quinta-feira, 16 de junho de 2011

Em Angola, pobreza também é uma mina inesgotável. (Título nosso)


Canal de Opinião. por Edwin Hounnou. Pobreza é uma mina inesgotável

Maputo (Canalmoz) – A pobreza, disse um economista, é uma fonte de enriquecimento ilícito para um grupo de dirigentes corruptos. Para eles, é melhor o País continuar a importar cebola, arroz, batata, alho, feijões, óleos, sabonete, sabões, carnes e seus derivados, leite, maçãs, peras, banana, uvas, ovos, etc. Os “sete biliões”, distribuídos, com base em critérios partidarizados, pelos distritos e agora, também, nas 11 cidades capitais provinciais, são para manter o povo refém do partido Frelimo, fazendo uma concorrência desleal aos bancos, instituições vocacionadas para emprestar dinheiro a interessados por via de critérios universalmente conhecidos.

O desenvolvimento do País, segundo a Constituição, baseia-se na agricultura, mas, não há investimentos significativos neste sector.

A pobreza em que o País se encontra mergulhado é uma mais-valia para os salteadores do Estado que, através dele, promovem seus negócios. Alguns dos que, ontem, empunharam as armas contra o colonialismo, hoje, o substituíram da pior maneira. Estão nas minas, aviação civil, imobiliária, turismo, mineração, corte desenfreado de madeira, comunicação social, na inspecção de viaturas, chapas de matrículas, etc. Estão em tudo onde jorre dinheiro.

As elites políticas do partido no poder são detentoras de quase todas as riquezas marítimas, aquáticas, lacustres, do solo, subsolo e até se confundem com o Estado, que devia ser um bem comum mas em Moçambique tornou-se uma cotada de alguns.

A nova burguesia – predadora – e o seu partido têm empresas para onde são drenados fundos públicos e assim se divertem enchendo os seus cofres com dinheiro extorquido aos que são obrigados apenas a assistir ao repasto.

A holding da Frelimo – SPI – vai penetrando na economia do País. Acabou de ser atribuída licença para a exploração de carvão em Tete.

A partidarização das instituições públicas é-lhes conveniente porque permite às elites fazerem e desfazem num esquma de promiscuidade sem limites.

Sem vergonha, utilizando o pódio parlamentar já dizem que “Moçambique é Frelimo e Frelimo é Moçambique”. Assim vão dando sinais da sua apetência pelo regresso ao partido único, preambulo de mais um mar de sangue que já foi.

Está nosso implícita a recusa do princípio da alternância democrática do poder.

O antigo Partido Comunista da União Soviética, que o povo jogou para a caixa do lixo da história, dizia ser o povo.

Os eventos do Egipto, de Hosni Mubarak; da Tunísia, de Ben Ali; da Líbia, de Momad Khadafi, apanhados com as calças pelo joelho, demonstram que não existem regimes eternos.

A Frelimo não será eterna no poder. Não há partidos eternos. Os povos podem chegar ao ponto de saturação quando os regimes abusam do poder. A chucha “cesta básica” vinha para enganar os empobrecidos. A ideia faliu mas tarda que os seus mentores o reconheçam. De mentira em mentira se alimenta a raiva crescente de todo um povo.

O País tem tudo para ser aprazível para todos, mas, isso não acontece devido à ganância dos actuais detentores do poder de Estado. Só pensam em ficar ricos sem causa e à pressa.

A situação prevalecente da pobreza, no País, é conveniente às elites do partido no poder. É uma pobreza “maningue nice” porque dela tiram proveito.

O saque desenfreado dos recursos nacionais é prova da falta de visão estratégica do governo da Frelimo. Somos pobres mergulhados num poço de tantos recursos.

O povo quer liberdade, pão, democracia e riqueza, distribuída com equidade e justiça e jamais favores, mas por este caminho não vamos lá. Quem ainda pode ter dúvidas? (Edwin Hounou)

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