terça-feira, 6 de agosto de 2013

“Estamos a receber ameaças de morte” – Líder da UNITA





Luanda  - Integra do  Discurso do Presidente da UNITA  por ocasião do 3 de Agosto 2013

Caros companheiros membros da Direcção do nosso Partido,
Caros Senhores Deputados
Prezadas Companheiras Mamãs da LIMA,
Caros Membros, Militantes e Amigos do nosso Partido,
Caros Compatriotas!
Antes de mais, nós gostaríamos de saudar a todos com um vivo muito boa tarde.
Queremos também dizer que esta actividade começou há pouco, exactamente porque tínhamos um lugar previsto e as forças anti - democráticas impediram-nos de realizar este acto lá, onde nós queríamos realizá-lo, privaram assim milhares de pessoas deste convite porque até bem pouco tempo ainda estavam a ir pessoas para o local inicialmente previsto.
Mas eu queria agradecer a todos que fizeram tudo para virem até aqui e assegurar que apesar destes impedimentos que não começam hoje, a nossa luta pela democracia vai triunfar.
Hoje é 3 de Agosto e queremos saudar esta histórica data que é dia do nascimento do nosso Presidente Fundador Dr. Jonas Malheiro Savimbi. A 3 de Agosto nasceu no Munhango, na província do Bié, o Dr. Jonas Malheiro Savimbi que fundou a UNITA.
O 3 de Agosto é portanto uma data histórica que deu lugar ao homem que fundou este instrumento que se tem revelado forte na defesa dos oprimidos e dos pobres.
3 de Agosto deu lugar ao Projecto de Muangai que se consubstancia em cinco princípios:
1. Liberdade e Independência total para os homens e para a pátria-mãe,
2. Democracia assegurada pelo voto do povo através de vários partidos políticos,
3. Soberania expressada e impregnada na vontade do povo de ter amigos e aliados, primando sempre pelos interesses dos angolanos,
4. Igualdade de todos os angolanos na pátria do seu nascimento e
5. Na busca de soluções económicas priorizar o campo para beneficiar a cidade.
Se estivesse em vida o Dr. Jonas Malheiro Savimbi teria feito hoje 79 anos de idade. Mas este homem que teve uma carreira e uma vida dedicada ao povo angolano. Foi um cidadão sensível aos problemas do povo, ele tinha um empenho total às causas profundas e legítimas do seu povo, ele que era um condutor de homens, cujo pensamento e acção determinaram a evolução do processo de libertação do povo de Angola e da Africa Austral, tornando-lhe num dos patriotas mais vibrantes e empreendedores do fim do seculo XX.
Foi o Dr. Jonas Malheiro Savimbi que tinha uma visão clara e convicto da dinâmica da sociedade e da necessidade de se ajustar à política e a evolução inevitável da história. Foi o Dr. Jonas Savimbi que embora muitos procurem negar, ao longo dos anos de sua existência lutou incansavelmente para implementação da democracia no nosso país. Ao longo dos seus anos de existência e ainda hoje também, têm sido muitos os que procuram deturpar e ofuscar a sua obra.
Onze anos depois da sua morte ainda muitos se dedicam a difamar o seu nome e a denegrir a sua imagem, tentando apaga-lo da história. Porém, os factos têm-se revelado teimosos, sobretudo quando se trata de um homem cujas ideias se transformaram num pensamento-metre de milhões de seus compatriotas e não só. A obra do Dr. Savimbi é inapagável e a sua memória viverá para sem na história de Angola e na história da humanidade.
Saudamos, portanto este dia que como já disse é um dia histórico. Como já foi dito aqui, há poucos dias o nosso Comité Permanente declarou o mês de Agosto como mês de reflexão patriótica sobre o rumo que o nosso país está a tomar, sobre o destino do nosso país. No dia em que celebramos o nascimento do nosso presidente fundador, do herói que dedicou toda a sua vida ao serviço do seu povo e da sua pátria, é justo que façamos esta reflexão durante o mês de Agosto. Devíamos reflectir sobre o nosso país, sobre as nossas vidas e sobre o nosso futuro.
Procuram hoje distrair-nos com coisas superficiais, que não nos levam para lado nenhum. Nós devíamos dedicar a nossa atenção e o nosso tempo na reflexão sobre o futuro do nosso país que é o futuro das nossas vidas. A questão que se coloca é: “para onde vais nossa Angola”.
Querem nos distrair com coisas vãs, mas na reflexão que nós devemos fazer reflitamos verdadeiramente sobre esta juventude que vemos aqui à nossa frente, que futuro espera, se nem sequer têm a possibilidade de continuar com os vossos estudos, que futuro vos espera jovens se para continuar os estudos superiores têm de pagar a gasosa? Como é que vão organizar a gasosa, se não têm emprego?
Que futuro vos espera se mesmo aqueles que conseguem lugar nessas escolas não têm condições e quando se dedicam aos seus estudos ao fim de três-quatro anos as suas notas também não aparecem? Não conseguem defender as suas teses porque as notas ainda estão com o professor que viajou? Que futuro vos espera se o vosso dinheiro, aquele dinheiro com que se deveria criar condições nas escolas, que devia pagar melhor os professores para ensinarem melhor anda a passear-se na Europa nas casas de jogos?
Eu pergunto que futuro é que nos espera se o nosso próprio dinheiro serve para comprar as nossas consciências, para passarmos na televisão que é pública a ver pessoas a negar as suas próprias convicções em que acreditaram durante anos, para dizer que agora me passo para este ou para aquele, com o vosso próprio dinheiro.
Que futuro é que vos espera, se os nossos dirigentes dizem que democratas mas querem continuar num sistema monopartidário. Só quem não acredita no sistema multipartidário é que se ocupa de esbanjar o dinheiro do povo para comprar uma poucas consciências e exibi-las como troféu, dizendo que passaram para este ou aquele partido. Que democracia é esta em que aqueles que governam querem ficar sozinhos, contentam-se em mostrar que estão a esvaziar os outros partidos? Que democracia é esta? Que futuro nos espera nesta democracia?
Dizia eu que querem distrair-nos com coisas superficiais, mas nós queremos que aqui reflictamos seriamente sobre as nossas vidas, reflictamos sobre aquilo que se possa constituir em soluções para nos sairmos desse imbróglio em que está mergulhado o nosso país. Nós queremos que nos falem das autarquias, porque é através deste sistema das autarquias que poderemos resolver vários problemas que nos afectam hoje.
É verdade que eu noto que muita gente não sabe o que são as autarquias e não veem a importância deste sistema das autarquias e quando nós falamos das autarquias eles não compreendem por quê. Mas eu repito, é através das autarquias que nós vamos poder resolver os nossos problemas, a falta de água, que no fundo é deliberada, porque quem tem a cisternas de água são eles (governantes) que nos vendem o balde de água a 50 kwanzas.
Então, não lhes interessa meter a canalização que nos traga água para as nossas casas, sob pena da cisterna ficar parada. Não lhes interessa também resolver o problema de energia elétrica porque eles (governantes) são sócios de Libaneses que vendem geradores. Não lhes interessa que vocês jovens tenham emprego, que estudem bem, porque o colégio, a universidade privada também é deles (governantes).
Não lhes interessa melhorar o sistema público de educação. Senão a Universidade privada não encontra alunos. Então, na autarquia o cidadão elege aqueles que lhe vão dirigir-governar e o próprio cidadão participa na gestão daquilo que diz respeito à sua vida. No Kilamba Kiaxi, na Samba, na autarquia é o cidadão que vai escolher o administrador. O administrador não é nomeado lá na Cidade Alta, é eleito pelo povo na autarquia.
É o cidadão que conhece quem trata melhor o povo, é o cidadão que vai escolher e é o cidadão que vai determinar se o que lhe interessa mais é escola primária ou a Universidade no bairro, ou a canalização de água. É ele que vai dizer se o que lhe interessa mais é o campo de futebol ou uma discoteca. É o cidadão que vai determinar se o que lhe interessa resolver com maior prioridade é na área onde vai ter possibilidade de conviver com os outros nos momentos livres ou se a vala. Portanto, as autarquias são um sistema que pode beneficiar melhor o cidadão do que a gestão administrativa que se faz hoje.
Portanto, quando estamos a falar das autarquias e da necessidades delas acontecerem o mais breve possível, é porque nós queremos que o cidadão de facto tenha oportunidade que já está na Constituição. Estão nos a distrair com conferências aqui e acolá, queremos que nos digam quando é que as autarquias acontecem. É isso que nos interessa, é isso que nós queremos ver. Portanto, esta é uma das questões sobre as quais reflectir profundamente neste mês de Agosto.
Vamos organizar seminários, eventos onde o cidadão deve conhecer o que é uma autarquia, como funciona e quais são as vantagens desse sistema.
Estão nos a distrair com encontros chamados diálogo com a juventude. Só agora é que se faz diálogo com a juventude? Não sabem o sofrimento, a vida que a nossa juventude leva no país? Só agora é que entenderam isso? É para nos distraírem. Nós precisamos de soluções, agora.
Querem nos distrair com campeonatos mundiais. Muito bem, queremos ver o Hoquei, mas não é a nossa prioridade, as nossas prioridades são outras. Despendem dinheiro em coisas supérfluas quando falta transporte para escola, quando não se consegue emprego, nem as três refeições diárias. Paremos um bocado para reflectir. O que é que devemos fazer? Precisamos de nos organizar, para exigirmos que os nossos direitos sejam materializados, para exigir que sejamos livres, de dizer aquilo que queremos, livres na pátria do nosso nascimento.
Livres para que não tenhamos receio de dormir sem sabermos se nos vêm bater à porta a meio da noite. Mobilizemo-nos e organizemo-nos para podermos exigir que haja segurança nos nossos bairros, para que não tenhamos medos de nos dirigirmos às nossas casas. Que acabem as ameaças de morte, estes dias vários cidadãos estão a ser ameaçados de morte. O soba Katapi denunciou, numa rádio que estava a receber telefonemas anónimos com ameaças de morte.
Estamos a receber nós todos ameaças de morte (…) cuidado vai morrer. Companheiros não aceitemos, é apenas para nos intimidar. Antes pelo contrário mobilizemo-nos, organizemo-nos para exigir a nossa segurança. Convocam-nos para os tribunais sem nos dizer porquê e dizem que estamos numa república democrática e de direito? Não, não é assim! Numa república democrática de direito ninguém te convoca sem você saber para quê. E eles (regime) sabem, estudaram o direito, só não sei se o estudaram bem ou mal. Tudo isso é só para nos intimidarem. De cabeça erguida continuemos a marchar, sigamos este exemplo do nosso Presidente fundador com todas as ameaças, com todos os processos de exclusão continuou a sua marcha até a morte para que nós possamos ter liberdade, para que o nosso povo conhecesse a Independência. Então, os exemplos estão aí. Nada nos intimida, não aceitemos, marchemos.
Portanto, dizia eu que Agosto é o mês de reflexão, aqueles que não começaram ainda comecem já aqui e quando sairmos daqui, vamos para os nossos bairros encontrar os nossos vizinhos, os nossos amigos, os nossos colegas, os nossos parentes e digamos Agosto é o mês de reflexão para encontrarmos soluções para as nossas vidas e para o nosso país.
Enquanto eles nos procuram ameaçar e intimidar nós preguemos a unidade. Somos todos angolanos. Enquanto nos ameaçam, nos excluem e procuram nos humilhar e denegrir nós preguemos o amor, a caridade, a solidariedade. Somos todos angolanos e digamos bem alto VIVA A UNITA que na sua génese, nos seus princípios e na sua filosofia prega a unidade e a inclusão.
Para a UNITA todos devem ter as mesmas oportunidades. Não há discriminação.
A UNITA não vai fazer aquilo que o MPLA fazer agora com os outros (UNITA). Se você é do MPLA tem emprego. Se você não é do MPLA não encontra emprego, até na escola pode ter problema. Eu encontrei uma senhora na Lunda Norte que estava a estudar muito bem, é inteligente, mas um dia descobriram que ela era da UNITA. A partir daquele dia a perseguição começou e para exclui-la da escola, perguntaram-lhe onde que tinha feito a 9ª Classe e quando disse que fez na Jamba foi suficiente, exigiram-lhe trazer as notas e como o certificado da 9ª classe não estava ali, então foi excluída primeiro dos exames do semestre e depois impedida de entrar na escola.
Nós estamos a dizer que com a UNITA não será assim. Não é isso que o Dr. Jonas Malheiro Savimbi nos ensinou, não é para isso que ele (Savimbi) lutou. O Dr. Jonas Savimbi lutou para que todos os angolanos encontrassem a prosperidade e a felicidade no seu próprio país. Para UNITA todos são angolanos. Temos dito, repetidas vezes, no dia em a UNITA chegar ao Governo e este dia não está longe, vamos estar no Governo. Nas minhas conversas com os meus amigos costumo dizer que os angolanos deviam nos permitir ainda que fossem só 5 anos, para verem como é que nós vamos mudar isso (a situação).
Estas discriminações desapareceriam, ao contrário do que andam a dizer por aí, (que nós vamos despedir os funcionários públicos, que aqueles que estão na polícia vão ficar sem emprego, que nós vamos trazer os nossos professores). Ao contrário de tudo isso, nós vamos dizer que os professores não chegam, porque há muitas crianças que não estudam, por falta de professores, quando há professores que não ensinam, muitos deles mais competentes do que aqueles que ensinam, mas só não ensinam porque não são do partido da estrela. Nós não faremos assim.
Naturalmente o que vamos fazer é que o polícia deixe de cobrar a gasosa, isto sim, nós vamos fazer e ele vai deixar de cobrar a gasosa, porque vai ganhar melhor. O polícia hoje cobra a gasosa porque não ganha bem, os chefes ficam com o dinheiro. Com a UNITA o polícia vai ter salário condigno e com salário condigno não precisa cobrar a gasosa.
O funcionário vai ter melhores condições. Quando durante a campanha eleitoral dissemos que íamos pagar 50 mil Kwanzas como salário mínimo aos trabalhadores perguntaram onde iriamos tirar o dinheiro, está aí o dinheiro a passear-se pela Europa, pelas casas de jogos. Afinal há dinheiro que chega, eles (regime) é que querem que seja só para alguns, quando o dono do dinheiro (povo) passa mal.
Companheiros!
Tudo isso seja motivo de reflexão. Não façamos reflexão apenas. Nós queremos reflexão e acção. Reflictamos e passemos à acção e esta acção deve nos levar a mobilizar os angolanos para que todos estejam organizados e prontos para a mudança que o povo reclama.
Muito obrigado!


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