Os analistas da Economist Intelligence
Unit consideraram hoje que é provável que Angola recomece a somar atrasos nos
pagamentos do Estado e das empresas públicas ao sector privado por causa da desvalorização
da moeda nacional, o kwanza.
Num relatório hoje divulgado aos
investidores, e a que Lusa teve acesso, a unidade de análise da revista
britânica The Economist afirma que "há uma forte probabilidade de o Estado
ir novamente começar a atrasar-se nos pagamentos aos fornecedores".
No documento, lê-se que "o Governo
está a tentar minorar o problema causado pela descida do preço do petróleo e
consequente escassez de divisas, promovendo as iniciativas não relacionadas com
o petróleo, mas a falta de reservas estrangeiras está a manietar os esforços
para desenvolver outras partes da economia".
A moeda nacional angolana
desvalorizou-se em mais de 6,6 por cento na última semana, segundo a taxa de
câmbio oficial do Banco Nacional de Angola (BNA), insuficiente para travar a
subida do dólar no mercado informal.
Para comprar um dólar norte-americano -
moeda utilizada nas importações, mas também informalmente no mercado interno -,
e apenas tendo em conta a taxa de referência, eram hoje necessários 118,2
kwanzas (89 cêntimos de euro), quando a 03 de Junho eram necessários pouco
menos de 111 kwanzas (83 cêntimos).
Nos bancos comerciais, de acordo com
consultas 'online' realizadas hoje pela Lusa, a compra de cada dólar já está
praticamente nos 122 kwanzas (92 cêntimos).
Esta desvalorização aconteceu sobretudo
em três sessões diárias da última semana, essencialmente em resultado das
condições de funcionamento do mercado cambial, mas permanece muito abaixo dos
preços praticados no mercado informal, a única solução face às dificuldades dos
clientes em acederem a divisas junto dos bancos comerciais.
O resultado, diz a EIU, "levou o
Banco Nacional de Angola a impor restrições aos levantamentos e às transacções
internacionais", originando dificuldades para algumas empresas.
"Há várias empresas que estão a
reportar dificuldades em pagar aos fornecedores estrangeiros e em processar
salários, e isto criou gargalos em vários sectores económicos, incluindo a
construção e a indústria", dizem os analistas.
A combinação da desvalorização da moeda
com a forte redução nos subsídios aos combustíveis, anunciada em Abril, está a
fazer subir lentamente a taxa de inflação, que entre Abril e maio subiu 0,71%,
segundo os dados oficiais, conclui a nota de análise.
Os relatórios indicam o PIB per capita
este ano devera descer de de 4.400 para 3.875 dólares.
LUSA
ANGOLA24HORAS
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