quarta-feira, 22 de junho de 2011

O QUE QUEREMOS É UM RUMO INCERTO


E por todo este mar de petróleo, só as companhias petrolíferas sabem o que querem, nós não sabemos. Temos conhecimento que o ondeado preço do petróleo está sempre a subir, e que o navio dos escravos Angola navega sem querer para um rumo totalmente inseguro.
Este reino é obra de poetas, a miséria e a corrupção também.
Um opositor político é um inimigo? Entre nós é, perigosíssimo, não o escondemos, tudo se abate.
A grande questão é que não nos organizamos. Se o soubéssemos fazer, despertar, como deve ser, em organizações da sociedade civil, movimentos de cidadãos, decerto nada disto passaria, seguiria avante. Mas como ainda não aprendemos, isto é, cada um puxa para o seu clube, para o seu feudo, nunca nos conseguiremos libertar das âncoras fincadas nos nossos corpos, nas nossas almas e sobretudo nas nossas mentes.
E a juventude sabe o que quer, vai, tem, está no rumo certo. Senão vejamos: Luanda, imediações do Zé Pirão, 13 de Maio, pelas 21 Horas. Dois jovens circulam numa motorizada, gritam e conforme se movimentam no escasso trânsito vão disparando tiros de pistola para o ar. Fizeram quatro disparos. Não, não era do escape, era silencioso. Os tiros foram testemunhados pelos seguranças da área.
É como se chegássemos a um lago do nosso deleite, aprazível, sonhado, até encantado. E de repente dele emergissem criaturas inesperadas, inexploradas, famintas, esfarrapadas, sequiosas, esfomeadas, escanzeladas, espoliadas, iletradas... SEM FUTURO.
Quem governa Angola? Os presidentes do conselho de administração do petróleo. E por isso mesmo, Angola não é um país, é uma gigantesca companhia petrolífera que nos invade e aterroriza os lares. E dividem entre si os biliões de dólares do petróleo. Mantém exércitos privados que espalham o terror nas populações. Castelos fortemente armados e municiados, um hino, uma bandeira, um palácio, e eis mais uma ditadura para nos impor as barbaridades diárias. Os tempos seguintes serão atrozes, sangrentos, humilhantes. Os escravos têm que aprender a levantarem as cabeças, e dizerem, Basta! Não! O mais importante é defender os interesses chineses, brasileiros, portugueses, etc., para que a nossa escravidão permaneça, e o Grupo nos devore os corpos e as almas.
Estamos reféns do nefasto poder.
Numa república de armadilhas que nos esperam à socapa nas esquinas vingativas dos moribundos do petróleo. Angola, a república das celas da morte. O mais importante é nos vigarizar.
Deus é dos ditadores, logo, pode elegê-los como lhe aprouver.
O pior inimigo dos serviços secretos e de qualquer serviço de segurança é a rotina. Porque incorrem no hábito da repressão e da morte. E depois agem mecanicamente e matar torna-os tão banais.
Quem tem medo nunca será livre. Os libertadores libertaram-nos, e agora quem nos liberta deles?
O poder das seitas religiosas está na miséria dos povos, e como máfias vão espalhando e cantando o santo analfabetismo. É um crime abjecto não punido, consentido.
As ditaduras estrebucham, como tal, preparam-nos o grande massacre final. Antes do abandono do poder, deixam sempre os rastos de sangue do prazer. Neste momento estão na paranóia, depois vem o derradeiro estertor, o final. O de atirar a matar sobre quaisquer manifestantes. Na realidade estamos numa prisão com carcereiros mentecaptos. Resvalamos outra vez perigosamente para outra espécie de guerra civil, devido ao fosso que nos separa. Uma regressão da repressão atroz quando reivindicamos os nossos elementares direitos. Todos os ganhos políticos, sociais e económicos estão-nos vedados. E qualquer pretexto lhes serve para nos atirarem para as suas pestilentas masmorras, onde depois de inocentados com a saúde muito fragilizada, porque usam todas as artimanhas para nos liquidarem. Estamos como animais irracionais nos lamaçais da morte, como porcos nas sangrias.
Não temos Constituição, a que existe, forjada, é para petróleo ver. São tão avarentos, que até os empregos nos roubam para os entregarem de bandeja a estrangeiros. A mão-de-obra chinesa para qualquer serviço ilustra bem a serventia de Angola.
É escandaloso, digno da mais abominável escravidão, governar e impor o terror da arma apontada à cabeça do outro. Depois da tragédia marítima, a luta da destruição nacional da população, ainda não aconteceu, não!?
Haverá sempre ilegalidade e tirania, porque o poder eterno instituído decreta as suas leis, e é sempre o primeiro que sistematicamente as viola, porque goza da impunidade. Assim, nunca será possível sair do caos, em que esta ditadura se entupiu, e a nós nos desterrou.
À procura do amor perdido, eis alguns caminhos para o reencontrar
Nos tempos gloriosos fazia-se tudo por amor. Agora, quotidianamente, compra-se e vende-se tudo em nome dele.
Dantes subíamos as escadas do amor cheios de contentamento, sem esforço, felizes porque escravos dele. Hoje, totalmente desesperançados, de tanta frustração adquirida, perdemos as forças e não conseguimos dizer, amo-te!
Dantes, fazíamos do amor uma fortaleza de fidelidade, de harmonia, e o amor correspondia, manifestava-se nos nossos corações. Hoje fugimos do amor, como se fosse o nosso pior inimigo.
Os tempos mudam, o amor também. Nestes tempos da democracia do amor, ele também vai a votos. Até fizeram do amor mais um partido político.
Naqueles tempos áureos vivia-se o amor sem barreiras. Agora, o amor está tão vulgarizado, como qualquer mercadoria, que até já contrabandistas de armas o vendem.
A mortalidade infantil é moda tão vulgar, é o futuro do amanhã que se extingue. Uma borboleta sorrindo para uma flor: Vim ao mundo para ser amada, e por isso exijo muito amor. Todos os carinhos que me oferecerem nunca serão demasiados, porque sou super exigente. Mas facilmente me comovo e adormeço profundamente, quando me encosto nos suaves, acolhedores, quentes e ternos seios da minha querida mamã. Confio em tudo e em todos, porque ainda não sei distinguir onde está o perigo, a maldade e a bondade. Espero que me deixem viver em paz. Sei que é impossível, mas dêem-me uma oportunidade. Sobretudo vigiem um dos meus piores predadores, o pedófilo, lobo, gatinho mau. É fácil de imaginar que os meus sonhos não se tornarão realidade, porque um bicho-papão vai-me ludibriar, e nunca o meu sonho se vai realizar. As borboletas são muito bonitas, não me canso de persegui-las, mas mesmo assim nunca consigo apanhar nenhuma. Elas têm magia. Vou falar com as minhas amigas borboletas para que me levem, daqui carreguem. Elas já me deram asas, vou voar para muito longe, onde não haja adultos. Vou para o planeta das borboletas. Vou transformar-me em borboleta e sorrir para as flores. O amor não se compra, não se vende, sente-se. Ele é livre como o nosso pensamento, e por causa disto acontecerá, acontece sempre, um ditador apoderar-se do pensamento do amor. Onde o amor chega, tudo se resplandece, se enobrece. Felizes os que são escravos do amor, pois o Universo será deles. Nunca te esqueças: o amor é o nosso deus, o eterno caminho que nos conduz aos altares do paraíso purificado, santificado.
E onde há revolução, lá está o amor em gestação.
Olhamos em todas as direcções que nos é possível imaginar, na esperança distorcida do amor lá encontrar. Nos escolhos das falésias das nossas vidas, as pirâmides da água do mar batem-nos forte, gostam do estrépito. É assim o poder do amor quando foge por entre as nossas mãos dolentes, já não impacientes.
Seis anos já te passaram no tempo da eternidade, destes destruidores de lares, de criancinhas. Há seis anos que navegas no rio do tempo da eternidade. Depois de te libertares dos ciclones, vulcões e das demais tempestades humanas. Não procuras em vão o repouso eterno, pois ele já te foi concedido. E morremos sempre na frustração da não libertação da hipocrisia humana. A camarilha dos poços petrolíferos impõe-nos as suas regras jamais modificadas: vida ou morte. Nós escolhemos o viver, e os senhores do petróleo, o nosso morrer. Um poço de petróleo é muito mais valioso que milhões das nossas vidas. Continua a navegar nesse rio de águas mansas, longe deste alvar. A História Humana é feita por um punhado de heróis e multidões de fantasmas. Que o rio da eternidade te conduza ao lago da felicidade, e lá repouses sob a leveza e a pureza dos reflexos solares, das pinturas douradas e prateadas. E do suave agitar da juventude das folhas verdes sempre primaveris. Enquanto nós por aqui percorremos os incessantes caminhos da tristeza das nossas vidas, onde tudo é composto de maldade.
Podíamos, temos esse direito, de vivermos num lago de amor, mas não, há ainda quem sonhe e nos imponha, o lago do inferno.
O feitiço da vida é aí que reside, resiste o nosso amor.

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