E se nos dermos ao penoso sacrifício
de ouvir e ver o que é transmitido pela TPA, o melhor é esquecer o que se
passa em Angola e imaginar um país de sonho, uma espécie de paraíso na Terra
aberta a todos e com riquezas a serem distribuídas por todos.
Ora o que acontece é exactamente o
contrário, a abertura faz-se apenas entre camaradas formatados ou depois de
terem sido domesticados, num espaço ideológico sem lógica alguma e num
circuito fechado a sete chaves montado numa “lavandaria cerebral” a fim de
levar os aprendizes de servos a serem ainda mais retintos servos que os seus
mestres e a dizer amém a tudo o que o Executivo faz.
O problema essencial é que o pretenso
Executivo não executa coisa nenhuma, delega poderes que não são poderes e
viabiliza campanhas de assistência usando quase sempre fintas de toda a ordem,
assentes numa mania antiga do MPLA de tomar desejos por realidades que nunca
se concretizam. Depois, o Executivo esquece-se de pagar os seus servidores.
Não paga mesmo, não respeita o que promete, seja na Educação, na Cultura, no
Desporto, nas Obras Públicas ou na Saúde, isto sem falar em outras áreas, e
por aí vemos quanto é nocivo para o país o seu desempenho autocrático.
Um exemplo flagrante do catastrófico
desastre governativo acaba de nos ser anunciado a propósito daquilo que se
está a passar com os médicos e professores cubanos que vieram se instalar no
nosso país para preencher os buracos, ou melhor, as crateras lunares que
afectam a nossa sociedade nesses dois sectores primordiais para o bem-estar
de toda a população angolana em geral, Saúde e Educação.
Esta semana, como referido em força pelas
redes sociais, ficaram os angolanos a saber que há três anos que Angola não
paga aos médicos e professores cubanos destacados no país. «A situação é
crítica e já se equaciona uma ponte aérea. A partida dos técnicos de Fidel
poderá assumir contornos dramáticos, sobretudo na área da Saúde, uma vez que
são os únicos que aceitam trabalhar nas zonas mais remotas do interior»,
revelou o semanário português Expresso.
De facto, mais de mil técnicos cubanos
dessa área, assim como os que oficiam no ensino superior poderão abandonar
Angola nos próximos tempos se o governo de Luanda não liquidar a dívida
contraída junto de Cuba.
E um alerta foi dado por essa mesma
fonte, «Se esta retirada se vier a consumar, 150 médicos, professores
universitários e outros técnicos cubanos poderão começar a deixar Luanda no
inicio do próximo mês», augúrio a que o nosso confrade “Agora” aludiu, ao revelar
que «Luanda deixou de honrar os seus compromissos junto da Antex, a empresa
estatal de Cuba, responsável pela contratação dos técnicos». Note-se que
cubanos em Angola são mais de mil!
A
verdade é que a economia angolana está a chegar às fronteiras de uma fraudulenta
banca-rota, numa altura em que se multiplicam os investimentos no luxo e em
negócios de prestígio, levados a cabo para dar de Angola uma imagem de
grandeza e estabilidade institucional, quando, precisamente nesta altura, no
próprio seio do partido no poder grassa o descontentamento face aos incríveis
tiros nos pés que o Executivo tem dado, malermbe-malembe até há bem pouco
tempo, freneticamente nestes últimos tempos.
Folha
8. 01 de Agosto de 2015
Sem comentários:
Enviar um comentário