Conectar-se à internet em Cuba é, na melhor
das hipóteses, difícil. Na pior, impossível.
Apenas uma pequena parte da população tem permissão
para acessar a rede em casa, como cientistas ou trabalhadores de empresas
estrangeiras.
Mesmo para eles, a conexão é insuportavelmente
lenta, através de telefone, e cara. Há hotéis com acesso à internet via WiFi,
mas seu custo é de US$ 8 por hora, equivalente à metade do que ganha por mês um
trabalhador estatal.
Mas nesta semana o ministro venezuelano de Ciência,
Jorge Arreaza, disse a jornalistas estrangeiros que o esperado cabo submarino
de fibra ótica que levará internet de alta velocidade a Cuba já está em
operação.
- Dependerá do governo de Cuba para que o utiliza,
não? Obviamente este é um assunto soberano deles, mas sabemos que o cabo
submarino está em plena operação – disse Arreaza em entrevista coletiva.
As autoridades cubanas ainda não comentaram o
assunto. Esta é a primeira informação oficial que se tem sobre o cabo em mais
de um ano.
Expectativa
Em uma cerimônia no ano passado, foi anunciada a
chegada da alta velocidade graças ao cabo de fibra ótica venezuelano, o que
gerou grande expectativa.
O governo sempre culpou o embargo dos Estados
Unidos pela má qualidade da internet cubana: sem um cabo que uma a ilha ao
continente, o país precisa se conectar através de satélite, a um custo
considerável.
As autoridades consideraram o cabo uma vitória
contra o embargo americano. Enquanto isso, para os cubanos, o fim da falta de
conexão à internet parecia iminente.
Mas o que se seguiu à cerimônia foi o silêncio.
Surgiram rumores sobre complicações técnicas, e outros sobre o medo do governo
de perder o controle da informação.
Logo se falou que os encarregados do projeto haviam
sido presos por malversação de fundos.
Mas nesta semana, em Havana, o presidente do
Supremo Tribunal cubano, Rubén Remigio, negou que alguém estivesse sendo
julgado por essas acusações em qualquer corte cubana, apesar de ter agregado
que isso não significava que não houvesse alguma investigação em curso.
Também disse, em entrevista à BBC, que não havia
notado nenhuma melhora na conexão à internet que tem em seu gabinete.
- Creio que estão fazendo ajustes técnicos – disse
Remigio. “Não sei. Mas estamos ainda esperando.”
Enquanto isso, ao escrever esta reportagem para a BBC,
a minha lenta conexão à internet caiu. Lá fora está chovendo… a interferência
dos elementos é um sinal claro de que eu, ao menos, sigo conectada à internet
através de satélite.
Imagem: Mesmo com cabo de fibra
ótica venezuelano, internet em Cuba não dá sinais de melhoras
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