando e assassinando, intelectual e fisicamente.

FOLHA 8

Ainda não refeitos do GENOCÍDIO do Monte Sumi, no Huambo, onde as tropas militares e policiais do regime cometeram crimes hediondos e violentos, caricatamente, capitulados na CRA, ao assassinaram mais de 700 pessoas indefesas e inocentes por motivações religiosas, contrariando e violando os artigos constitucionais, “10.º n.º 3; “O Estado protege as igrejas e as confissões religiosas, bem como os seus lugares e objectos de culto, desde que não atentem contra a Constituição e a ordem pública e se conformem com a Constituição e a lei”; e também o “61.º (Crimes hediondos e violentos) “são imprescritíveis e insusceptíveis de amnistia e liberdade provisória, mediante a aplicação de medidas de coacção processual: a) o genocídio e os crimes contra a humanidade previstos na lei;
b) os crimes como tal previstos na lei”
e logo cria outro fantasma, investindo contra jovens inocentes e indefesos, já visados, por serem recorrentes, quando os agentes policiais, quais figuras míticas; vampiros, sedentas de sangue, vão aos mesmos jovens, quer estes saiam a rua, pensem sair ou estejam a ler um livro, capaz de os ensinar, como lutar, democraticamente, ao abrigo das leis em vigor, para “derrubar” um governo, que não sendo uma monarquia se renova eleitoralmente, de cinco em cinco anos.
Ao serem brutalmente presos “meninos” que nem sabem o que é avançar em quadricula, do ponto de vista militar, por nunca terem feito recruta militar, acusando-os da patética e recorrente tese de tentativa de golpe de Estado, quantos já foram, perdemos a conta destes fantasmas, na galeria do time de Eduardo dos Santos, que sonhando golpes, encarceram o primeiro que lhe aparecer, no sono, com a mesma chancela: GOLPE DE ESTADO, embolsando milhões de dólares, que deveriam servir milhões de indígenas famintos.
Este (golpe), desta vez, não foi praticado por Nito Alves ou seus seguidores, não foi por Alexandre Rodrigues Kito, não foi por Fernando Garcia Miala, por sinal, todos com experiência de mando militar e condução de tropas, por serem generais, mas, pasme-se, por quinze (15) jovens imberbes, que nunca fizeram tropa, não sabem manusear armas de fogo e cujo arsenal se resumia a uma dúzia (12) de lapiseiras, um (1) lápis, por sinal vermelho, quatro (4) blocos de apontamentos, um (1) livro, três computadores e meia dúzia (6) de ideias.
Todo este arsenal não estava num armazém, nem na sala de armas de um qualquer quartel ou bunker, mas nos bolsos e mãos dos jovens presos, que, afinal, abalam a colossal máquina de guerra de um regime, cujas práticas se assemelha aos dos mais déspotas do mundo.
Os DDT (donos disto tudo), dormem sobressaltados, sabem o mal que, diariamente, fazem aos povos, o que roubam aos povos, as injustiças que cometem contra os povos e sentem as almas de tantos que vêem assassinando, ao longo do tenebroso consulado. Logo, o virar da página de um bloco qualquer, na Vila Alice, timbrada com a palavra; MUDANÇA DEMOCRÁTICA, faz-lhes tremer as pernas, quais varas tontas.
Desta vez, Dos Santos deveria proibir esta acção policial, para não ser alvo de chacota, infantariamente (interior dos infantários), sanzalalmente (interior das sanzalas), nacional e internacionalmente, tal é o primarismo do enredo de um triller filmatográfico e acusatório de 5.ª categoria, avocado pelo SIC (Serviço de Investigação Criminal), que agiu como se fosse (será que não é mesmo?..) um comité de especialidade do MPLA, forjando provas e actores.
Com esta prática, a liderança do presidente dos angolanos do MPLA, passa a ser conotada como medrosa, maldosa, que não se coíbe de forjar provas, prender, espancar e assassinar, para se perpetuar “ad eternum” no poder.
Infelizmente, a maioria dos autóctones vive debaixo de uma bota colonial, num país que se prepara para comemorar 40 anos de independência, do colonialismo português, mas não curou de criar órgãos de Estado, mas sim de regime partidocrata, onde a lei e o direito são substituídos pela ideologia e tirania e os povos perguntarem, em surdina, quando chegará a verdadeira independência.
A actual, parece falsa, não cobre todos de igual forma, por um só partido a ter abocanhado, como se fosse o substituto natural do colonialismo branco português que, para nossa desgraça colectiva, o “colonialismo negro” é pior, por “roubar” o sonho, a esperança, as liberdades da maioria preta, para além de desrespeitar, até mesmo a sua Constituição e leis.
Eu peço ao presidente da República para avaliar este caso, na qualidade de pai, mesmo os tendo considerado, um dia de frustrados. Sim, são frustrados! Tem razão, mas são, legitimamente, face a política discriminatória do sistema de educação implantado, da saúde, de emprego e oportunidades.
Sei que poderei não encontrar sensibilidade para a prática deste bem, que é a justiça, por ser incompetente, na política da bajulação. Não sei bajular. Não lhe bajularia.
Mas acredite, um gesto de pai se impunha, pois veja o que fez de grave, um dos seus filhos, pese ser milionário, sem justificativa, quando, também, frustrado, exibiu e exibe, cenas homossexuais e outras indecências, utilizando e gerindo, abusivamente, um bem público, como a TPA 2 e a TPA Internacional, por ser filho do Presidente da República.
Diante de tantos excessos, nenhum órgão policial ou judicial, lhe espancam, prende ou confisca os bens. Perdoam-lhe por ser filho do presidente...
É pois chegada a hora de pensar que estes jovens, brutalmente presos e nas fedorentas masmorras, também têm pais e com eles devem e merecem ficar, quando não cometem ilícitos.
15 jovens desarmados, sem experiência militar, estão longe de ameaçar o seu blindado consulado e é patético quem assim pense, pois se conseguissem contornar uma esquadra policial móvel e um quartel, seria subnatural, mas claudicariam ao encararem, não confundir com enfrentar, o seu colossal exército: a UGP, que não vai em cantigas de ser derrotada por lapiseiras, blocos, um livro, um lápis vermelho e três computadores, portados por 15 jovens imberbes, que podem desaparecer, num estalar de dedos, como o foram Kamulingue, Cassule e Ganga, uma vez as armas da UGP (Unidade da Guarda Presidencial) rejeitarem balas de borracha.
Ainda assim, mesmo sabendo correr o risco de nunca ser ouvido, pela incompetência de não lhe saber bajular ou idolatrar, como muitos ao seu redor, ouso fazê-lo, para que não continuemos, 40 anos depois a fazer jorrar sangue, nas torneiras de muitos lares, ao invés de água potável.
Por favor, Senhor Presidente da República, José Eduardo dos Santos, como mais alto magistrado do país, coloque-se como pai e exija justiça, para não carregar mais este ónus de injustiça que parece sádica, contra 15 jovens inocentes.


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