Luanda - Continua o drama da família de Alves
Kamulingue e dos outros desaparecidos que tentaram organizar uma manifestação,
domingo passado, em Luanda Pretendiam chegar ao palácio presidencial, segundo
anunciavam. Mas a marcha teve de ser abortada. Os organizadores foram levados
para local incerto. Os familiares sabem tanto quanto nós.
* Alexandre Neto
Fonte: VOA
O
primo de Alves Kamulingue, raptado no domingo, lembra-se apenas das últimas
palavras do parente, que ouviu através do telefone, talvez pouco antes de ser
desligado. "Ele reportou-me que estava num local muito apertado e que
corria perigo", disse o familiar à Voz da América (VOA)
Dona Elisa Rodrigues é a esposa, mãe de dois filhos. Contou à nossa reportagem que “a primeira filha já é grande. Só temos lhe dito que o pai viajou. Mas sempre está com aquela mente triste."
Das autoridades policiais ouvimos quinta-feira um dos responsáveis duma esquadra no Cacuaco, onde residem os desaparecidos.
O comandante, identificado com o nome de Pontes, recomendou que os familiares levassem o caso às unidades da corporação.
Interrogado sobre se tinha conhecimento da existência de grupos que à civil atormentam manifestantes, respondeu que não, e que a polícia não recebera a notificação de se se realizaria uma manifestação.
“Sabemos quando há dessas manifestações a polícia com antecedência é notificada, para proteger a manifestação”, declarou Pontes, sublinhando que desconhecia a manifestação de domingo. Até porque, acrescentou, "eu estava adoentado e comecei a trabalhar apenas na terça-feira".
Sérgio Kalundungo, observador da política em Angola, sublinha a contradição entre este episódio e o apelo, esta semana, do presidente da República para a criação dum bom ambiente para as eleições. E olha com preocupação o facto de, a três meses do pleito, cenas destas estarem a ocorrer.
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