domingo, 5 de junho de 2011

EDEL-Empresa Detentora das Escavações de Luanda


Há pessoas que são enterradas como os cães. Mas, há ricos que quando os seus cães morrem fazem-lhes funerais. William Tonet
Aviso! Não se aceitam manifestações neste reino. Qualquer actividade similar, como ajuntamentos de três ou quatro pessoas, é algemas, prisão, porrada se refilarem, e no fim as habituais desculpas: era para vossa segurança pessoal.
Se o regime não me consegue abastecer de energia eléctrica e água, então não serve para nada, serve, para nos fazer de parvos.
Este reino é obra de geradores eléctricos. O que é bom para a ditadura é sempre péssimo para nós.
A bússola aponta sempre para o Norte, a da má governação também… sempre para o desnorte.
Recordando: para quando a indemnização das vítimas espoliadas do mercado Roque Santeiro?
O mais importante é resolver os problemas da energia eléctrica e da água.
Sem informação, apenas com os três mosqueteiros de Luanda, Rádio Ecclesia, Rádio Despertar, o semanário Agora e o Folha 8, e com a espada de Damocles das TIC-Tecnologias da Inquisição da Comunicação, não há oposição. Sem oposição, não há democracia. Sem democracia não há eleições, isso pode? Sem eleições… há tumultos e revoluções. Enquanto a Rádio Ecclesia não estender o seu sinal até aos confins deste império do Grupo, não vale a pena perder tempo com boletins de voto. O mais importante é manifestar o nosso descontentamento assiduamente. Primeiro, limpar o limbo do CNE-Conselho Nacional Eleitoral partidarizado, e depois ouvir a Rádio Ecclesia já liberta de outras naus negreiras que aqui aportaram em nome da liberdade, quando na verdade são da pior estirpe escravocrata.
Naquele tempo, a energia eléctrica faltava de vez em quando, era a tarefa de Jonas Savimbi. Hoje, falha constantemente, quase não existe. Isto é obra grandiosa do glorioso Grupo. O mais importante é resolvermos os nossos problemas, porque os do povo (?) já acabámos com ele, melhor, restam ainda algumas bolsas insignificantes de resistência que não nos preocupam nada.
Voltando às escavações. Foram treze dias de mais uma infindável série da desgraça da escuridão e do incremento da miséria. Para estes tipos, nós sem luz, estão-se marimbando se alguém trabalha ou não. E como só os estrangeiros são quem trabalha, os mwangolés não necessitam da electricidade. Nem uma palavra da EDEL a informar o que sucedeu. Também para quê? Se tudo está de rastos! Do quarto até ao oitavo dia, a resposta por telefone da EDEL era: os nossos técnicos estão no terreno a localizar a avaria, dentro de três dias estará superada. No nono dia foi: é um cabo que está queimado na cabine. No décimo dia: qual é o seu número de reclamação? A partir daqui alguns vizinhos de vigia comentam que já está tudo ligado, falta apenas a EDEL colocar os fusíveis na cabine, mas que não o faz porque aguarda pelo pagamento da gasosa.
Os cabos eléctricos estão como a governação que é extremamente alérgica a tudo que lhe cheire a democracia. Não suportam a carga dos prédios da nomenclatura, agigantados de quinze andares. Estão condicionados apenas para pequenos prédios de cinco andares. A água é ineficiente porque também os prédios da nomenclatura a desviam para os seus reservatórios. Isto é o cúmulo da incompetência e da ignorância. Luanda, sem energia eléctrica e sem água, é a imposição da vida do mato. Sete geradores eléctricos nas traseiras do prédio completavam a natureza morta do lugar. Qualquer um medíocre nos assassina impunemente. Lei? Só a da violência. Até o ar que respiramos está poluído. Já não nos resta nada, apenas a morte? Mas é precisamente isto que nos acontece. Basta seguir o exemplo do morticínio infantil, equipamentos médicos modernos altamente sofisticados e extremamente delicados dependerem de geradores eléctricos. O serviço da EDEL ainda não se libertou dos preceitos, da hedionda praxis marxista-leninista em que: primeiro, a revolução da corrupção, e sempre em último lugar a célebre pátria dos trabalhadores desempregados.
Sem nenhum esforço conseguimos atingir os objectivos do milénio do Terceiro Mundo. Depois, imediatamente passámos sem grandes problemas, até porque nunca os temos isso é invenção das forças ocultas, para o Quarto Mundo, e já estamos com o passaporte do Quinto Mundo.
O navio do Grupo navega ao contrário dos outros, sem proa e com a quilha à… superfície. E os peritos do Grupo não têm dúvidas: é a melhor linha de água, a mais correcta que conduz o nosso (?) povo ao caminho das rédeas eternas.
Oh! Se não os pararem, isto vai ficar como um estábulo exclusivo para animais, o que já se denota amiúde.
Não se esqueçam: quando votarem, votem na continuação desta miséria e das outras. Votem no sem coração! Votem na luz de vela, que é a que provoca mais incêndios, e destrói famílias. Na sede, no desemprego, na falta de assistência médica, na prostituição, na pedofilia, na corrupção, no arrasar dos casebres, e na fome que alastra como a Peste.
Entretanto, a EDEL vai iniciar mais um super programa de escavações. Com uma parceria estratégica com um gigante mundial na área arqueológica, escavará grandes trabalhos em Luanda. Trata-se de descobrir cabos eléctricos antiquíssimos de outras civilizações que por aqui decerto viveram. O projecto é muito interessante mas tem um senão: é que Luanda transformar-se-á num campo gigantesco arqueológico e então por todo o lado serão buracos sem fim. É que há indícios de que o berço da humanidade está aqui em… Luanda.
Angola, outro muro da vergonha, outro apartheid. E sob as batutas dos mestres professores do poder, o mwangolé mergulha profundamente no analfabetismo. E com o reforço do nosso “Diário do Povo”, e restante equipa, deixar ou ver o circo pegar fogo, a lavagem cerebral é total e completa, como bem se pretende. O mais importante é banalizar a informação. Nunca tão poucos alienaram tantos. Além da repressão física, também a intelectual se intensifica. E para não variar temos o privilégio dos apagões constantes e de tudo o mais de rastos, como se vivêssemos noutra guerra.
Tantos biliões de dólares agrupados no mesmo Grupo, e nós tão desprezados. Um país desenvolve-se com geradores eléctricos, é a fórmula dos nossos peritos na matéria, de regimes em curto-circuito. Este poder é uma calamidade natural. Afinal a coisa está a ficar “preta”. Agora, antes de me deitar oro sempre: «Que Deus proteja a nossa ditadura. Boa-noite ditadura. Até amanhã.» Como se não bastasse, agora temos também de suportar, aturar as máfias chinesas.
Tendo o analfabetismo como mais uma instituição nacional, como é possível implantar a democracia? Portanto, é uma democracia elitista de apenas um punhado de iluminados, de sábios. E assim sendo, o novo rumo democrático está desviado, travado.
A corrupção é um acto anticonstitucional? Quem disse? Não senhor! Está prevista na nova Constituição, portanto válida para todos os devidos e legais efeitos.
A democracia e a liberdade são inevitáveis. Não foi para isso que lutámos?
Os caçadores de terras querem instaurar em Luanda fábricas e fabriquetas. Arrasar com tudo o que seja vivo, isto é o que se chama a chama do progresso. Entretanto, o nosso petróleo vai longe, a nossa miséria também. Nós, população fóssil somos também a matéria-prima para mais exportação petrolífera.
E todos os que não nos forem favoráveis, denunciarem a nossa corrupção, a divisão do nosso bolo petrolífero, que diga-se em abono da verdade não passam de invenções, de invejas, de grosseiras calúnias, esses são os nossos inimigos declarados, do contra, e como tal são para aniquilar, dar combate com todas as nossas forças. Aos inimigos declarados das nossas riquezas pessoais ilícitas, nem uma gota do nosso preciosos petróleo. Angola é só nossa, e dos nossos amigos.
E das janelas amuralhadas dos seus palácios, observam-se com nitidez os moribundos na ânsia da vã tentativa do diálogo com os seus governantes, de modo próprio proclamados donos de Angola, do céu e das nossas vidas. E fizeram de Luanda um monte de sucata aprazível para guarda de ratos. E todas as promessas de que a nossa vida vai melhorar, são outro grande fiasco, porque já sabemos de antemão que tudo vai piorar. Impuseram-nos uma prisão cercada por matilhas de cães ferozes que nos dilaceram os corpos.
É fácil de imaginar que os meus sonhos não se tornarão realidade, porque um bicho-papão vai-me ludibriar, e nunca o meu sonho se vai realizar.
As borboletas são muito bonitas, não me canso de persegui-las, mas mesmo assim nunca consigo apanhar nenhuma. Elas têm magia.
Vivo no planeta das crianças onde é muito fácil brincar, no dos adultos, o planeta deles não dá para brincadeiras, tem coisas muito perigosas, não podemos mexer em nada, a qualquer momento podem-me aleijar.
Este mundo dos adultos não presta, andam sempre a se matar. Fico muito triste porque vou crescendo e abandonando o meu mundo de brincar, até o dos adultos chegar.
Os adultos só sabem lutar, há muito que desconhecem o que é brincar.
Estamos sitiados, perseguidos por gigantescos geradores eléctricos da morte. Que gozo, que bel-prazer a ditadura ostenta vendo-nos sofrer, morrer. E o vulcão cresce, cresce, CRESCE!!! E fica grande, grande, GRANDE!!! Até rebentar.
Imagem: ciencia-em-si.webnode.pt

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