quinta-feira, 7 de junho de 2012

Ontem à noite em Maputo. Sócio da Expresso Câmbios abatido com rajada de AK47


Maputo (Canalmoz) – Foi abatido a tiro na noite de ontem, em Maputo, um dos sócios da Expresso Câmbios, Ahmade Jassat. Segundo apurou o Canalmoz no local o crime deu-se cerca das 19h30.
A vítima foi atingida por seis tiros que o atingiram em várias partes do corpo designadamente na cabeça.
A ocorrência registou-se à porta de um novo prédio – “Torre Índico” – na Av. 24 de Julho, 723. Este prédio fica sensivelmente em frente à Villa das Arábias, do outro lado da via no sentido do Alto Maé.
“Aquele que caiu tem dois apartamentos aqui, mas não mora aqui”, disse ao Canalmoz um dos seguranças da G4S.
“Saíram, ficaram a conversar aqui à frente do prédio, perto do carro. Só depois que ouvi muito barulho é que sai e já tudo tinha acontecido. Não vi nada”.
Estava aonde? – “Estava sentado lá dentro”.
Quantos eram? – “Eram quatro”.
Eram todos indianos? – “Não. Dos 4 só ele era indiano”.
“Três eram brancos, dois homens e uma mulher”. “Todos falavam português”.
“Chegaram juntos”.
A que horas? – “Não sei: eram 17h30 ou 18 horas”. Foram aonde? – “Foram juntos lá para cima”. Para o apartamento? – “ Não sei onde foram. Aquele senhor tem aqui dois apartamentos”.
E saíram a que horas? – “Saíram perto das 19h30. Estiveram 3 a 4 minutos a conversar no passeio perto do carro”.

Ainda de acordo com fontes no local, no momento em que estaria para entrar para a viatura, a vítima foi baleada com disparos de AK47.
A viatura em que seguia o malogrado e os seus três acompanhantes é um 4x4, Toyota Rava, com a chapa de matrícula MMR 98-79.
Presume-se que os disparos partiram de uma viatura em movimento, “a baixa velocidade”, segundo peritos que ouviram várias pessoas nas imediações.
No local as informações eram muito dispersas.
Um grande aparato policial composto por várias forças policiais, da Policia de Protecção, da Policia de Investigação Criminal (PIC) e da Brigada Técnica, SISE, Contra-inteligência e Polícia Comunitária esteve no local.
Um dos guardas da G4S em serviço de segurança no prédio onde a vítima “tem dois apartamentos”, disse-nos que os dois homens e a senhora que estavam com a vítima, depois da ocorrência estiveram sentados num degrau da entrada do prédio “muito tempo”, mas “saíram quando apareceram os jornalistas”.
Eles estavam dentro do carro? – “Sim. Quando aquele que levou os tiros caiu os outros saíram do carro”.
Onde estão? – “Já foram. Estiveram aqui sentados muito tempo mas quando chegaram os jornalistas foram embora”. A pé? – “Sim”. Para onde? – “Para ali”. “Pelo passeio” para o lado do Alto Maé.
Estavam feridos? – “ Não”.
Uma fonte policial disse-nos que “foram identificados” e “retiraram-se”, mas mais nenhum outro agente confirmou.

A STV e a TIM deram imagens da ocorrência nos seus serviços noticiosos das 20h00, sem contudo adiantarem pormenores e sem revelarem a identidade da vítima.
Ahmad Jassat ficou estatelado no alcatrão, na parte lateral do carro, do lado da via.
A Brigada Técnica da PIC identificou sete entradas de balas na chaparia do carro, do lado do condutor.
A viatura estava virada para o lado do Alto Maé. No vidro para-brisas, sensivelmente em baixo e a meio, havia marca de saída de pelo menos um projéctil. No aro da porta, do outro lado, do lado do passeio, junto ao qual a viatura estava estacionada, no suporte do espelho lateral retrovisor havia marca de saída de uma bala. Havia ainda outras duas marcas de vidro estilhaçado no vidro principal que a policia ainda ia averiguar se bateram por dentro, de ricochete, ou por fora.
Não está claro se os três outros acompanhantes da vítima já estavam dentro do carro.
No local onde a vítima caiu havia uma grande poça de sangue.
Testemunhas auscultadas pela Policia admitiam que os disparos possam ter partido de uma viatura em movimento que teria estado estacionada na faixa central da 24 de Julho e terá arrancado no sentido do Alto Maé quando Ahmad Jassat ia a entrar para a viatura de cor cinzento chumbo, da marca Toyota Rava, que era suposto ir conduzir.
A viatura da vítima aparenta ter sido comprada em segunda mão, porquanto no vidro traseiro tem colados auto-colantes com grafia japonesa.
A Expresso Câmbios fica no cruzamento da 24 de Julho com a Olof Palm, nas imediações do Ministério do Interior, bastante longe do local do crime.
A vítima, segundo apurámos de várias fontes, ultimamente residia na África do Sul. “Desde há um ou dois anos”.
Ahamad Jassat tem família e irmãos na Beira. Pai e pelo menos um irmão, dono de uma casa de câmbios que fica próximo da Pescamar ao lado da Nissan Diesel, no Maquinino, viajaram num voo da LAM que chegou a Maputo cerca das 22h30 de ontem.
A vítima, segundo nos informaram no local da ocorrência, foi transportada para o Hospital onde terá dado entrada já sem vida, embora algumas fontes tenham, a certa altura, admitido que ainda estava a ser assistido na reanimação.
A Expresso Câmbios fica no cruzamento da 24 de Julho com a Olof Palm, nas imediações do Ministério do Interior.
Informações em poder do Canalmoz, indicam que o finado era cunhado do jovem Nito Khan, um moçambicano de origem asiática e então praticante de desporto automobilístico no Automóvel Touring Clube de Moçambique (ATCM), morto na Cidade de Maputo, também vítima de baleamento na Av. 24 de Julho, há cerca de três anos.
Uma fonte da Comunidade Muçulmana, em contacto com o Canalmoz, confirmou a identidade da vítima.
Na ocasião em que Nito Khan foi assassinado suspeitou-se que era contrabandista de cigarros e de viaturas de luxo a partir da África do Sul, Swazilândia e Zimbabwe.
A última vítima mortal de origem indiana registada em Maputo, foi baleada no dia 20 de Abril, cerca das 13h30 da tarde, quando saia de uma mesquita junto ao Cinema Charlot. Tratou-se de Momad Ayob, um dos donos da Ayob Comercial. Estava na companhia de dois irmãos quando foi atingido com três tiros no peito, disparados, presumivelmente, de uma pistola com silenciador, por um condutor de mota.
Em Maputo tem havido muitos raptos contra avultados resgates. Os raptos ultrapassam dezena e meia e estima-se que o volume de pagamentos tenha já atingido 15 milhões de USD. (Fernando Veloso e Bernardo Álvaro)


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