quarta-feira, 21 de outubro de 2009

O Cavaleiro do Rei (65). Novela




As explosões de Londres, sem dúvida, efectuadas pela Al-Qaeda, lembram uma vez mais que as suas células são, de certo modo, invencíveis. A questão é o dinheiro. As democracias ocidentais e as suas economias só funcionam nos seus países. Nos outros utiliza-se a democracia para explorar os seus povos, impondo ditaduras. É a revolta geral com a criação de células terroristas. Se as democracias ocidentais persistirem no neocolonialismo, os actos terroristas aumentarão até conseguirem rebentar alguma bomba atómica. A economia é uma ciência que serve para explorar os povos.
E inventaram o telemóvel que serve… para rebentar bombas.

O Bastonário da Ordem dos advogados informou que dos setecentos inscritos, só vinte por cento funcionam. Os restantes estão no desemprego.
Isto revela o caos sintomático em que se encontra a economia do reino. Já não existem fábricas, transformaram-se em armazéns ou estabelecimentos comerciais. A Mabor fabricava pneus, agora importam-se, tudo se importa… até mulheres. Com poucas pessoas um armazém faz as suas vendas. Porque não existe produção, generaliza-se o desemprego. Nos vice-reinos as populações morrem à fome. Fogem para a capital de Jingola aumentando cada vez mais o desemprego.

É fácil fazer uma pequena fábrica de tomate enlatado e de vinagre.
Limão importado que não presta fica por 250.00 Kz o quilo. Na rua compra-se bom limão nacional por 100.00 Kz. Não se entende como é possível importar tomate, limão, vinagre, sal. Importar tudo. Na realidade sem nos darmos conta já vendemos o reino.

Na floresta do Quinaxixi surgiu uma nova quadrilha de jovens delinquentes. O floresta squad. Sobem e escondem-se nas árvores. É assim que fazem as emboscadas às suas vítimas. Quem passa ou ali vive, sofre o terror constante deste grupo de jovens desempregados. Com armas de fogo, garrafas partidas, catanas e outros objectos, sobrevivem a roubar os bens que restam dos outros esfomeados.

Suicídio no prédio da chechénia. Mais um jovem atirou-se do nono andar. Não sobreviveu. É a décima vítima. Receio que isto fique contagioso. Que muitos jovens decidam este caminho. Já temos tantas epidemias. Devemos acrescentar mais esta, e tomar medidas antes que seja tarde. São jovens que não chegaram a ver o feixe ténue da luz da vida.

Um anúncio de uma marca de cerveja diz que as jovens, numa esplanada, depois em casa, numa festa, na dança, com os seus amores, apela para beberem cerveja. Quando acabarem estarão muito bêbedas. E com a cabeça perdida fazem amor à toa. Depois vem a Sida. Não entendo o porquê deste apelo para alcoolizarem as jovens. Este anúncio devia ser proibido. Em seu lugar publicar outro, que apelasse às jovens para frequentarem bibliotecas, lerem livros. Depois praticarem um desporto e assistirem a um filme que retratasse a vida de um grande escritor, ou escritora, ou algo similar. E beberem um sumo natural. Convém lembrar que quatro cervejas numa jovem equivalem a oito num homem.

O Cliente disse que me enviaria o dinheiro, até agora não o fez. Ele não difere de todos os outros que aqui chegam. A sua missão no reino é roubarem. Rapinar sob a protecção da nobreza. E os roubos não são nada pequenos.

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