Benguela - Não se sabe ao certo quantos milhões
de Kwanzas foram desviados nos últimos três anos pelos seis funcionários do
Governo de Ben¬guela, que esta semana foram suspensos das suas funções. Apesar
da gravidade do caso, o Executivo de Armando da Cruz Neto optou, estranhamente,
pelo silêncio, numa altura em que se adensam as suspeitas do envolvimento de
algumas figuras locais no «esquema» …
*Ilídio Manuel e Nelson Sul D´Angola
Fonte: Semanário Angolense Club-k.net
Seis
trabalhadores da área dos Recursos Humanos do Governo Provincial de Benguela
foram esta semana suspensos das suas actividades, por suspeita no descaminho de
avultadas somas monetárias, segundo soube o Semanário Angolense de fontes
ge¬ralmente bem informadas.
Os funcionários acusados de crimes de peculato, nomeadamente Silva Manuel, che¬fe de secção dos Recursos Humanos, Admir Renato, Josemar José e uma trabalhadora identificada apenas por Alice, terão adul¬terado as suas categorias profissionais, nos últimos três anos, com o objectivo de aufe¬rirem salários superiores ao que lhes cabia.
Segundo as fontes deste jornal, alguns dos funcionários em causa chegaram ao ponto de auferir salários superiores aos do próprio governador provincial de Bengue¬la, Armando da Cruz Neto, «na ordem dos sete (7) mil dólares mensais».
Aproveitando-se da sua posição privi¬legiada, já que estavam ligados à área de processamento de dados dos Recursos Hu¬manos do Governo local, alguns dos traba¬lhadores com a categoria de técnicos médios auferiam soldos de técnicos superiores.
Os trabalhadores ora suspensos não se li¬mitavam apenas a fazer trapaças nas folhas salariais, como também terão abocanhado em proveito próprio um número indeter¬minado de subsídios de ajudas de custo e de deslocação dos demais funcionários da sede do governo, sobretudo daqueles que estavam ligados à área do protocolo, assim como dos motoristas e o pessoal da segu¬rança do governador e dos seus «vices».
Não se sabe ao certo quanto terão eles arrecadado ao longo dos últimos três anos, estimando-se que seja na ordem dos milhões de Kwanzas. O certo é que existe uma vaga de descontentamento entre os funcionários que foram prejudicados com a não recepção das ajudas de custo e de outros subsídios.
Gabinete de Inspecção detecta mas limitou-se a propor
transferências…
De acordo com as fontes do Se¬manário Angolense, o alega¬do descaminho de dinheiro terá sido detectado no passado mês de Abril pelo gabinete de Inspecção do Governo de Benguela. Estranhamen¬te, este órgão de fiscalização, ao invés de accionar os mecanismos previstos na Lei da Probidade Administrativa, ter-se-á li¬mitado a propor à Secretaria-geral do Go¬verno local a transferência dos referidos funcionários.
Consta que o governador tão logo re¬gressou a Benguela e teve conhecimento do caso, depois de uma prolongada estadia no exterior do país, não teve meias medidas em suspender os funcionários envolvidos na marosca, tendo inclusive exonerado Silva Manuel do cargo de chefe de secção dos Re¬cursos Humanos do GPB.
Não foi possível apurar se, para além da suspensão, Armando da Cruz mandou ins¬taurar um processo disciplinar aos funcio¬nários visados ou, ainda, se ele já accionou os mecanismos judiciais, de forma a respon¬sabilizar criminalmente os prevaricadores.
Uma fonte do sindicato dos trabalhado¬res do GPB confirmou na quinta-feira, 24, a suspensão dos seis funcionários, «de forma oficiosa», já que, segundo ele, continuava a aguardar por uma comunicação oficial.
Em Benguela, a suspensão dos referidos trabalhadores quase não causou nenhuma surpresa em alguns círculos, visto que há muito se suspeitava que os funcionários visados não levavam uma vida digna, a avaliar pelos sinais exteriores de riqueza que ostentavam.
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