quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Desmobilizados da Casa Militar. Governo integra desmobilizados de guerra na Polícia



“Os homens estão totalmente velhos e em mau estado de saúde. Não estão a aguentar com os treinos, não conseguem correr, por isso caiem muito”, disse-nos a nossa fonte, um oficial superior da PRM.
“Até temos uma senhora desmobilizada de 65 anos que não aguenta nada”, referiu a mesma fonte.

Maputo (Canalmoz) - Pelo menos 520 ex-militares desmobilizados da Casa Militar deram entrada na semana passada (dia 18 do corrente mês) na Escola de Formação Básica da Polícia da República de Moçambique (PRM) de Matalane, num exercício do Governo do presidente Armando Guebuza, interpretado como tentativa de conter as ameaças dos antigos militares e consequentemente dividi-los.
Os desmobilizados de guerra enquadrados pelos Fórum liderado por Hermínio dos Santos têm estado a exigir pensões de reforma do Governo, na ordem de doze mil e quinhentos meticais mensais. Estima-se que são cerca de 16 mil.
Há diversos grupos de desmobilizados mas a grande parte está aglutinada no Fórum liderado por Hermínio dos Santos.
Os desmobilizados que estão agora a receber treino na Polícia não se sabe a que grupo pertencem. Sabe-se apenas que são desmobilizados da “Casa Militar”. Estão albergados em 18 tendas montados exclusivamente para eles em Matalane, e segundo fontes policiais, estão a viver em regime “desumano de aquartelamento forçado”.
O Canalmoz apurou que os desmobilizados foram acompanhados ao Centro de Matalane pelo ministro do Interior, adjunto de comissário (general) Alberto Mondlane e pelo ministro dos combatentes, coronel Mateus Kida.
Os ex-militares estão acomodados num campo criado apenas para eles, adjacente à Escola de Formação Básica da PRM de Matalane.
Os homens que se encontram lá, estão a cumprir uma estratégia de dividir os próprios desmobilizados, na sua luta contra o Governo que visa o direito à pensão de reforma, comentou connosco uma fonte policial.

Velhos demais para uma actividade policial

“Os homens estão totalmente velhos e em mau estado de saúde. Não estão a aguentar com os treinos, não conseguem correr, por isso caiem muito”, disse-nos a nossa fonte, um oficial superior da PRM.
“Até temos uma senhora desmobilizada de 65 anos que não aguenta nada”, referiu a mesma fonte.

Aquartelamento confirmado

Contactado pela Reportagem do Canalmoz, o secretário-geral da Associação dos Desmobilizados de Guerra (AMODEG), Almeida Torres, um dos desmobilizados da Casa Militar da Presidência da República, descreveu o exercício do Governo como sendo “uma farsa, uma encenação”.
“Esta não é uma solução. É um problema que continuam a criar para não pagarem pensão aos desmobilizados”, disse Almeida Torres, argumentando que “se fosse algo real, eu também estaria lá”.
“É um treino de 30 dias. Não sei para onde vão levar aquela gente”, disse o secretário-geral da AMODEG, acrescentando que “os homens estão a ser preparados como cobaias para repelirem os outros desmobilizados, impedir manifestações da Renamo e dos próprios desmobilizados”. (Bernardo Álvaro)
Imagem: Pobreza nos idosos. captions | credits
jornalismofinanceiro-mocambique.blogspot.com

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