Isto não é sistema bancário, é selva bancária. Com bancos a trabalharem assim não é possível haver país. Isto é de arrepiar, e a selva Angola inunda-nos de idiotice. Cada vez mais mergulhamos na incerta profundidade da qual já não conseguimos sair. Angola está podre, caótica, bárbara, sem solução. A incerteza apodera-se de nós, e podemos confessar à vontade. ESTAMOS FARTOS DELES!!! Já deviam estar todos presos, mas não, o Grupo protege-os, continuam na actividade bancária de cantineiros.
Pela importância do tema transcreve-se o trabalho a seguir:
«CERTO OU ERRADO? JACQUES DOS SANTOS. OS BANCOS E O SISTEMA
Publicado no Novo Jornal
A minha primeira conta bancária foi aberta no ano de 1969. No início de cada mês, depositava trezentos escudos que me sobravam do escasso vencimento de aspirante a profissional de seguros. Recordo que aprendi naquele contacto mensal a entender a importância do sistema bancário e o que significava a poupança para o trabalhador.
Hoje, sou titular de 7 (sete) contas, em outros tantos bancos. Tenho uns míseros patacos em qualquer um deles, e certamente resulta desta pobreza bancária a circunstância de nunca ter conseguido, um financiamento, por mais pequeno que fosse, apesar de todas as minhas credenciais suportadas por uma vida presente e passada, digna e sem mácula. Tomando decisões como se o banco fosse sua propriedade, a chefia de um deles chumbou-me, aqui há tempos, um pedido de cinquenta mil dólares para um projecto cultural, da comunidade que oferecia todas as garantias de ser cumprido. Outros, na ordem de muitos milhões, foram concedidos e agora, perplexidade! Até me dá um riso nervoso. Já é público que tais concessões estão na lista dos malparados.
Se não tivesse ainda guardado comigo uma réstia de ética, essa mesma que anda arredia de tanta gente, eu estaria aqui hoje a revelar o nome de bancos que andam a fazer chichi fora do penico, melhor dizendo, que andam a brincar com o dinheiro da malta e, também, a tratar mal as pessoas que a eles recorrem. Não o faço, em primeiro lugar porque, felizmente ainda existem no nosso país Bancos sérios a trabalhar segundo as regras que regulam a actividade. São poucos mas estão aí. Em segundo lugar, porque em qualquer um deles que merecem justamente o peso da minha raiva e despeito, tenho ainda gente amiga ou conhecida que deve andar envergonhada por ter de colaborar com este desgoverno. Oxalá possa ler este escrito e possa meditar seriamente sobre ele.
Embora saiba que este tipo de denúncia neste país não leva a nada, fica-me a esperança do “quem sabe?” e, assim, ocorre-me assim para já, disparar esta série de perguntas: quem são as entidades que controlam os actos dos bancos comerciais e que parecem não estar atentas ao que sucede no sector? Como se atreve um banco a negar que um seu depositante levante dinheiro da sua conta? Há alguma lei que determine o volume de dinheiro que se possa retirar de um depósito de menos de dez mil dólares ou de valor equivalente? Abrem-se facilmente… (as últimas palavras estão ininteligíveis)
Contas em moeda externa e quando toca a levantamentos é um montão de problemas. Porquê? Como pode uma transferência solicitada de banco para banco, localmente demorar cerca de dois meses a ser realizada? Quem estabelece as elevadas taxas de manutenção de contas que são, ao que tudo indica livremente aplicadas? Para quando a obrigatoriedade de ter ao serviço gente preparada e educada a atender o público, funcionários que saibam elucidar, esclarecer? Como se entende que a emissão de uma simples caderneta leve dois meses a concretizar-se? E quando se põe cobro a esse recurso permanente, horroroso e sem escrúpulos que atende pelo malfadado nome de “falta de sistema”? Ninguém se dá ao trabalho de certificar se há ou não gato no sistema? Onde está afinal o respeito pelo cidadão? A Associação dos Direitos do Consumidor não se intromete nesta questão? Quando é que o Instituto de Supervisão Bancária age em conformidade? Porque que é que o Banco Nacional de Angola não diz nada a respeito? Cadê a acção do Tribunal de Contas?
Na verdade, trabalhando assim e com essa falta de decoro, manobrando a seu bel-prazer o dinheirinho dos outros, não admira ver à desfila uma legião de engravatados e bem cheirosos a pensar que é muito mais importante que o resto da gente, a debitar palavrões sobre as suas vaidosas competências, é taxas de juro do mínimo histórico para aqui, as questões dos libours, euribors, spreeds, swaps e quejandos para acolá, a inflação ao consumidor e o crescimento dos seus activos para acoli, porque há mais esta e aquela agência abertas, porque registam milhões de lucros no final de cada exercício e são os melhores da paróquia, tudo isto no meio de muita conversa enganosa, enquanto nos vão lixando a vida. Só se esquecem é que um país não pode funcionar arrastado desta maneira por gente insensível e oportunista, gente que só vê o recheio do seu bolso, e não admite sequer a possibilidade do surgimento neste contexto tão obscuro, de um qualquer Madoff à nossa escala, a dar-nos o golpe à carteira.
Para terminar, e enquanto nos cabe o direito de especular sobre se não existe coisa mais grave a rodear todo este cenário misterioso, acho que não dá mais para assistirmos a tudo isto passivamente. Se o bom senso não prevalecer, poderemos até perder a dignidade e a própria alma. É necessário que a malta comece a reclamar e a dizer BASTA!»
Imagem do Novo Jornal garimpada no morrodamaianga.blogspot.com
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