Foi realmente do
jamais visto nestas paragens do EBO. Agitação pela positiva nas ruas,
apetência da gente apertar a mão e a participação ao encontro realizado. Antes
foi a tradicional saudação ao Administrador Municipal Rui Manuel, depois visita
ao Hospital, seguiu-se a troca de impressões com os sobas e com a juventude.
Abel Chivukuvuku,
que se faz acompanhar nas suas deslocações pelo Conselheiro da CASA-CE e
Acompanhante da Província, Felé António e ainda pelo secretario provincial
Francisco Sobral e seu Chefe de Gabinete, Milu Tonga, apresentou-se aos
militantes e admiradores um tanto ou quanto preocupado com a paisagem
habitacional, fisiológica e espiritual que grande parte dos municípios Kuanza -
sulenses demonstraram até aqui, apesar do entusiasmo dos habitantes, com maior
incidência para o Município do Mussende que, segundo ele, o surpreendeu pela
negativa. Há falta de tudo, até de esperança de um dia a vida melhorar. “Tinha
uma outra ideia de Mussende”, disse. “Mas, fico decepcionado pelo que vejo e
oiço”, rematou. Hospital não tem médicos, nem condições de internamento;
meninas morrem nos partos por falta de especialistas; falta corrente eléctrica;
geradores são caros, e nada fácil alimentá-los, para além disso estão a
provocar mortes pelos seus gases tóxicos; estradas de acesso em muito mau
estado; as ruas de terra batida, poeira provoca muita doença respiratória; vila
envelhecida e sem infra-estruturas de vila-habitável; não há emprego para os
jovens e para ninguém, pois não há investimento económico que crie a oferta e
absorva mão-de-obra; os sobas perguntam-se o que é feito do famoso projecto
barragem de Capanda, tão perto, mas não arranca; funcionários têm de se
deslocar a centenas de quilómetros (Malange) para questões de levantamento de
dinheiros, porque não há banco BPC; também não há Tribunal, estas e outras
coisas muito mais básicas, carecem no Mussende. So assim se compreende o porquê
que a tristeza está estampada nos rostos dos habitantes. Esta realidade levou o
Presidente da CASA a manifestar seu descontentamento em publica e junto das
autoridades: “Denota-se muita discriminação na aplicação do Projecto de
desenvolvimento entre as províncias e nestas entre os municípios”, disse a dado
passo. Como exemplo, segundo ele, o Kuanza Sul configura-se como uma província
esquecida pelo Executivo de Luanda. Seus habitantes, mais pelo interior,
aparentam de certa forma sacrificados, ao contrário de outras províncias por
onde já passou. Esta inquietação apresentou-a na tarde de quarta-feira, 07/08,
durante aquilo que Chivukuvuku convencionou chamar “Conversas de Quintal”,
um novo estilo de fazer campanha adoptado nas picadas do Kuanza Sul e que
doravante passa a ser mais uma divisa da CASA. O ensaio aconteceu no Mussende
num dos quintais, com algumas dezenas de jovens, estendeu-se no EBO desta vez
foi com cerca de duzentos destemidos, na sua maioria estudantes do Ensino
Médio, outro pormenor de referência, se considerarmos que o EBO se localiza em
lugar inóspito. No entanto, pese embora ser uma localidade um pouco escondida,
seu crescimento se distancia do de Mussende.
Para o Presidente
da CASA, o OGE está muito mal repartido ou mal equacionado, derivando por
conseguinte as assimetrias ou seja, uns angolanos mais contemplados, outros,
como os do Kuanza Sul, praticamente abandonados. Foi com base a esta
constatação que o Presidente da CASA disse durante o encontro, “ainda não
encontrou um único Governador de Província que não é gatuno ou não faz
esquemas”. Não se justifica o triste cenário se a economia angolana cresce
a dois dígitos, a exploração de petróleo aumentou e o preço do barril
igualmente. Daí a razão do surgimento da CASA, uma organização mais jovem, mas
também mais promissora. Pois, outros brigam pelas responsabilidades das culpas
do atraso de Angola e pelos desvios dos dinheiros do Estado.
Em Conversas de
Quintal, de Abel Chivukuvuku, muito se discutiu. Mais pormenores próximo
trabalho, inclusive a publicação de fotos.
Do
EBO província do Kuanza Su
Sem comentários:
Enviar um comentário