domingo, 27 de novembro de 2011

Tachos e panelas sem cozinhas, e claro, sem cozinheiros… não há comida.


Mudam-se os tachos, mudam-se as verdades
O primeiro-ministro de Portugal afirmou hoje, em Coimbra, que o Orçamento de Estado para 2012 obedece a "critérios amplos e profundos de equidade na repartição dos sacrifícios".

Passos Coelho não disse, mas pensou certamente, que todos os que dizem o contrário são uma cambada de matumbos. E, se calhar, são mesmo. Isto porque ele é dono da verdade, e quando isso acontece todos os outros devem render-se.

Através do OE para 2012, "o governo pede sacrifícios aos portugueses, a todos os portugueses", sublinhou Pedro Passos Coelho. Pois. Até pode ser que ele peça a todos, mas o problema está em que uns têm força para não dar e outros, a grande maioria, nem força têm para manter a barriga com qualquer coisa dentro.

Segundo o sumo pontífice deste governo, tal como acontecia com o seu antecessor, o governo "teve a preocupação de proteger os mais vulneráveis", pedindo, por isso, "um esforço acrescido a quem mais pode" e, por outro lado, "ataca transversalmente a despesa supérflua das estruturas do próprio Estado, com a reestruturação dos seus organismo e dos seus procedimentos".

E quem são os mais vulneráveis? Não são com certeza os 800 mil desempregados, os 20 por cento de pobres e outros 20% que não dão uso aos pratos. Esses nem existem para o Governo.

Quando Passos Coelho se refere aos que mais podem, estará a pensar em quem? Não é certamente em Joaquim Pina Moura, Jorge Coelho, Armando Vara, Manuel Dias Loureiro, Fernando Faria de Oliveira, Fernando Gomes, António Vitorino, Luís Parreirão, José Penedos, Luís Mira Amaral, António Mexia, António Castro Guerra, Joaquim Ferreira do Amaral, Filipe Baptista, Ascenso Simões ou Duarte Lima.

Além disso, sustenta o “africanista de Massamá”, "as opções contidas no OE obedecem a critérios amplos e profundos de equidade na repartição dos sacrifícios".

Ou seja, todos vão ficar sem uma refeição por dia. Até nem está mal. Os que têm três ficam com duas, os que têm duas ficam com uma, os que tem uma ficam sem ela e os que já não têm nenhuma… não fazem falta.

Passos Coelho também disse (*): “Estas medidas põem o país a pão e água. Não se põe um país a pão e água por precaução. Estamos disponíveis para soluções positivas, não para penhorar futuro tapando com impostos o que não se corta na despesa. Aceitarei reduções nas deduções no dia em que o Governo anunciar que vai reduzir a carga fiscal às famílias”.

Passos Coelho também disse (*): “Sabemos hoje que o Governo fez de conta. Disse que ia cortar e não cortou. Nas despesas correntes do Estado, há 10% a 15% de despesas que podem ser reduzidas. O pior que pode acontecer a Portugal neste momento é que todas as situações financeiras não venham para cima da mesa. Aqueles que são responsáveis pelo resvalar da despesa têm de ser civil e criminalmente responsáveis pelos seus actos”.

Passos Coelho também disse (*): “Vamos ter de cortar em gorduras e de poupar. O Estado vai ter de fazer austeridade, basta de aplicá-la só aos cidadãos. Ninguém nos verá impor sacrifícios aos que mais precisam. Os que têm mais terão que ajudar os que têm menos.Queremos transferir parte dos sacrifícios que se exigem às famílias e às empresas para o Estado».

Passos Coelho também disse (*): “Já estamos fartos de um Governo que nunca sabe o que diz e nunca sabe o que assina em nome de Portugal. O Governo está-se a refugiar em desculpas para não dizer como é que tenciona concretizar a baixa da TSU com que se comprometeu no memorando. Para salvaguardar a coesão social prefiro onerar escalões mais elevados de IRS de modo a desonerar a classe média e baixa”.

Passos Coelho também disse (*): “Se vier a ser necessário algum ajustamento fiscal, será canalizado para o consumo e não para o rendimento das pessoas. Se formos Governo, posso garantir que não será necessário despedir pessoas nem cortar mais salários para sanear o sistema português. A ideia que se foi gerando de que o PSD vai aumentar o IVA não tem fundamento”. pior coisa é ter um Governo fraco. Um Governo mais forte imporá menos sacrifícios aos contribuintes e aos cidadãos”.

Passos Coelho também disse (*): “Não aceitaremos chantagens de estabilidade, não aceitamos o clima emocional de que quem não está caladinho não é patriota. O PSD chumbou o PEC 4 porque tem de se dizer basta: a austeridade não pode incidir sempre no aumento de impostos e no corte de rendimento”.

Passos Coelho também disse (*): “Já ouvi o primeiro-ministro dizer que o PSD quer acabar com o 13º mês, mas nós nunca falámos disso e é um disparate. Como é possível manter um governo em que um primeiro-ministro mente?”

(*) O Passos Coelho é o mesmo. O tacho é que é diferente. Na altura destas declarações era candidato a primeiro-ministro…


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Orlando Castro
Jornalista (CP 925)
A força da razão acima da razão da força
http://www.altohama.blogspot.com
http://www.artoliterama.blogspot.com

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