terça-feira, 4 de agosto de 2015

Angola. Mais um indício de bancarrota



E se nos der­mos ao pe­noso sacrifí­cio de ouvir e ver o que é transmi­tido pela TPA, o melhor é esquecer o que se passa em Angola e imaginar um país de sonho, uma espécie de paraíso na Terra aberta a todos e com riquezas a serem distribuí­das por todos.
Ora o que acontece é exac­tamente o contrário, a aber­tura faz-se apenas entre camaradas formatados ou depois de terem sido do­mesticados, num espaço ideológico sem lógica algu­ma e num circuito fechado a sete chaves montado numa “lavandaria cerebral” a fim de levar os aprendizes de servos a serem ainda mais retintos servos que os seus mestres e a dizer amém a tudo o que o Executivo faz.
O problema essencial é que o pretenso Executivo não executa coisa nenhuma, delega poderes que não são poderes e viabiliza campa­nhas de assistência usando quase sempre fintas de toda a ordem, assentes numa mania antiga do MPLA de tomar desejos por realida­des que nunca se concre­tizam. Depois, o Executivo esquece-se de pagar os seus servidores. Não paga mes­mo, não respeita o que pro­mete, seja na Educação, na Cultura, no Desporto, nas Obras Públicas ou na Saú­de, isto sem falar em outras áreas, e por aí vemos quan­to é nocivo para o país o seu desempenho autocrático.
Um exemplo flagrante do catastrófico desastre go­vernativo acaba de nos ser anunciado a propósito da­quilo que se está a passar com os médicos e professo­res cubanos que vieram se instalar no nosso país para preencher os buracos, ou melhor, as crateras lunares que afectam a nossa socie­dade nesses dois sectores primordiais para o bem­-estar de toda a população angolana em geral, Saúde e Educação.
Esta semana, como referido em força pelas redes so­ciais, ficaram os angolanos a saber que há três anos que Angola não paga aos médi­cos e professores cubanos destacados no país. «A si­tuação é crítica e já se equa­ciona uma ponte aérea. A partida dos técnicos de Fi­del poderá assumir contor­nos dramáticos, sobretudo na área da Saúde, uma vez que são os únicos que acei­tam trabalhar nas zonas mais remotas do interior», revelou o semanário portu­guês Expresso.
De facto, mais de mil téc­nicos cubanos dessa área, assim como os que oficiam no ensino superior poderão abandonar Angola nos pró­ximos tempos se o governo de Luanda não liquidar a dívida contraída junto de Cuba.
E um alerta foi dado por essa mesma fonte, «Se esta retirada se vier a consumar, 150 médicos, professores universitários e outros téc­nicos cubanos poderão co­meçar a deixar Luanda no inicio do próximo mês», augúrio a que o nosso con­frade “Agora” aludiu, ao re­velar que «Luanda deixou de honrar os seus compro­missos junto da Antex, a empresa estatal de Cuba, responsável pela contrata­ção dos técnicos». Note-se que cubanos em Angola são mais de mil!
A verdade é que a econo­mia angolana está a chegar às fronteiras de uma frau­dulenta banca-rota, numa altura em que se multipli­cam os investimentos no luxo e em negócios de pres­tígio, levados a cabo para dar de Angola uma imagem de grandeza e estabilidade institucional, quando, pre­cisamente nesta altura, no próprio seio do partido no poder grassa o desconten­tamento face aos incríveis tiros nos pés que o Execu­tivo tem dado, malermbe­-malembe até há bem pou­co tempo, freneticamente nestes últimos tempos.

Folha 8. 01 de Agosto de 2015

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